Imprensa vendida
Moderador: Conselho de Moderação
Re: Imprensa vendida
Rapaz, a Veja nesse dois casos falou que o povo mais moderado do PT podem ser prejudicadaos pela ala mais radical do partido, algo difícil de se discordar. Ah,claro que a capa é feita pra chamar atenção.
NÃO À DROGA! NÃO AO CRIME LEGALIZADO! HOJE ÁLCOOL, AMANHÃ COGUMELO, DEPOIS NECROFILIA! QUANDO E ONDE IREMOS PARAR?
Re: Imprensa vendida
Terrorismo eleitoral. FATO!!!GustavoB escreveu:domingo, 11 de julho de 2010
Os leitores da Veja
Quem virá depois?? Regina 'tô-com-medo' Duarte??
E a coincidência é tão grande que em 2002 o que polarizava a eleição era a disputa Lula x Serra...
Agora, qual governo estadual deu em outubro de 2008 quase 4 milhões de reais em contrato de revistas com a mesma editora com dinheiro da educação???
É... pois é...
"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
Re: Imprensa vendida
´Vitor escreveu:Rapaz, a Veja nesse dois casos falou que o povo mais moderado do PT podem ser prejudicadaos pela ala mais radical do partido, algo difícil de se discordar. Ah,claro que a capa é feita pra chamar atenção.
A ala radical do PT foi pro PSOL. Melhor: que força teria a ala radical do PT?
Re: Imprensa vendida
A força de escorregar alguma ideia totalitária como projeto, como um conselho federal para vigiar a imprensa. Propostas do tipo já existem ao monte.GustavoB escreveu:´Vitor escreveu:Rapaz, a Veja nesse dois casos falou que o povo mais moderado do PT podem ser prejudicadaos pela ala mais radical do partido, algo difícil de se discordar. Ah,claro que a capa é feita pra chamar atenção.
A ala radical do PT foi pro PSOL. Melhor: que força teria a ala radical do PT?
Na Confecom, um congresso de comunicação que foi apoiado pelo governo federal, tinha os mais loucos projetos de censura e engenharia social, tipo proibir publicdade de chapinha para não ofender a cultura afro-brasileira e bobagem politicamente correta do tipo. Sem contar aquele juiz mineiro que censurou 3 jogos de video game pq alegava que eles atentavam contra o estado de direito.
Democracia é assim, vamos perdendo liberdade a cada projeto cheio de boas intenções.
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- Júnior
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Re: Imprensa vendida
Mas, convenhamos, não é o Lula que apanha todo dia dos jornais e não faz nada? Que perigo é esse? Os caras MENTEM DESCARADAMENTE e diariamente e não lhes acontece nada. Os caras simplesmente pintam um Brasil diferente daquele que vemos nas ruas. O povo nem acredita mais: popularidade a coisa de 70, 80, 85%. Até a Lili Marinho já anda tomando chá com a Dilma.Vitor escreveu:A força de escorregar alguma ideia totalitária como projeto, como um conselho federal para vigiar a imprensa. Propostas do tipo já existem ao monte.GustavoB escreveu: ´
A ala radical do PT foi pro PSOL. Melhor: que força teria a ala radical do PT?
Na Confecom, um congresso de comunicação que foi apoiado pelo governo federal, tinha os mais loucos projetos de censura e engenharia social, tipo proibir publicdade de chapinha para não ofender a cultura afro-brasileira e bobagem politicamente correta do tipo. Sem contar aquele juiz mineiro que censurou 3 jogos de video game pq alegava que eles atentavam contra o estado de direito.
Democracia é assim, vamos perdendo liberdade a cada projeto cheio de boas intenções.
- marcelo l.
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Re: Imprensa vendida
http://blogs.estadao.com.br/ariel-palacios/
Kathleen Turner e Michael Douglas interpretando o outrora apaixonado casal que protagonizava uma feroz briga mortal no filme ‘A guerra dos Roses’ (de 1989, dirigido por Warren Adler). Em Buenos Aires, analistas comparam a briga dos Kirchners com o Clarín com o supracitado filme de Hollywood. Isto é, do tórrido casamento ao divórcio com abundantes sopapos e golpes letais. Mas, ‘A guerra dos Roses’ seria ‘un poroto’ perto deste mega-imbroglio político-empresarial (“un poroto”, na gíria portenha, é usado para referir-se a algo insignificante perto de uma coisa ou de um evento de maior magnitude. Exemplo: ‘o escândalo de corrupção do senador Camelot de Almeida e sua esposa Fernandinha Pit Stop Vladivostok é un poroto perto da roubalheira protagonizada pelos irmãos e deputados Mutatis e Mutandis de Albuquerque’)
“Isto é como o filme ‘A guerra dos Roses’. Há muito ódio onde antes existia muito amor. Este conflito é mortal!”. Com estas irônicas palavras, o ex-secretário de Comunicações, Henoch Aguiar, definiu ao Estado a relação entre a presidente Cristina Kirchner, seu marido e ex-presidente Néstor Kirchner e o Grupo Clarín. Os dois lados viveram um idílio de meia década ao longo do qual predominaram trocas de favores. Mas essa relação intensa acabou abruptamente em “divórcio” em abril de 2008.
A relação com o maior holding multimídia do país começou em 2003 quando Kirchner tornou-se a última cartada do presidente provisório Eduardo Duhalde (2002-2003) contra seu rival e ex-presidente Carlos Menem nas eleições presidenciais. O Clarín, brigado com Menem e aliado de Duhalde, respaldou o desconhecido Kirchner, que nos doze anos prévios havia sido governador de Santa Cruz, província sem peso (representa 1% do eleitorado argentino).
TROCA DE FAVORES - Kirchner, que assumiu com apenas 22% dos votos (o menos votado da História do país) conseguiu driblar a inicial falta de poder graças à sólida aliança com o Clarín entre maio de 2003 e abril de 2008.
Nesse intervalo, o holding foi beneficiado com a autorização para a fusão das duas maiores empresas de TV a cabo do país, a Multicanal e a Cablevisión, realizada em 2007. A operação foi possível graças à intervenção pessoal de Kirchner, que ignorou as críticas sobre práticas monopólicas. A Multicanal-Cablevisión atualmente gera mais de 60% do faturamento do Grupo Clarín.
Durante esse período, os jornalistas do “Clarín” tiveram posição privilegiada de acesso a informações do governo, enquanto que ignorava o resto da mídia. Em troca o Clarín era suave na cobertura dos problemas da administração Kirchner. A mídia crítica recluía-se aos jornais “La Nación”, “El Cronista” e “Perfil”.
DIVÓRCIO TURBULENTO - Mas a aliança acabou em abril de 2008 quando o Grupo Clarín vacilou no respaldo ao governo quando iniciou o conflito com os ruralistas. “E sabe como os Kirchners reagem se você não está 100% de seu lado: é considerado inimigo”, ressalta ao Estado o ex-editor do jornal “Crítica”, Silvio Santamarina.
O ‘divórcio’ foi marcado pelo governo em 2008 com um comício perante 100 mil militantes no qual a presidente Cristina denunciou uma suposta conspiração para um golpe de estado armado pelos ruralistas, a oposição e o “Clarín”. De lá para cá, os Kirchners desferiram um intenso conflito contra o grupo.
Em meio a esta guerra o governo aplica amplo leque de armas, entre elas as visitas inesperadas da Receita Federal às casas de executivos do Clarín, enquanto que seus jornalistas sofrem agressões verbais constantes de militantes kirchneristas que os esperam nas portas de suas casas.
Além disso, os Kirchners fecharam as portas para jornalistas do grupo, que possuem grandes dificuldades para obter informações do governo. Ministros e secretários que passam informações aos jornalistas do Clarín correm o risco de sofrer punições. A recente renúncia de Jorge Taiana ao posto de chanceler foi parcialmente atribuída às suspeitas da presidente Cristina de que seu fiel ministro teria repassado informações a jornalistas do Clarín.
FRANKENSTEIN - “Clarín achou que era invulnerável!”, disse ao Estado Julio Bárbaro, ex-secretário da Cultura e ex-diretor do Comitê Federal de Radiodifusão (organismo que regula a mídia). “No entanto, Kirchner colocou um limite ao Grupo”, explica.
Jorge Asís, ex-embaixador na Unesco, polemista e ex-integrante do jornal “Clarín”, autor do blog “Jorge Asís Digital” e da novela “Flores roubadas nos jardins de Quilmes” (na qual conta os bastidores amorosos e políticos de um jornal que implicitamente é o “Clarín”), em entrevista ao Estado foi categórico: “o Clarín foi um Dr. Frankenstein que inventou o monstro dos Kirchners que depois rebelou-se contra seu criador e o liquidou”.
s vezes dá para tomar um chá com Frankenstein (Boris Karloff, em uma pausa de sua interpretação do emblemático ‘monstro’)
EFEITOS DO ‘DIVÓRCIO’
Abalado pelo intenso confronto com Néstor e Cristina Kirchner nos últimos dois anos, o Grupo Clarín, o maior holding multimídia da Argentina, sofreu uma drástica perda de valor na bolsa portenha. Em outubro de 2007, uma semana antes das eleições presidenciais – quando era aliado do casal Kirchner – suas ações valiam 30,45 pesos. Na semana seguinte às eleições, com a vitória de Cristina Kirchner, haviam subido para 32,10 pesos.
Mas, em 2008, com o início do conflito do governo com os ruralistas a aliança Kirchners-Clarín se desfez. A presidente Cristina acusou o holding de estar por trás de um “golpe de Estado” em conjunto com os produtores agropecuários e os partidos da oposição.
Na sequência seguiu-se uma série de pressões aos jornalistas do Clarín, que incluíram outdoors nas ruas com suas fotos. O efeito imediato da campanha foi a queda das ações, que despencaram para 14 pesos em julho daquele ano. Doze meses depois, no dia 26 de junho de 2009, o cenário era ainda pior, já que as ações eram cotadas em 5,55.
No entanto, dois dias mais tarde, os Kirchners foram derrotados nas eleições parlamentares, conseguindo apenas 30% dos votos, fato que permitiu leve recuperação das ações do Clarín, que subiram para 8 pesos.
O alívio durou pouco, pois o grupo havia tornado-se no principal inimigo dos Kirchners, que – para reduzir o poder do Clarín – criaram a Lei de Mídia, definida pelo ex-presidente Kirchner como “a mãe de todas as batalhas”.
A lei, aplicada a todos os meios de comunicação, mas cujo alvo principal, segundo o próprio governo, é o Clarín, proíbe que um único grupo possa ter um canal de TV a cabo e uma emissora de TV aberta o mesmo tempo, restringe o alcance dos canais a 35% da população do país, reduz o período de licenças de 20 para 10 anos, além de impor uma revisão das licenças a cada dois anos. Os grupos de mídia que não se encaixem nesses requisitos deverão desprender-se das empresas adicionais no período máximo de um ano.
A lei foi aprovada pelo Parlamento em meio a intensa controvérsia em outubro de 2009. As ações do grupo Clarín caíram para 7 pesos. Para complicar o clima de tensão, a AFIP (a Receita Federal argentina) realizou uma blitz com mais de 200 agentes na sede do Clarín para intimidar os funcionários. O governo nunca apresentou justificativas para a ação do fisco.
Na sequência, o sindicato dos caminhoneiros, aliado do governo, impediu com piquetes, durante várias noites, a saída dos exemplares do jornal da gráfica. Nunca antes, desde a volta da democracia, em 1983, um meio de comunicação havia sido alvo de tal magnitude de pressões por parte de um governo civil.
Em dezembro passado a Lei de Mídia foi suspensa na Justiça por intermédio de diversas liminares. De lá para cá, graças à sua suspensão temporária, a cotação do Grupo Clarín voltou a crescer. Nesta semana as ações estavam em 12 pesos.
A lei, que estabelece restrições inéditas à atuação de grupos de mídia é defendida pela presidente Cristina Kirchner como uma forma de “democratizar” o setor e acabar como os “monopólios”. Mas, as empresas de mídia críticas do governo argumentam que a lei não passa de uma forma de restringir a atuação da imprensa, além de criar um cenário que permite que empresários aliados do governo comprem meios de comunicação a preços baixos.
A lei poderia ser aplicada em sua totalidade até o final deste ano, caso caiam as barreiras que ainda existem nos tribunais.
COMPRAS CONJUNTURAIS - Ethel Pis Diez, professora da faculdade de Comunicação da Universidade Austral disse ao Estado que os grupos de mídia mais afetados pela Lei de Mídia – em seus mais variados aspectos – serão o Grupo Clarín, o Grupo Vila Manzano, América, Visión Jujuy, Telefónica e Prisa.
O Clarín teria de reduzir seu número de 200 licenças de funcionamento para apenas 10. A lei também proíbe que um grupo de difusão audiovisual tenha abrangência sobre mais de 35% da população – por intermédio de seus canais de cabo, o Grupo Clarín atinge atualmente 56% do país.
Carlos Gamond, presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa da Associação de Empresas Jornalísticas (Adepa) e diretor do jornal “El Puntal”, de Río Cuarto, Província de Córdoba, disse ao Estado que um dos efeitos da lei é o de criar “minifúndios midiáticos”, já que as empresas de mídia serão “fragmentadas”.
O ex-secretário de Comunicações Henoch Aguiar afirmou que em 2011 haverá fortes compras conjunturais de empresas de mídia, mais por motivos políticos das eleições do que por posições estruturais no mercado”.
EMPRESÁRIOS AMIGOS DO GOVERNO, OS FAVORECIDOS COM NOVA LEI DE MÍDIA – Analistas e líderes da oposição afirmam que a lei de mídia, se for totalmente implementada, provocará uma onda sem precedentes de vendas de meios de comunicação e abrirá caminho para que grupos empresariais alinhados com a presidente Cristina e o ex-presidente Néstor Kirchner – os denominados “empresários K” – possam comprar canais de TV e estações de rádio.
“Existem casos de pequenos empresários – ou de pessoas que sequer eram empresários – que graças às relações com os Kirchners, transformaram-se em grandes empresários”, afirma Fernando Sánchez, deputado da Coalizão Cívica, de oposição.
Segundo ele, um dos casos é o de Rudy Ulloa Igor, ex-contínuo, ex-chofer e ex-secretário privado do casal Kirchner, e atual magnata da mídia no sul da Argentina que agora tenta expandir-se na capital do país.
Os analistas também indicam que a Electroingeniería – forte companhia na distribuição de energia elétrica e na concessão de estradas – seria o núcleo de outro potencial grupo de mídia alinhado com os Kirchners. A empresa, que adquiriu em novembro de 2008 a Radio del Plata, demitiu o jornalista Nelson Castro, um dos mais prestigiados analistas políticos do país, por suas observações críticas com o casal Kirchner.
“Electroingeniería é o braço executor mais leal de Néstor Kirchner”, afirma o deputado Juan Carlos Morán, da Coalizão Cívica. “Kirchner está por trás dessa empresa. O ex-presidente compra os meios de comunicação para que não exista liberdade de imprensa”.
MÍDIA ALIADA – O governo Kirchner conta com uma longa lista de meios de comunicação aliados (a oposição e analistas até afirmam que os Kirchners contam com seu próprio ‘monopólio’ de meios de comunicação), entre os quais citamos alguns:
- Canal 7, Radio Nacional, Agência de Notícias Télam (todos estes com filiais em todo o país), o Canal Encuentro, além de uma dúzia de outros canais de TV e rádios nacionais e provinciais (neste caso, são todos meios estatais)
- Jornal El Argentino, jornal Tiempo Argentino, jornal Buenos Aires Económico, Radio América, canal de TV CN23, revista Veintitrés, Revista Newsweek Argentina, Revista Siete Días (e outra meia dúzia de meios pertencentes ao Grupo Szpolski)
- Jornais Página 12 e Rosario 12
- Radio Belgrano, Radio Splendid, FM Rock& Pop, FM Metro, Revista El Federal (e outra meia dúzia de meios, pertencentes ao Grupo Moneta, de Raúl Moneta, um empresário no passado intensamente vinculado ao ex-presidente Menem que agora é aliado do governo Kirchner)
PRESENÇA ESTRANGEIRA (EUA SIM, BRASIL NÃO) - De acordo com a nova Lei de Mídia do governo Kirchner, somente empresas de países que possuem acordos de reciprocidade de investimentos poderiam comprar mais de 30% de uma meio de comunicação na Argentina. Isto é: empresas dos Estados Unidos poderiam comprar meios de comunicação completos na Argentina.
No entanto, as empresas brasileiras ficariam de fora desta possibilidade, já que o Brasil – apesar da integração do Mercosul – não conta com tal tipo de acordo com a Argentina. Grupos de mídia colombianos, mexicanos, venezuelanos ou chilenos tampouco poderiam. Italianos, sim.
FRONTS DE BATALHA – Na guerra contra o Clarín o governo abriu diversas frentes. Além da Lei de Mídia, também tenta intervir na fábrica de papel de jornal Papel Prensa, do qual o Clarín possui quase metade das ações.
Para o governo, a intervenção na Papel Prensa é estratégica. Desde 1976, a empresa que abastece a maior parte dos jornais argentinos é controlada pelo Grupo Clarín (49% das ações), o jornal “La Nación” (22,49%) e o Estado argentino (27,46%).
O governo tenta, desde o ano passado, expulsar o “Clarín” e o “La Nación”. Para isso, argumenta que Lidia Papaleo Graiver, viúva do banqueiro David Graiver, vinculado ao grupo guerrilheiro Montoneros, teria sido obrigada em 1976 a vender sua parte na empresa ao “Clarín”, ao “La Nación” e ao “La Razón”, que faliu em 2000.
De quebra, o governo tenta levar a presidente do grupo, Ernestina Herrera de Noble à cadeia por suspeitas de que seus filhos adotivos sejam filhos sequestrados de desaparecidos da ditadura (1976-83). A capacidade de defesa do Clarín complica-se pela idade de Ernestina Noble, de 85 anos, e os problemas graves de saúde (câncer de laringe) de seu braço direito e CEO da holding, Héctor Magnetto, de 66 anos.
NEGOCIAÇÕES – Ricardo Roa, editor-adjunto do “Clarín” disse ao Estado que “o jornal está sofrendo com o custo econômico da ofensiva do governo”. “Mas transmitimos a nossos jornalistas que a diretriz é a de manter a linha editorial, apesar dos enormes custos que isso implica ante um governo que ignora a necessidade de existência da imprensa independente. Vamos agir mais na internet. Este é um grupo de mídia. Sempre foi assim, e assim continuaremos”.
Julio Bárbaro, ex-diretor do Comitê Federal de Radiodifusão (Comfer, organismo que regula a mídia) disse ao Estado que “o Grupo Clarín valia US$ 4,7 bilhões há quatro anos (antes dos choques com o governo). Hoje vale pouco mais de US$ 1 bilhão”. Segundo ele, “o ‘Clarín’ continuará existindo, mas não terá o mesmo predomínio dos últimos 20 anos. “Seu problema foi concentrar muitos veículos, que atraíram o ódios de setores políticos e empresariais”.
Segundo o ex-diretor do Comfer, “os Kirchners não tentarão acabar com o conservador ‘La Nación’, pois precisam desse jornal como ‘a voz do inimigo’, como os representantes de um setor da sociedade, a oligarquia”.
“Acho difícil que possa ser feita uma negociação entre o governo Kirchner e o Grupo Clarín, a não ser que ocorresse uma mudança no comando do jornal. Os dois lados tentaram aproximações em diversas ocasiões depois da votação da Lei de Mídia. Mas, do jeito que estão as tensões hoje em dia, é muito difícil, pois os dois lados possuem posições fundamentalistas”, disse Aguiar ao Estado. E usa uma expressão tipicamente argentina para ilustrar uma situação que chegou a um ponto sem retorno: “La sangre ya llegó al río” (o sangue já chegou até o rio).
Kathleen Turner e Michael Douglas interpretando o outrora apaixonado casal que protagonizava uma feroz briga mortal no filme ‘A guerra dos Roses’ (de 1989, dirigido por Warren Adler). Em Buenos Aires, analistas comparam a briga dos Kirchners com o Clarín com o supracitado filme de Hollywood. Isto é, do tórrido casamento ao divórcio com abundantes sopapos e golpes letais. Mas, ‘A guerra dos Roses’ seria ‘un poroto’ perto deste mega-imbroglio político-empresarial (“un poroto”, na gíria portenha, é usado para referir-se a algo insignificante perto de uma coisa ou de um evento de maior magnitude. Exemplo: ‘o escândalo de corrupção do senador Camelot de Almeida e sua esposa Fernandinha Pit Stop Vladivostok é un poroto perto da roubalheira protagonizada pelos irmãos e deputados Mutatis e Mutandis de Albuquerque’)
“Isto é como o filme ‘A guerra dos Roses’. Há muito ódio onde antes existia muito amor. Este conflito é mortal!”. Com estas irônicas palavras, o ex-secretário de Comunicações, Henoch Aguiar, definiu ao Estado a relação entre a presidente Cristina Kirchner, seu marido e ex-presidente Néstor Kirchner e o Grupo Clarín. Os dois lados viveram um idílio de meia década ao longo do qual predominaram trocas de favores. Mas essa relação intensa acabou abruptamente em “divórcio” em abril de 2008.
A relação com o maior holding multimídia do país começou em 2003 quando Kirchner tornou-se a última cartada do presidente provisório Eduardo Duhalde (2002-2003) contra seu rival e ex-presidente Carlos Menem nas eleições presidenciais. O Clarín, brigado com Menem e aliado de Duhalde, respaldou o desconhecido Kirchner, que nos doze anos prévios havia sido governador de Santa Cruz, província sem peso (representa 1% do eleitorado argentino).
TROCA DE FAVORES - Kirchner, que assumiu com apenas 22% dos votos (o menos votado da História do país) conseguiu driblar a inicial falta de poder graças à sólida aliança com o Clarín entre maio de 2003 e abril de 2008.
Nesse intervalo, o holding foi beneficiado com a autorização para a fusão das duas maiores empresas de TV a cabo do país, a Multicanal e a Cablevisión, realizada em 2007. A operação foi possível graças à intervenção pessoal de Kirchner, que ignorou as críticas sobre práticas monopólicas. A Multicanal-Cablevisión atualmente gera mais de 60% do faturamento do Grupo Clarín.
Durante esse período, os jornalistas do “Clarín” tiveram posição privilegiada de acesso a informações do governo, enquanto que ignorava o resto da mídia. Em troca o Clarín era suave na cobertura dos problemas da administração Kirchner. A mídia crítica recluía-se aos jornais “La Nación”, “El Cronista” e “Perfil”.
DIVÓRCIO TURBULENTO - Mas a aliança acabou em abril de 2008 quando o Grupo Clarín vacilou no respaldo ao governo quando iniciou o conflito com os ruralistas. “E sabe como os Kirchners reagem se você não está 100% de seu lado: é considerado inimigo”, ressalta ao Estado o ex-editor do jornal “Crítica”, Silvio Santamarina.
O ‘divórcio’ foi marcado pelo governo em 2008 com um comício perante 100 mil militantes no qual a presidente Cristina denunciou uma suposta conspiração para um golpe de estado armado pelos ruralistas, a oposição e o “Clarín”. De lá para cá, os Kirchners desferiram um intenso conflito contra o grupo.
Em meio a esta guerra o governo aplica amplo leque de armas, entre elas as visitas inesperadas da Receita Federal às casas de executivos do Clarín, enquanto que seus jornalistas sofrem agressões verbais constantes de militantes kirchneristas que os esperam nas portas de suas casas.
Além disso, os Kirchners fecharam as portas para jornalistas do grupo, que possuem grandes dificuldades para obter informações do governo. Ministros e secretários que passam informações aos jornalistas do Clarín correm o risco de sofrer punições. A recente renúncia de Jorge Taiana ao posto de chanceler foi parcialmente atribuída às suspeitas da presidente Cristina de que seu fiel ministro teria repassado informações a jornalistas do Clarín.
FRANKENSTEIN - “Clarín achou que era invulnerável!”, disse ao Estado Julio Bárbaro, ex-secretário da Cultura e ex-diretor do Comitê Federal de Radiodifusão (organismo que regula a mídia). “No entanto, Kirchner colocou um limite ao Grupo”, explica.
Jorge Asís, ex-embaixador na Unesco, polemista e ex-integrante do jornal “Clarín”, autor do blog “Jorge Asís Digital” e da novela “Flores roubadas nos jardins de Quilmes” (na qual conta os bastidores amorosos e políticos de um jornal que implicitamente é o “Clarín”), em entrevista ao Estado foi categórico: “o Clarín foi um Dr. Frankenstein que inventou o monstro dos Kirchners que depois rebelou-se contra seu criador e o liquidou”.
s vezes dá para tomar um chá com Frankenstein (Boris Karloff, em uma pausa de sua interpretação do emblemático ‘monstro’)
EFEITOS DO ‘DIVÓRCIO’
Abalado pelo intenso confronto com Néstor e Cristina Kirchner nos últimos dois anos, o Grupo Clarín, o maior holding multimídia da Argentina, sofreu uma drástica perda de valor na bolsa portenha. Em outubro de 2007, uma semana antes das eleições presidenciais – quando era aliado do casal Kirchner – suas ações valiam 30,45 pesos. Na semana seguinte às eleições, com a vitória de Cristina Kirchner, haviam subido para 32,10 pesos.
Mas, em 2008, com o início do conflito do governo com os ruralistas a aliança Kirchners-Clarín se desfez. A presidente Cristina acusou o holding de estar por trás de um “golpe de Estado” em conjunto com os produtores agropecuários e os partidos da oposição.
Na sequência seguiu-se uma série de pressões aos jornalistas do Clarín, que incluíram outdoors nas ruas com suas fotos. O efeito imediato da campanha foi a queda das ações, que despencaram para 14 pesos em julho daquele ano. Doze meses depois, no dia 26 de junho de 2009, o cenário era ainda pior, já que as ações eram cotadas em 5,55.
No entanto, dois dias mais tarde, os Kirchners foram derrotados nas eleições parlamentares, conseguindo apenas 30% dos votos, fato que permitiu leve recuperação das ações do Clarín, que subiram para 8 pesos.
O alívio durou pouco, pois o grupo havia tornado-se no principal inimigo dos Kirchners, que – para reduzir o poder do Clarín – criaram a Lei de Mídia, definida pelo ex-presidente Kirchner como “a mãe de todas as batalhas”.
A lei, aplicada a todos os meios de comunicação, mas cujo alvo principal, segundo o próprio governo, é o Clarín, proíbe que um único grupo possa ter um canal de TV a cabo e uma emissora de TV aberta o mesmo tempo, restringe o alcance dos canais a 35% da população do país, reduz o período de licenças de 20 para 10 anos, além de impor uma revisão das licenças a cada dois anos. Os grupos de mídia que não se encaixem nesses requisitos deverão desprender-se das empresas adicionais no período máximo de um ano.
A lei foi aprovada pelo Parlamento em meio a intensa controvérsia em outubro de 2009. As ações do grupo Clarín caíram para 7 pesos. Para complicar o clima de tensão, a AFIP (a Receita Federal argentina) realizou uma blitz com mais de 200 agentes na sede do Clarín para intimidar os funcionários. O governo nunca apresentou justificativas para a ação do fisco.
Na sequência, o sindicato dos caminhoneiros, aliado do governo, impediu com piquetes, durante várias noites, a saída dos exemplares do jornal da gráfica. Nunca antes, desde a volta da democracia, em 1983, um meio de comunicação havia sido alvo de tal magnitude de pressões por parte de um governo civil.
Em dezembro passado a Lei de Mídia foi suspensa na Justiça por intermédio de diversas liminares. De lá para cá, graças à sua suspensão temporária, a cotação do Grupo Clarín voltou a crescer. Nesta semana as ações estavam em 12 pesos.
A lei, que estabelece restrições inéditas à atuação de grupos de mídia é defendida pela presidente Cristina Kirchner como uma forma de “democratizar” o setor e acabar como os “monopólios”. Mas, as empresas de mídia críticas do governo argumentam que a lei não passa de uma forma de restringir a atuação da imprensa, além de criar um cenário que permite que empresários aliados do governo comprem meios de comunicação a preços baixos.
A lei poderia ser aplicada em sua totalidade até o final deste ano, caso caiam as barreiras que ainda existem nos tribunais.
COMPRAS CONJUNTURAIS - Ethel Pis Diez, professora da faculdade de Comunicação da Universidade Austral disse ao Estado que os grupos de mídia mais afetados pela Lei de Mídia – em seus mais variados aspectos – serão o Grupo Clarín, o Grupo Vila Manzano, América, Visión Jujuy, Telefónica e Prisa.
O Clarín teria de reduzir seu número de 200 licenças de funcionamento para apenas 10. A lei também proíbe que um grupo de difusão audiovisual tenha abrangência sobre mais de 35% da população – por intermédio de seus canais de cabo, o Grupo Clarín atinge atualmente 56% do país.
Carlos Gamond, presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa da Associação de Empresas Jornalísticas (Adepa) e diretor do jornal “El Puntal”, de Río Cuarto, Província de Córdoba, disse ao Estado que um dos efeitos da lei é o de criar “minifúndios midiáticos”, já que as empresas de mídia serão “fragmentadas”.
O ex-secretário de Comunicações Henoch Aguiar afirmou que em 2011 haverá fortes compras conjunturais de empresas de mídia, mais por motivos políticos das eleições do que por posições estruturais no mercado”.
EMPRESÁRIOS AMIGOS DO GOVERNO, OS FAVORECIDOS COM NOVA LEI DE MÍDIA – Analistas e líderes da oposição afirmam que a lei de mídia, se for totalmente implementada, provocará uma onda sem precedentes de vendas de meios de comunicação e abrirá caminho para que grupos empresariais alinhados com a presidente Cristina e o ex-presidente Néstor Kirchner – os denominados “empresários K” – possam comprar canais de TV e estações de rádio.
“Existem casos de pequenos empresários – ou de pessoas que sequer eram empresários – que graças às relações com os Kirchners, transformaram-se em grandes empresários”, afirma Fernando Sánchez, deputado da Coalizão Cívica, de oposição.
Segundo ele, um dos casos é o de Rudy Ulloa Igor, ex-contínuo, ex-chofer e ex-secretário privado do casal Kirchner, e atual magnata da mídia no sul da Argentina que agora tenta expandir-se na capital do país.
Os analistas também indicam que a Electroingeniería – forte companhia na distribuição de energia elétrica e na concessão de estradas – seria o núcleo de outro potencial grupo de mídia alinhado com os Kirchners. A empresa, que adquiriu em novembro de 2008 a Radio del Plata, demitiu o jornalista Nelson Castro, um dos mais prestigiados analistas políticos do país, por suas observações críticas com o casal Kirchner.
“Electroingeniería é o braço executor mais leal de Néstor Kirchner”, afirma o deputado Juan Carlos Morán, da Coalizão Cívica. “Kirchner está por trás dessa empresa. O ex-presidente compra os meios de comunicação para que não exista liberdade de imprensa”.
MÍDIA ALIADA – O governo Kirchner conta com uma longa lista de meios de comunicação aliados (a oposição e analistas até afirmam que os Kirchners contam com seu próprio ‘monopólio’ de meios de comunicação), entre os quais citamos alguns:
- Canal 7, Radio Nacional, Agência de Notícias Télam (todos estes com filiais em todo o país), o Canal Encuentro, além de uma dúzia de outros canais de TV e rádios nacionais e provinciais (neste caso, são todos meios estatais)
- Jornal El Argentino, jornal Tiempo Argentino, jornal Buenos Aires Económico, Radio América, canal de TV CN23, revista Veintitrés, Revista Newsweek Argentina, Revista Siete Días (e outra meia dúzia de meios pertencentes ao Grupo Szpolski)
- Jornais Página 12 e Rosario 12
- Radio Belgrano, Radio Splendid, FM Rock& Pop, FM Metro, Revista El Federal (e outra meia dúzia de meios, pertencentes ao Grupo Moneta, de Raúl Moneta, um empresário no passado intensamente vinculado ao ex-presidente Menem que agora é aliado do governo Kirchner)
PRESENÇA ESTRANGEIRA (EUA SIM, BRASIL NÃO) - De acordo com a nova Lei de Mídia do governo Kirchner, somente empresas de países que possuem acordos de reciprocidade de investimentos poderiam comprar mais de 30% de uma meio de comunicação na Argentina. Isto é: empresas dos Estados Unidos poderiam comprar meios de comunicação completos na Argentina.
No entanto, as empresas brasileiras ficariam de fora desta possibilidade, já que o Brasil – apesar da integração do Mercosul – não conta com tal tipo de acordo com a Argentina. Grupos de mídia colombianos, mexicanos, venezuelanos ou chilenos tampouco poderiam. Italianos, sim.
FRONTS DE BATALHA – Na guerra contra o Clarín o governo abriu diversas frentes. Além da Lei de Mídia, também tenta intervir na fábrica de papel de jornal Papel Prensa, do qual o Clarín possui quase metade das ações.
Para o governo, a intervenção na Papel Prensa é estratégica. Desde 1976, a empresa que abastece a maior parte dos jornais argentinos é controlada pelo Grupo Clarín (49% das ações), o jornal “La Nación” (22,49%) e o Estado argentino (27,46%).
O governo tenta, desde o ano passado, expulsar o “Clarín” e o “La Nación”. Para isso, argumenta que Lidia Papaleo Graiver, viúva do banqueiro David Graiver, vinculado ao grupo guerrilheiro Montoneros, teria sido obrigada em 1976 a vender sua parte na empresa ao “Clarín”, ao “La Nación” e ao “La Razón”, que faliu em 2000.
De quebra, o governo tenta levar a presidente do grupo, Ernestina Herrera de Noble à cadeia por suspeitas de que seus filhos adotivos sejam filhos sequestrados de desaparecidos da ditadura (1976-83). A capacidade de defesa do Clarín complica-se pela idade de Ernestina Noble, de 85 anos, e os problemas graves de saúde (câncer de laringe) de seu braço direito e CEO da holding, Héctor Magnetto, de 66 anos.
NEGOCIAÇÕES – Ricardo Roa, editor-adjunto do “Clarín” disse ao Estado que “o jornal está sofrendo com o custo econômico da ofensiva do governo”. “Mas transmitimos a nossos jornalistas que a diretriz é a de manter a linha editorial, apesar dos enormes custos que isso implica ante um governo que ignora a necessidade de existência da imprensa independente. Vamos agir mais na internet. Este é um grupo de mídia. Sempre foi assim, e assim continuaremos”.
Julio Bárbaro, ex-diretor do Comitê Federal de Radiodifusão (Comfer, organismo que regula a mídia) disse ao Estado que “o Grupo Clarín valia US$ 4,7 bilhões há quatro anos (antes dos choques com o governo). Hoje vale pouco mais de US$ 1 bilhão”. Segundo ele, “o ‘Clarín’ continuará existindo, mas não terá o mesmo predomínio dos últimos 20 anos. “Seu problema foi concentrar muitos veículos, que atraíram o ódios de setores políticos e empresariais”.
Segundo o ex-diretor do Comfer, “os Kirchners não tentarão acabar com o conservador ‘La Nación’, pois precisam desse jornal como ‘a voz do inimigo’, como os representantes de um setor da sociedade, a oligarquia”.
“Acho difícil que possa ser feita uma negociação entre o governo Kirchner e o Grupo Clarín, a não ser que ocorresse uma mudança no comando do jornal. Os dois lados tentaram aproximações em diversas ocasiões depois da votação da Lei de Mídia. Mas, do jeito que estão as tensões hoje em dia, é muito difícil, pois os dois lados possuem posições fundamentalistas”, disse Aguiar ao Estado. E usa uma expressão tipicamente argentina para ilustrar uma situação que chegou a um ponto sem retorno: “La sangre ya llegó al río” (o sangue já chegou até o rio).
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: Imprensa vendida
(A mídia trata de inventar o pós-Lula)
Re-visões do desenvolvimento
Há dois projetos em disputa no Brasil e um único cenário de embate político real. Não há o cenário chamado por alguns de pós-Lula. O esforço da grande mídia para criar esse cenário se torna evidente quando apresentam os principais candidatos à Presidência. Dilma jamais é apresentada como candidata do governo ou do presidente Lula. E Serra e Marina não são apresentados como candidatos da oposição, mas sim como candidatos de seus respectivos partidos. No cenário pós-Lula, projetos aplicados e testados se tornam abstrações e o suposto preparo dos candidatos para ocupar o cargo de presidente se transforma em critério objetivo. O artigo é de João Sicsu.
João Sicsú
Artigo publicado originalmente na revista Inteligência.
Os últimos 20 anos marcaram a disputa de dois projetos para o Brasil. Há líderes, aliados e bases sociais que personificam essa disputa. De um lado estão o presidente Lula, o PT, o PC do B, alguns outros partidos políticos, intelectuais e os movimentos sociais. Do outro, estão o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), o PSDB, o DEM, o PPS, o PV, organismos multilaterais (o Banco Mundial e o FMI), divulgadores midiáticos de opiniões
conservadoras e quase toda a mídia dirigida por megacorporações.
O projeto de desenvolvimento liderado pelo presidente Lula se tornou muito mais claro no seu segundo mandato – quando realizações e ações de governo se tornaram mais nítidas. O primeiro mandato estava contaminado por “heranças” do período FHC. Eram “heranças” objetivas, tal como a aguda vulnerabilidade externa, e “heranças” subjetivas, ou seja, ideias conservadoras permaneceram em alguns postos-chave do governo. O presidente Lula fez mudanças importantes no seu segundo mandato: trocou o comando de alguns ministérios e de instituições públicas. E, também, implementou programas e políticas claramente opostos à concepção do seu antecessor. Um exemplo foi o lançamento, no início de 2007, do Programa de Aceleração do Crescimento (o PAC), muito criticado pelos oposicionistas, mas que foi a marca da virada para um projeto de governo com contornos mais desenvolvimentistas.
Os projetos em disputa
O projeto desenvolvimentista estabelece como pilar central o crescimento. Mas, diferentemente de uma visão “crescimentista” que busca o crescimento econômico sem critérios, objetivos ou limites, o projeto liderado
pelo presidente Lula busca, acima de tudo, o crescimento social do indivíduo, portanto, é um projeto desenvolvimentista – além de ser ambientalmente sustentável e independente no plano internacional (1). Já o projeto implementado pelo PSDB pode ser caracterizado como um projeto estagnacionista, que aprofundou vulnerabilidades sociais e econômicas.
O projeto desenvolvimentista tem balizadores econômicos e objetivos sociais. Os balizadores são: (1) manutenção da inflação em níveis moderados; (2) administração fiscal que busca o equilíbrio das contas públicas associado a programas de realização de obras de infraestrutura e a políticas anticíclicas; (3) redução da vulnerabilidade externa e algum nível de administração cambial; (4) ampliaçãodo crédito; e (5) aumento do
investimento público e privado.
E os objetivos econômico-sociais do projeto desenvolvimentista são: (1) geração de milhões de empregos com carteira assinada; (2) melhoria da distribuição da renda; e (3) recuperação real do salário mínimo.
O projeto implementado pelo PSDB e seus aliados no período 1995-2002 tinha as seguintes bases econômicas:
(1) estabilidade econômica, que era sinônimo, exclusivamente, de estabilidade monetária, ou seja, o controle da inflação era o único objetivo macroeconômico; (2) abertura financeira ao exterior e culto às variações da taxa de câmbio como a maior qualidade de um regime cambial; (3) busca do equilíbrio fiscal como valor moral ou como panaceia, o que justificava corte de gastos em áreas absolutamente essenciais; e (4) privatização de empresas públicas sem qualquer olhar estratégico de desenvolvimento.
E os objetivos econômico-sociais eram: (1) desmantelamento do sistema público de seguridade social; (2) criação de programas assistenciais fragmentados e superfocalizados; e (3) desmoralização e desmobilização do serviço público.
Os resultados da aplicação do modelo desenvolvimentista são muito bons quando comparados com aqueles alcançados pelo projeto aplicado pelo PSDB e seus aliados. Contudo, ainda estão distantes das necessidades
e potencialidades da economia e da sociedade brasileiras. Logo, tal modelo precisa ser aperfeiçoado – e muito.
Só há, portanto, dois projetos em disputa e um único cenário de embate político real. Não há o cenário chamado por alguns de pós-Lula. Sumariando, o pós-Lula seria o seguinte: o presidente Lula governou, acertou e errou... Mas o mais importante seria que o governo acabou e o presidente Lula não é candidato. Agora, estaríamos caminhando para uma nova fase em que não há sentido estabelecer comparações e posições em relação ao governo do presidente Lula. Em outras palavras, não caberia avaliar o governo Lula comparando-o com os seus antecessores e, também, nenhum candidato deveria ocupar a situação de oposição ou situação. O termo oposição deveria ser usado pelo PSDB com um único sentido: “oposição a tudo o que está errado” – e não oposição ao governo e ao projeto do presidente Lula.
O pseudocenário pós-Lula
O esforço da grande mídia para criar esse cenário se torna evidente quando apresentam os principais candidatos à Presidência. A candidata Dilma é apresentada como: “a ex-ministra Dilma Rousseff, candidata à Presidência...” Ou “a candidata do PT Dilma Rousseff...”. Jamais apresentam a candidata Dilma como a candidata do governo ou do presidente Lula. E Serra e Marina não são apresentados como candidatos da oposição, mas
sim como candidatos dos seus respectivos partidos políticos. Curioso é que esses mesmos veículos de comunicação quando tratam, por exemplo, das eleições na Colômbia se referem a candidatos do governo e da oposição.
No cenário pós-Lula, projetos aplicados e testados se tornam abstrações e o suposto preparo dos candidatos para ocupar o cargo de presidente se transforma em critério objetivo. Unicamente em casos muito extremos
é que podemos, a priori, afirmar algo sobre o preparo de um candidato para ocupar determinado cargo executivo.
Em geral, somente é possível saber se alguém é bem ou mal preparado após a sua gestão. Afinal, o PSDB e seus aliados sempre afirmaram que o sociólogo poliglota era mais preparado do que o metalúrgico monoglota.
Rumos da economia são resultados de decisões políticas balizadas por projetos de desenvolvimento que ocorrem em situações conjunturais concretas. Situações específicas e projetos de desenvolvimento abrem ao presidente um conjunto de possibilidades. Saber escolher a melhor opção é a qualidade daquele que está bem preparado, mas isso somente pode ser avaliado posteriormente. O cenário pós-Lula e a disputa em torno de critérios de preparo representam tentativas de despolitizar o período eleitoral que é o momento que deveria preceder o voto na mudança ou na continuidade.
O voto dado com consciência política é sempre um voto pela mudança ou pela continuidade. Portanto, a tentativa de construir um cenário pós-Lula tem o objetivo de despolitizar o voto, isto é, retirar do voto a sua possibilidade de fazer história. Tentam “vender” a ideia de que a história é feita pela própria história, em um processo espontâneo, e que caberia ao eleitor escolher o melhor “administrador” da “vida que segue”. No cenário pós-Lula, o eleitor se torna uma vítima do processo, apenas com a capacidade de decidir o “administrador”, sua capacidade verdadeira de ser autor da história é suprimida. A construção de um cenário pós-Lula é a única alternativa do PSDB e de seus aliados, já que comparações de realizações têm números bastante confortáveis a favor do projeto do presidente Lula quando comparados com as (não)realizações do presidente Fernando Henrique Cardoso.
O crescimento e os objetivos macroeconômicos
A taxa de crescimento do PIB a partir de 2006 se tornou mais elevada. O crescimento a partir daquele ano trouxe uma característica de qualidade e durabilidade temporal: a taxa de crescimento do investimento se tornou, pelo menos, o dobro da taxa de crescimento de toda a economia. Para evitar que o crescimento tenha o formato de um “voo de galinha” economias devem buscar, de um lado, reduzir suas vulnerabilidades e, de outro, elevar a sua taxa de investimento: mais investimento, hoje, representa mais investimento e mais crescimento, amanhã. A taxa de crescimento esperada do investimento (público + privado) em 2010 é de mais de 18%. O investimento público, considerados os gastos feitos pela União e pelas estatais federais, alcançará mais de 3% do PIB este ano. O presidente FHC teria de governar o Brasil por aproximadamente 14 anos para fazer o crescimento que o presidente Lula fez em oito anos, ou seja, somente teríamos em 2016 o PIB que vamos alcançar ao final de 2010
se o país tivesse sido governado pelo PSDB desde 1995.
O crédito se ampliou drasticamente na economia brasileira nos últimos anos. Em 2003, representava menos que 23% do PIB. Em 2009, alcançou mais de 46% do PIB. O crédito se amplia quando potenciais credores
e devedores se sentem seguros para realizar o empréstimo. Os devedores, que são aposentados, pensionistas, trabalhadores e empresas, vão aos bancos pedir um empréstimo quando avaliam que poderão honrar seus
compromissos futuros. Aos olhos das empresas, a sensação de segurança sobre o futuro aumenta quando esperam crescimento das suas vendas e, portanto, elevação de suas receitas. Empresas mais otimistas fazem mais empréstimos. E, tanto para empresários quanto para trabalhadores, é o ambiente de crescimento econômico que propicia a formação de cenários otimistas em relação ao futuro.
O ânimo para que trabalhadores, aposentados e pensionistas fossem aos bancos nesses últimos anos pedir empréstimos sofreu duas influências. De um lado, houve a inovação institucional do crédito consignado que deu garantias aos bancos e reduziu a taxa de juros dos empréstimos (que, aliás, é ainda muito alta) e, de outro, a criação de milhões e milhões de empregos com carteira assinada. Com a carteira assinada, o trabalhador, além de se sentir mais seguro, cumpre o requisito formal para ir ao banco pedir um empréstimo. A carteira assinada oferece segurança econômica e sentimento de cidadania. Cabe, ainda, ser mencionado que os bancos públicos foram instrumentos preciosos para que o crescimento dos anos recentes fosse acompanhado por um aumento vigoroso do crédito. O crescimento, o aumento do investimento e a ampliação do crédito foram alcançados em um ambiente macroeconômico organizado, isto é, inflação controlada, dívida líquida do setor público monitorada de forma responsável e redução da vulnerabilidade externa.
A inflação do período 1995-2003 resultava exatamente da fraqueza externa da economia brasileira. Crises desvalorizavam abruptamente a taxa de câmbio que transmitia uma pressão altista para os preços. Ademais, nesse período os preços administrados subiam a uma velocidade que era o dobro da velocidade dos preços livres. Diferentemente, a inflação dos dias de hoje é causada por pressões pontuais. Há, contudo, um aumento de preços que tem pressionado de forma mais permanente a inflação: é o aumento dos preços de bebidas e alimentos. Políticas específicas e criativas para dissolver essa pressão devem ser implementadas.
Entretanto, cabe ser ressaltado que esse tipo específico de inflação se incorporou à economia brasileira devido ao tipo de crescimento que o modelo adotou. Um crescimento com forte distribuição da renda provoca necessariamente aumento acentuado das compras de bebidas e alimentos. A dívida líquida do setor público, como proporção do PIB, cresceu de uma média, por ano, no primeiro mandato do presidente FHC de 32,3% para 50,7% no seu segundo governo. A média esperada dessa relação no segundo mandato do presidente Lula é de 42,7%. A dívida externa foi anulada e a dívida interna dolarizada, zerada. As reservas internacionais que auxiliam na redução da vulnerabilidade externa, hoje, estão em patamar superior a US$ 250 bilhões. No seu segundo mandato, o presidente FHC matinha acumulado em média um montante inferior a US$ 36 bilhões.
Os objetivos socioeconômicos
O crescimento alcançado nos últimos anos tem uma evidente característica de maior qualidade social. Nos oito anos correspondentes aos governos de FHC foram criados somente 1.260.000 empregos com carteira assinada. O governo Lula terá criado de 2003 ao final de 2010 mais que 10.500.000 empregos. Portanto, FHC teria de governar o Brasil por 64 anos para atingir a marca do presidente Lula, ou seja, o PSDB teria de governar o Brasil de 1995 a 2058 para que pudesse criar a mesma quantidade de empregos com carteira criados com a implementação do projeto de desenvolvimento do presidente Lula.
O salário mínimo (SM) é um elemento-chave do objetivo de fazer a economia crescer e distribuir renda. Ele estabelece o piso da remuneraçãodo mercado formal de trabalho, influencia as remunerações do mercado informal e decide o benefício mínimo pago pela Previdência Social. Portanto, a política de recuperação do salário mínimo, além da política de ampliação do crédito, tem sido decisiva para democratizar o acesso ao mercado de bens de consumo. O presidente FHC teria de governar o Brasil por mais 12 anos para alcançar o patamar de recuperação atingido pelo presidente Lula para o SM, ou seja, somente em 2015 o trabalhador receberia o salário mínimo que recebe hoje se o Brasil tivesse sido governado pelo PSDB desde 1995. Em paralelo à criação de empregos com carteira assinada e à política de recuperação do salário mínimo, a ampliação da cobertura e do valor dos benefícios pagos pelo Sistema de Seguridade Social deve ser considerada decisiva dentro do projeto desenvolvimentista.
Em média por mês, durante os dois mandatos do presidente FHC, foram pagos 18 milhões de benefícios. De 2003 a 2009 foram pagos, em média, mais que 24 milhões de benefícios por mês. O valor dos benéficos no segundo mandato do presidente Lula é, em média, 36% maior em termos reais do que era no primeiro mandato do presidente FHC. O Sistema de Seguridade Social brasileiro é um importante elemento que promove crescimento com desenvolvimento porque, por um lado, reduz vulnerabilidades e desigualdades sociais e, por outro, injeta recursos na economia que se transformam diretamente em consumo. Aquele que recebe um benefício previdenciário ou social gasta quase tudo o que recebe imediatamente, gerando consumo, empregos, produção e investimentos.
Em 1995, o montante monetário dos benefícios emitidos ao longo do ano foi de aproximadamente R$ 80 bilhões; em 2009, esse montante alcançou mais que R$ 319 bilhões (ambos os valores corrigidos de acordo com o INPC para os dias de hoje). Nos cálculos referidos anteriormente não estão incluídos os pagamentos feitos pelo programa Bolsa Família, que tem orçamento muito inferior ao Sistema de Seguridade Social. Esse programa precisa ser ampliado para se tornar um elemento mais poderoso do projeto de desenvolvimento. Em 2009, alcançou 12,4 milhões de famílias que foram beneficiadas com R$ 12,4 bilhões, o que equivale a dizer que cada família recebeu aproximadamente R$ 83,00 por mês. A ampliação do Bolsa Família não pode ser oposta à política de fortalecimento do Sistema de Seguridade Social, que engloba a assistência social (aos idosos e aos deficientes pobres) e o sistema de previdência (que emite aposentadorias, pensões etc.). Os miseráveis, os pobres, a classe média e toda a sociedade brasileira precisam de ambos.
Somente para aqueles que pensam que é possível haver desenvolvimento sem crescimento (ou que desenvolvimento é sinônimo apenas de redução de desigualdades de renda) é que um real a mais para o Sistema de Seguridade Social poderia representar um real a menos para o programa Bolsa Família. São os mesmos que opõem os idosos às crianças, o ensino fundamental ao ensino universitário, o setor público ao privado, a regulação econômica às liberdades democráticas e o Estado ao mercado. Na escassez de crescimento que predominou durante os governos do presidente FHC, apresentavam sempre a solução deveras conhecida: “focalizar nos mais necessitados” por meio dos serviços do terceiro setor (ONGs), já que o Estado é considerado ineficiente, e mediante as doações de empresas que demonstram “responsabilidade social”.
Os ideólogos da área social da era FHC estavam errados. A experiência recente de desenvolvimento tem mostrado que o aumento do salário mínimo, o fortalecimento do Sistema de Seguridade Social e a ampliação do Bolsa Família conformam um tripé essencial de redução da miséria, da pobreza e das vulnerabilidades sociais, por um lado, e de impulso ao crescimento econômico baseado no mercado doméstico com redução de desigualdades, por outro.
Resultado que deve ser enfatizado
A proporção que os salários ocupam no PIB – ou a distribuição funcional da renda entre trabalhadores e detentores das rendas do capital – é um elemento importante para a avaliação da qualidade social da dinâmica econômica. Esse elemento avalia a capacidade de compra de serviços e bens por parte de cada segmento social produtivo; avalia, portanto, o grau de democratização do acesso ao mercado de bens e serviços. Desde 1995 até 2004, houve um contínuo processo de redução da massa salarial em relação ao PIB. Em 1995, era de 35,2%, em 2004, alcançou o seu pior nível histórico, 30,8%. A partir de então, houve um nítido processo de recuperação. Ao final de 2009, retornou para o patamar de 1995.
Perspectivas: desenvolvimento e planejamento
Há dois projetos em disputa: o estagnacionista, que acentuou vulnerabilidades sociais e econômicas, aplicado no período 1995-2002, e o desenvolvimentista redistributivista, em curso. Portanto, o que está em disputa, particularmente neste ano de 2010, são projetos, já testados, que pregam continuidade ou mudança. Somente no cenário artificial, que a grande mídia tenta criar, chamado de pós-Lula, é que o que estaria aberto
para a escolha seria apenas o nome do “administrador do condomínio Brasil”. Seria como se o “ônibus Brasil” tivesse trajeto conhecido, mas seria preciso saber apenas quem seria o melhor, mais eficiente, “motorista”. Se
for para usar essa figura, o que verdadeiramente está em jogo em 2010 é o trajeto, ou seja, o projeto, que obviamente está concretizado em candidatos, aliados e bases sociais.
Os resultados da aplicação do projeto estagnacionista durante os anos 1995-2002 e do projeto desenvolvimentista aplicado no período 2007- 2010 são bastante nítidos. Os números são amplamente favoráveis à gestão do
presidente Lula em relação à gestão do presidente FHC. Contudo, um alerta é necessário: os resultados alcançados estão ainda muito aquém das necessidades e das potencialidades da economia e da sociedade brasileiras. O primeiro passo de rompimento com a herança deixada por FHC foi o atendimento de necessidades sociais e econômicas. Medidas e programas quase que emergenciais foram implantados. Posteriormente, essas ações foram se transformando em políticas públicas que foram, por sua vez, mostrando consistência entre si e, dia a dia, foram se conformando em um projeto de desenvolvimento. Ao longo do governo do presidente Lula, a palavra desenvolvimento tomou conta dos ministérios, do PT e de demais partidos políticos aliados, tomou conta dos movimentos sociais e retornou ao debate acadêmico.
O próximo passo é consolidar cada política pública como parte indissociável do projeto de desenvolvimento. Mas, para tanto, é necessário pensar, refletir, organizar e planejar. Assim como a ideia de desenvolvimento retornou, agora é hora de retornar com a ideia do planejamento. Uma rota de desenvolvimento somente se tornará segura se estiver acompanhada de planejamento. Políticas públicas devem ter objetivos e metas quantitativas. Devem conter sistemas de avaliação rigorosos para medir realizações e necessidades. É preciso que cada gestor público cultive a cultura da busca de metas – em todas as áreas e esferas: na cultura, na saúde, na educação, na economia etc. Planejar não significa somente olhar para os próximos cinqüenta anos, significa também planejar cada dia, cada mês, cada ano... De forma detalhada, de forma obsessiva. Sem planejamento, uma trajetória desenvolvimentista promissora pode se transformar em “salto de trampolim”.
(*) O articulista é diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do IPEA e professor-doutor do Instituto de Economia da UFRJ (joaosicsu@gmail.com).
Em: http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=16797
Um fraternal abraço,
Re-visões do desenvolvimento
Há dois projetos em disputa no Brasil e um único cenário de embate político real. Não há o cenário chamado por alguns de pós-Lula. O esforço da grande mídia para criar esse cenário se torna evidente quando apresentam os principais candidatos à Presidência. Dilma jamais é apresentada como candidata do governo ou do presidente Lula. E Serra e Marina não são apresentados como candidatos da oposição, mas sim como candidatos de seus respectivos partidos. No cenário pós-Lula, projetos aplicados e testados se tornam abstrações e o suposto preparo dos candidatos para ocupar o cargo de presidente se transforma em critério objetivo. O artigo é de João Sicsu.
João Sicsú
Artigo publicado originalmente na revista Inteligência.
Os últimos 20 anos marcaram a disputa de dois projetos para o Brasil. Há líderes, aliados e bases sociais que personificam essa disputa. De um lado estão o presidente Lula, o PT, o PC do B, alguns outros partidos políticos, intelectuais e os movimentos sociais. Do outro, estão o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), o PSDB, o DEM, o PPS, o PV, organismos multilaterais (o Banco Mundial e o FMI), divulgadores midiáticos de opiniões
conservadoras e quase toda a mídia dirigida por megacorporações.
O projeto de desenvolvimento liderado pelo presidente Lula se tornou muito mais claro no seu segundo mandato – quando realizações e ações de governo se tornaram mais nítidas. O primeiro mandato estava contaminado por “heranças” do período FHC. Eram “heranças” objetivas, tal como a aguda vulnerabilidade externa, e “heranças” subjetivas, ou seja, ideias conservadoras permaneceram em alguns postos-chave do governo. O presidente Lula fez mudanças importantes no seu segundo mandato: trocou o comando de alguns ministérios e de instituições públicas. E, também, implementou programas e políticas claramente opostos à concepção do seu antecessor. Um exemplo foi o lançamento, no início de 2007, do Programa de Aceleração do Crescimento (o PAC), muito criticado pelos oposicionistas, mas que foi a marca da virada para um projeto de governo com contornos mais desenvolvimentistas.
Os projetos em disputa
O projeto desenvolvimentista estabelece como pilar central o crescimento. Mas, diferentemente de uma visão “crescimentista” que busca o crescimento econômico sem critérios, objetivos ou limites, o projeto liderado
pelo presidente Lula busca, acima de tudo, o crescimento social do indivíduo, portanto, é um projeto desenvolvimentista – além de ser ambientalmente sustentável e independente no plano internacional (1). Já o projeto implementado pelo PSDB pode ser caracterizado como um projeto estagnacionista, que aprofundou vulnerabilidades sociais e econômicas.
O projeto desenvolvimentista tem balizadores econômicos e objetivos sociais. Os balizadores são: (1) manutenção da inflação em níveis moderados; (2) administração fiscal que busca o equilíbrio das contas públicas associado a programas de realização de obras de infraestrutura e a políticas anticíclicas; (3) redução da vulnerabilidade externa e algum nível de administração cambial; (4) ampliaçãodo crédito; e (5) aumento do
investimento público e privado.
E os objetivos econômico-sociais do projeto desenvolvimentista são: (1) geração de milhões de empregos com carteira assinada; (2) melhoria da distribuição da renda; e (3) recuperação real do salário mínimo.
O projeto implementado pelo PSDB e seus aliados no período 1995-2002 tinha as seguintes bases econômicas:
(1) estabilidade econômica, que era sinônimo, exclusivamente, de estabilidade monetária, ou seja, o controle da inflação era o único objetivo macroeconômico; (2) abertura financeira ao exterior e culto às variações da taxa de câmbio como a maior qualidade de um regime cambial; (3) busca do equilíbrio fiscal como valor moral ou como panaceia, o que justificava corte de gastos em áreas absolutamente essenciais; e (4) privatização de empresas públicas sem qualquer olhar estratégico de desenvolvimento.
E os objetivos econômico-sociais eram: (1) desmantelamento do sistema público de seguridade social; (2) criação de programas assistenciais fragmentados e superfocalizados; e (3) desmoralização e desmobilização do serviço público.
Os resultados da aplicação do modelo desenvolvimentista são muito bons quando comparados com aqueles alcançados pelo projeto aplicado pelo PSDB e seus aliados. Contudo, ainda estão distantes das necessidades
e potencialidades da economia e da sociedade brasileiras. Logo, tal modelo precisa ser aperfeiçoado – e muito.
Só há, portanto, dois projetos em disputa e um único cenário de embate político real. Não há o cenário chamado por alguns de pós-Lula. Sumariando, o pós-Lula seria o seguinte: o presidente Lula governou, acertou e errou... Mas o mais importante seria que o governo acabou e o presidente Lula não é candidato. Agora, estaríamos caminhando para uma nova fase em que não há sentido estabelecer comparações e posições em relação ao governo do presidente Lula. Em outras palavras, não caberia avaliar o governo Lula comparando-o com os seus antecessores e, também, nenhum candidato deveria ocupar a situação de oposição ou situação. O termo oposição deveria ser usado pelo PSDB com um único sentido: “oposição a tudo o que está errado” – e não oposição ao governo e ao projeto do presidente Lula.
O pseudocenário pós-Lula
O esforço da grande mídia para criar esse cenário se torna evidente quando apresentam os principais candidatos à Presidência. A candidata Dilma é apresentada como: “a ex-ministra Dilma Rousseff, candidata à Presidência...” Ou “a candidata do PT Dilma Rousseff...”. Jamais apresentam a candidata Dilma como a candidata do governo ou do presidente Lula. E Serra e Marina não são apresentados como candidatos da oposição, mas
sim como candidatos dos seus respectivos partidos políticos. Curioso é que esses mesmos veículos de comunicação quando tratam, por exemplo, das eleições na Colômbia se referem a candidatos do governo e da oposição.
No cenário pós-Lula, projetos aplicados e testados se tornam abstrações e o suposto preparo dos candidatos para ocupar o cargo de presidente se transforma em critério objetivo. Unicamente em casos muito extremos
é que podemos, a priori, afirmar algo sobre o preparo de um candidato para ocupar determinado cargo executivo.
Em geral, somente é possível saber se alguém é bem ou mal preparado após a sua gestão. Afinal, o PSDB e seus aliados sempre afirmaram que o sociólogo poliglota era mais preparado do que o metalúrgico monoglota.
Rumos da economia são resultados de decisões políticas balizadas por projetos de desenvolvimento que ocorrem em situações conjunturais concretas. Situações específicas e projetos de desenvolvimento abrem ao presidente um conjunto de possibilidades. Saber escolher a melhor opção é a qualidade daquele que está bem preparado, mas isso somente pode ser avaliado posteriormente. O cenário pós-Lula e a disputa em torno de critérios de preparo representam tentativas de despolitizar o período eleitoral que é o momento que deveria preceder o voto na mudança ou na continuidade.
O voto dado com consciência política é sempre um voto pela mudança ou pela continuidade. Portanto, a tentativa de construir um cenário pós-Lula tem o objetivo de despolitizar o voto, isto é, retirar do voto a sua possibilidade de fazer história. Tentam “vender” a ideia de que a história é feita pela própria história, em um processo espontâneo, e que caberia ao eleitor escolher o melhor “administrador” da “vida que segue”. No cenário pós-Lula, o eleitor se torna uma vítima do processo, apenas com a capacidade de decidir o “administrador”, sua capacidade verdadeira de ser autor da história é suprimida. A construção de um cenário pós-Lula é a única alternativa do PSDB e de seus aliados, já que comparações de realizações têm números bastante confortáveis a favor do projeto do presidente Lula quando comparados com as (não)realizações do presidente Fernando Henrique Cardoso.
O crescimento e os objetivos macroeconômicos
A taxa de crescimento do PIB a partir de 2006 se tornou mais elevada. O crescimento a partir daquele ano trouxe uma característica de qualidade e durabilidade temporal: a taxa de crescimento do investimento se tornou, pelo menos, o dobro da taxa de crescimento de toda a economia. Para evitar que o crescimento tenha o formato de um “voo de galinha” economias devem buscar, de um lado, reduzir suas vulnerabilidades e, de outro, elevar a sua taxa de investimento: mais investimento, hoje, representa mais investimento e mais crescimento, amanhã. A taxa de crescimento esperada do investimento (público + privado) em 2010 é de mais de 18%. O investimento público, considerados os gastos feitos pela União e pelas estatais federais, alcançará mais de 3% do PIB este ano. O presidente FHC teria de governar o Brasil por aproximadamente 14 anos para fazer o crescimento que o presidente Lula fez em oito anos, ou seja, somente teríamos em 2016 o PIB que vamos alcançar ao final de 2010
se o país tivesse sido governado pelo PSDB desde 1995.
O crédito se ampliou drasticamente na economia brasileira nos últimos anos. Em 2003, representava menos que 23% do PIB. Em 2009, alcançou mais de 46% do PIB. O crédito se amplia quando potenciais credores
e devedores se sentem seguros para realizar o empréstimo. Os devedores, que são aposentados, pensionistas, trabalhadores e empresas, vão aos bancos pedir um empréstimo quando avaliam que poderão honrar seus
compromissos futuros. Aos olhos das empresas, a sensação de segurança sobre o futuro aumenta quando esperam crescimento das suas vendas e, portanto, elevação de suas receitas. Empresas mais otimistas fazem mais empréstimos. E, tanto para empresários quanto para trabalhadores, é o ambiente de crescimento econômico que propicia a formação de cenários otimistas em relação ao futuro.
O ânimo para que trabalhadores, aposentados e pensionistas fossem aos bancos nesses últimos anos pedir empréstimos sofreu duas influências. De um lado, houve a inovação institucional do crédito consignado que deu garantias aos bancos e reduziu a taxa de juros dos empréstimos (que, aliás, é ainda muito alta) e, de outro, a criação de milhões e milhões de empregos com carteira assinada. Com a carteira assinada, o trabalhador, além de se sentir mais seguro, cumpre o requisito formal para ir ao banco pedir um empréstimo. A carteira assinada oferece segurança econômica e sentimento de cidadania. Cabe, ainda, ser mencionado que os bancos públicos foram instrumentos preciosos para que o crescimento dos anos recentes fosse acompanhado por um aumento vigoroso do crédito. O crescimento, o aumento do investimento e a ampliação do crédito foram alcançados em um ambiente macroeconômico organizado, isto é, inflação controlada, dívida líquida do setor público monitorada de forma responsável e redução da vulnerabilidade externa.
A inflação do período 1995-2003 resultava exatamente da fraqueza externa da economia brasileira. Crises desvalorizavam abruptamente a taxa de câmbio que transmitia uma pressão altista para os preços. Ademais, nesse período os preços administrados subiam a uma velocidade que era o dobro da velocidade dos preços livres. Diferentemente, a inflação dos dias de hoje é causada por pressões pontuais. Há, contudo, um aumento de preços que tem pressionado de forma mais permanente a inflação: é o aumento dos preços de bebidas e alimentos. Políticas específicas e criativas para dissolver essa pressão devem ser implementadas.
Entretanto, cabe ser ressaltado que esse tipo específico de inflação se incorporou à economia brasileira devido ao tipo de crescimento que o modelo adotou. Um crescimento com forte distribuição da renda provoca necessariamente aumento acentuado das compras de bebidas e alimentos. A dívida líquida do setor público, como proporção do PIB, cresceu de uma média, por ano, no primeiro mandato do presidente FHC de 32,3% para 50,7% no seu segundo governo. A média esperada dessa relação no segundo mandato do presidente Lula é de 42,7%. A dívida externa foi anulada e a dívida interna dolarizada, zerada. As reservas internacionais que auxiliam na redução da vulnerabilidade externa, hoje, estão em patamar superior a US$ 250 bilhões. No seu segundo mandato, o presidente FHC matinha acumulado em média um montante inferior a US$ 36 bilhões.
Os objetivos socioeconômicos
O crescimento alcançado nos últimos anos tem uma evidente característica de maior qualidade social. Nos oito anos correspondentes aos governos de FHC foram criados somente 1.260.000 empregos com carteira assinada. O governo Lula terá criado de 2003 ao final de 2010 mais que 10.500.000 empregos. Portanto, FHC teria de governar o Brasil por 64 anos para atingir a marca do presidente Lula, ou seja, o PSDB teria de governar o Brasil de 1995 a 2058 para que pudesse criar a mesma quantidade de empregos com carteira criados com a implementação do projeto de desenvolvimento do presidente Lula.
O salário mínimo (SM) é um elemento-chave do objetivo de fazer a economia crescer e distribuir renda. Ele estabelece o piso da remuneraçãodo mercado formal de trabalho, influencia as remunerações do mercado informal e decide o benefício mínimo pago pela Previdência Social. Portanto, a política de recuperação do salário mínimo, além da política de ampliação do crédito, tem sido decisiva para democratizar o acesso ao mercado de bens de consumo. O presidente FHC teria de governar o Brasil por mais 12 anos para alcançar o patamar de recuperação atingido pelo presidente Lula para o SM, ou seja, somente em 2015 o trabalhador receberia o salário mínimo que recebe hoje se o Brasil tivesse sido governado pelo PSDB desde 1995. Em paralelo à criação de empregos com carteira assinada e à política de recuperação do salário mínimo, a ampliação da cobertura e do valor dos benefícios pagos pelo Sistema de Seguridade Social deve ser considerada decisiva dentro do projeto desenvolvimentista.
Em média por mês, durante os dois mandatos do presidente FHC, foram pagos 18 milhões de benefícios. De 2003 a 2009 foram pagos, em média, mais que 24 milhões de benefícios por mês. O valor dos benéficos no segundo mandato do presidente Lula é, em média, 36% maior em termos reais do que era no primeiro mandato do presidente FHC. O Sistema de Seguridade Social brasileiro é um importante elemento que promove crescimento com desenvolvimento porque, por um lado, reduz vulnerabilidades e desigualdades sociais e, por outro, injeta recursos na economia que se transformam diretamente em consumo. Aquele que recebe um benefício previdenciário ou social gasta quase tudo o que recebe imediatamente, gerando consumo, empregos, produção e investimentos.
Em 1995, o montante monetário dos benefícios emitidos ao longo do ano foi de aproximadamente R$ 80 bilhões; em 2009, esse montante alcançou mais que R$ 319 bilhões (ambos os valores corrigidos de acordo com o INPC para os dias de hoje). Nos cálculos referidos anteriormente não estão incluídos os pagamentos feitos pelo programa Bolsa Família, que tem orçamento muito inferior ao Sistema de Seguridade Social. Esse programa precisa ser ampliado para se tornar um elemento mais poderoso do projeto de desenvolvimento. Em 2009, alcançou 12,4 milhões de famílias que foram beneficiadas com R$ 12,4 bilhões, o que equivale a dizer que cada família recebeu aproximadamente R$ 83,00 por mês. A ampliação do Bolsa Família não pode ser oposta à política de fortalecimento do Sistema de Seguridade Social, que engloba a assistência social (aos idosos e aos deficientes pobres) e o sistema de previdência (que emite aposentadorias, pensões etc.). Os miseráveis, os pobres, a classe média e toda a sociedade brasileira precisam de ambos.
Somente para aqueles que pensam que é possível haver desenvolvimento sem crescimento (ou que desenvolvimento é sinônimo apenas de redução de desigualdades de renda) é que um real a mais para o Sistema de Seguridade Social poderia representar um real a menos para o programa Bolsa Família. São os mesmos que opõem os idosos às crianças, o ensino fundamental ao ensino universitário, o setor público ao privado, a regulação econômica às liberdades democráticas e o Estado ao mercado. Na escassez de crescimento que predominou durante os governos do presidente FHC, apresentavam sempre a solução deveras conhecida: “focalizar nos mais necessitados” por meio dos serviços do terceiro setor (ONGs), já que o Estado é considerado ineficiente, e mediante as doações de empresas que demonstram “responsabilidade social”.
Os ideólogos da área social da era FHC estavam errados. A experiência recente de desenvolvimento tem mostrado que o aumento do salário mínimo, o fortalecimento do Sistema de Seguridade Social e a ampliação do Bolsa Família conformam um tripé essencial de redução da miséria, da pobreza e das vulnerabilidades sociais, por um lado, e de impulso ao crescimento econômico baseado no mercado doméstico com redução de desigualdades, por outro.
Resultado que deve ser enfatizado
A proporção que os salários ocupam no PIB – ou a distribuição funcional da renda entre trabalhadores e detentores das rendas do capital – é um elemento importante para a avaliação da qualidade social da dinâmica econômica. Esse elemento avalia a capacidade de compra de serviços e bens por parte de cada segmento social produtivo; avalia, portanto, o grau de democratização do acesso ao mercado de bens e serviços. Desde 1995 até 2004, houve um contínuo processo de redução da massa salarial em relação ao PIB. Em 1995, era de 35,2%, em 2004, alcançou o seu pior nível histórico, 30,8%. A partir de então, houve um nítido processo de recuperação. Ao final de 2009, retornou para o patamar de 1995.
Perspectivas: desenvolvimento e planejamento
Há dois projetos em disputa: o estagnacionista, que acentuou vulnerabilidades sociais e econômicas, aplicado no período 1995-2002, e o desenvolvimentista redistributivista, em curso. Portanto, o que está em disputa, particularmente neste ano de 2010, são projetos, já testados, que pregam continuidade ou mudança. Somente no cenário artificial, que a grande mídia tenta criar, chamado de pós-Lula, é que o que estaria aberto
para a escolha seria apenas o nome do “administrador do condomínio Brasil”. Seria como se o “ônibus Brasil” tivesse trajeto conhecido, mas seria preciso saber apenas quem seria o melhor, mais eficiente, “motorista”. Se
for para usar essa figura, o que verdadeiramente está em jogo em 2010 é o trajeto, ou seja, o projeto, que obviamente está concretizado em candidatos, aliados e bases sociais.
Os resultados da aplicação do projeto estagnacionista durante os anos 1995-2002 e do projeto desenvolvimentista aplicado no período 2007- 2010 são bastante nítidos. Os números são amplamente favoráveis à gestão do
presidente Lula em relação à gestão do presidente FHC. Contudo, um alerta é necessário: os resultados alcançados estão ainda muito aquém das necessidades e das potencialidades da economia e da sociedade brasileiras. O primeiro passo de rompimento com a herança deixada por FHC foi o atendimento de necessidades sociais e econômicas. Medidas e programas quase que emergenciais foram implantados. Posteriormente, essas ações foram se transformando em políticas públicas que foram, por sua vez, mostrando consistência entre si e, dia a dia, foram se conformando em um projeto de desenvolvimento. Ao longo do governo do presidente Lula, a palavra desenvolvimento tomou conta dos ministérios, do PT e de demais partidos políticos aliados, tomou conta dos movimentos sociais e retornou ao debate acadêmico.
O próximo passo é consolidar cada política pública como parte indissociável do projeto de desenvolvimento. Mas, para tanto, é necessário pensar, refletir, organizar e planejar. Assim como a ideia de desenvolvimento retornou, agora é hora de retornar com a ideia do planejamento. Uma rota de desenvolvimento somente se tornará segura se estiver acompanhada de planejamento. Políticas públicas devem ter objetivos e metas quantitativas. Devem conter sistemas de avaliação rigorosos para medir realizações e necessidades. É preciso que cada gestor público cultive a cultura da busca de metas – em todas as áreas e esferas: na cultura, na saúde, na educação, na economia etc. Planejar não significa somente olhar para os próximos cinqüenta anos, significa também planejar cada dia, cada mês, cada ano... De forma detalhada, de forma obsessiva. Sem planejamento, uma trajetória desenvolvimentista promissora pode se transformar em “salto de trampolim”.
(*) O articulista é diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do IPEA e professor-doutor do Instituto de Economia da UFRJ (joaosicsu@gmail.com).
Em: http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=16797
Um fraternal abraço,
.'.
"... E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. ... "
Maria Judith Brito, Presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais).
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Re: Imprensa vendida
(Do site Conversa Afiada do repórter Paulo Henrique Amorim sobre a capa do "O Globo" desta sexta-feira)
Capa do Globo tem seis títulos contra o Lula
Encontre um título de notícia positiva sobre o presidente Lula na primeira página do Globo desta sexta.
Quem achar primeiro ganha um diploma de economista.
Candidato Zé Serrágio, não perca essa oportunidade!
É dessa forma que o PiG (*) noticia o presidente Lula:
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
Em: http://www.conversaafiada.com.br/pig/20 ... ra-o-lula/
Um fraternal abraço,
Capa do Globo tem seis títulos contra o Lula
Encontre um título de notícia positiva sobre o presidente Lula na primeira página do Globo desta sexta.
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É dessa forma que o PiG (*) noticia o presidente Lula:
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
Em: http://www.conversaafiada.com.br/pig/20 ... ra-o-lula/
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Re: Imprensa vendida
Esta certo que a imprenssa livre é benefica, apesar de todos os defeitos, caso contrario escandalos de corrupição seriam abafados, e pessoas influentes de nossa sociedade seriam BLINDADAS, COMO OCORREU NA ÉPOCA DA DITADURA MILITAR.
Mas eu não vejo os grandes veiculos de comunicação do Brasil com bons olhos, eu acho que uma empresa Brasileira, seja de imprensa ou não, deveria sim adotar uma postura pró-Brasil.
Eu não estou falando de uma postura sega e intrangigente que só diz maravilhas sobre o Brasil. Eu acho que deveria esprimir opiniões de encontro aos maiores interesses da nação em questões criticas.
Ultimamente os jornais Brasileiros estão sendo invadidos por uma horda de pacifistas....que são favoraveis ao protocolo adicional ao TNP, contra o processo de reconstrução das forças armadas, fazendo campanha contra a industria de defesa, se alinhando aos interesses muitos suspeitos no caso a usina de belo monte.
São posturas muito parciais, parece até que estão em campanha politica.
Eu não estou falando isso, porque eu seja favoravel ao PT, nada disso. eu tenho muitas divergencias com este partido. Tem muitas pessoas no PT que tomaram decisões lamentaveis (mais vou parar por aqui para não desviar o foco do depate para questões partidarias).
Eu reconheço, que a imprenssa fez muita acusações justas ao governo, como no caso do escandalo do mensalão.....
Mas, o meu principal ponto de atrito com os grandes meios de comunicação é que muitas veses eles defendem posições subservientes aos interesses de nações poderosas.
Qualquer pessoas com o minimo de discernimento sabe que tecnologia (Aero-espacial e nuclear) proporcionão conhecimentos indispensaveis para o desenvolvimento economico e social do Brasil, mais eu li muitos artigos por ai que tem como objetivo desquilificar qualquer esforço nessa area.
Então, eu só posso chegar a 2 conclusões: Ou os poderosos que controlam estes meios de comunicação pensam assim.....ou eles estão fazendo planfetagem...ou as 2 coisas.
Mesmo apesar de muitas pessoas tentarem de maneira parcial desqualificar totalmente a internet como importantes meio de comunicação, PARA MIM A INTERNET È CRUCIAL. porque não da para assinarmos todos os jornais de revistas do mundo para termos acessos a visões diferentes das coisas, então podemos acessar varios meios de comunicação pela internet e totalmente de graça é muito importante, foruns de discurção como este também são extremamente importantes ja que sempre leio bons artigos postados por pessoas que merecem respeito e atenção.
OBS: TEXTO EDITADO, ERROS DE ORTOGRAFIA CORRIGIDOS, DESCULPEM.
Saudações a todos.
Mas eu não vejo os grandes veiculos de comunicação do Brasil com bons olhos, eu acho que uma empresa Brasileira, seja de imprensa ou não, deveria sim adotar uma postura pró-Brasil.
Eu não estou falando de uma postura sega e intrangigente que só diz maravilhas sobre o Brasil. Eu acho que deveria esprimir opiniões de encontro aos maiores interesses da nação em questões criticas.
Ultimamente os jornais Brasileiros estão sendo invadidos por uma horda de pacifistas....que são favoraveis ao protocolo adicional ao TNP, contra o processo de reconstrução das forças armadas, fazendo campanha contra a industria de defesa, se alinhando aos interesses muitos suspeitos no caso a usina de belo monte.
São posturas muito parciais, parece até que estão em campanha politica.
Eu não estou falando isso, porque eu seja favoravel ao PT, nada disso. eu tenho muitas divergencias com este partido. Tem muitas pessoas no PT que tomaram decisões lamentaveis (mais vou parar por aqui para não desviar o foco do depate para questões partidarias).
Eu reconheço, que a imprenssa fez muita acusações justas ao governo, como no caso do escandalo do mensalão.....
Mas, o meu principal ponto de atrito com os grandes meios de comunicação é que muitas veses eles defendem posições subservientes aos interesses de nações poderosas.
Qualquer pessoas com o minimo de discernimento sabe que tecnologia (Aero-espacial e nuclear) proporcionão conhecimentos indispensaveis para o desenvolvimento economico e social do Brasil, mais eu li muitos artigos por ai que tem como objetivo desquilificar qualquer esforço nessa area.
Então, eu só posso chegar a 2 conclusões: Ou os poderosos que controlam estes meios de comunicação pensam assim.....ou eles estão fazendo planfetagem...ou as 2 coisas.
Mesmo apesar de muitas pessoas tentarem de maneira parcial desqualificar totalmente a internet como importantes meio de comunicação, PARA MIM A INTERNET È CRUCIAL. porque não da para assinarmos todos os jornais de revistas do mundo para termos acessos a visões diferentes das coisas, então podemos acessar varios meios de comunicação pela internet e totalmente de graça é muito importante, foruns de discurção como este também são extremamente importantes ja que sempre leio bons artigos postados por pessoas que merecem respeito e atenção.
OBS: TEXTO EDITADO, ERROS DE ORTOGRAFIA CORRIGIDOS, DESCULPEM.
Saudações a todos.
Re: Imprensa vendida
Postura pro-brasil, como a postura pro-America que o presidente Bush e os neocons exigiram da imprensa americana depois de 11 de Setembro.
É perigoso quando numa democracia se tenta calar a oposição.
Entre os métodos mais utilizados está a acusação de falta de patriotismo.
De seguida vai ter passeata como na Venezuela pedido a cessão das licenças da rede globo e de todos os que tiverem coragem de levantar a voz contra os corruptos, contra os ladrões e os mentirosos desse governo.
E não venham com desculpa de que há mentiroso em todo o lado, claro que há. Só não vejo tantas criticas aos mentirosos, aos ladrões e aos corruptos, quando estão na chapa da Dilma, e nos mensalões do Lula.
Só se fala da imprensa vendida que é contra o governo ?
Porque ninguém aqui fala da TV mais suja do Brasil, a que conseguiu ajudar a eleição do vice-presidente da chapa do Lula e que é paga com o dinheiro das doações dos fieis da igreja evangélica do bispo Macedo ?
Esses não são mentirosos ?
Esses não protegem o Lula e não olham pro lado quando é evidente que o poder está corrompido pelo dinheiro ?
Falta de vergonha não paga imposto. Nesse governo, ninguém paga.
É perigoso quando numa democracia se tenta calar a oposição.
Entre os métodos mais utilizados está a acusação de falta de patriotismo.
De seguida vai ter passeata como na Venezuela pedido a cessão das licenças da rede globo e de todos os que tiverem coragem de levantar a voz contra os corruptos, contra os ladrões e os mentirosos desse governo.
E não venham com desculpa de que há mentiroso em todo o lado, claro que há. Só não vejo tantas criticas aos mentirosos, aos ladrões e aos corruptos, quando estão na chapa da Dilma, e nos mensalões do Lula.
Só se fala da imprensa vendida que é contra o governo ?
Porque ninguém aqui fala da TV mais suja do Brasil, a que conseguiu ajudar a eleição do vice-presidente da chapa do Lula e que é paga com o dinheiro das doações dos fieis da igreja evangélica do bispo Macedo ?
Esses não são mentirosos ?
Esses não protegem o Lula e não olham pro lado quando é evidente que o poder está corrompido pelo dinheiro ?
Falta de vergonha não paga imposto. Nesse governo, ninguém paga.
Editado pela última vez por Rood em Sáb Set 11, 2010 8:14 am, em um total de 1 vez.
- suntsé
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Re: Imprensa vendida
Existe uma grande diferença de contexto meu caro, no contexto norte americano o país tinha sido atacado por terroristas (3 mil mortos).Rood escreveu:Postura pro-brasil, como a postura pro-America que o presidente Bush e os neocons exigiram da imprensa americana depois de 11 de Setembro.
Ainda mais, o que critiquei a sima é que os meios de comunicação tem opiniões muito perecidas, pricipalmente em se tratando de questões estratégico/militares.
Nos EUA, pelo menos eu percebo que existes diferenças de opinião de um veiculo de midia para o outro. Assim as pessoas podem julgar diferentes visões.
No post-acima eu não defendi uma postura de patriotismo sego no meios de comunicação. E nem o controle do mesmo, e nenhum tipo de cerciamento, apenas deixei minhas impressões.
Uma postura patriotica-cega pode ser tão prejudicial quanto uma postura sega-entreguista como eu vejo hoje.
Com todo o respeito, eu acho que você esta totalmente equivocado. Em varias seções do forum o que não faltão são inumeras criticas ao governo LULA e também a todas as vertentes politicas. Na Televisão e nos jornais o que não faltão são artigos criticando dicisões do governo lula e de varios outros partidos.Rood escreveu: É perigoso quando numa democracia se tenta capar a oposição.
Entre os métodos mais utilizados está a acusação de falta de patriotismo.
A seguir vai ter passeata como na Venezuela pedido a cessão das licenças da rede globo e de todos os que tiverem coragem de levantar a voz contra os corruptos, contra os ladrões e os mentirosos desse governo.
E não venham com desculpa de que há mentiroso em todo o lado, claro que há. Só não vejo tantas criticas aos mentirosos, aos ladrões e aos corruptos, quando estão na chapa da Dilma, e nos mensalões do Lula.
Só se fala da imprensa vendida que é contra o governo ?
Porque ninguém aqui fala da TV mais suja do Brasil, a que conseguiu ajudar a eleição do vice-presidente da chapa do Lula e que é paga com o dinheiro das doações dos fieis da igreja do criminoso Macedo ?
Você fala como se todos os lados todos se derramasem em elogios aos governo, o que não é a realidade. Quando a emprenssa denunciou o esquema do mensalão, foi benefico ao Brasil, porque a evolução desses esquemas seria prejudicial a democracia.
- Luiz Bastos
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Re: Imprensa vendida
Galera.
Ideologias a parte, o que me deixa mais p*to com esta imprensa nojenta e vendida é que ela tenta difundir inverdades mudando autoria de fatos. Pombas. Ninguém é cego. Todo mundo se lembra que ha alguns anos atras estava uma tremenda zona com a galera recebendo apenas para comer arroz com feijão e tomar banho frio porque não tinha dinheiro pra nada. Hoje pegamos indicadores sérios que atestam que as coisas melhoraram, inclusive com reportagens de jornais e revistas estrangeiros e a nossa mídia(Pig) se esconde embaixo da mesa pra não ter que falar sobre o obvio. Naquele episodio sórdido do acordo com o Ira, todo mundo aqui(Mídia Pig(falada e escrita e televisada)) sentou o pau no molusco 24 horas por dia quando os traíras americanos, europeus e asiaticos não aceitaram o acordo conseguido no ira. Claro que não aceitariam pois tentaram meses a fio e nada arrumaram, como um paraíba analfabeto da A.Latrina iria conseguir? Eles não sabiam que aquele paraíba estava cansado de dar na cara da direita entreguista brasileira.(Até a Míriam Pig (Ex-Leitão) andou saindo com a cara amarrotada algumas vezes) Todo mundo virou as costas pro molusco, mas quando ele esfregou a carta do Obama na cara da imprensa mundial transformando o governo americano (nobel da paz) no maior traíra internacional, traição esta comparável ao acordo de não agressão assinado por Alemanha nazista e Rússia em 1939, não vi nenhum gesto de solidariedade com o nosso presidente pela nossa imprensa vendida. Ficou o dito pelo não dito. Apenas a imprensa internacional, apos o episodio da carta, passou a dar razão ao molusco.
Por mais que a oposição não goste, o molusco tem 80% de aprovação no Brasil e uns 60 no resto do mundo. Com um candidato mediócre destes, senil e mal humorado, que frequentemente arruma rusgas com a imprensa, vai ser difícil o presidente não fazer sua sucessora.
A coisa está tão ridícula que recentemente eu vi o candidato do PSDB dar um esporro num jornalista e depois de saber que ele era da "Globo", meteu o rabo entre as pernas e pediu desculpas. É ser muito calhorda. O Brasil avançou. O molusco pegou o barco em "Marcha lenta" e deu "Maquina a toda força avante". Agora uma minoria incompetente quer voltar ao que era antes porque está pegando fila em aeroportos, cinemas e shopings em função das classes desfavorecidas em outros tempos estarem na sua frente nas filas, façam-me o favor. Fui
Ideologias a parte, o que me deixa mais p*to com esta imprensa nojenta e vendida é que ela tenta difundir inverdades mudando autoria de fatos. Pombas. Ninguém é cego. Todo mundo se lembra que ha alguns anos atras estava uma tremenda zona com a galera recebendo apenas para comer arroz com feijão e tomar banho frio porque não tinha dinheiro pra nada. Hoje pegamos indicadores sérios que atestam que as coisas melhoraram, inclusive com reportagens de jornais e revistas estrangeiros e a nossa mídia(Pig) se esconde embaixo da mesa pra não ter que falar sobre o obvio. Naquele episodio sórdido do acordo com o Ira, todo mundo aqui(Mídia Pig(falada e escrita e televisada)) sentou o pau no molusco 24 horas por dia quando os traíras americanos, europeus e asiaticos não aceitaram o acordo conseguido no ira. Claro que não aceitariam pois tentaram meses a fio e nada arrumaram, como um paraíba analfabeto da A.Latrina iria conseguir? Eles não sabiam que aquele paraíba estava cansado de dar na cara da direita entreguista brasileira.(Até a Míriam Pig (Ex-Leitão) andou saindo com a cara amarrotada algumas vezes) Todo mundo virou as costas pro molusco, mas quando ele esfregou a carta do Obama na cara da imprensa mundial transformando o governo americano (nobel da paz) no maior traíra internacional, traição esta comparável ao acordo de não agressão assinado por Alemanha nazista e Rússia em 1939, não vi nenhum gesto de solidariedade com o nosso presidente pela nossa imprensa vendida. Ficou o dito pelo não dito. Apenas a imprensa internacional, apos o episodio da carta, passou a dar razão ao molusco.
Por mais que a oposição não goste, o molusco tem 80% de aprovação no Brasil e uns 60 no resto do mundo. Com um candidato mediócre destes, senil e mal humorado, que frequentemente arruma rusgas com a imprensa, vai ser difícil o presidente não fazer sua sucessora.
A coisa está tão ridícula que recentemente eu vi o candidato do PSDB dar um esporro num jornalista e depois de saber que ele era da "Globo", meteu o rabo entre as pernas e pediu desculpas. É ser muito calhorda. O Brasil avançou. O molusco pegou o barco em "Marcha lenta" e deu "Maquina a toda força avante". Agora uma minoria incompetente quer voltar ao que era antes porque está pegando fila em aeroportos, cinemas e shopings em função das classes desfavorecidas em outros tempos estarem na sua frente nas filas, façam-me o favor. Fui
Re: Imprensa vendida
parabens, o texto esta perfeito esta é a realidade do BrasilGustavoB escreveu:Nos últimos meses ficou mais fácil detectar e entender como a mídia brasileira está decadente, basta acompanhar o noticiário sobre os acordos com a França, compra de submarinos e, mais recentemente, sobre o F-X2. A manipulação da informação para atingir objetivos outros, particulares ou de grupos políticos - e, inevitavelmente, econômicos -, é uma constante nos nossos jornais, revistas e tvs. Os grandes grupos fazem isso e os menores fazem eco.
Como sei que aqui existem muitos profissionais da área e vejo críticas em vários tópicos, resolvi abrir esse específico para, além de baixar o pau quando for o caso, fazer uma análise da cobertura jornalística brasileira em geral. A ideia veio com esse lúcido texto de Emir Sader onde ele fala de Honduras, preconceito e, claro, política. Vale a pena conferir.
29 de Setembro de 2009 - 20h45
Emir Sader: O que é bom para o Lula, é ruim para o Brasil?
A mídia mercantil (melhor do que privada) tem um critério: o que for bom para o Lula, deve ser propagado como ruim para o Brasil. A reunião de mandatários sulamericanos em Bariloche – que o povo brasileiro não pôde ver, salvo pela Telesul, e teve que aceitar as versões da mídia – foi julgada não na perspectiva de um acordo de paz para a região, mas na ótica de se o Lula saiu fortalecido ou não.
por Emir Sader,
no Blog do Emir
O golpe militar e a ditadura em Honduras (chamados de “governo de fato”, expressão similar à de “ditabranda”) são julgados na ótica não de se ação brasileira favorece o que a comunidade internacional unanimemente pede – o retorno do presidente eleito, Mel Zelaya -, mas de saber se o governo brasileiro e Lula se fortalecem ou não. Danem-se a democracia e o povo hondurenho.
A mesma atitude têm essa mídia comercial e venal diante da possibilidade do Brasil sediar as Olimpíadas. Primeiro, tentaram ridicularizar a proposta brasileira, a audácia destes terceiromundistas de concorrer com Tóquio, com Madri, com Chicago de Obama e Michelle. Depois passaram a centrar as matérias nas supostas irregularidades que se cometeriam com os recursos, quando viram – mesmo sem destacar nos seus noticiários – que o Rio tinha passado de azarão e um dos favoritos, graças à excelente apresentação da proposta e ao apoio total do governo. Agora se preparam para, caso o Rio de Janeiro não seja escolhido, anunciar que se gastou muito dinheiro, se viajou muito, para nada. Torcem por Chicago ou outra sede qualquer, que não o Rio, porque acreditam que seria uma vitória de Lula, não do Brasil.
São pequenos, mesquinhos, só vêem pela frente as eleições do ano que vem, quando tentarão ter de novo um governo com que voltarão a ter as relações promíscuas que sempre tiveram com os governos, especialmente com os 8 anos de FHC. Não existe o Brasil, só os interesses menores, de que fazem parte as 4 famílias – Frias, Marinho, Civitas, Mesquita – que pretendem falar em nome do povo brasileiro.
O povo brasileiro vive melhor com as políticas sociais do governo Lula? Danem-se as condições de vida do povo. Interessa a popularidade que isso dá ao governo Lula e as dificuldades que representa para uma eventual vitória da oposição. A imagem do Brasil no exterior nunca foi melhor? A mídia ranzinza e agourenta não reflete isso, porque representa também a extraordinária imagem de Lula pelo mundo afora, em contraposição à de FHC, e isto é bom para o Brasil, mas ruim para a oposição.
O que querem para o Brasil? Um Estado fraco, frágil diante das investidas do capital especulativo internacional, que provocou três crises no governo FHC? Um país sem defesa ou dependente do armamento norteamericano, como ocorreu sempre? Menos gastos sociais e menos impostos para ter menos políticas sociais e menos direitos do povo atendidos? Um povo sem auto estima, envergonhado de viver em um país que eles pintam como um país fracassado, com complexo de inferioridade diante das “potências”, que provocaram a maior crise econômica mundial em 80 anos, que é superada pelos países emergentes, enquanto eles seguem na recessão?
São expressões das elites brancas, ricas, de setores da classe média alta egoísta, que odeia o povo e o Brasil e odeia Lula por isso. Adoram quem se opõem a Lula – Heloísa Helena, Marina, Micheletti -, não importa o que digam e representem. Sua obsessão é derrotar Lula nas eleições de 2010. O resto, que se dane: o povo brasileiro, o país, a situação de vida da população pobre, da imagem do país no mundo, da economia e do desenvolvimento econômico do Brasil.
O que é bom para o Lula é ruim para eles e tentam fazer passar que é ruim para o Brasil. É ruim para eles, as minorias, os 5% de rejeição do governo, mas é muito bom para os 82% de apoio ao Lula.