SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
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- FCarvalho
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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
É simplesmente ridículo.
Absolutamente nenhuma reportagem sobre as comemorações pelo final da GM II no Brasil, em canal nenhum. Nenhuma grande mídia sequer esboçou uma nota sobre este evento aqui no Brasil. Todo mundo olhando para fora da janela, enquanto aqui dentro os nossos verdadeiros heróis continuam no esquecimento e na ignorância, sendo tratados por todos com o mesmo desprezo, e quiçá medo, com que Getúlio os tratou na volta para casa, neste país de merda sem memória.
Está cada dia pior tentar ser brasileiro no Brasil.
Sério, começo a pensar em me mudar para o Canadá. Ao menos lá o pessoal sabe dar valor a quem merece.
abs.
Absolutamente nenhuma reportagem sobre as comemorações pelo final da GM II no Brasil, em canal nenhum. Nenhuma grande mídia sequer esboçou uma nota sobre este evento aqui no Brasil. Todo mundo olhando para fora da janela, enquanto aqui dentro os nossos verdadeiros heróis continuam no esquecimento e na ignorância, sendo tratados por todos com o mesmo desprezo, e quiçá medo, com que Getúlio os tratou na volta para casa, neste país de merda sem memória.
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Carpe Diem
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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Passou uma matéria na rede globo sobre a comemoração da Rússia mas o William waack, aquele que ia na embaixada americana, me apareceu com uma cara de escarnio quando anunciou a matéria.
- Wingate
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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Prezado nobre colega FCarvalho,FCarvalho escreveu:É simplesmente ridículo.
Absolutamente nenhuma reportagem sobre as comemorações pelo final da GM II no Brasil, em canal nenhum. Nenhuma grande mídia sequer esboçou uma nota sobre este evento aqui no Brasil. Todo mundo olhando para fora da janela, enquanto aqui dentro os nossos verdadeiros heróis continuam no esquecimento e na ignorância, sendo tratados por todos com o mesmo desprezo, e quiçá medo, com que Getúlio os tratou na volta para casa, neste país de merda sem memória.
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abs.
Uma boa notícia. Finalmente um filme nacional de qualidade sobre a FEB, lançado recentemente:
A MONTANHA
http://www.portalfeb.com.br/o-filme-a-m ... te-ferraz/
Tem gente que ainda lembra, apesar de tudo!
Wingate
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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Acabei de chegar do cinema onde fui assistir, primeiro procurei um cine de rua na região da Av. Paulista mas a sessão iria começar bem tarde, na verdade nesse horário agora, então procurei num shopping center (já que por milagre está passando na rede comercial de cinema) onde acabei indo, em plena sessão de sábado a noite haviam 34 pessoas na sala... o filme é legal, uma ficção baseada em histórias de pracinhas.
Achei curioso que no final ninguém se levantou, deve ser porque durante os créditos passaram filmagens das tropas da FEB gravadas na época, algumas já tinha visto em videos na internet mas muitas delas pelo menos para mim são inéditas.
sds.
Achei curioso que no final ninguém se levantou, deve ser porque durante os créditos passaram filmagens das tropas da FEB gravadas na época, algumas já tinha visto em videos na internet mas muitas delas pelo menos para mim são inéditas.
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- FCarvalho
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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Olá Wingate, este filme é o mesmo "Estrada 47" que estreou semana passada?
Infelizmente onde moro cinema não passa apenas de uma mera ilusão de ótica, e terei de assistir depois, quando e se conseguir o dvd. Ou quem sabe com alguma sorte, na tv a cabo, caso o filme esteja na seara das produções da Globo Filmes.
Ainda bem que em um país de desmemoriados há pessoas que tem a hombridade de redescobrir a história, a nossa história, e recontá-la a esta geração enlatada e vidrada em games e hit's gnósticos de outros mundos.
abs.
Infelizmente onde moro cinema não passa apenas de uma mera ilusão de ótica, e terei de assistir depois, quando e se conseguir o dvd. Ou quem sabe com alguma sorte, na tv a cabo, caso o filme esteja na seara das produções da Globo Filmes.
Ainda bem que em um país de desmemoriados há pessoas que tem a hombridade de redescobrir a história, a nossa história, e recontá-la a esta geração enlatada e vidrada em games e hit's gnósticos de outros mundos.
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- Wingate
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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Positivo, é o mesmo. Na verdade, o nome do filme seria "Estrada 47".FCarvalho escreveu:Olá Wingate, este filme é o mesmo "Estrada 47" que estreou semana passada?
Infelizmente onde moro cinema não passa apenas de uma mera ilusão de ótica, e terei de assistir depois, quando e se conseguir o dvd. Ou quem sabe com alguma sorte, na tv a cabo, caso o filme esteja na seara das produções da Globo Filmes.
Ainda bem que em um país de desmemoriados há pessoas que tem a hombridade de redescobrir a história, a nossa história, e recontá-la a esta geração enlatada e vidrada em games e hit's gnósticos de outros mundos.
abs.
Partilho contigo a percepção de nossa falta de memória em relação à FEB e outros pontos de nossa história. Mas isso não é de hoje. No velho Grupo Escolar da escolinha "risonha e franca" e depois, no então ginásio e no colegial, NUNCA vi um professor citar a FEB ou comentar a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial.
É aquele velho complexo de cachorro vira-lata...
SDS,
Wingate
- FCarvalho
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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
É meu caro amigo, eu já começo a achar que complexo de vira-latas é pouco para tentar entender essa nossa eterna falta de memória para tudo que é relevante... porque esquecer a hora do futebol, da novela ou dos big brothers da vida na tv ninguém esquece...
História sempre foi um curso nas IFES que, mal ou bem, como muitos outros da seara das ciências humanas, dominado por adeptos do voluntarismo revolucionário vermelho que sempre permeou esse país.
Eu mesmo durante meu tempo de educação básica não me lembro sequer de ter ouvido falar na FEB nas aulas de história. Na verdade, pouco ou nada se falava sobre a GM II. E isso por volta dos anos 80's, quando ela ainda estava bem mais fresca que agora na memória e na mente das pessoas.
Mas infelizmente, tal como parece acontecer na Europa, esta questão começa a passar da memória para a história. E da história para o esquecimento, é um simples pulo. E é aí que mora o perigo.
No nosso caso, bem, nem adianta mesmo a gente falar, porque nem memória nós temos. Quanto mais se falar de histórias que ninguém soube ou entendeu, para saber que esqueceu.
E assim a nossa vida segue neste país deitado eternamente em seu fulguroso berço esplendido... até que um dia a gente acorde, e caia dele de uma vez por todas.
abs.
História sempre foi um curso nas IFES que, mal ou bem, como muitos outros da seara das ciências humanas, dominado por adeptos do voluntarismo revolucionário vermelho que sempre permeou esse país.
Eu mesmo durante meu tempo de educação básica não me lembro sequer de ter ouvido falar na FEB nas aulas de história. Na verdade, pouco ou nada se falava sobre a GM II. E isso por volta dos anos 80's, quando ela ainda estava bem mais fresca que agora na memória e na mente das pessoas.
Mas infelizmente, tal como parece acontecer na Europa, esta questão começa a passar da memória para a história. E da história para o esquecimento, é um simples pulo. E é aí que mora o perigo.
No nosso caso, bem, nem adianta mesmo a gente falar, porque nem memória nós temos. Quanto mais se falar de histórias que ninguém soube ou entendeu, para saber que esqueceu.
E assim a nossa vida segue neste país deitado eternamente em seu fulguroso berço esplendido... até que um dia a gente acorde, e caia dele de uma vez por todas.
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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Pelo que dá pra ver esse filme foi muito bem feito...
http://www.youtube.com/watch?v=C-ByTuvsMjA
http://www.youtube.com/watch?v=C-ByTuvsMjA
"Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo."
Liev Tolstói
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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Projeto investiga intercâmbio científico entre Brasil e Alemanha nazista
Juliana Sayuri
Revista Pesquisa Fapesp 20/05/2015 15h48
Publicado no site UOL
http://noticias.uol.com.br/ciencia/ulti ... azista.htm
Nas Olimpíadas de Berlim, em 1936, a cidade alemã recebeu mais do que delegações de atletas e turistas. Desembarcaram também na "nova" Alemanha os primeiros estudantes latino-americanos atraídos por cursos, congressos e visitas a instituições médicas do país. As excursões cresceram nos anos seguintes, tornando-se itinerantes. Do Brasil, jovens graduandos, principalmente da Escola Paulista de Medicina, visitaram hospitais, laboratórios e órgãos oficiais, em missões médico-diplomáticas manejadas por ministérios à época dominados pelo Partido Nazista. Algumas eram promovidas pela Academia Médica Germano-ibero-americana, fundada em 1935. O objetivo era fomentar as relações médicas entre Alemanha e países da América Latina.
"A medicina teve papel importante nessas relações diplomáticas porque gozava de grande prestígio internacional, embora não fosse uma ferramenta tão visível de propaganda cultural", diz o historiador André Felipe Cândido da Silva, da Casa de Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). "Durante o nacional-socialismo, a corporação médica alemã foi um dos segmentos que se alinhou mais estreitamente ao novo regime. Os médicos, como representantes da arena acadêmica, eram porta-vozes convictos do intenso nacionalismo vigente. E havia a dinâmica indústria farmacêutica, com interesse em consolidar seus laços com clientes estrangeiros." Silva explorou o papel da ciência na diplomacia cultural alemã entre 1919 e 1950, com ênfase na década de 1930, durante pós-doutorado realizado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). Por diplomacia cultural entenda-se o esforço germânico que congregou diplomatas e cientistas, universidades, empresas e companhias de navegação, entre outros atores.
Além das expedições científicas de estudantes, enfermeiros, docentes, pesquisadores e até pacientes, algumas estratégias articulavam médicos e diplomatas entre Brasil e Alemanha. Havia periódicos especializados, como a Revista Médica de Hamburgo, fundada por Ludolph Brauer, organização de encontros científicos internacionais, campanhas sanitárias, consolidação de produtos da indústria farmacêutica alemã e construções de hospitais por vezes voltados à assistência de imigrantes.
Enquanto no Brasil – especialmente no circuito Rio-São Paulo – as faculdades de medicina ganhavam corpo, com maior especialização e interesse tecnológico, sofisticação das técnicas de intervenção cirúrgica e avanços em procedimentos de diagnóstico e profilaxia, a Alemanha já era ponta de lança do desenvolvimento científico. Ali foi elaborado o modelo médico que alicerçou a formação contemporânea com o tripé ensino, assistência clínica e pesquisa universitária em Berlim, Göttingen, Heidelberg e Munique. Descobertas clínicas e inovações cirúrgicas vinham de laboratórios de universidades, indústrias e institutos alemães, que contavam com expoentes como Robert Koch, Rudolf Virchow, Paul Ehrlich, Emil Kraepelin, Emil von Behring, August von Wassermann, entre outros.
As ciências tiveram impacto no contexto político, às vésperas da Segunda Guerra Mundial. "Tornaram-se ingredientes importantes do prestígio nacional, ainda mais no ambiente de intenso nacionalismo", diz Silva. Na análise do historiador, a experiência da Primeira Guerra já tinha demonstrado a importância de estruturar complexos nacionais de pesquisa científica, aliando instituições acadêmicas, indústrias, militares e Estado. "Além disso, o discurso científico contribuiu para legitimar ambições territoriais e pretensões de superioridade nacional e racial importantes para conquistar a adesão interna e a externa, de aliados", observa.
Superioridade cultural
De acordo com Silva, médicos alemães se envolveram na propaganda cultural, persuadidos pela superioridade de sua cultura. Entretanto, após a Primeira Guerra, a ciência alemã ficou relativamente isolada quando parte dos cientistas se manifestou a favor do militarismo germânico. Ademais, físicos, médicos e químicos participaram de estudos como o desenvolvimento de gases letais. A instrumentalização do conhecimento para fins bélicos levou vários países a boicotar a ciência alemã até meados da década de 1920. "É importante, no entanto, distinguir os diferentes níveis da cooperação científica transnacional para ter clareza de que muitos pesquisadores continuaram mantendo contato informal com seus pares de países outrora inimigos. Embora repercutisse internacionalmente, para os latino-americanos não teve praticamente nenhum efeito uma política de boicote levada a cabo por organizações das quais muitos deles não faziam parte", pondera.
O patologista e microbiologista carioca Henrique da Rocha Lima, por exemplo, se tornou um dos principais colaboradores da diplomacia alemã nas décadas de 1920 e 1930. Rocha Lima descobriu a origem do tifo exantemático em 1916, no Instituto de Doenças Marítimas e Tropicais de Hamburgo. Na volta definitiva ao Brasil, em 1928, foi uma liderança marcante do Instituto Biológico de São Paulo. O patologista Walter Büngeler, alemão de Danzig (atual cidade polonesa de Gdansk), escolhido para a cátedra da Escola Paulista de Medicina, pretendia ali iniciar um núcleo alinhado à ciência alemã – e correspondeu às expectativas dos oficiais da chancelaria e do Partido Nazista, transformando a escola num celeiro científico para as iniciativas da Academia Médica Germano-ibero-americana, especialmente com as excursões de estudantes.
O intercâmbio expressivo incluiu nomes como o oftalmologista Antônio de Abreu Fialho, o psiquiatra Antônio Pacheco e Silva, o dermatologista Adolfo Lindenberg, que foram convidados a visitar a Alemanha. Do outro lado, vieram ao Brasil médicos como Franz Volhard, Helmut Ulrici e Walter Unverricht, Heinrich Huebschmann e Karl Fahremkamp, entre outros. Diretor do Hospital Eppendorf, Ludolph Brauer visitou o Rio, Salvador e São Paulo – ali ainda passou pela distante colônia de Presidente Epitácio, onde existia uma ativa célula do Partido Nazista. A deflagração da Segunda Guerra Mundial, em 1939, abalou o intercâmbio científico, que acabou a partir da entrada do Brasil no conflito, ao lado dos Aliados, em 1942.
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Wingate
Juliana Sayuri
Revista Pesquisa Fapesp 20/05/2015 15h48
Publicado no site UOL
http://noticias.uol.com.br/ciencia/ulti ... azista.htm
Nas Olimpíadas de Berlim, em 1936, a cidade alemã recebeu mais do que delegações de atletas e turistas. Desembarcaram também na "nova" Alemanha os primeiros estudantes latino-americanos atraídos por cursos, congressos e visitas a instituições médicas do país. As excursões cresceram nos anos seguintes, tornando-se itinerantes. Do Brasil, jovens graduandos, principalmente da Escola Paulista de Medicina, visitaram hospitais, laboratórios e órgãos oficiais, em missões médico-diplomáticas manejadas por ministérios à época dominados pelo Partido Nazista. Algumas eram promovidas pela Academia Médica Germano-ibero-americana, fundada em 1935. O objetivo era fomentar as relações médicas entre Alemanha e países da América Latina.
"A medicina teve papel importante nessas relações diplomáticas porque gozava de grande prestígio internacional, embora não fosse uma ferramenta tão visível de propaganda cultural", diz o historiador André Felipe Cândido da Silva, da Casa de Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). "Durante o nacional-socialismo, a corporação médica alemã foi um dos segmentos que se alinhou mais estreitamente ao novo regime. Os médicos, como representantes da arena acadêmica, eram porta-vozes convictos do intenso nacionalismo vigente. E havia a dinâmica indústria farmacêutica, com interesse em consolidar seus laços com clientes estrangeiros." Silva explorou o papel da ciência na diplomacia cultural alemã entre 1919 e 1950, com ênfase na década de 1930, durante pós-doutorado realizado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). Por diplomacia cultural entenda-se o esforço germânico que congregou diplomatas e cientistas, universidades, empresas e companhias de navegação, entre outros atores.
Além das expedições científicas de estudantes, enfermeiros, docentes, pesquisadores e até pacientes, algumas estratégias articulavam médicos e diplomatas entre Brasil e Alemanha. Havia periódicos especializados, como a Revista Médica de Hamburgo, fundada por Ludolph Brauer, organização de encontros científicos internacionais, campanhas sanitárias, consolidação de produtos da indústria farmacêutica alemã e construções de hospitais por vezes voltados à assistência de imigrantes.
Enquanto no Brasil – especialmente no circuito Rio-São Paulo – as faculdades de medicina ganhavam corpo, com maior especialização e interesse tecnológico, sofisticação das técnicas de intervenção cirúrgica e avanços em procedimentos de diagnóstico e profilaxia, a Alemanha já era ponta de lança do desenvolvimento científico. Ali foi elaborado o modelo médico que alicerçou a formação contemporânea com o tripé ensino, assistência clínica e pesquisa universitária em Berlim, Göttingen, Heidelberg e Munique. Descobertas clínicas e inovações cirúrgicas vinham de laboratórios de universidades, indústrias e institutos alemães, que contavam com expoentes como Robert Koch, Rudolf Virchow, Paul Ehrlich, Emil Kraepelin, Emil von Behring, August von Wassermann, entre outros.
As ciências tiveram impacto no contexto político, às vésperas da Segunda Guerra Mundial. "Tornaram-se ingredientes importantes do prestígio nacional, ainda mais no ambiente de intenso nacionalismo", diz Silva. Na análise do historiador, a experiência da Primeira Guerra já tinha demonstrado a importância de estruturar complexos nacionais de pesquisa científica, aliando instituições acadêmicas, indústrias, militares e Estado. "Além disso, o discurso científico contribuiu para legitimar ambições territoriais e pretensões de superioridade nacional e racial importantes para conquistar a adesão interna e a externa, de aliados", observa.
Superioridade cultural
De acordo com Silva, médicos alemães se envolveram na propaganda cultural, persuadidos pela superioridade de sua cultura. Entretanto, após a Primeira Guerra, a ciência alemã ficou relativamente isolada quando parte dos cientistas se manifestou a favor do militarismo germânico. Ademais, físicos, médicos e químicos participaram de estudos como o desenvolvimento de gases letais. A instrumentalização do conhecimento para fins bélicos levou vários países a boicotar a ciência alemã até meados da década de 1920. "É importante, no entanto, distinguir os diferentes níveis da cooperação científica transnacional para ter clareza de que muitos pesquisadores continuaram mantendo contato informal com seus pares de países outrora inimigos. Embora repercutisse internacionalmente, para os latino-americanos não teve praticamente nenhum efeito uma política de boicote levada a cabo por organizações das quais muitos deles não faziam parte", pondera.
O patologista e microbiologista carioca Henrique da Rocha Lima, por exemplo, se tornou um dos principais colaboradores da diplomacia alemã nas décadas de 1920 e 1930. Rocha Lima descobriu a origem do tifo exantemático em 1916, no Instituto de Doenças Marítimas e Tropicais de Hamburgo. Na volta definitiva ao Brasil, em 1928, foi uma liderança marcante do Instituto Biológico de São Paulo. O patologista Walter Büngeler, alemão de Danzig (atual cidade polonesa de Gdansk), escolhido para a cátedra da Escola Paulista de Medicina, pretendia ali iniciar um núcleo alinhado à ciência alemã – e correspondeu às expectativas dos oficiais da chancelaria e do Partido Nazista, transformando a escola num celeiro científico para as iniciativas da Academia Médica Germano-ibero-americana, especialmente com as excursões de estudantes.
O intercâmbio expressivo incluiu nomes como o oftalmologista Antônio de Abreu Fialho, o psiquiatra Antônio Pacheco e Silva, o dermatologista Adolfo Lindenberg, que foram convidados a visitar a Alemanha. Do outro lado, vieram ao Brasil médicos como Franz Volhard, Helmut Ulrici e Walter Unverricht, Heinrich Huebschmann e Karl Fahremkamp, entre outros. Diretor do Hospital Eppendorf, Ludolph Brauer visitou o Rio, Salvador e São Paulo – ali ainda passou pela distante colônia de Presidente Epitácio, onde existia uma ativa célula do Partido Nazista. A deflagração da Segunda Guerra Mundial, em 1939, abalou o intercâmbio científico, que acabou a partir da entrada do Brasil no conflito, ao lado dos Aliados, em 1942.
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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Interessante, raro filme colorido sobre as ruas de Berlim em Julho de 1945 (pouco tempo após o fim da guerra na Europa):
http://www.chonday.com/Videos/berlingjuly3
Wingate
http://www.chonday.com/Videos/berlingjuly3
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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Comprei semana passada no aeroporto o livro "As Duas Faces da Glória - A FEB Vista Pelos Seus Aliados e Inimigos".
Ainda não comecei a ler, mas depois que acabar coloco aqui as minhas impressões.
Leandro G. Card
Ainda não comecei a ler, mas depois que acabar coloco aqui as minhas impressões.
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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Esse livro é do William Waack e a primeira edição é de 1985.
"Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo."
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Re: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Eu já li e considero o livro de William Waack um marco fundamental na historiografia da FEB. Antes dele, com a exceção do "Depoimento dos Oficiais da Reserva" e raríssimas outras obras, a narrativa da FEB era dominada por meras descrições factuais ou por pura "historiografia chapa-branca", de cunho laudatório e triunfalista.