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O Mil Mi-35M É uma aeronave Ímpar no inventário desta força, constituindo o único vetor de asas rotativas dedicado ao ataque presente nas Armas nacionais. Derivado do Mi-24, sendo deste a última atualização, exibe uma folha de combate extensa ao redor do mundo, e um grande número de operadores. De sucesso inegável, dotado de robustez legendária, tornou-se um verdadeiro sinônimo de helicóptero de ataque pelo mundo todo.
O contrato para aquisição dos helicópteros foi firmado em 2008 e as aeronaves começaram a chegar ao Brasil a partir de abril de 2010, precisamente no dia 17, em lotes de três aeronaves, sendo entregues nove delas até o presente momento, sendo aguardada para breve a entrega do último lote.
Os helicópteros foram entregues em voos diretos através da companhia cargueira Volga-Dnepr em aeronaves AN-124, que vem a ser o 2º maior avião cargueiro em operação no mundo, na Base Aérea de Porto Velho, lar do 2º Esquadrão do 8º Grupo de aviação, Esquadrão Poti.
O Esquadrão Poti conta com 29 pilotos habilitados, hoje. Os primeiros pilotos aptos a operar o AH-2 Sabre finalizaram o curso em solo brasileiro nas novas aeronaves do Esquadrão assim que estas chegaram. A partir disso, passaram a lapidar todo o envelope operacional do vetor a ponto de se ter feito lançamentos de armas anti-carro guiadas, uso de FLIR e NVG, em campanhas de tiro realizadas em Cachimbo, bem como na Restinga de Marambaia. Nestes exercícios foi possível notar a precisão dos sistemas de armas da aeronave, responsáveis pela pontaria excepcional do vetor, eficiente em 100% dos lançamentos com mísseis, foguetes e acertos com os disparos efetuados pelos canhões geminados. No exercício Zarabatana IV o Mi-35M exibiu 100% de acertos! O seu último exercício envolveu o uso de NVG (Zarabatana V). Um detalhe curioso observado é o costume por parte dos membros do Esquadrão Poti de utilizar o compartimento de assalto como um espaço para transporte de carga ligeira nos deslocamentos do Esquadrão.
O Mi-35M, em que pese o seu alto grau de acertos devido ao computador balístico, exige da sua tripulação uma pilotagem cuidadosa. Não é algo surpreendente, pois é um helicóptero grande, com enorme reserva de potência (algo que agrada em demasia aos pilotos) e dotado de um cubo de rotor semi-rígido, o que impõe uma dinâmica de voo diferente daquela experimentada nos Esquilos, para citar um exemplo. Tripulado por dois especialistas, piloto (1P, Primeiro Piloto) e POSA (Piloto Operador do Sistemas de Armas), dispostos em tandem em cabines separadas em degrau, com cockpits em formato de bolha, sendo a posição frontal reservada ao POSA, exige o Mi-35M extrema coordenação entre estes, dado o fato de que é o Primeiro Piloto aquele que sinaliza as condições ótimas da aeronave para os disparos ao POSA, que adquire os alvos, os enquadra e efetua os disparos. A pilotagem é possível de ser feita da posição do operador de sistemas de armas, todavia de maneira muito desconfortável devido aos comandos para disparo dos canhões. O ambiente dos pilotos é tomado por uma variedade de botões e disjuntores, além de mostradores digitais, distribuídos por painéis frontais e laterais. Os assentos são ajustáveis e para surpresa de muitos o uso de paraquedas é previsto para os tripulantes.
O cockpit do piloto(Foto 1 e 3) contém 2 MFD, o operador do canhão(Foto 2) possui um MFD acima do controle do canhão: Foto: Rostvertol/MIL.
Para os pilotos do Esquadrão Poti a aeronave representa um salto gigantesco, por óbvio. Antes equipado com helicópteros leves Esquilo, equipados quando muito para reconhecimento armado, agora voam em um poderoso gigante de 12 toneladas (10 toneladas de diferença), com rotor de cabeça semi-rígida. Um dado interessante é que helicópteros com cubos semi-rígidos são tidos como menos manobráveis e de fato é uma tática clássica o uso de “Hinds” em duplas, justamente para compensar a menor agilidade do vetor. Todavia, o antecessor do Mi-35M, o Mi-24, exibe vitórias contra outros helicópteros em combates pelo mundo, notadamente o AH-1J “Sea Cobra” da IRIAF, com dez vitórias alegadas contra seis do vetor fabricado nos EUA. Nesta guerra, o Mi-24 tem ainda um abate alegado contra um caça supersônico, que seria um F-4 Phantom II... O AH-2 tem se destacado pela operacionalidade e flexibilidade dentro da FAB. Participou do esquema de segurança da Conferência Rio + 20, da Copa das Confederações, da Operação Ágata 7 (guarda de fronteira) e está elencado para atuar durante a Copa do Mundo Fifa. Os pilotos não escondem o entusiasmo com a máquina, todavia, apesar de tanto sucesso surgiram alguns mitos sobre a atuação dos helicópteros russos no Brasil e o serviço de pós venda; não se sabe o motivo do aparecimento dessas lendas, todavia, fazemos bem discuti-las...
AH-2 Sabre taxiando. Foto: Agência Força Aérea – Sargento Rezende.
Motores
A aeronave é motorizada por duas turbinas Klimov VK-2500, quem vem a ser a versão aperfeiçoada da afamada RV-3117VMA-SB3. Exibindo a conhecida robustez desta família de motores, a série VK-2500 equipa também os helicópteros de ataque Mi-28 e Ka-50/52.
A VK-2500 apresenta uma vida útil da ordem de 6.000 horas e as suas inspeções se dão no intervalo de 50, 100, 200, 1000 e 2000 horas. As inspeções até 200 horas deverão ser feitas no Brasil, e aquelas de 1000 horas ou mais dar-se-ão junto ao fabricante.
O vetor exibe uma considerável independência das equipes de solo. Homologado para operações entre temperaturas de +60º e -60º Celsius, conta com uma APU – Auxiliary Power Unity – modelo AI-9V. A APU fornece energia para que os compressores dêem a partida nos motores, além de alimentar os sistemas da aeronave. As baterias do helicóptero são capazes de iniciar a APU, desta maneira o Mi-35 reduz a necessidade de apoio de solo e facilita a dispersão e o deslocamento em regime de combate.
Conta como arma primária o canhão geminado Gryazev Shipunov Gsh-23L, arma potente e precisa que exibe uma cadência de tiro de 3.400 disparos por minuto (ambos os tubos juntos), cuja velocidade do projétil É de 715m/s. O cofre de munição da referida arma compreende 470 cartuchos.
O Mi-35 possui uma banheira blindada para proteção dos tripulantes; essa proteção, inclusive, se estende para os motores, caixa de transmissão principal e intermediária, sendo homologada contra impactos de munições até 20mm. Os pilotos contam com a blindagem transparente (canopy blindado) dotada de proteção contra projéteis de calibre 0.50 (12,7mm); como proteção ativa o vetor conta com uma suíte de contra-medidas eletrônicas.
Em 2009, cinco oficiais aviadores do
Esquadrão Poti (2º/8º GAV) concluíram o curso teórico da aeronave
MI-35M (AH-02 Sabre), na Rússia, e iniciaram os preparativos para a instrução aérea. Abaixo, primeira turma estuda na Rússia.
Em dois meses e meio de aulas teóricas diárias, a equipe conheceu a aerodinâmica, a construção do helicóptero, o motor, o armamento, o emprego em combate e os instrumentos, entre outros. Abaixo, Mi35 da FAB na fábrica da Rostvertol.
Ultrapassada esta etapa, iniciaram a preparação em solo, que teve a duração de duas semanas. Nesta fase, foram apresentados aos seus instrutores e receberam informações específicas sobre o voo nas áreas de instrução de Torzhok e os procedimentos para a correta operação na aeronave. A primeira decolagem dos pilotos brasileiros foi em 24 de agosto de 2009. Abaixo, militares brasileiros estudam os Motores do Mi-35.
Em Dezembro de 2014 chegaram a Porto Velho (RO) os três últimos helicópteros AH-2 Sabre da Força Aérea Brasileira. As aeronaves foram transportadas da Rússia a bordo de um cargueiro Antonov 124. Abaixo fotos do Antonov em Porto Velho.
Com a entrega, o Esquadrão Poti completa a sua dotação de doze helicópteros AH-2 Sabre, recebidos a partir do final de 2009. O contrato vai envolver ainda o recebimento de um simulador e de apoio logístico dos fornecedores russos. A compra, formalizada em outubro de 2008, envolve um pacote formado por 12 helicópteros, mais armamentos e suprimentos para manutenção por cinco anos, ao custo de US$ 363,9 milhões.
Como compensação comercial, os russos investirão metade do valor da compra na instalação de ferramentas, bancadas e treinamentos parta manutenção, que será feita majoritariamente no Brasil, e treinamento de pilotos e mecânicos, além de um simulador de vôo.
A tarefa principal do Esquadrão Poti é a de Superioridade Aérea, sendo a missão de Busca e Resgate relegada ao passado. A Unidade é treinada para realizar combates contra helicópteros e aviões, emprego ar-solo e ar-ar e realiza a Escolta nos pacotes de CSAR, Interceptação, além da Patrulha Aérea de Combate.
Seus pilotos têm características um pouco mais agressivas, comuns nos pilotos de caça, devido ao tipo de treinamento pelo qual passam desde sua chegada na Unidade. Características marcantes do grupo são o espírito de corpo ativo, combatividade muito acirrada, preparo teórico e habilidade manual acima da média, capacidade de liderança grande e cumplicidade alta entre seus pilotos.
Todos os pilotos que já passaram pela Unidade ostentam com orgulho os distintivos de operacionalidade mesmo quando já fora do Esquadrão ou, quando na reserva da Força Aérea.
MITOS SOBRE O AH-2 DA FAB:
1) Mito: Pilotos e mecânicos não conheciam as aeronaves, não sabiam voá-las e/ou mantê-las e por isso elas ficaram inoperantes por muito tempo.
Fato: boato nascido de uma nota jocosa publicada pelo jornalista Claudio Humberto. Pilotos e mecânicos iniciaram as suas instruções ainda em solo russo, seis meses antes da entrega do primeiro lote, enfrentando temperaturas de até 30° Celsius negativos.
2) Mito: As aeronaves ficaram inoperantes por falta de APU, pois a alimentação das aeronaves se dá em um padrão diferente do adotado pela FAB, equivalente ao da OTAN.
Fato: a aeronave conta com APU orgânico, e todas elas giraram motores assim que foram aprontadas pelos mecânicos e especialistas de suporte da fábrica.
3) Mito: Parafusos e porcas são no padrão métrico, que difere das medidas das ferramentas da FAB que são no padrão imperial. Os russos não mandaram ferramentas.
Fato: o padrão métrico é utilizado pela indústria automotiva no Brasil, e o que não falta são ferramentas com ambas as medidas em qualquer loja de autos. As ferramentas foram adquiridas.
4) Mito: A pós-venda não é adequada, a operacionalidade é baixa e o custo de hora de voo é alto.
Fato: o custo de hora de voo está dentro dos parâmetros esperados para uma aeronave da categoria do AH-2 Sabre e todos os requerimentos de peças e/ou componentes foram atendidos pelo fabricante. Jamais houve falta de peças, ou de suprimento de qualquer ordem. A operacionalidade do esquadrão é de 6 aeronaves em rampa para três em reserva (0,67%), sendo possível aumentar a disponibilidade para sete aeronave em qualquer situação (0,77%). No caso de uma emergência não seria impossível o apronto das nove aeronaves, ou seja, de se ter todas elas disponíveis (100%).
5) Mito: Os mecânicos russos vivem de bebedeira pelas ruas de Porto Velho, não existem tradutores, a comunicação é por mímica e os manuais são em inglês, ou em espanhol.
Fato: não existe reportagem, ou menção alguma de desordens feitas pelos técnicos russos, no trabalho, ou em folga. O comportamento dos especialistas da fábrica não possui reparo algum a ser feito. Tradutores acompanham estes técnicos e manuais em inglês nunca foram um problema para a FAB, que convive com os mesmos desde a sua infância.
Tradutora acompanha os trabalhos do Esquadrão Poti. Foto: internet.
6) Mito: O serviço de pós-venda entregou mísseis ultrapassados e não os mísseis ATAKA, previstos no contrato.
Fato: as armas entregues foram o 9M120 ATAKA (6 km de alcance), conforme especificado no contrato.
7) Mito: A aeronave é de difícil manutenção. É odiada pelos mecânicos e pilotos.
Fato: a aeronave é adorada pelos pilotos, devido a sua capacidade e robustez, e os mecânicos se assombram com a praticidade e a simplicidade de algumas soluções de engenharia. Por exemplo: para a retirada de um motor, basta pouco mais do que uma chave e uma grua. O serviço é feito em 30 minutos, ou menos. Além do mais, as asas de suporte para armamentos permite trabalho acima das mesmas, ou seja, não existem avisos de “No Step”, por não serem necessários. Abaixo, Notar a preseça sobre uma das asas Foto: Sargento Prado. DETCEA – CG.
Mito: A aeronave foi entregue sem os supressores de calor.
Fato: os supressores foram entregues, conforme previsto em contrato, e só não são vistos com frequência por não ser necessário o seu uso com constância em tempos de paz.
Mitos sobre o AH-2 da FAB: Foi publicada no Portal Defesa por César A. Ferreira, os Mitos e fatos advêm de dados coletados pelo autor a partir de fontes especializadas. As fotos são de livre acesso na internet e seus autores estão nos respectivos links.