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Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Seg Mai 12, 2014 9:12 pm
por Clermont
Reginaldo Bacchi escreveu:A Guarda Nacional no Brasil também seguia este sistema, sendo controlada pelos governadores das províncias (Imperio) e depois pelos governadores dos estados (Republica).

Devia atuar em caso de guerra somente na defesa de sua região, não sendo prevista sua anexação ao exército para luta fora do pais.

Foi este motivo que levou na Guerra do Paraguai a organização dos Voluntários da Pátria, para ter tropa que combatesse fora do Brasil ao lado do exercito regular.
Na verdade, as leis que regiam a Guarda Nacional previam seu envio para operações de guerra externa, sob controle do Exército, e equipados por este, na condição de "corpos destacados". Mas, no início da Guerra do Paraguai entendeu-se que a mobilização da Guarda Nacional não seria o bastante, daí advindo a decretação da lei de organização dos Voluntários da Pátria. Desta forma, os batalhões e companhias independentes da Guarda Nacional foram amalgamados, dando origem a batalhões de voluntários da pátria (que tinham a denominação de "corpos" de voluntários da pátria) e então enviados para o teatro de operações.

Só uma única unidade da Guarda Nacional chegou ao Paraguai com sua denominação de direito: o 1º Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional da Corte do Rio de Janeiro. Mas, como só dispunha de três companhias (os batalhões de linha do Exército dispunham de oito companhias) teve suas subunidades incorporadas ao 14º Batalhão de Infantaria do Exército (que na ocasião estava desfalcado, só contando com cinco companhias) e, desta forma, deixou de existir.

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Seg Mai 12, 2014 9:45 pm
por Reginaldo Bacchi
Acho muito estranha a tua explicação.

Vou passa-la ao meu amigo Adler Homero Fonseca de Castro, o maior historiador militar do momento.

Bacchi

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Ter Mai 13, 2014 11:17 am
por Bourne
Desmilitarização da polícia ganha fôlego no Congresso Nacional

Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecid ... al#page_10

Unificação das polícias, com carreira única e ciclo completo, toma corpo ante casos frequentes de abusos cometidos por agentes da lei

A morte do dançarino Douglas Pereira, o DG, o desaparecimento do pedreiro Amarildo, a reação das forças de segurança frente aos protestos no país. A cada novo episódio envolvendo violência e policiais, cresce no Congresso Nacional a repercussão de propostas de emenda à Constituição que pedem a desmilitarização da Polícia Militar. A mais recente, de autoria do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), conhecida como PEC 51/2013, prevê a reformulação do sistema de segurança pública e o modelo da polícia no país.

INFOGRÁFICO: Confira dados sobre a linha de conflito

CONFIANÇA

A pesquisa Índice de Confiança na Justiça 2013 (ICJBrasil), divulgada pela Fundação Getúlio Vargas, indica que 77% da população com renda inferior a dois salários mínimos não confia na polícia. A mesma desconfiança abrange 59% da população com renda superior a dez salários mínimos. Entre os que recebem de dois a dez salários mínimos, o descrédito varia entre 63% e 65%. Os números fazem parte do 7.º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

PROPOSTAS

Além da PEC 51, outras propostas também tratam da desmilitarização da polícia. Em 2009, o deputado Celso Russomano (PP-SP) criou a PEC 430, que prevê a unificação das polícias civil e militar no país, bem como a desmilitarização do Corpo de Bombeiros. Em 2011, o senador Blairo Maggi (PR-MT) propôs que fosse autorizado aos estados a unificação das polícias, a partir da PEC 102. Os projetos ainda estão em fase de tramitação na Câmara e no Senado, respectivamente.

ALÉM DA FARDA

Apresentada ao Congresso em 2013, a PEC 51 prevê uma série de mudanças na organização do sistema de segurança pública:

• Carreira única: a partir da fusão das polícias militar e civil, haveria apenas um tipo de carreira policial no país. A hierarquia ainda existiria, mas contaria com menos postos;

• Ciclo completo: todo órgão policial deverá realizar o ciclo completo de trabalho, o que inclui o policiamento ostensivo, preventivo e investigativo;

• Desvinculação das Forças Armadas: treinamento policial deixaria de ter caráter militar e passaria a ter fundo civil, com instruções mais voltadas ao policiamento comunitário;

• Controle: polícia passaria a contar com ouvidoria externa e com orçamento próprio;

• Autonomia: entes federativos ganhariam autonomia para definir o modelo de suas polícias. Cidades com mais de 1 milhão de habitantes poderiam ser responsáveis pela força policial local, desde que os estados assim definissem;

• Conversão: guarda municipal poderia virar polícia municipal;

• Responsabilização: julgamento de policiais militares, hoje com tribunal próprio, exceto para os casos de homicídio doloso, passaria a ser civil.

Em linhas gerais, Farias defende a fusão das polícias militar e civil, a criação de uma carreira única para seus servidores e o ciclo completo das atividades para toda a polícia – o que inclui desde o policiamento ostensivo às investigações criminais. Hoje as apurações sobre crimes ficam a cargo apenas da Polícia Civil.

Pela proposta, estados passariam a ter autonomia sobre que tipo de polícia seria adequada para seu território, uma ouvidoria externa seria criada e o treinamento deixaria de ser vinculado às Forças Armadas. Estados, municípios e a União teriam seis anos para implantar as mudanças a partir da aprovação da PEC.

Na opinião do sociólogo Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e professor da PUC-RS, a criação de carreira única e do ciclo completo são os pontos mais polêmicos da PEC 51. A carreira única, diz ele, acabaria com o método em curso atualmente. “Praças e oficiais hoje entram na polícia por concursos diferentes. O mesmo acontece com agentes e delegados.”

Instituição

Azevedo avalia que os problemas que envolvem a polícia brasileira não atingem só a instituição militar, mas a civil também. A figura do delegado, comenta, muitas vezes é a de um bacharel que apenas dá a formatação jurídica ao caso, e não a de um profissional comprometido com o desenrolar da investigação. “É preciso repensar o papel dos delegados”, pontua. O especialista observa ainda que a hierarquia e os mecanismos regimentais da PM dificultam a tomada de decisões por parte dos policiais. “A partir da experiência da ditadura militar, houve uma explícita subordinação da PM ao Exército, e isso deixou marcas. É preciso retirar essa cultura”, afirma.

Concorrência

O professor de Direito Penal da UFMG Túlio Vianna diz que o ciclo parcial em vigor hoje nas polícias Civil e Militar gera concorrência entre as instituições. Ele acredita que a PEC 51 não resolverá, por si só, o problema da violência policial, mas pode fazer com que o Brasil incorpore condições já adotadas em países europeus. Seria o primeiro passo para se ter nas ruas uma polícia treinada para “proteger o cidadão e cumprir as leis”, em vez de “combater o inimigo”. “Na Europa existe polícia militarizada, mas ela não atua nos centros urbanos. Fica na zona rural, fronteiras. E mesmo militarizada, não é estadual, mas federal”, compara.

Nos Estados Unidos, Inglaterra e Austrália, exemplifica, a polícia é civil. “Quem ingressa na carreira não precisa escolher se será policial civil ou militar. Em qualquer lugar do mundo, o rapaz escolhe ser policial. Ele começa a trabalhar na rua e depois, conforme a carreira vai subindo, passa para a investigação.”

Base da PM reclama de abusos e obrigações impostas

A repressão imposta pelo sistema de hierarquia e disciplina nas instituições militares tem criado um paradoxo na luta pela desmilitarização da Polícia Militar. Policiais têm clamado por deixar as fardas de lado para desfrutar da liberdade e ficar distante dos abusos e obrigações impostas pelo sistema militar.

“Hoje quem está posicionado hierarquicamente acima tende a usar o regulamento para fins espúrios”, conta um oficial da PM, que pediu para não ser identificado. Segundo ele, a legislação militar faz com que se cometam injustiças.

Liberdade de expressão é um direito barrado pela hierarquia. Outro soldado ouvido pela reportagem lembra que as patentes baixas não participam dos debates. “A partir do momento em que o policial não tem liberdade, fica sem dar ideias, opiniões. A reforma das polícias é tão ou mais importante quanto a tributária e política”, afirma. A favor da PEC 51, ele defende a desmilitarização como medida inicial para criar uma carreira de ciclo completo para as polícias estaduais. “Em muitos momentos a legislação militar, à qual a PM está sujeita, é mais importante do que a Constituição dentro desse sistema”, reclama.

O policial, no entanto, faz uma crítica à proposta: ela cria uma carreira única. “É como dizer que para ser engenheiro você tem que ter sido pedreiro”, exemplifica. Na avaliação dele, é preciso que as polícias estaduais sejam uma só. Além disso, é importante manter uma polícia municipal e federal. “Cada um terá um tipo penal como atribuição e todas com ciclo completo.”

Empregado

Uma das maiores reclamações dos policiais da base da PM é o uso do servidor como empregado particular. De acordo com o soldado, policiais são usados rotineiramente como motoristas de oficiais, o que caracteriza desvio de função. Segundo ele, se reclamar, pode tomar punição. “Somos polícia do estado ou dos coronéis?”, questiona.

A reportagem tentou ouvir a opinião do comando da Polícia Militar do Paraná sobre o assunto, mas a assessoria de imprensa informou que a instituição não iria se manifestar.

Você acredita que desmilitarizar a PM é a solução para melhorar a segurança pública no país? Que outras medidas podem ser adotadas? Deixe seu comentário abaixo e participe do debate.

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Ter Mai 13, 2014 12:26 pm
por henriquejr
Em ano eleitoral aparece todo tipo de projetos e boa vontade política para mudanças. Próximo ano todos estes projetos vão para as gavetas dos gabinetes e tudo continua como sempre foi...

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Ter Mai 13, 2014 4:16 pm
por Reginaldo Bacchi
Voltando ao assunto da Guarda Nacional no Imperio e precipuamente na Guerra do Paraguai, Adler me explicou que somente as Guardas Nacionais de províncias que tivessem sido invadidas poderiam acompanhar o exército regular fora do país. Para compensar isto foram criados os corpos de Voluntários da Pátria.

Na Guerra do Paraguai as províncias de Mato Grosso e Rio Grande do Sul foram invadidas. A Guarda Nacional de Mato Grasso não participou da invasão do Paraguai, mas a do Rio Grande do Sul participou.

Quase todas (com exceção do 2º, 3º e 4º Regimentos de Cavalaria Ligeira e dos 1º ao 4º Regimentos de Caçadores a Cavalo do exército regular) as unidades de cavalaria no teatro de operações do Paraguai, foram da Guarda Nacional do Rio Grande do Sul, e combateram como tal.

Isto é o que eu posso dizer sobre um assunto do qual conheço muito pouco, e sobre o qual não gostaria de me alongar.

Todavia voltando ao presente, o que se sabe sobre a proposta de Emenda à Constituição 534/2002, que intenta recriar a Guarda Nacional, além de expandir as competências das guardas municipais.

O que é esta Guarda Nacional proposta?

Bacchi

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Ter Mai 13, 2014 4:39 pm
por Viktor Reznov
Acho a desmilitarização da polícia um verdadeiro suicídio. Vejam bem o caos no qual a Bahia mergulhou quando a PM entrou em greve, agora imagina isso no RJ ou em SP, ou até mesmo na merda de Goiás que é onde eu moro, cuja capita é a décima cidade mais violenta do país.

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Ter Mai 13, 2014 6:25 pm
por Franz Luiz
Desmilitarizar a Polícia parece que está sendo confundido com acabar com a PM e não é isto que se propõe.
A Polícia tem sim que ser civil. Qual a vantagem de ser militar para o sistema de segurança e qual a desvantagem
em ser civil?

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Ter Mai 13, 2014 6:28 pm
por Viktor Reznov
Franz Luiz escreveu:Desmilitarizar a Polícia parece que está sendo confundido com acabar com a PM e não é isto que se propõe.
A Polícia tem sim que ser civil. Qual a vantagem de ser militar para o sistema de segurança e qual a desvantagem
em ser civil?
A vantagem em ser militar já está explicitada no meu post, a ilegalidade do direito de greve naturalmente inibe greves e movimentos trabalhistas dentro0 da tropa. É só ver aqui no Estado de Goiás que eu nunca presenciei a PM em greve, mas a PC faz greve o tempo inteiro.

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Ter Mai 13, 2014 6:42 pm
por Matheus
O STF decretou ilegalidade da greve pra policiais não militares também.

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Ter Mai 13, 2014 6:48 pm
por Franz Luiz
Pronto. Isto já foi resolvido.

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Ter Mai 13, 2014 6:50 pm
por Viktor Reznov
Matheus escreveu:O STF decretou ilegalidade da greve pra policiais não militares também.
Ótimo, problema resolvido então. Virou súmula vinculante ou foi só pra um caso específico?

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Ter Mai 13, 2014 7:51 pm
por Marechal-do-ar
Franz Luiz escreveu:Qual a vantagem de ser militar para o sistema de segurança e qual a desvantagem
em ser civil?
Militar cumpre ordens, mesmo sendo xingado, preso e humilhado, olha como policial é tratado no Brasil, a única razão para que ainda não ocorreu uma revolta por parte da classe (independente do STF dizer se é legal ou não) é a disciplina militar.

A desmilitarização é muito boa para os policiais, mas para aquelas pessoas que esquecem que dentro da fada existe um humano, essa desmilitarização vai doer...

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Ter Mai 13, 2014 7:53 pm
por Matheus
Não é sumulado, mas foi em repercussão geral, salvo engano.

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Ter Mai 13, 2014 8:53 pm
por henriquejr
Franz Luiz escreveu:Desmilitarizar a Polícia parece que está sendo confundido com acabar com a PM e não é isto que se propõe.
A Polícia tem sim que ser civil. Qual a vantagem de ser militar para o sistema de segurança e qual a desvantagem
em ser civil?
Passa um dia numa delegacia com PCs e depois um dia na PM e saberás as vantagens de uma disciplina militar na policia, sobretudo no serviço ostensivo.

Quais benefícios a desmilitarização da PM trará à sociedade?
Em que isso aumentará a eficiência do serviço policial desempenhado pela PM?

São perguntas que ainda não vi nenhum defensor da desmilitarização responder a contento, e olhe que eu mesmo já fui um grande defensor da desmilitarização!

Re: Operações Policiais e Militares

Enviado: Qua Mai 14, 2014 9:50 am
por Clermont
Reportagem da Al Jazeera mostra Copa de futebol em favela no Rio que teria traficante como treinador e tiros nas comemorações.

Extra.globo.com - 12.05.14.

Imagem

A rede de notícias Al Jazeera América publicou uma reportagem no último sábado mostrando um torneio de futebol amador na favela de Vila Aliança, zona oeste do Rio, no qual traficantes armados figuram como dirigentes de equipes e tiros para o alto fazem parte das comemorações.

“Os jogadores do Clube Vila Aliança correm pelo campo vestindo réplicas do uniforme da seleção brasileira. Anderson Nascimento, capitão do time, avança pelo centro e encontra Marquinhos, que marca o gol da vitória. A torcida comemora aplaudindo e 40 tiros são disparados para o alto. O jovem que fez os disparos está de pé e sorridente, com um fuzil AK-47 em mãos. Ele é dono do Clube V.A, chefe do tráfico na região e a pessoa mais poderosa na favela”, descreve a reportagem.

Além de contar um pouco da história da Vila Aliança e mostrar como funciona o esquema de tráfico na região, a matéria fala sobre um campeonato de futebol que acontece na favela, a Copa Vila Aliança. Segundo a Al Jazeera, várias das equipes que participam “são dirigidas e treinadas por pessoas que eram ligadas ao tráfico de drogas”.

“Os jogos podem ficar truculentos. No domingo, um traficante bêbado conhecido Falcão caminhou até o meio de campo. Ferreira coloca a mão no peito de Falcão e diz que ele não poderia entrar com essa ‘caneleira’ - referindo-se ao fuzil M16 que ele carregava.”, diz a reportagem.

De acordo com a publicação, o traficante que seria dono do Clube Vila Aliança se chama ‘Padrinho’, que não teve o nome revelado ‘por questões de segurança’. Ele e um outro traficante teriam começado a se envolver com o torneio de futebol fazendo apostas. Ainda segundo a reportagem, conforme o valor das apostas foi subindo, outros traficantes do TPC (Terceiro Comando Puro) começaram a investir nos times e recrutar os melhores jogadores da região para suas equipes e ‘Padrinho’ seguiu o mesmo caminho.

Segundo a reportagem, em março o torneio da Vila Aliança foi temporariamente suspenso por conta de frequentes tiroteios entre policiais e traficantes. Uma UPP foi instalada recentemente na Vila Kennedy, vizinha da comunidade, em um esforço para combater o tráfico às vésperas da Copa do Mundo.