Ontem foi a vez dos Brasileiros em Portugal. Segue a reportagem e o vídeo
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Os brasileiros em Portugal
Na semana em que a fundação da União Européia completa 50 anos, o Jornal Nacional apresenta uma série de reportagens sobre os brasileiros que estão vivendo legalmente por lá. Hoje, os correspondentes Ilze Scamparini e Maurizio della Costanza mostram como é a vida daqueles que emigraram para Portugal.
Sustentam as crônicas portuguesas que, no país Atlântico, banhado pelo Tejo, com 10 milhões de habitantes, continuam chegando brasileiros, com a intenção de ficar.
"Na frente veio meu tio, depois veio meu pai, minha mãe, meus irmãos e eu vim agora", conta a garçonete Alessandra Cristina .
Com ajuda da União Européia, Portugal tornou-se uma nação moderna. Ainda que muitos brasileiros não soubessem disso.
"Quando cheguei à Lisboa achei que estaria a chegar numa espécie de cidade do interior, que teria charretes na rua", conta o publicitário Edson Athaide.
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Quando não existia pressa em derrubar ditadores, Portugal viveu isolado durante 40 anos. "Orgulhosamente sós”, era o tema do regime de Salazar.
A democracia voltou numa revolução sem armas, em 1974. Nos anos 80, o país dos navegadores recebeu o primeiro grupo de brasileiros, que trouxe no bolso um diploma e fez muito barulho.
Depois de muita resistência, e até de uma crise diplomática, 400 dentistas conseguiram ser regularizados.
"Tem-se uma vida confortável. Com segurança, principalmente", afirma o dentista Cícero Cavalheiro.
Publicitários brasileiros se estabeleceram em Portugal quinze anos atrás, na hora em que o país queria a criatividade deles. Edson Athaide ganhou em Cannes, o primeiro premio na historia da publicidade portuguesa.
Quando os primeiros brasileiros chegaram a Lisboa foram recebidos com curiosidade e simpatia. Mas o comportamento dos portugueses mudou com os anos, com os delitos praticados por alguns brasileiros e com o aumento do fluxo de prostitutas.
Um estudo sobre tráfico humano da Universidade de Coimbra revelou que 80% das vítimas de tráfico sexual que entram na Europa através do território português são brasileiras.
Nos anos 90, os nossos imigrantes se multiplicaram. E passaram a ser recebidos com mais cordialidade.
Os brasileiros formam a maior comunidade estrangeira em Portugal: 120 mil. Só metade em situação legal.
"As pessoas chegam muito iludidas, às vezes o desespero é tal que se endividam, vendem tudo o que têm. Até a passagem é paga a prestação. E depois não conseguem ter o sucesso que esperavam, entram no desemprego, aceitam qualquer coisa", conta Heliana Bibas, da Casa do Brasil.
Enfermeiras são bem-vindas. O país precisa do esforço delas.
"Eu tenho que fazer duplo emprego para conseguir ter uma vida mais folgada", diz a enfermeira Bruna Scalco.
Para as portuguesas, manicures brasileiras são quase um gênero de primeira necessidade.
"Elas tiram as cutículas e vão ao pormenor. E até mesmo no pintar, elas pintam os cantinhos e limpam também de uma forma muito pormenorizada, sem deixar vestígios", elogia a dona de casa Claudia Barriguita.
"O projeto que eu tinha de vir pra cá era para dar uma estabilidade à minha família. E de uma forma ou de outra eu consegui um pouco desse objetivo. Não tudo", diz a manicure Silvana Moraes.
O paulistano Braz Brandao vendeu cachorro quente nas ruas de Lisboa. De artista plástico no Brasil a rei do sushi em Portugal, sete anos se passaram. Cozinhou até para a cantora Madonna. É dono de um restaurante japonês, onde outros brasileiros procuram um futuro.
"Eu vim mais pela sorte, pela curiosidade, para aprender sempre um jeito, uma forma diferente de viver", conta o cozinheiro Paulo Henrique.
"Eu tenho a felicidade de estar cozinhando sempre para as grandes personalidades de Portugal", comemora Braz Brandão, dono de restaurante.
Os brasileiros levaram a picanha para os cardápios de restaurantes portugueses. E também alcançaram êxito na cozinha típica. Ao lado da noiva, o bacharel em História Ivan Fernandes inventa receitas com bacalhau fresco num dos restaurantes mais refinados de Lisboa.
"Me encontro feliz, casando, fazendo as coisas que eu gosto, cozinhando", afirma o cozinheiro Ivan.
Longe do isolamento de outras épocas, Portugal renuncia ao pessimismo e reconhece que a vida melhorou com a integração européia. Para portugueses e brasileiros.
Vídeo:
http://jornalnacional.globo.com/Jornalismo/JN/0,,AA1495045-3579-654288-42322,00.html
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