pt escreveu:Portanto, trata-se do governo do presidente Castello Branco e também de Costa e Silva (se não me falha a memória) Depois ainda veio o Medici, e só então o Geisel.
Pelo que me consta, até a ascensão de Geisel (aliás, o único depois de Castelo Branco a ter miolos o bastante para pretender elaborar políticas externas sofisiticadas) a posição brasileira era, tão somente, uma:
Prestar todo o apoio às ações de Portugal na África, contra o Comunistmo Internacional. E sem muitas elaborações. Nada de hipóteses sobre tal ou qual futuro, as colônias africanas deveriam ter.
Por isso, quando uma brasileira, mulher de um dissidente político português, foi morta, juntamente com o marido (supostamente, por agentes portugueses), o governo de Castelo Branco não emitiu uma só palavra.
Depois, por uma questão de "realpolitik", o novo governo Geisel resolveu se distanciar daquilo que via como uma "causa perdida". E a história seguiu seu rumo.
E, quanto a distinção entre análises políticas e análises militares, normalmente está em que, essas últimas, costumam ser bem mais míopes do que as primeiras. Quaisquer que tenham sido os sucessos militares portugueses, no campo de luta, o fato é que, politicamente, a sociedade portuguesa e seu próprio exército, entraram em colapso moral, e daí veio o 25 de Abril. Portanto, a governança em Lisboa, bem melhor teria feito se, tivesse avaliado, com profundidade, as implicações
políticas para Portugal, de continuar sustentando uma campanha militar no ultra-mar. Ainda que,
naquele momento, ela parecesse estar dando certo, pelo menos, no principal teatro de operações.
Deus Me Livre de querer enunciar opiniões determinantes sobre como era a situação de Portugal, em 1974. Mas, pelas poucas coisas que li, mesmo aqui, no fórum DB (nessa contenda entre direita e esquerda lusitanas), a
impressão que me vêm á cabeça, é de um país esgotado, moral, física e financeiramente, pela tensão de uma guerra, milhares de quilômetros longe da metrópole.
Não sei se essa é a impressão verdadeira, mas, pelo menos, é essa que a diplomacia brasileira e o próprio presidente do Brasil da época, tinham. Como achava Geisel, melhor se os portugueses tivessem tentado uma solução política para aquele
imbróglio, em vez de uma solução militar. E isso, bem antes de 1974. Como disse P44 (que, por um acaso, é lusitano) isso bem poderia ter evitado o 25 de Abril. Independente de como essa data seja contemplada pelos portugueses de hoje em dia.
Como uma tragédia ou como uma glória.