Doutrinas táticas, operacionais e estratégicas.

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

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Re: Doutrinas táticas, operacionais e estratégicas.

#16 Mensagem por Clermont » Ter Jul 08, 2008 11:19 pm

marcolima escreveu:Bom, a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária Brasileira parece que tinha uma organização parecida, não?

(...)

Coloquei isso tudo porque talvez fosse interessante vc tecer alguns comentários sobre a força das duas divisões, lembrando também que a FEB foi organizada de acordo com o modelo americano.
Organização de exércitos, no mundo todo, é muito semelhante. Com diferenças do tipo, esse tem três companhias, aquele tem quatro etc. Acho que não dá pra fugir muito do modelito básico.

Quanto a comparar a 1ª DIE brasileira com a 29ª Panzergrenadier alemã, não saberia muito o que dizer. Ambas eram divisões de tipos diferentes: a brasileira, uma formação de infantaria semi-motorizada; a alemã, uma grande unidade de infantaria semi-blindada.

Quanto a equipamentos, os especialistas em material bélico poderiam comentar melhor essas coisas. Talvez eles começassem com o de costume, louvando a absoluta superioridade das metralhadoras MG-34 e 42 sobre o fuzil automático BAR. Por outro lado, a carabina Kar-98 K não parece ter nada de superior ao fuzil "Springfield" de dotação dos brasileiros. Claro, estes, também, tinham alguns M-1 "Garand", mas só uns poucos, que eles conseguiam encontrar, dando sopa, por onde tinham passado ianques.

Mas, é interessante saber que os alemães, ás vezes, brigavam entre si, depois de capturar soldados brasileiros. É que o equipamento destes era muito ambicionado. Um alemão comentou que achava que os brasileiros eram "homens ricos", pelos itens de uniforme, principalmente, aqueles destinados ao inverno italiano.

Quanto a treinamento, é claro que vários anos de guerra contra britânicos e soviéticos, sempre teria que dar alguma vantagem aos alemães, e nem poderia ser diferente. De qualquer modo, os brasileiros não foram os únicos que começaram a guerra bisonhos. E, aí pelo final da guerra, eles já eram bem diferentes do começo.




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Re: Doutrinas táticas, operacionais e estratégicas.

#17 Mensagem por marcolima » Qua Jul 09, 2008 11:25 pm

Seria interessante Clermont, se vc pudesse colocar aqui no forum um mapa tático de alguma dessas batalhas ( como um exemplo didatico ), para que agente pudesse entender melhor as diferenças na forma de combater entre o exército alemão e os aliados.
Melhor ainda porque se trata de um relato do lado alemão e de algém que esteve lá, isso precisa ficar registrado porque é muito interessante, desculpe-me a insistência.

Sei que da um trabalhinnho mas vale a pena.
Sugiro que vc descrevesse a atuação por exemplo do seu regimento. Análise do terreno, descrição das vias de acesso e fuga, efetivo, meios, dispositivo de batalha, pontos fortes, obstaculos, campos minados e claro o mesmo para as tropas inimigas.
Chama a minha atenção a pratica dos contra-ataques noturnos alemães, que eu não sei se era comum entre os aliados.

[]s marco




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Re: Doutrinas táticas, operacionais e estratégicas.

#18 Mensagem por Clermont » Qui Jul 10, 2008 8:08 am

marcolima escreveu:Seria interessante Clermont, se vc pudesse colocar aqui no forum um mapa tático de alguma dessas batalhas ( como um exemplo didatico ),

(...)

Sugiro que vc descrevesse a atuação por exemplo do seu regimento. Análise do terreno, descrição das vias de acesso e fuga, efetivo, meios, dispositivo de batalha, pontos fortes, obstaculos, campos minados e claro o mesmo para as tropas inimigas.
Chama a minha atenção a pratica dos contra-ataques noturnos alemães, que eu não sei se era comum entre os aliados.
Se algum dia, eu esbarrar pela Net com um artigo assim, eu traduzo e posto por aqui.

Quanto a combates noturnos, pelo menos uma tropa aliada ficou famosa e causava pesadelos nos alemães, com seus ataques noturnos: os gurkhas.




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Re: Doutrinas táticas, operacionais e estratégicas.

#19 Mensagem por Guerra » Qui Jul 10, 2008 8:57 am

Aproveitando o embalo do Clermont...


DEFESA EM CONTRA-ENCOSTA

A defesa em contra-encosta visa a utilizar uma crista topográfica para proteger o defensor da observação terrestre e do fogo direto do inimigo. Essa técnica tira o máximo proveito da surpresa e obriga o inimigo a empregar parceladamente seus meios na crista topográfica da elevação. Além disso, reduz o efeito das armas de longo alcance do inimigo e tira o máximo proveito das armas de curto alcance das unidades em posição.
São empregadas medidas de simulação para levar o inimigo a crer que a posição defensiva está na encosta da elevação. Conforme o inimigo se aproxima da posição, é engajado no alcance máximo das armas AC. Empregam-se patrulhas para atacar os flancos do inimigo durante seu movimento para o ataque. Constroem-se posições falsas na encosta, com a finalidade de fazer
o atacante desdobrar sua força para atacá-las.
A maior parte das forças do defensor é disposta na contra-encosta, de onde pode engajar o inimigo que atingir a crista topográfica da elevação, onde deve ser detido e desorganizado por obstáculos. Isso permite ao defensor engajar parceladamente pequenas frações inimigas que vençam a crista.
Os fogos indiretos são empregados para atingir o inimigo que ainda se encontra na encosta da elevação e para retardar sua progressão para a crista topográfica. As armas AC são reposicionadas aonde possam emassar seus fogos contra o inimigo.

Imagem

A seguir defesa elástica




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Re: Doutrinas táticas, operacionais e estratégicas.

#20 Mensagem por jauro » Qui Jul 10, 2008 5:26 pm

Chama a minha atenção a pratica dos contra-ataques noturnos alemães, que eu não sei se era comum entre os aliados.
Tornou-se uma prática comum os aliados atacarem ao alvorecer (ICMN) e continuarem atacando pelo restante do dia até o anoitecer (FCVN). À noite, os alemães contra- atacavam, tendo como vantagem o conhecimento do terreno por onde recuaram.
Ao meu ver:
Era mais por necessidade do que por astúcia.




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Re: Doutrinas táticas, operacionais e estratégicas.

#21 Mensagem por Clermont » Sáb Jul 12, 2008 6:01 pm

TÁTICAS ALEMÃS NA CAMPANHA DA ITÁLIA - final.

O “Schwerpunkt” da Linha Gótica.

O ponto-forte da Linha Gótica fornece um exemplo clássico a ser ensinado nas escolas de guerra. Numa frente tão larga quanto 320 Km, sem saber onde iriam os aliados desfechar sua ofensiva, e sem saber, também, se isso iria ocorrer num único ou em vários setores, o comando do Grupo de Exércitos “C”, fez a única coisa que lhe restava: desdobrou suas tropas de acordo com uma fórmula matemática, dois terços da força (13 divisões) ao longo da frente, e um terço (sete divisões) na reserva ou em defesa costeira.

Após se tornar claro, desde 25 de agosto, que somente o 8º Exército britânico iria lançar a ofensiva, o Grupo de Exércitos “C” redesdobrou as sete divisões disponíveis para o Adriático, desta forma, criando dois setores de combate muito diferenciados: (A) um setor de 270 Km com três corpos-de-exército e dez divisões, e nada atrás; (B) um setor de apenas 50 Km, com um só corpo-de-exército, o XIV Corpo Panzer, com dez divisões. Este último setor iria se tornar o Schwerpunkt de Kesselring.

A transferência de sete divisões para o setor do Adriático teve que vencer grandes dificuldades. Devido ao domínio do ar, nossa divisão só podia se movimentar pela noite, de forma muito profissional e obteve sucesso em seu objetivo de parar os aliados no Rubicão. Deve ser salientado que o sucesso do Schwerpunkt do Adriático ajudou a impedir uma ofensiva sendo desfechada, posteriormente, no setor de 270 Km. Se os aliados tivessem atacado, simultaneamente, a Linha Gótica teria entrado em colapso, pois os alemães não tinham nenhuma outra reserva disponível. Na segunda fase, então, os ataques sobrepostos no tempo, primeiro contra Cesena e, então, contra a linha Florença-Bologna, permitiram ao Grupo de Exércitos “C”, redesdobrar, apressadamente, as divisões no Adriático, para o setor de montanhas ameaçado. Deste modo, eles criaram novos obstáculos, detendo os aliados a 15 Km de Bologna.

É digno de nota levar em consideração a opinião de Puddu, de que o ataque britânico na Romagna foi desfechado em frente estreita demais, e escalonado em profundidade - o que tornou possível aos alemães reforçarem suas defesas ao máximo – não se dando nenhuma consideração a um ataque de flanco, desembocando do vale do Tiberina. Desta forma, apesar do valor dos poloneses e canadenses, o ataque inicial atolou numa típica batalha de atrito.

Menção especial deve ser feita ao modo pelo qual as defesas alemãs na Linha Gótica foram organizadas, pois elas fornecem uma clara ilustração dos sistemas de defesa móveis. Já que era impossível guarnecer a linha inteira, com suficiente densidade de forças, e tendo visto, pela experiência, os limites de continuidade de uma linha defensiva, os alemães trocaram rigidez de posições por flexibilidade de pensamento e fluidez de manobra. Isso emprestava importância crítica sobre a reação rápida, em todos os escalões, mesmo à custa de densidade de desenvolvimento, e todo esforço foi feito para explorar obstáculos naturais, especialmente cursos d’àgua, como posições de referência, para concentração e para resistência de última trincheira. A adaptação de procedimentos de defesa móvel, com a intenção de paralisar o ataque, antes do que aniquilar as forças que o conduziam, permitiu às tropas alemãs obter o sucesso defensivo, fosse no terreno plano ou montanhoso. As unidades alemãs utilizavam reconhecimento, organizado por elementos leves e extremamente móveis, tanto como táticas de retardamento, utilizando postos avançados, e contiveram o ataque aliado, utilizando um sistema de pontos-fortes ou posições de barreira, guarnecidas por elementos de valor pelotão ou companhia, e desdobradas em profundidade no setor defensivo.

Os pontos-fortes ou posições de barreira, apoiadas por campos minados, geralmente eram instaladas na vizinhança de nós de comunicação e nas alturas que os dominavam; por trás de um grande obstáculo artificial ou natural (diques, canais) que eram fáceis de serem reforçados, ou numa área que fornecesse cobertura e uma chance para escapar da observação aérea inimiga.

A conduta flexível da defesa, utilizando posições organizadas em profundidade, incluía a execução de imediatos contra-ataques. Se estes não obtivessem sucesso, os comandantes deviam esquecer a idéia de manter a linha defensiva, de forma a salvar suas forças e, então, reorganizar a linha principal de defesa, mais à retaguarda (linha tática). A necessidade de formar uma reserva para ocupar a zona em profundidade, forçou os alemães a diluírem suas linhas principais de batalha, ainda mais, mesmo sob o preço de enfraquecê-las.

A profundidade de desdobramento de uma divisão, organizada na defensiva, era assegurada, ao nível divisionário, pelos batalhões de reconhecimento e anti-tanque e, ao nível regimental, por uma companhia de assalto. As divisões de infantaria, agora, careciam do terceiro batalhão de cada regimento, eliminado após a reestruturação orgânica da divisão de infantaria, levada à cabo, no verão de 1944.

A disposição da divisão podia variar, dependendo do “Schwerpunkt’ e em função do tipo de unidade (infantaria, panzergrenadier, etc.) Igualmente, a disposição das unidades desdobradas, em profundidade, era alterada de acordo com as características do terreno e a habilidade dos comandantes em prever (ou não) onde o inimigo poderia atacar. E, também, em resposta aos métodos utilizados pelos aliados. Se um estudo do terreno revelasse que a direção da potencial penetração inimiga seria limitada, unidades em reserva seriam desdobradas em posições de barreira, pré-planejadas, (ou em pontos-fortes, em setores montanhosos). De outra forma, tais unidades seriam dispostas, imediatamente atrás, numa zona, mais ou menos central, de onde poderiam intervir rapidamente, em qualquer número de locais.

As posições de barreira eram zonas preparadas, ocupadas ou prontas para ocupação, situadas imediatamente à retaguarda da tropa, para o recuo desta, caso o inimigo penetrasse. Desta forma, os setores contíguos – que não haviam sido investidos pelo inimigo – não se envolveriam na retirada. E, também, seria mantido o contato com a anterior linha de resistência. Tais posições poderiam consistir, simplesmente, de um alinhamento no qual a unidade poderia se concentrar para bloquear uma imprevista penetração inimiga, ou também podia se constituir numa base da qual se poderia conduzir contra-ataques.

A seleção do tipo de defesa em profundidade era da responsabilidade dos comandantes, em todos os níveis.

Pontos-fortes, principalmente organizados em setores montanhosos da Linha Gótica, eram dispostos em profundidade, em até três áreas sucessivas, ao invés de serem formados a partir de linhas fixas e contínuas. Suas posições avançadas eram mantidas por grupos de postos, protegidos por intrincadas linhas de fogo defensivo. Às suas costas, aguardando em zonas de reserva e, apropriadamente protegidas, estavam forças de contra-ataque. Posições de contra-encosta eram, com freqüência, estabelecidas, embora, nós da 29ª Panzergrenadier, nunca as utilizássemos.

Finalmente, a carência de tropas em alguns setores montanhosos secundários, forçou os comandantes alemães a manterem faixas inteiras da frente, desguarnecidas. Assim, vemos, por exemplo, posições da 305ª Divisão de Infantaria, na área de Forli, no setor de Pórtico até Gaeasta, sobre a Linha Verde Nº 2 (ou Linha Gótica), onde o 576º Regimento tinha de defender um setor de 20 Km, com apenas três batalhões. A defesa constituía-se em três ou quatro escalões de profundidade, sentinelas nas estradas, alternados com amplos espaços vazios, sem um único soldado, alguns de até 6 Km (defesa em setor amplo). Nesta situação, era conduzia o se chamava defesa ofensiva. Esta consistia de ações agressivas, executadas por destacamentos de cerca de 30 homens que, movimentando-se continuamente ao longo da faixa desocupada da frente, atacavam as posições do inimigo, para mantê-lo debaixo de constante pressão, iludindo-o quanto a real força da defesa.

As batalhas ofensivas da Linha Gótica são, infelizmente, pouco conhecidas na Alemanha, pela simples razão de que a atenção dos historiadores é atraída pelos eventos da luta na França e na Frente Russa. Mas, o choque de armas na Itália estabeleceu, como Kesselring afirmou, “uma famosa página na história militar da Alemanha,” uma grande vitória defensiva, admitida pelo próprio Churchill quando falou do “fracasso da ofensiva” de Alexander, com sérias conseqüências para os aliados no futuro do sul da Europa. Nesta campanha, reluz o gênio tático de Kesselring que, em face da declarada intenção de Hitler em não desistir de um só metro de terreno, soube como adotar um defesa elástica, que, aproveitando-se dos erros do inimigo, iria salvar o exército alemão na Itália, ao bloquear, por bons seis meses, o avanço dos numericamente superiores aliados.

As principais fases da Operação OLIVE, (ou batalha de Rimini), a primeira fase da ofensiva de Alexander, podem ser identificadas na primeira batalha de Coriano, onde o avanço do 8º Exército britânico foi forçado a uma parada repentina, antes da crista de Coriano, ficando incapacitado para explorar o sucesso de sua ruptura.

Como escreve Amedeo Montemaggi, “o julgamento dos comandantes alemães a respeito da conduta aliada na primeira batalha de Coriano, foi de espanto com as táticas utilizadas. Ao invés de rumar diretamente para Rimini, com todo o peso de suas forças, Alexander e Leese, o comandante do 8º Exército britânico, dispersaram seus recursos nas colinas de Coriano, enfraquecendo a força do ataque.” Neste ponto, não seria inoportuno anotar que o julgamento dos comandantes alemães, no Adriático, contrasta com aquele de von Senger, que naquele momento estava na frente do Tirreno, e que atribuiu o fracasso do ataque aliado, não tanto à erros táticos de Leese, como ao fato de que suas viaturas blindadas tinham deixado de ser adequadas às condições táticas da campanha, que haviam se modificado.

É difícil fazer um julgamento da efetividade dos tanques na batalha por Rimini. O terreno ao longo da costa e, por alguma extensão terra adentro, se prestava à utilização, com grande eficácia, dos nossos poucos tanques. Nossa divisão estava com menos da metade da força e à 5 Km de Rimini, e a estrada de Montestudo-Rimini tinha o caminho barrado, somente pela minha companhia e quatro tanques sob o tenente Hecht. Um batalhão de tanques inimigo, podia ter irrompido através com facilidade. Nós ficávamos nos perguntando por quê não faziam isso.

No verão de 1945, o coronel Horst Pretzell, chefe da seção de operações do 10º Exército, escreveu o seguinte comentário para a o comando supremo aliado:

Até o dia de hoje, não está de todo claro, do ponto de vista alemão, o por quê dos aliados não terem, de imediato, explorado o sucesso de sua ruptura da Linha Gótica, e rumado, diretamente para Rimini, sem se preocupar com seus flancos. Neste ponto, os alemães já não tinham mais reservas capazes de oferecer resistência digna do nome para tão inesperada ruptura... Durante o curso posterior da batalha [isto é, a primeira batalha de Coriano], o poder emassado da ofensiva podia, talvez, ter sido mais eficazmente empregado se houvesse maior concentração de forças nas alas internas do corpo-de-exército atacante e se estas forças tivessem sido utilizadas num ataque concentrado contra o setor costeiro (o setor canadense), que era mais adequado para a operação de tanques. A obstinação com a qual as tropas do V Corpo britânico foram arremessadas em ataques contra as alturas de Gemmano e Coriano, levou consideráveis forças a se desviaram do ataque principal. O resultado foi que o curso da ofensiva foi, consideravelmente, desviado.”


A ruptura da Linha Amarela, em Rimini, e o fracasso dos aliados em explorar o sucesso lá, foram o momento culminante da batalha por Rimini, na qual a 29ª Panzergrenadier se encontrou diante do I Corpo canadense, que havia se tornado a ponta de lança da própria ofensiva. O ataque aliado foi precedido por um “monstruoso” bombardeio aéreo, naval e terrestre. Como os cronistas da 29ª Divisão escreveram: “O inimigo empregou homens e máquinas numa medida desconhecida, até então, na Itália. Enquanto os bombardeiros atacavam embasamentos de artilharia, os caças-bombardeiros estavam, de forma permanente no ar, para atacar qualquer alvo disponível, fosse um único caminhão ou, até mesmo, um soldado individual.”

Eu relembro esses bombardeios como um pesadelo. Minha companhia estava posicionada num campo, próximo ao rio Ausa, sob a chuva do fogo de barragem, na noite entre 16 e 17 de setembro. Foram três horas de canhoneio que pensávamos que nunca iria acabar. A artilharia inimiga, com freqüência, bloqueava nosso ressuprimento noturno. E eu nunca esquecerei como os caças-bombardeiros, quase como rotina, atacavam nossos mensageiros motociclistas, como se soubessem que todo nosso sistema de comunicações dependia deles.

De volta aos diaristas da 29ª Divisão: “A artilharia inimiga é enormemente superior à nossa. A munição disponível para eles é muitas vezes mais que a nossa. O fogo de artilharia naval também foi utilizado na luta em terra, com grande efeito.”

Sem dúvida, a artilharia inimiga tinha à sua disposição tudo o que queria, e quando queria. Depois ter sido feito prisioneiro, eu dei uma olhada em seus equipamentos, quando passei por suas baterias. Eles traziam caminhões direto até os embasamentos dos canhões, os caminhões estacionavam diretamente ao lado de cada peça de artilharia, e as granadas eram movimentadas, diretamente, da viatura para o canhão.

O diarista continua: “Um furioso, devastador, fogo foi desfechado de nossas posições defensivas. Nossos morteiros – que, durante a noite entre 19 e 20 de setembro, foram, com grande dificuldade, ressupridos com um estoque de 1000 projéteis – lançaram uma tal barragem em frente de nossas posições, que o inimigo ficou cego e surdo.”

Os morteiros, tanto os de 80 mm, quanto os de 120 mm, foram nossa salvação. Durante o dia, nossa artilharia de campanha não podia intervir, com fogo de contra-bateria e de barragem, para não se expor aos caças-bombardeiros inimigos, sempre pairando no ar. Os canadenses, nossos adversários diretos na batalha de Rimini, falam que sofreram muito com o fogo da nossa artilharia. Eu digo que eles sofreram muito foi com nossos morteiros e canhões de infantaria. Os morteiros e canhões de infantaria tornaram-se nossa verdadeira artilharia, sob o lema “Hilf dir selbst, dan hilft dir Gott” [“Deus ajuda aquele que se ajuda”]. Por isso, com base na minha experiência, eu ensinei na Escola de Guerra Canadense, de que a infantaria, se deseja exercer seu direito à auto-defesa, precisa ter morteiros, canhões de infantaria e armas anti-tanque de todo tipo. A Campanha da Itália nos ensinou isto.

Usando um sistema desenvolvido na Grande Guerra (em verdade, na Frente Italiana daquela época), os ingleses começaram, na noite de 18 de setembro, a iluminar o campo de batalha com poderosos holofotes. “Pela primeira vez, próximo às 22:00 h, os holofotes do inimigo, incendiaram todo o céu, mirando, seja para as linhas de frente ou para as nuvens,” dizem nossos diaristas da 29ª Divisão, “estes holofotes tentaram impedir nossa observação do inimigo, mas, ao mesmo tempo, ajudaram nossos motoristas a se orientarem mais rapidamente, e eles não foram mais impedidos pelas crateras de granadas.”

Eu relembro, também, que essa iluminação não obstruiu nossa observação. De fato, ela nos permitiu ver o inimigo melhor, e também ficou demonstrado que, estando em uso os holofotes, o inimigo nunca conseguiu atacar, nem a nós, nem aos nossos movimentos noturnos.

Pesadelo era a presença do nevoeiro. E aqui, subscrevo, de todo coração, as palavras de Walter Nardini, que, embora estivesse em Cassino, descreve o modo como o campo de batalha de Rimini aparecia, debaixo de incessante bombardeio aéreo e do canhoneio de mar e de terra:

”Nevoeiro na frente de nossos postos avançados, nevoeiro na frente do inimigo, nevoeiro na frente dos hotéis, nevoeiro durante a evacuação de feridos, nevoeiro durante a entrega de munição. Nevoeiro, nevoeiro, nevoeiro... Não havia mais dia; só havia dois tipos de noite: uma amarelada e cheia de nuvens, que não lhe permitia ver, e outra cheia de relâmpagos, do brilho de luzes, de rajadas de metralhadoras, de barulhos assustadores. Era essa a atmosfera de nosso ataque contra Ausa, em 17 de setembro e, mais tarde, da travessia do Uso, próximo a Santarcangelo.


Na segunda batalha de Coriano, na qual a 29ª Panzergrenadier destruiu 46 tanques inimigos, nossas fortalezas foram as casas nas quais nossa defesa móvel era baseada. Nós utilizávamos as casas e suas ruínas, para defender-nos, tanto quanto possível, pois elas nos abrigavam do fogo de todo tipo de arma. O erro aliado foi direcionar a carga decisiva da 1ª Divisão Blindada britânica contra a serra de Coriano, ao invés de contra a planície, em torno de Miramare, o aeródromo de Rimini. Isso foi bem compreendido pelos diaristas da 29ª Divisão Panzergrenadier, quando escreveram que:

”O maior perigo estava ao longo da costa, onde o terreno oferecia menos chances ao defensor. O inimigo poderia ter empregado seus tanques, en masse, e apoiado o avanço deles com ataques aéreos e com fogo de artilharia terrestre e naval. Um ataque de ruptura poderia ter envolvido o flanco da última posição defensiva, em Coriano, e dos montes Covignano, ter permitido ao inimigo atacar nossas defesas pelo flanco, desta forma evitando se auto-destruir nos usuais ataques frontais.”


Este comentário era, evidentemente, inspirado pelo general Polack, que estava no comando da divisão, desde 1º de setembro, ou pelo general Herr, que comandava o LXXVI Corpo Panzer, mas isto nada mais era do que todos nós estávamos dizendo, ao longo da linha de frente. De fato, os usais ataques frontais, em Cassino e em outros lugares, nos davam a chance de nos defendermos, o melhor possível, e não deixar o inimigo avançar, a não ser, muito lentamente.

Em 19 de setembro, ao longo de toda a frente, de Rimini à San Marino, o ataque aliado foi desfechado, debaixo de um terrível bombardeio terrestre, aéreo e naval. O ponto central da luta foi o agradável monte de Covignano, atacado por duas brigadas canadenses, e defendido por dois regimentos da 29ª Divisão, que teve de colocar os turcomanos da 162ª Divisão de Infantaria, no centro de seu desdobramento, em San Fortunato. Aterrorizados pelo bombardeio, os turcomanos se renderam, permitindo aos canadenses, irromper através da última defesa alemã, antes da planície do Pó.

Na manhã de 20 de setembro, a 29ª Divisão ainda estava lutando, em dois grupamentos isolados, em Villa Battaglia (o nome “Battaglia” é um erro da parte do cartógrafo italiano, ela, em verdade, era a Villa Battaglini/Bianchini) e, em San Lorenzo a Monte. “Todo o setor em volta, estava aberto a ataque inimigo. A divisão estava no fim de suas forças”, escreveram nossos diaristas.

E, eis aqui a novidade, que, na verdade, não era mais novidade. Os aliados, vitoriosos, não exploraram o sucesso. Por razões inconcebíveis, o inimigo parou e não explorou sua oportunidade, com todo o vigor. Talvez, a inesperada e obstinada resistência daqueles dois pequenos e isolados centros, o tivessem impressionado. E foi, inteiramente, mérito daqueles dois pequenos grupos de combatentes, de que o dia não terminasse em catástrofe. A divisão não tinha mais nada para se opor a um ataque de ruptura lançado pelo inimigo, com todas as suas forças. A batalha de Covignano, conhecida nos registros aliados como batalha de San Fortunato, é um exemplo clássico do fracasso em explorar o sucesso. Como em muitas outras ocasiões, durante a Campanha da Itália, o inimigo nos deu tempo para reagrupar, assumir novas posições defensivas e nos preparar para enfrentar um novo ataque. Um oficial alemão, mesmo ao nível de comandante de companhia, sabendo que a tarefa do regimento era alcançar Marecchia, nunca se deteria pela resistência isolada em San Lorenzo a Monte, mas continuaria na travessia do rio, para ficar na frente de um inimigo em retirada! Nós retraímos em boa ordem, sem ser perturbados, assumindo posições defensivas intermediárias, mudando de um ponto-forte para outro, por lanços, um método comprovado em nossos treinamentos, e que nos dava um senso de segurança e calma, enquanto o inimigo permanecia, suficientemente longe, às nossas costas.

Para a divisão, essa pausa em 20 e 21 de setembro, foi um presente inesperado. Ela nos deu a chance para reorganizar todas as unidades, e para redesdobrá-las, assumindo nossa nova missão, ao norte de Marecchia.

Os generais aliados jogaram a culpa por este fracasso em explorarem seu sucesso, nas chuvas que causaram fortes inundações... mas somente, alguns dias depois! Esta justificativa não é convincente, escreveram os diaristas da 29ª Panzergrenadier. Haviam somente uns poucos postos avançados restando na margem sul do Marecchia. Em nosso setor, com suas margens baixas, ele era puro barro, quase vazio de água, certamente, não sendo obstáculo. (Isso é comprovado pelo fato de que, devido ao leito ser considerado impraticável como obstáculo, a destruição da famosa ponte romana de Tibério, foi considerada militarmente desnecessária pelos sapadores alemães, que a deixaram intacta.) Pessoalmente, eu não me lembro de nenhuma chuva, em 20 e 21 de setembro. Eu relembro de que, durante a retirada para o Uso, próximo à San Vito, o interior estava juncado de fardos de feno, incendiados pela artilharia inimiga, algo que não poderia ter acontecido, se eles estivessem empapados de chuva.

A luta por Rimini, foi a maior batalha de meios na Itália. O inimigo, grandemente superior em todos os campos, apreciava total domínio do ar. Ele podia revezar suas tropas, com freqüência, e atacar, novamente, com forças descansadas, após uns poucos dias. Muito do seu sucesso pode ficar na conta da artilharia, a qual ele podia recorrer, com um número enorme de peças, de todos os calibres, e imensas quantidades de munição. Com freqüência, sua artilharia destruía nossas posições defensivas, mesmo antes de sua infantaria atacar, o que destruía o moral de nossas tropas. Se, mesmo apesar disso, o sucesso lhe escapava, era devido à sistemática rigidez de seus ataques, que tentavam evitar todos os riscos, e devido à resolução de nossa infantaria e das armas que a apoiavam. Todas as nossas unidades combatentes deram provas de força sobre-humana.

Esta é a história da batalha de Rimini, como foi vista pela 29ª Divisão Panzergrenadier, que foi uma das participantes dela. Por minha parte, gostaria de acrescentar três coisas:

1) Os aliados revezavam suas tropas, com freqüência, enquanto mantínhamos, sempre, os mesmos homens na linha, o que nos cansava profundamente;

2) Desde o começo da segunda batalha de Coriano, em 13 de setembro, nós lutamos, continuamente, dia e noite, nos movimentando de uma crise para outra, com nossas companhias, quase sempre, isoladas. Nosso moral sofreu terrivelmente por isto. Tanto que a Feldgendarmerie, ou polícia militar, teve de intervir, para apreender extraviados individuais;

3) O apoio foi dado à infantaria, por nossos morteiros de companhia (80 mm) e de batalhão (120 mm) e pelos canhões do regimento de infantaria. No meu setor da linha de frente, nossa artilharia de campanha nunca foi vista de dia, e nunca ouvida à noite.

Mas a ofensiva da Linha Gótica não parou com o fim da batalha de Rimini, e o alto imposto às tropas aliadas, no rio Rubicão, em 20 de setembro. O novo comandante do 8º Exército britânico, transferiu a luta para os montes ao sul de Cesena e, portanto, meu regimento foi enviado para Montecodruzzo e Monteleone, para enfrentar os gurkhas nepaleses, que eram ferozes combatentes noturnos. Depois, fomos transferidos para Bologna, para nos opor aos americanos. Nossa baixas eram pesadas. No Rubicão, minha companhia foi reduzida à 30 homens. Em três dias, ela foi elevada de volta à 120 homens, mais da metade dos quais, nós perdemos em doze dias de luta contra os gurkhas. Pelo tempo em que chegamos à nossa nova frente, próximo à Bologna, mal restava 50 de nós.

A 29ª Divisão Panzergrenadier tinha sido encarregada da missão de entrar em linha, entre a 65ª Divisão, à direita e a 362ª Divisão à esquerda, entre a Rodovia Nacional Nº 65, de Florença à Bologna e o vale do rio Zena. Nosso 15º Regimento estava lutando ao sul de Cesena, enquanto o 71º estava defendendo o setor sul de Zula e Castel de Zena. O II Batalhão do 15º Regimento tinha chegado no setor de Gorgognano, em 20 de outubro, o I/15º assumiu posição no dia seguinte, no setor de Casa Casetta, no centro do vale, e o III/15º, por sua vez, chegou ao setor de Poggio. A unidade de reconhecimento assumiu uma posição nas montanhas à nossa esquerda.

O rio estava em regime de cheia, devido as constantes chuvas. O vale era estreito demais para um batalhão ser desdobrado, apropriadamente,e as posições dominantes com visão sobre ele, estavam em mãos dos americanos da 34ª Divisão de Infantaria. No fundo do vale, havia uma estrada, com umas poucas trilhas de mulas e alguns grupos espalhados de casas. Aqui e ali, uma casa isolada seria vista; o solo, verde e lamacento, cobria uma base rochosa, na qual era virtualmente impossível escavar um embasamento defensivo.

A luta começou, de imediato, o 71º Regimento contra a 91ª Divisão americana; o 15º contra a 34ª Divisão. A forma de lutar dos americanos tinha muita diferença da nossa. Eles nos deram a impressão de ainda não serem amadurecidos em batalha. Uma pequena chuva; um rio, um pouco acima do nível, e a luta era interrompida! Sorte deles! Parecia não desejarem mais lutar. Eles se faziam prisioneiros com grande facilidade. Esta é a única forma de explicar as muitas vezes que 100, 80, 70 ou 50 prisioneiros eram capturados, de uma vez. Eles desistiam de suas posições, muito rapidamente, para se retirarem, enquanto o nosso alto-comando nunca parecia ter qualquer compreensão conosco. Se necessário, nós cruzávamos o rio Zena, na enchente, duas ou três vezes... e molhados até a alma, dos pés à cabeça, não tínhamos maneira alguma de secar rapidamente. Nós tínhamos de lutar debaixo de chuvas torrenciais, em terreno escorregadio, no frio da noite. Eu acredito que sobrevivemos apenas porque fomos capazes de acender fogo, na lareira de uma casa ou outra, para nos secar por turnos, GC após GC, sorvendo alguma bebida forte, como vodka...

Como já disse, meu batalhão defendeu o vale do Zena, mudando, freqüentemente, de posições e arranjos defensivos; de três companhias em linha, para as três escalonadas em profundidade. Entre 20 e 31 de outubro, o diário de nossa companhia descreve uma sucessão de combates, entre eles o ataque americano do dia 24, que nos forçou a abandonar Poggio; uma retirada para os segundo e terceiro escalões, quando o III/15º nos substituiu na linha de frente no dia 25; o contra-ataque da minha companhia, junto com a 9ª Companhia do III/15º, para retomar Poggio; a captura de cinqüenta prisioneiros no dia 26; a entrada em posição em Casa Casetta, pelo meu comando e os ataques americanos nas noites de 28, 29 e 30 de outubro, todos rechaçados, com sucesso; os substitutos que só me criavam problemas – uns trinta ou mais de 17 anos de idade, que recebi, e que não tinham nem experiência, nem estômago para lutar. Então, a 31 de outubro, eu caí doente, e fui transportado para o Hospital de Campanha 29, em Montagnana. Durante minha ausência, os americanos, por fim, tomaram Casa Casetta, mas foram postos para fora, de novo, uns poucos dias depois.

E foi assim, que o avanço de Clark chegou ao fim, no final de outubro, 15 Km de Bologna.

__________________________

Gerhard Muhm, comandante da 1ª Companhia, I Batalhão, 15º Regimento Panzergrenadier, 29ª Divisão Panzergrenadier.




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Re: Doutrinas táticas, operacionais e estratégicas.

#22 Mensagem por Guerra » Seg Jul 28, 2008 10:05 am

DEFESA ELÁSTICA
A defesa elástica é uma técnica que admite a penetração do inimigo em região selecionada para emboscá-lo e atacá-lo pelo fogo ao longo de todo seu dispositivo. A posição é ocupada por tropas desdobradas em profundidade, para permitir o ataque em toda a extensão da formação inimiga.

Exemplo da aplicação dessa técnica no escalão unidade.


Imagem

Esta tática especial assemelha-se a uma grande emboscada.


O plano do comandante do batalhão prevê enfraquecer as forças inimigas à frente da área de defesa avançada e, depois, destruir essas forças enfraquecidas quando progredirem para o interior de sua zona de ação. As 1ª e 2ª Cia Fzo são empregadas na área de defesa avançada (ADA), como mostra a figura. Sua missão é destruir elementos de comando e controle, apoio ao combate e apoio logístico, com a finalidade de retardar, enfraquecer e desorganizar o ataque, empregando várias operações de pequenas frações para esse fim. A 3ª Cia Fzo ocupará os núcleos de aprofundamento, para deter o ataque e destruir pelo fogo as forças remanescentes.
O elemento de reconhecimento do BI é empregado, inicialmente,para vigiar à frente da zona de ação, informando o valor, dispositivo e direção do ataque inimigo e ajustando o fogo indireto. Quando o inimigo penetra na ADA, o elemento de reconhecimento ocupa posições desenfiadas e continua a informar sobre o segundo escalão e reservas inimigas.
As armas AC são, inicialmente, instaladas em posições avançadas próximas ao limite anterior da área de defesa avançada (LAADA), engajando o inimigo desde seu alcance máximo e procurando retardá-lo, desorganizá-lo e forçar o desembarque das tropas. O uso de obstáculos reforça a posição defensiva e assegura a máxima eficácia dos fogos AC. Mediante ordem, as armas AC deslocam-se para as posições já reconhecidas de onde participarão da destruição do inimigo na Área de Engajamento (AE) PATRÍCIA. O batalhão tira proveito do terreno compartimentado para reduzir a impulsão do inimigo. Isso o torna vulnerável a ataques múltiplos nos flancos, que o enfraquecem antes de chegar à área selecionada para sua destruição final pelo fogo (AE).

Chama-se área de engajamento a região selecionada pelo defensor onde a tropa inimiga, com sua mobilidade restringida pelo terreno e pelo sistema de barreiras, é engajada pelo fogo ajustado, simultâneo e concentrado de todas as armas da defesa. Tem a finalidade de causar o máximo de destruição, especialmente nos blindados inimigos, e de provocar o choque mental e físico pela violência, surpresa e letalidade dos fogos aplicados.




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Re: Doutrinas táticas, operacionais e estratégicas.

#23 Mensagem por Guerra » Ter Jul 29, 2008 1:41 pm

Alguém perguntou o que é COMANDO E CONTROLE. Tirei do manual

No manual C 100-5

Sobre os sistemas operacionais.

Os elementos de combate, apoio ao combate e logísticos interagem, integrando sistemas operacionais, que permitem ao comandante coordenar o emprego oportuno e sincronizado de seus meios no tempo, no espaço e na finalidade. Os sistemas operacionais são: comando e controle; inteligência; manobra; apoio de fogo; defesa antiaérea; mobilidade, contramobilidade e proteção; e logístico.


Comando e controle - Esse sistema permite aos comandantes de todos os escalões visualizar o campo de batalha, apreender a situação e dirigir as ações militares necessárias à vitória. Também estabelece as ligações necessárias ao exercício do comando, às comunicações entre os postos de
comando e entre os comandantes e seus estados-maiores, quando aqueles deixam a área do posto de comando. As comunicações são o elemento vital para o exercício do comando e controle em combate.


Definição do C 7-20

Comando e Controle (C2) é um processo através do qual as atividades da Unidade são planejadas, coordenadas, sincronizadas e conduzidas para o cumprimento da missão. Esse processo abrange pessoal, equipamento, comunicações, instalações e procedimentos necessários para obter e analisar as informações para planejar, expedir ordens e planos e para supervisionar a execução das operações.




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Re: Doutrinas táticas, operacionais e estratégicas.

#24 Mensagem por marcolima » Sáb Ago 02, 2008 3:04 am

SGT GUERRA escreveu:DEFESA ELÁSTICA
Esta tática especial assemelha-se a uma grande emboscada.


O uso de obstáculos reforça a posição defensiva e assegura a máxima eficácia dos fogos AC. Mediante ordem, as armas AC deslocam-se para as posições já reconhecidas de onde participarão da destruição do inimigo na Área de Engajamento (AE) PATRÍCIA. O batalhão tira proveito do terreno compartimentado para reduzir a impulsão do inimigo. Isso o torna vulnerável a ataques múltiplos nos flancos, que o enfraquecem antes de chegar à área selecionada para sua destruição final pelo fogo (AE).

Chama-se área de engajamento a região selecionada pelo defensor onde a tropa inimiga, com sua mobilidade restringida pelo terreno e pelo sistema de barreiras, é engajada pelo fogo ajustado, simultâneo e concentrado de todas as armas da defesa. Tem a finalidade de causar o máximo de destruição, especialmente nos blindados inimigos, e de provocar o choque mental e físico pela violência, surpresa e letalidade dos fogos aplicados.
Boa contribuiçao Guerra.

Segundo essa tatica há necessidade de preparaçao do terreno, construçao de obstaculos, campos minados, enfin trabalho da engenharia. Na guerra ultramóvel moderna, que emprega cada vez mais unidades menores num combate não linear, quanto tempo e necessário pra se preparar esse terreno? Deve ter um limite, dias? horas?

Quao bem preparado esse terreno pode ficar com o tempo se tornando melhor.

Já li sobre sistema automatizado de minagem que pode ser lançado por ar, e utiliza minas com tempo de desarmamento pré programado inteligentes.

Li uma vez que na batalha de Kursk, onde tropas alemans pretendiam fechar as pinças num movimanto amplo desbordante sobre um saliente de tropas russas que se havia formado entre orel e karkov em 1943, os russos, alertados pela inteligencia sobre as intençoes alemans, construiram um fabuloso sistema defensivo que compreendia 5 linhas de defesa e fez largo uso da artilharia contra a cavalaria blindada, e que essa batalha embora seja conhecida como a maior batalha de tanques da história( 5000 tanques), na verdade significou a vitória da artilharia sobre a cavalaria. Eles devem tem levado um tempao para preparar esse terreno.

Gostaria que voce, Clermont e outos fizessem comentarios sobre as operações defensivas de ontem e de hoje.

Um abraço, marco.




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Re: Doutrinas táticas, operacionais e estratégicas.

#25 Mensagem por Guerra » Sáb Ago 02, 2008 5:16 pm

Segundo essa tatica há necessidade de preparaçao do terreno, construçao de obstaculos, campos minados, enfin trabalho da engenharia. Na guerra ultramóvel moderna, que emprega cada vez mais unidades menores num combate não linear, quanto tempo e necessário pra se preparar esse terreno? Deve ter um limite, dias? horas?
Cara, agora você me pegou. Quando a infantaria ocupa um terreno começa os trabalhos de fortificação. Eu não me lembro quanto tempo uma posição passa de sumariamente organizada para outro nivel.
Quao bem preparado esse terreno pode ficar com o tempo se tornando melhor.
Dependendo da situação e do meios, o terreno poderia receber todos os trabalhos de engenharia.
Olhando uma tecnica dessa, logo pensa a gente que o inimigo jamais vai cair numa armadilha tão obvia assim. E que a engenharia não conseguiria fazer um trabalho sob fogo inimigo. Mas tudo vai depender da situação.
Eu já participei de um exérccio que o cmt queria ganhar duas jornadas justamente para a engenharia preparar uma posição defensiva. Então ele lançou uma tropa mecanizada para fazer contato com o inimigo e vim retardando e jogar o inimigo numa armadilha dessa.
Já li sobre sistema automatizado de minagem que pode ser lançado por ar, e utiliza minas com tempo de desarmamento pré programado inteligentes.
É bom lembrar que minas são obstaculos e não armas. Então o objetivo da mina é atrasar ou desviar, canalizando o inimigo para onde você quer. E acho que é apartir desse principio que criaram essas minas.

Gostaria que voce, Clermont e outos fizessem comentarios sobre as operações defensivas de ontem e de hoje.
Na minha opinião a tecnologia favoreceu mais o defensor do que o atacante.
Antigamente o atacante começava o ataque propriamente dito depois que passava a linha de partida, que era qase sempre a mesma linha de contato. Então a linha de contato e de partida ficava a uns 1000 metros (alguém corrija se eu estiver enganado) do objetivo. Hoje é impossivel pensar assim. Com a guerra eletronica, se não me engano 30 km já se pode considerar em contato. Ainda tem a artilharia que aumentou a distancia e a precisão, a inteligencia (uso de vants).
Então, um exército para ter uma boa capacidade defensiva ele tem que ter um bom equipamento de guerra eletronica, vants, uma boa artilharia. E para atacar, além de todos esses itens, ele tem que ter uma mobilidade muito grande e a capacidade de controlar tudo isso e fazer tudo funcionar como um relogio.




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Re: Doutrinas táticas, operacionais e estratégicas.

#26 Mensagem por Clermont » Sex Ago 29, 2008 7:30 pm

LIDERANÇA OPERACIONAL: ROMMEL NA ÁFRICA DO NORTE, 1941-42.

Por Charles M. Gibson – Naval War College, 18 de maio de 2001.
Cairo, 9 de agosto de 1942: “Rommel! Rommel!” fumegava o primeiro-ministro Winston Churchill. O que mais importa, além de batê-lo?”
As lutas no deserto da África do Norte, durante a Segunda Guerra Mundial produziram legendas, em ambos os lados. Do alemão, o marechal-de-campo Erwin Rommel ficou conhecido por sua excepcional proficiência de combate, e foi tido em alta-conta pelos britânicos. Rommel foi enviado à África do Norte, em 1941, para ajudar a aliviar a pressão sobre os dizimados italianos.

As vitórias de Rommel nas lutas no deserto renderam-lhe o respeito e a admiração, tanto do Eixo quanto dos Aliados. Entretanto, no fim, a pobreza de liderança operacional de Rommel, resultou na derrota alemã no teatro norte-africano.

Um líder operacional é “responsável por cumprir os objetivos estratégicos militares e políticos, designados pela nação ou aliança/coalizão, por meio da aplicação da arte operacional.” Este documento irá avaliar Rommel como líder operacional. Seus traços pessoais, educação militar, experiência militar anterior, habilidade para traduzir objetivos estratégicos em objetivos operacionais, visão sobre logística e relacionamentos de comando, tudo isso desempenha um papel importante na definição de suas habilidades operacionais.

Rommel possuía muitas das características exigidas para se tornar um grande líder operacional. Ele era ousado, criativo, corajoso e tinha extensa experiência profissional, mesmo assim, ele fracassou como líder operacional. Ele carecia da habilidade para ter uma visão mais ampla, necessária para empregar, efetivamente, suas forças no cumprimento de objetivos operacionais e estratégicos. Com freqüência, ele expressava a opinião de que a logística não era problema seu, e acreditava que a conduta estratégica que lhe havia sido dada, concernente à África do Norte, era sugestiva, por natureza.

Não há dúvida alguma de que Rommel era um grande tático, mas um grande líder operacional teria impedido, ou pelo menos, retardado, a saída alemã da África do Norte.

O Comandante de Forças Combinadas (Joint Force Commander) precisa selecionar comandantes operacionais que possam fazer a transição do nível tático para o operacional. O líder operacional precisa possuir o seguinte: a personalidade apropriada e a habilidade para trabalhar bem, com os outros, experiência militar anterior, educação militar avançada, a habilidde para compreender e implementar funções operacionais e a habilidade para traduzir objetivos estratégicos em objetivos operacionais. Embora o Comandante de Forças Combinadas nem sempre seja o indivíduo a selecionar seus comandantes operacionais, é imperativo que ele avalie e, se necessário, remova os comandantes operacionais que não possuam todas as qualidades necessárias para se tornarem líderes operacionais bem-sucedidos.

Um exame da campanha norte-africana.

Em 1940, as forças britânicas dizimaram, rapidamente, os italianos na África do Norte. Em dez semanas, os britânicos destruíram dez divisões, capturaram 130 mil prisioneiros e 400 tanques, e avançaram mais de 1000 quilômetros. Os britânicos foram incapazes de expulsar, por completo, os italianos da África, devido ao desvio de tropas britânicas para a Grécia, e atrasos no reagrupamento e ressuprimento.

Hitler sentiu que era importante impedir o colapso do regime fascista italiano, o que poderia levar a uma paz em separado pelos italianos. Ele não via a África do Norte como militarmente significativa; seu maior objetivo era manter os italianos na guerra. Hitler informou a Rommel que o principal propósito de sua missão era defender a Tripolitânia de outras incursões britânicas; um teatro de guerra adicional não era desejável. Rommel parecia a escolha natural para uma operação autônoma na África; ele tinha, previamente, demonstrado sua habilidade em operações semi-independentes e suas habilidades táticas eram conhecidas.

Rommel, enviado para comandar o Corpo Alemão da África (Deutsche Afrika Korps), imediatamente passou à ofensiva. Um notável historiador escreveu: “Hitler tencionava que o Afrika Korps fosse uma muralha de pedra: Rommel o transformou numa avalanche, movimentando-se sob suas próprias regras.” Rommel percebeu uma fraqueza na presença aliada, e viu uma grande oportunidade para explorá-la. Em abril de 1941, Rommel, rapidamente, transformou um ataque de sondagem, num assalto em escala total, e empurrou os britânicos de volta para a fronteira egípcia. Esse desempenho bem-sucedido, surpreendeu tanto os britânicos quanto os alemães. Rommel, então, lançou cerco à fortaleza de Tobruk, mas não pôde capturá-la.

Em junho de 1941, os britânicos tentaram, sem sucesso, destruir o Afrika Korps e socorrer Tobruk, durante uma operação denominada BATTLEAXE. Em novembro de 1941, os britânicos deram início à Operação CRUSADE, outra tentativa para destruir as forças blindadas do Eixo e aliviar a pressão sobre Tobruk.

Os britânicos conseguiram a surpresa e tinham tanques e tropas o bastante para destruírem o Afrika Korps, porém, tiveram colapsos táticos que impediram a vitória. Enquanto isto, acreditando que uma vitória decisiva tinha sido conquistada, e que apenas restos ineficientes das forças britânicas estavam em retirada, Rommel determinou uma louca corrida para o Egito, para destruir as linhas de suprimento britânicas. A louca avançada de Rommel foi mal-sucedida e, em 6 de dezembro de 1941, o Afrika Korps retirou-se para a linha de Gazala. Em janeiro de 1942, a retirada de Rommel continuava, e uma linha defensiva foi estabelecida em El Agheila.

Em 20 de janeiro de 1942, Rommel, mais uma vez, passou à ofensiva. Os britânicos foram pegos com a guarda abaixada e, rapidamente, se retiraram; Rommel utilizou suprimentos aliados capturados para continuar seus ataques. Pelo fim de janeiro, o Eixo tinha recapturado Bengazhi. Durante quatro meses seguintes, ambos os lados fizeram preparativos para a próxima batalha.

Rommel sentia-se compelido a agir antes que os aliados fossem ressupridos e se tornassem fortes demais. Em maio de 1942, as forças de Rommel retomaram a ofensiva e, por fim, capturaram a fortaleza de Tobruk. Rommel caçou os britânicos em retirada, perseguindo uma vitória decisiva na África do Norte. Com as linhas de suprimento de Rommel com mais de 1600 quilômetros de extensão, suas forças não eram fortes o suficiente para derrotarem os britânicos e, por volta de julho de 1942, Rommel deteve seu ataque. Em agosto, após se reequipar, Rommel tentou romper a linha britânica, mas chocou-se com uma força muito maior e mais bem equipada do que o esperado. A desesperada tentativa de Rommel de expulsar os britânicos da África do Norte tinha fracassado.

Por volta de outubro de 1942, os britânicos passaram à ofensiva. Rommel tinha alcançado o seu ponto culminante, ao estender suas linhas de suprimento. Ele e suas forças travaram uma guerra de atrito antes de iniciarem sua longa retirada rumo ao oeste. Rommel nunca foi capaz de conquistar a África do Norte. Por quê ele falhou? Precisamos examinar as deficiências da liderança operacional de Rommel para ganhar entendimento da derrota alemã na África do Norte.


________________________

(continua qualquer noite destas ...)




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Re: Doutrinas táticas, operacionais e estratégicas.

#27 Mensagem por Piffer » Sáb Ago 30, 2008 9:02 pm

SGT GUERRA escreveu:
Segundo essa tatica há necessidade de preparaçao do terreno, construçao de obstaculos, campos minados, enfin trabalho da engenharia. Na guerra ultramóvel moderna, que emprega cada vez mais unidades menores num combate não linear, quanto tempo e necessário pra se preparar esse terreno? Deve ter um limite, dias? horas?
Cara, agora você me pegou. Quando a infantaria ocupa um terreno começa os trabalhos de fortificação. Eu não me lembro quanto tempo uma posição passa de sumariamente organizada para outro nivel.
Quao bem preparado esse terreno pode ficar com o tempo se tornando melhor.
Dependendo da situação e do meios, o terreno poderia receber todos os trabalhos de engenharia.
Olhando uma tecnica dessa, logo pensa a gente que o inimigo jamais vai cair numa armadilha tão obvia assim. E que a engenharia não conseguiria fazer um trabalho sob fogo inimigo. Mas tudo vai depender da situação.
Eu já participei de um exérccio que o cmt queria ganhar duas jornadas justamente para a engenharia preparar uma posição defensiva. Então ele lançou uma tropa mecanizada para fazer contato com o inimigo e vim retardando e jogar o inimigo numa armadilha dessa.
Já li sobre sistema automatizado de minagem que pode ser lançado por ar, e utiliza minas com tempo de desarmamento pré programado inteligentes.
É bom lembrar que minas são obstaculos e não armas. Então o objetivo da mina é atrasar ou desviar, canalizando o inimigo para onde você quer. E acho que é apartir desse principio que criaram essas minas.

Gostaria que voce, Clermont e outos fizessem comentarios sobre as operações defensivas de ontem e de hoje.
Na minha opinião a tecnologia favoreceu mais o defensor do que o atacante.
Antigamente o atacante começava o ataque propriamente dito depois que passava a linha de partida, que era qase sempre a mesma linha de contato. Então a linha de contato e de partida ficava a uns 1000 metros (alguém corrija se eu estiver enganado) do objetivo. Hoje é impossivel pensar assim. Com a guerra eletronica, se não me engano 30 km já se pode considerar em contato. Ainda tem a artilharia que aumentou a distancia e a precisão, a inteligencia (uso de vants).
Então, um exército para ter uma boa capacidade defensiva ele tem que ter um bom equipamento de guerra eletronica, vants, uma boa artilharia. E para atacar, além de todos esses itens, ele tem que ter uma mobilidade muito grande e a capacidade de controlar tudo isso e fazer tudo funcionar como um relogio.
SNME, uma posição de até cinco dias é considerada sumariamente organizada. De 5 a 30 dias, é considerada organizada. Com mais de 30 dias, é considerada fortificada.

Isso pode ocorrer no combate moderno sim. Vejam a situação da guerra do Golfo. Os aliados levaram meses para realizar a sua concentração estratégica na Arábia Saudita. Tecnicamente falando, os iraquianos tinham condições de fortificar o que quisessem.

Outro detalhe (o Cel Jauro me corrija, se estiver errado) é que uma defesa elástica é uma manobra de divisão de Exército para cima. Batalhões e brigadas não realizam esse tipo de manobra. O teatro necessariamente tem que ser bem amplo para que a manobra não fique óbvia e o inimigo realmente pense que conseguiu uma penetração. Outra curiosidade é que esta é uma das poucas manobras em que a AvEx é empregada próxima a linha de contato, justamente para destruir o inimigo dentro do bolsão.

Abraços,




Carpe noctem!
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Re: Doutrinas táticas, operacionais e estratégicas.

#28 Mensagem por jauro » Dom Ago 31, 2008 2:51 pm

Outro detalhe (o Cel Jauro me corrija, se estiver errado) é que uma defesa elástica é uma manobra de divisão de Exército para cima. Batalhões e brigadas não realizam esse tipo de manobra. O teatro necessariamente tem que ser bem amplo para que a manobra não fique óbvia e o inimigo realmente pense que conseguiu uma penetração. Outra curiosidade é que esta é uma das poucas manobras em que a AvEx é empregada próxima a linha de contato, justamente para destruir o inimigo dentro do bolsão.
Positivo. Sem retoques




"A disciplina militar prestante não se aprende senhor, sonhando e na fantasia, mas labutando e pelejando." (CAMÕES)
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Re: Doutrinas táticas, operacionais e estratégicas.

#29 Mensagem por marcolima » Seg Set 01, 2008 9:16 pm

SNME, uma posição de até cinco dias é considerada sumariamente organizada. De 5 a 30 dias, é considerada organizada. Com mais de 30 dias, é considerada fortificada.

Isso pode ocorrer no combate moderno sim. Vejam a situação da guerra do Golfo. Os aliados levaram meses para realizar a sua concentração estratégica na Arábia Saudita. Tecnicamente falando, os iraquianos tinham condições de fortificar o que quisessem.

Outro detalhe (o Cel Jauro me corrija, se estiver errado) é que uma defesa elástica é uma manobra de divisão de Exército para cima. Batalhões e brigadas não realizam esse tipo de manobra. O teatro necessariamente tem que ser bem amplo para que a manobra não fique óbvia e o inimigo realmente pense que conseguiu uma penetração. Outra curiosidade é que esta é uma das poucas manobras em que a AvEx é empregada próxima a linha de contato, justamente para destruir o inimigo dentro do bolsão.

Abraços,


Caro Piffer, já que vc citou... no manual da AvEx está prevista a realização de "observação de tiro" na ADA quando realizando defesa em posição. Isso inclui designação de alvos para tiro de precisão? digo designar um alvo com laser para o sistema de guiagem de armas inteligentes.

[]s marco




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Re: Doutrinas táticas, operacionais e estratégicas.

#30 Mensagem por Guerra » Seg Set 01, 2008 9:21 pm

Piffer escreveu: Outro detalhe (o Cel Jauro me corrija, se estiver errado) é que uma defesa elástica é uma manobra de divisão de Exército para cima. Batalhões e brigadas não realizam esse tipo de manobra. O teatro necessariamente tem que ser bem amplo para que a manobra não fique óbvia e o inimigo realmente pense que conseguiu uma penetração. Outra curiosidade é que esta é uma das poucas manobras em que a AvEx é empregada próxima a linha de contato, justamente para destruir o inimigo dentro do bolsão.

Abraços,
Então nesse caso:
Exemplo da aplicação dessa técnica no escalão unidade.
Seria uma unidade dentro da manobra da divisão?




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