Programa de Reaparelhamento da Marinha

Assuntos em discussão: Marinha do Brasil e marinhas estrangeiras, forças de superfície e submarinas, aviação naval e tecnologia naval.

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Carlos Lima
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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#13951 Mensagem por Carlos Lima » Ter Ago 02, 2016 7:25 pm

Luís Henrique escreveu:
LeandroGCard escreveu:Dinamarca e Coréia do Sul não começaram a desenvolver e fabricar navios ontem, esta é uma indústria que eles cultivam com cuidado há décadas. Seus primeiros navios também eram caros e não eram grande coisa, mas com o tempo e os investimentos continuados se aprende.

A Austrália faz isso porque planeja se tornar um país plenamente desenvolvido como uma Dinamarca e uma Coréia do Sul. E isso tem um custo, não cai do céu. Já países como o Egito querem apenas ter poderio bélico disponível, e aí compram tudo de prateleira. A marinha australiana é bem inferior ao que poderia ser se eles comprassem tudo fora. O país Austrália é um dos mais respeitados do mundo. Já a marinha egípcia é poderosa, enquanto o país Egito é uma B#$!@.

É só escolhermos qual exemplo preferimos seguir.


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Nao existe merenda de graca e 'rapida'... anos e anos e anos e anos e anos... e muitos erros e acertos sao necessarios.

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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#13952 Mensagem por toncat » Ter Ago 02, 2016 9:04 pm

A primeira coisa que esse bando de Almirante pançudo tinha que fazer é a criação de uma instituição de ensino que forme engenheiros na área naval. (engenheiro nível ITA da graduação ao doutorado) Segunda coisa, criar um centro de pesquisa com foco em inovação e criação de novos produtos.

Hoje nem uma macaé conseguem projetar/construir. Macaé é um projeto francês.




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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#13953 Mensagem por akivrx78 » Ter Ago 02, 2016 9:09 pm

http://worldmaritimenews.com/wp-content/uploads/2016/02/top-10-sh.jpghttp://worldmaritimenews.com/wp-content/uploads/2016/03/top-5-shipbuilders-by-on-order-03.png
http://www.statista.com/graphic/1/263895/shipbuilding-nations-worldwide-by-cgt.jpgImagem

A 20 anos atrás a Coreia do Sul e China não tinha tecnologia de ponta para desenvolver navios militares, até o inicio da década de 90 a MB tinha uma marinha mais poderosa que a da Coreia do Sul, a marinha deles era constituída por um monte barcos pequenos e corvetas.

A partir dos anos 90 eles começaram produzir navios maiores para sua marinha sempre tentado aperfeiçoar e ampliar a tonelagem das classes.

Um ponto importante é que os estaleiros deles seguem um modelo tipo da Embraer, tanto para projetos para sua marinha como para marinha mercante, não existe a exigência de ser tudo nacional por exemplo as hélices e válvulas de alta pressão vem do Japão, motores vem da Europa, sensores e armamentos vem do Eua e Europa na medida que o desenvolvimento tecnológico progride eles começam a substituir alguns itens por similares nacionais na mesma forma que a Embraer vem fazendo em suas aeronaves.




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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#13954 Mensagem por lapara » Ter Ago 02, 2016 10:12 pm

Caro Lord este é o espaço no centro do Rio de Janeiro.
https://www.google.com.br/search?q=AMRJ ... jnVHe0M%3A
Respeito todos os seus argumentos, mas fica claro que o espaço do AMRJ é diminuto e bastante apertado para que se pense em construções navais modernas neste local. Claro que reformar é mais barato que construir. Mas para esta afirmativa devemos levar em conta a diferença do custo do terreno no centro do Rio e do novo em Sepetiba. Acredito que ´só esta diferença já cubra os custos de construção de uma moderna base de construção e apoio. Lembro ainda que a base de Mocanguê continuaria como sede da esquadra.
abraços




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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#13955 Mensagem por Crisaman » Qua Ago 03, 2016 2:35 am

Carlos Lima escreveu:
Luís Henrique escreveu: Onde assino?
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Nao existe merenda de graca e 'rapida'... anos e anos e anos e anos e anos... e muitos erros e acertos sao necessarios.

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As duas coisas mais importantes do meu post vocês não pegaram. O "Dinheiro" que não temos e a "Marinha caindo aos pedaços" que temos.

Fazer tudo aqui ótimo. Quando? A que preço?

Pagar 100 bilhões de dólares que é oque vai custar a modernização da marinha australiana feito tudo em casa. Eles tem esse dinheiro a gente não.

Ficar esperando o milagre brasileiro e continuar comprando ferro velho usado no exterior?

Enquanto não abandonarmos esse patriotada de Brasil potência vamos ter é isso uma marinha velha enferrujada tentando manter a cabeça fora da água para não se afogar.

Oque é mais importante para vocês empregos ou ter uma marinha moderna que faça jus ao tamanho do país?

Num futuro mais distante pode se pensar em construções de novos estaleiros e navios modernos no Brasil. Hoje e no próximos anos acho bem difícil senão impossível.




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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#13956 Mensagem por Lord Nauta » Qua Ago 03, 2016 3:09 am

lapara escreveu:Caro Lord este é o espaço no centro do Rio de Janeiro.
https://www.google.com.br/search?q=AMRJ ... jnVHe0M%3A
Respeito todos os seus argumentos, mas fica claro que o espaço do AMRJ é diminuto e bastante apertado para que se pense em construções navais modernas neste local. Claro que reformar é mais barato que construir. Mas para esta afirmativa devemos levar em conta a diferença do custo do terreno no centro do Rio e do novo em Sepetiba. Acredito que ´só esta diferença já cubra os custos de construção de uma moderna base de construção e apoio. Lembro ainda que a base de Mocanguê continuaria como sede da esquadra.
abraços

Prezado colega


Eu conheço o AMRJ fisicamente e não através do GOOGLE. O colega sabe que somente o dique Almirante Régis tem um comprimento utilizável de 254,5m, largura de fundo de 36,0 m e uma altura de 15,5m.
Vou tentar calcular quanto custaria um dique novo com estas dimensões com base no projeto que tenho do mesmo. Acredito que algumas centenas de milhares de USD. Mas tudo bem o colega acha que e fácil construir um novo AMRJ...ótimo, considerando os amplos recursos a disposição da MB outorgados pelo GF.

Sds


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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#13957 Mensagem por Lord Nauta » Qua Ago 03, 2016 3:28 am

Crisaman escreveu:
Carlos Lima escreveu: x3

Nao existe merenda de graca e 'rapida'... anos e anos e anos e anos e anos... e muitos erros e acertos sao necessarios.

[]s
CB_Lima
As duas coisas mais importantes do meu post vocês não pegaram. O "Dinheiro" que não temos e a "Marinha caindo aos pedaços" que temos.

Fazer tudo aqui ótimo. Quando? A que preço?

Pagar 100 bilhões de dólares que é oque vai custar a modernização da marinha australiana feito tudo em casa. Eles tem esse dinheiro a gente não.

Ficar esperando o milagre brasileiro e continuar comprando ferro velho usado no exterior?

Enquanto não abandonarmos esse patriotada de Brasil potência vamos ter é isso uma marinha velha enferrujada tentando manter a cabeça fora da água para não se afogar.

Oque é mais importante para vocês empregos ou ter uma marinha moderna que faça jus ao tamanho do país?

Num futuro mais distante pode se pensar em construções de novos estaleiros e navios modernos no Brasil. Hoje e no próximos anos acho bem difícil senão impossível.

Face ao despreparo atual de nossa construção naval e a urgência de equipar a MB com navios novos acredito que os navios do PROSUPER, que deveria ser ampliado (6 F, 6 NaPaOc e 2 NaApLo),deveriam ser todos construídos no exterior. O investimento de cerca de USD 6-6,5 bilhões deveria ter parte deste valor em contrapartida em investimento no país por parte da nação que vencesse a licitação. Este investimento poderia ser comprar até ovos caipira, interessa e que viria de alguma forma USD's . Este e um caminho factível. Eu, não entendo porque e tão difícil para as ''inteligencias'' em Brasilia fazer bons negócios na área de Defesa. Entretanto os projetos das CV 03 e dos NaPa 500 BR deveriam caminhar em paralelo, juntamente com a construção de um estaleiro militar na BNA. Os navios construídos no exterior obrigatoriamente deveriam ter pessoal brasileiro (operários, técnicos, engenheiros) participando de todas as etapas de produção. Este pessoal e que formaria nossa mão de obra especializada que contribuiria para a construção dos navios de projeto brasileiro e participaria na etapa seguinte de outros projetos nacionais.

Sds


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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#13958 Mensagem por LeandroGCard » Qua Ago 03, 2016 9:07 am

Lord Nauta escreveu:Face ao despreparo atual de nossa construção naval e a urgência de equipar a MB com navios novos acredito que os navios do PROSUPER, que deveria ser ampliado (6 F, 6 NaPaOc e 2 NaApLo),deveriam ser todos construídos no exterior. O investimento de cerca de USD 6-6,5 bilhões deveria ter parte deste valor em contrapartida em investimento no país por parte da nação que vencesse a licitação. Este investimento poderia ser comprar até ovos caipira, interessa e que viria de alguma forma USD's .
Estamos simplesmente em nosso melhor ano em termos de balança comercial desde que este dado começou a ser registrado, com um superávit com o mundo de quase USD 30 bilhões até agora apenas em 2016.

http://g1.globo.com/economia/noticia/20 ... julho.html

Em que pese boa parte deste superavit ser devido à retração de nossa economia (este sim um sério problema) que diminuiu as importações, a vinda de ainda mais dólares agora e no futuro próximo para comprar produtos primários é basicamente irrelevante, não vai ajudar em nada da mesma forma que os que já estão entrando para comprar soja ou minério de ferro também não estão ajudando. Nosso problema não está no fluxo comercial e nem nas reservas internacionais, que continuam elevadas, está do desmanche do setor industrial que agrega valor e pode (se funcionando da forma correta) gerar empregos bem remunerados.

Este e um caminho factível. Eu, não entendo porque e tão difícil para as ''inteligencias'' em Brasilia fazer bons negócios na área de Defesa. Entretanto os projetos das CV 03 e dos NaPa 500 BR deveriam caminhar em paralelo, juntamente com a construção de um estaleiro militar na BNA. Os navios construídos no exterior obrigatoriamente deveriam ter pessoal brasileiro (operários, técnicos, engenheiros) participando de todas as etapas de produção. Este pessoal e que formaria nossa mão de obra especializada que contribuiria para a construção dos navios de projeto brasileiro e participaria na etapa seguinte de outros projetos nacionais.
Nunca disse ser contra a compra de navios ou sistemas estrangeiros, o que discordo é que isso venha a servir de desculpas para impedir os desenvolvimentos nacionais. Se procurarem nos meus posts mais antigos verão que eu sempre apoiei o programa das fragatas estrangeiras de 6.000 ton previstas no PROSUB (o que não apoio até agora é o aumento no número de unidades), e não desgosto totalmente da aquisição de unidades usadas como solução emergencial dado o estado de desgaste de nossos meios atuais.

Mas até para realmente fazer algo que possa ajudar a mitigar a atual crise da indústria de nosso país (hoje um problema muito maior que a obsolescências de nossas FA's, já que não temos inimigos militares a apontar) e visando uma condição futura em que uma BID nacional possa evitar que a contínua obsolescência de nossos meios navais continue sendo a regra histórica como tem sido já há mais de um século, minha opinião é que a prioridade dada pela MB ao programa das corvetas CV-3 e a tudo o que isso implica em termos de investimentos e desenvolvimento locais é mais do que certa, e o melhor caminho para o futuro da MB e do próprio Brasil. O resto é importante também, mas em grau de prioridade mais baixo.


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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#13959 Mensagem por FCarvalho » Qua Ago 03, 2016 10:11 am

Só para lembrar. Até uns anos atrás, nós éramos um país respeitado no mundo, considerado mesmo importante por potencias mundiais. E tínhamos uma marinha medíocre e cheia de planos.

Neste momento, continuamos tendo a mesma marinha medíocre e cheia de planos, e não somos porra nenhuma no mundo. Aliás, minto, continuamos sendo o país do futebol, do carnaval e das bundas de fora.

Em tempo, quando e se um dia tivermos estadistas de verdade ocupando cargos importantes no planalto central, e defesa for um assunto que dê votos, a marinha do Brasil deixará sua mediocridade e seremos considerados um país realmente importante, com opiniões e posturas convalidadas por nossas ffaa's e diplomacia.

Até lá, continuem sonhando.

abs.




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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#13960 Mensagem por JL » Qua Ago 03, 2016 12:31 pm

Penso que talvez não compense construir a CV 03. Precisa ser muito bem calculado. Porque digo isso, simplesmente será que compensa todo o esforço para construir 04 navios ou no máximo 06? Toda a produção precisa de escala. Talvez seja melhor concentrar os esforços em um tipo de OPV de grande porte, muito mas fácil de projetar, construir e manter. E lançar logo uns 10, pois precisamos destes navios e como já postei anteriormente o OPV pode vir armado com canhão de proa, algum sistema básico de EW com Decoys nacionais. E com espaço, cabos e fornecimento de energia para acréscimo de armas como SSM, em caso de conflito. Ou até vir com os SSM instalados, o que também além de acrescer alguns dentes, favoreceria a escala de produção do míssil anti navio nacional.
E quanto as escoltas, se for construir as corvetas, buscar algo no exterior como Coréia do Sul ou China, neste último caso o navio poderia vir somente com sistemas ocidentais ou um misto. Solução rápida e mais barata. Afinal temos urgência, precisamos de navios, não temos tempo e nem dinheiro.




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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#13961 Mensagem por alex » Qua Ago 03, 2016 1:21 pm

A CV3 é um grande erro que parece que será executado de qualquer maneira para manter o ego enorme de alguns almirantes .




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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#13962 Mensagem por LeandroGCard » Qua Ago 03, 2016 2:24 pm

JL escreveu:Penso que talvez não compense construir a CV 03. Precisa ser muito bem calculado. Porque digo isso, simplesmente será que compensa todo o esforço para construir 04 navios ou no máximo 06? Toda a produção precisa de escala.
Não, o conceito está errado.

CONSTRUÇÃO não precisa de escala, caso contrário não haveria tantos prédios, pontes E NAVIOS por aí pelo mundo dos quais foram construídos um único exemplar. O que precisa de escala é a FABRICAÇÃO (que utiliza linhas de produção e montagem), mas fora situações excepcionais navios não são fabricados e sim construídos. As vantagens de construir várias unidades é muitíssimo menor do que seria em se tratando de produtos fabricados (como automóveis por exemplo, que se fabricados um a um custam até dez ou mais vezes do que se produzidos em série). Os ganhos de escala possíveis muitas vezes são inferiores aos prejuízos causados pela construção de mais unidades de um projeto não otimizado ou que ficou desatualizado pela evolução do setor.

Na construção o que se precisa é de uma boa capacidade de projeto (projetos são sempre necessários, caso se vá construir apenas uma unidade ou mil por hora de qualquer coisa, e no caso de construção naval os projetos são bastante complexos), infra-estrutura e equipamentos para montar uma estrutura funcional (o casco, no caso de navios), capacidade de empregá-los, conhecimentos sobre como se instalar os sub-sistemas necessários e expertise para avaliar a qualidade final. Não é necessário o uso de gabaritos, ferramental de conformação, linhas de montagem e etc..., as estruturas pode ser conformadas usando até mesmo métodos manuais e os equipamentos e sistemas instalados são sempre adquiridos de terceiros (nenhum estaleiro produz motores, hélices, canhões ou mísseis). Estando disponíveis a capacidade de projeto e os recursos de construção estes são de aplicação genérica, podem ser usados para construir diferentes projetos sucessivamente ou até em paralelo, ao mesmo tempo. Se você já possui por exemplo um dique com 200m, os equipamentos de corte-solda-montagem e o expertise para usá-los, pode construir indiferentemente desde lanchas de patrulha fluvial de 10m até navios de 200m, nas mesmas instalações e usando os mesmos equipamentos e pessoal. O importante é dominar o conhecimento (os equipamentos simplesmente se compram no mercado, caso se saiba o que é necessário e como usá-los).

Estas são as capacidades que a MB quer adquirir com o programa das CV-3. Depois disso ela em princípio estará apta a continuar os seus desenvolvimentos e aquisições no ritmo que a liberação de verbas pelo poder publico permitir, e contará com o argumento de que a base industrial desenvolvida precisa ser mantida em operação (para garantir a manutenção dos empregos e do expertise), um argumento muito mais palatável para nossos políticos e nossa sociedade do que qualquer necessidade estritamente militar. Trocar isso por um custo um pouco menor ou navios um pouco maiores se adquiridos lá fora é uma visão extremamente simplista, que considera apenas uma situação pontual da MB e conseguirá somente reproduzir o mesmo ciclo de reposição rápida de meios por absoluta falta de opção seguida por décadas de inexorável decadência e obsolescência destes mesmos meios adquiridos, o que tem sido a característica da MB desde o final da Guerra do Paraguai até hoje (e que resultou em que na maior parte deste tempo a MB era decadente e obsoleta, exatamente como agora).


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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#13963 Mensagem por Italo Lobo » Qua Ago 03, 2016 3:46 pm

LeandroGCard escreveu:
JL escreveu:Penso que talvez não compense construir a CV 03. Precisa ser muito bem calculado. Porque digo isso, simplesmente será que compensa todo o esforço para construir 04 navios ou no máximo 06? Toda a produção precisa de escala.
Não, o conceito está errado.

CONSTRUÇÃO não precisa de escala, caso contrário não haveria tantos prédios, pontes E NAVIOS por aí pelo mundo dos quais foram construídos um único exemplar. O que precisa de escala é a FABRICAÇÃO (que utiliza linhas de produção e montagem), mas fora situações excepcionais navios não são fabricados e sim construídos. As vantagens de construir várias unidades é muitíssimo menor do que seria em se tratando de produtos fabricados (como automóveis por exemplo, que se fabricados um a um custam até dez ou mais vezes do que se produzidos em série). Os ganhos de escala possíveis muitas vezes são inferiores aos prejuízos causados pela construção de mais unidades de um projeto não otimizado ou que ficou desatualizado pela evolução do setor.

Na construção o que se precisa é de uma boa capacidade de projeto (projetos são sempre necessários, caso se vá construir apenas uma unidade ou mil por hora de qualquer coisa, e no caso de construção naval os projetos são bastante complexos), infra-estrutura e equipamentos para montar uma estrutura funcional (o casco, no caso de navios), capacidade de empregá-los, conhecimentos sobre como se instalar os sub-sistemas necessários e expertise para avaliar a qualidade final. Não é necessário o uso de gabaritos, ferramental de conformação, linhas de montagem e etc..., as estruturas pode ser conformadas usando até mesmo métodos manuais e os equipamentos e sistemas instalados são sempre adquiridos de terceiros (nenhum estaleiro produz motores, hélices, canhões ou mísseis). Estando disponíveis a capacidade de projeto e os recursos de construção estes são de aplicação genérica, podem ser usados para construir diferentes projetos sucessivamente ou até em paralelo, ao mesmo tempo. Se você já possui por exemplo um dique com 200m, os equipamentos de corte-solda-montagem e o expertise para usá-los, pode construir indiferentemente desde lanchas de patrulha fluvial de 10m até navios de 200m, nas mesmas instalações e usando os mesmos equipamentos e pessoal. O importante é dominar o conhecimento (os equipamentos simplesmente se compram no mercado, caso se saiba o que é necessário e como usá-los).

Estas são as capacidades que a MB quer adquirir com o programa das CV-3. Depois disso ela em princípio estará apta a continuar os seus desenvolvimentos e aquisições no ritmo que a liberação de verbas pelo poder publico permitir, e contará com o argumento de que a base industrial desenvolvida precisa ser mantida em operação (para garantir a manutenção dos empregos e do expertise), um argumento muito mais palatável para nossos políticos e nossa sociedade do que qualquer necessidade estritamente militar. Trocar isso por um custo um pouco menor ou navios um pouco maiores se adquiridos lá fora é uma visão extremamente simplista, que considera apenas uma situação pontual da MB e conseguirá somente reproduzir o mesmo ciclo de reposição rápida de meios por absoluta falta de opção seguida por décadas de inexorável decadência e obsolescência destes mesmos meios adquiridos, o que tem sido a característica da MB desde o final da Guerra do Paraguai até hoje (e que resultou em que na maior parte deste tempo a MB era decadente e obsoleta, exatamente como agora).


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Sobre estaleiro novos e ao Lord Nauta que falou sobre a construção de um Estaleiro Militar na BNA:

O maior estaleiro do Hemisferio Sul, capaz de construir navios de grande porte, foi construido com financiamento de R$2 bilhões em Pernambuco, com recursos do Fundo da Marinha Mercante e do BNDES, tendo como sócios os grupos Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, ou seja devedoras do financiamento e devedoras através corrupção apuradas na Lava Jato.

Retirado do site http://www.estaleiroatlanticosul.com.br/:

"O Estaleiro Atlântico Sul S.A., criado em novembro de 2005 e tendo como sócios os grupos Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, objetiva ser a maior e mais moderna empresa do setor de construção naval e offshore do hemisfério onde está localizado. O empreendimento, um marco na revitalização da indústria naval no Brasil, é resultado de investimentos de R$ 1,8 bilhão e tem capacidade instalada de processamento da ordem de 160 mil toneladas de aço por ano.

A empresa produz todos os tipos de navios cargueiros de até 500 mil toneladas de porte bruto (TPB), além de plataformas offshore dos tipos semissubmersível, FPSO (Unidades Flutuantes de Produção e Armazenamento offshore), TLP (Plataformas de Pernas Atirantadas) e SPAR, entre outras.
O Estaleiro Atlântico Sul conta com capacidade de processamento de 160 mil toneladas de aço/ano, 1 milhão e 620 mil metros quadrados de terreno, área industrial coberta de 130 mil metros quadrados e um dique seco de 400 metros de extensão, 73 metros de largura e 12 metros de profundidade. O dique é servido por dois pórticos Goliaths de 1.500 toneladas/cada, dois guindastes de 50 toneladas/cada e dois de 35 toneladas/cada.

O porte destes equipamentos permite reduzir substancialmente o tempo de edificação, possibilitando ao Estaleiro Atlântico Sul figurar no seleto time das plantas navais de quarta geração, junto aos estaleiros asiáticos, considerados a vanguarda da construção naval mundial.

O Estaleiro Atlântico Sul possui também um cais de acabamento com 730 metros de extensão, equipado com dois guindastes de 35 toneladas. Outros 680 metros de cais são utilizados para a construção de plataformas offshore."

Este Estaleiro não pode ser usado para o PROSUPER ?

Se puder, só falta um acordo entre o GF, as "respeitosas empreiteiras Camargo Corrêa e Queiroz Galvão" e uma empresa estrangeira que faça o PROSUPER renascer das cinzas....

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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#13964 Mensagem por akivrx78 » Qua Ago 03, 2016 5:03 pm

Maquinário já tem faz tempo o que falta é mão de obra especializada e isto demora para se formar, leia as noticias sobre este estaleiro sobre os atrasos e dividas.

Com este tipo de problema vai ser difícil arrumar alguém interessado em produzir escoltas no Brasil, se navios mais simples não se consegue fabricar dentro do prazo imagine uma escolta, bom lembrar que o EAS já teve ajuda dos coreanos e japoneses e mesmo assim não adiantou nada.

O pessoal pensa que formar um soldador em um curso de 6 meses ele se torna um profissional especializado, no minimo demora uns 10 anos para ele se tornar um profissional, cortar a chapa tem maquinas que fazem tudo automático, mas soldar é um trabalho artesanal, isto vale para os pessoal especializado em eletricidade, tubulações, maquinas pesadas, acabamento, supervisores, projetistas,etc.

E sabe o que é mais estranho disto, construir um navio não muda muito o sistema de trabalho da construção civil, tanto é que a maioria desses estaleiros asiáticos também atua neste ramo, estas construtoras sabiam muito bem onde estavam se metendo o que me faz deduzir 2 coisas ou foi má gestão ou o nível delas é muito baixo. (quando digo nível quer dizer produtividade)




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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#13965 Mensagem por LeandroGCard » Qua Ago 03, 2016 5:12 pm

akivrx78 escreveu:E sabe o que é mais estranho disto, construir um navio não muda muito o sistema de trabalho da construção civil, tanto é que a maioria desses estaleiros asiáticos também atua neste ramo, estas construtoras sabiam muito bem onde estavam se metendo o que me faz deduzir 2 coisas ou foi má gestão ou o nível delas é muito baixo. (quando digo nível quer dizer produtividade)
Isso é verdade. Ambos, prédios e navios, são construídos, e os conceitos não são muito diferentes.

Mas aqui no Brasil a construção civil é baseada em estruturas de concreto reforçado com vergalhões não tensionados e tijolos assentados à mão, e a forma de trabalhar neste tipo de estrutura e instalar os equipamentos é muito diferente do que se faz com qualquer tipo de chapa, além de não se empregar nenhuma solda ou rebite. Não dá para simplesmente pegar um pedreiro semi-analfabeto, aplicar um treinamento de solda básico e achar que logo ao sair da sala de aula ele vai estar apto à construir um navio.

Mas parece que é assim que os executivos dos estaleiros brasileiros esperam construir navios. E sem um bom tempo de prática e uma certa "seleção natural" isso não vai melhorar.


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