Re: Ataque a brasileiros no Suriname
Enviado: Qua Dez 30, 2009 9:50 am
ESP:
DIPLOMACIA
Brasil impediu ação americana no Suriname
Roberto Godoy, Jornalista
Em uma tarde de abril de 1983, o então presidente João Figueiredo recebeu o embaixador dos
Estados Unidos, Anthony Motley, para uma visita fora da agenda do Palácio do Planalto. Más notícias.
Motley, acompanhado de um assessor da Casa Branca, levava ao conhecimento do governo brasileiro a
intenção do presidente Ronald Reagan de determinar uma intervenção militar no Suriname. O diplomata
sustentava sua argumentação com fotos aéreas e informações da inteligência americana comprovando a
presença crescente de soldados de Cuba no país. Seriam cerca de 400 deles - o equivalente a um terço
do contingente das Forças Armadas surinamesas - em instalações próprias, fechadas e com
características de centros de treinamento.
A presença de um núcleo multiplicador da revolução socialista cubana no continente era
inaceitável. Figueiredo reagiu depressa. Despachou para Paramaribo, no avião presidencial, o general
Danilo Venturini, secretário do Conselho de Segurança Nacional. A missão de Venturini era oferecer ao
líder surinamês, Desi Bouterse, suporte técnico em setores estratégicos, linhas de crédito e parceria em
programas de infraestrutura - com o compromisso de afastamento rápido e inequívoco de Havana. Deu
certo. No dia 26 de outubro o embaixador cubano, Oscar Cardenas, deixou o país. Seis dias mais tarde
só o zelador permanecia na representação diplomática.
O episódio implicou uma certa tutela brasileira sobre o Suriname nos 20 anos seguintes. Foi
aberta uma linha de crédito de emergência de US$ 10 milhões e entregues seis blindados Cascavel,
armados com canhão de 90 milímetros.
Essa frota foi seguida de outra, composta por 15 blindados Urutu para transporte de tropas.
Oficiais passaram a ser preparados nas escolas de comando brasileiras. Do pessoal das três forças do
Suriname, 1.840 militares, aproximadamente 300 falam português, aprendido na escola criada
por uma equipe do extinto Serviço
Nacional de Informações, o SNI, em 1984, e ainda em funcionamento. O general Octávio
Medeiros, chefe do SNI em 1983, morto em 2005, lembrou, em depoimento para sua biografia
profissional, que o Exército do Brasil auxiliou, "muito diretamente", o esforço de Desi Bouterse para
contermercenários "pagos e equipados por empresários europeus" que, segundo ele, pretendiam
derrubar o governo. O sistema de comunicações e telefonia do Suriname foi projetado, financiado e
instalado por empresas brasileiras. O governo do atual presidente, Ronald Venetiaan, mantém ativos
todos os compromissos de cooperação bilateral.
DIPLOMACIA
Brasil impediu ação americana no Suriname
Roberto Godoy, Jornalista
Em uma tarde de abril de 1983, o então presidente João Figueiredo recebeu o embaixador dos
Estados Unidos, Anthony Motley, para uma visita fora da agenda do Palácio do Planalto. Más notícias.
Motley, acompanhado de um assessor da Casa Branca, levava ao conhecimento do governo brasileiro a
intenção do presidente Ronald Reagan de determinar uma intervenção militar no Suriname. O diplomata
sustentava sua argumentação com fotos aéreas e informações da inteligência americana comprovando a
presença crescente de soldados de Cuba no país. Seriam cerca de 400 deles - o equivalente a um terço
do contingente das Forças Armadas surinamesas - em instalações próprias, fechadas e com
características de centros de treinamento.
A presença de um núcleo multiplicador da revolução socialista cubana no continente era
inaceitável. Figueiredo reagiu depressa. Despachou para Paramaribo, no avião presidencial, o general
Danilo Venturini, secretário do Conselho de Segurança Nacional. A missão de Venturini era oferecer ao
líder surinamês, Desi Bouterse, suporte técnico em setores estratégicos, linhas de crédito e parceria em
programas de infraestrutura - com o compromisso de afastamento rápido e inequívoco de Havana. Deu
certo. No dia 26 de outubro o embaixador cubano, Oscar Cardenas, deixou o país. Seis dias mais tarde
só o zelador permanecia na representação diplomática.
O episódio implicou uma certa tutela brasileira sobre o Suriname nos 20 anos seguintes. Foi
aberta uma linha de crédito de emergência de US$ 10 milhões e entregues seis blindados Cascavel,
armados com canhão de 90 milímetros.
Essa frota foi seguida de outra, composta por 15 blindados Urutu para transporte de tropas.
Oficiais passaram a ser preparados nas escolas de comando brasileiras. Do pessoal das três forças do
Suriname, 1.840 militares, aproximadamente 300 falam português, aprendido na escola criada
por uma equipe do extinto Serviço
Nacional de Informações, o SNI, em 1984, e ainda em funcionamento. O general Octávio
Medeiros, chefe do SNI em 1983, morto em 2005, lembrou, em depoimento para sua biografia
profissional, que o Exército do Brasil auxiliou, "muito diretamente", o esforço de Desi Bouterse para
contermercenários "pagos e equipados por empresários europeus" que, segundo ele, pretendiam
derrubar o governo. O sistema de comunicações e telefonia do Suriname foi projetado, financiado e
instalado por empresas brasileiras. O governo do atual presidente, Ronald Venetiaan, mantém ativos
todos os compromissos de cooperação bilateral.