PSDB: desmanche à vista?
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Alckmin e Serra podem abandonar ninho tucano
O senador Álvaro Dias (PR) foi o primeiro entre os tucanos a abandonar o ninho. E pelo andar da carruagem ou das investigações no âmbito da Operação Lava Jato, certamente, não deverá ser o último a deixar o PSDB de olho no processo eleitoral.
Ao que tudo indica, o destino de Dias será mesmo o PV, partido que lhe ofereceu a legenda para disputar a Presidência da República em 2018.
A notória falta de espaço dentro do PSDB, comandado pelo senador Aécio Neves (MG), eterno candidato à Presidência, que impedia Álvaro Dias (e segue impedindo outros tucanos) de postular tal condição, embora importante, não foi o único motivo que levou o paranaense a se decidir pelo PV.
Oficialmente ele deixou o partido em função do seu rompimento político com o governador do seu estado, Beto Richa (PSDB), que saiu desgastado e queimado politicamente após a greve dos professores da rede estadual do ano passado.
Mas a necessidade de se abrigar numa legenda sem envolvimento com os desdobramentos da Operação Lava Jato talvez tenha sido o fator decisivo para esse seu movimento, por se tratar de uma questão de sobrevivência política.
Motivação das mais fortes aliás, que poderá também forçar outros tucanos a buscarem novos ares partidários.
Sobretudo agora, depois que vieram à tona informações da Lava Jato que atingem em cheio o PSDB.
Uma diz respeito ao governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), que teria sido contemplado com propinas da ordem US$ 100 milhões (cerca de R$ 400 milhões, sem a devida correção inflacionária do período), de acordo com o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, um dos delatores da Operação deflagrada pela Polícia Federal (PF).
Outra denúncia se refere a Aécio Neves. O presidente do PSDB teve o seu nome mencionado pelo ex-presidente do PP, Pedro Corrêa, que negocia acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato e da Procuradoria Geral da República. O teor da denúncia ainda é desconhecido.
Mas o processo de desgaste do PSDB não vem de hoje. Antes das referências a FHC e Aécio, o partido já havia sido atingido por denúncias contra outros dois de seus altos representantes: o ex-governador de Minas Gerais, ex-senador e ex-presidente nacional da legenda, Eduardo Azeredo - réu no chamado mensalão do PSDB e já condenado em primeira instância pela Justiça a 20 anos e dez meses de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e peculato (desvio de dinheiro); e o também ex-presidente nacional do PSDB, Sergio Guerra, falecido em março de 2014.
Guerra foi acusado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, em acordo de delação premiada também na Lava Jato, de ter recebido propina de R$ 10 milhões, para encerrar, em 2009, uma CPI da Petrobras.
Debandada paulista seria questão de tempo
Diante desse quadro, não seria surpresa se outros tucanos de grande envergadura política, como o senador José Serra e o governador Geraldo Alckmin, também resolvessem bater suas asas em retirada, arrastando com eles nessa revoada, um número expressivo de votos e de correligionários.
Ambos andariam insatisfeitos com a legenda e querem passar longe das denúncias da Lava Jato. Há quem diga que Serra no PMDB, hipótese levantada e defendida pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB-RJ), e Alckmin no PSB, do seu vice, Márcio França, já seria apenas questão de tempo.
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