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Re: Guerra das Malvinas

Enviado: Sex Mar 30, 2012 8:41 am
por Strider
suntsé escreveu:
Strider escreveu:Acho que a próxima guerra das Malvinas em 2042 será muito emocionante:

2 NAes classe Queen Elizabeth c/ +100 F-35 Vs 100 Sukhoi T-50+400 BrahMos.

[007] [008] [017] [014] [019]

É arranca rabo pra acabar ninguém botar defeito :mrgreen:
Do jeito que os argentinos não perdem uma oportunidade de cheirar a bunda dos EUA, é capaz de serem só armas americanas nessa guerra.
Você se esqueceu de que os EUA são aliados do Reino Unido e este jamais deixaria o Tio Sam vender nem sequer um F-4 usado para os hermanos. Já os sucessores do tio putim, não se curva aos pedidos da Rainha :mrgreen:

Re: Guerra das Malvinas

Enviado: Sex Mar 30, 2012 11:37 am
por Marino
Veja Online             
Com a guerra das Malvinas, Londres ganhou um novo status militar
Danny KEMP


29/3/2012 - 13h11

O Reino Unido, ex-grande potência marítima, endossou um novo papel internacional com a Guerra das Malvinas em 1982, ao retomar rapidamente a posse das ilhas do Atlântico Sul disputada com Buenos Aires, de acordo com especialistas.

A vitória britânica sobre as tropas argentinas, após 74 dias, deu mais peso ao Reino Unido em nível internacional, após um período de declínio seguido da Segunda Guerra Mundial, marcado pela queda de um império que englobava um terço do planeta.

O Reino Unido terá em 2018 um segundo porta-aviões, que será equipado até 2020 com aeronaves stealth F-35. Enquanto isso, o governo britânico tem que compartilhar um porta-aviões com a França... país que a Royal Navy derrotou na batalha de Trafalgar em 1805.

Estas restrições orçamentárias mascaram o fato de o Reino Unido ter que gastar 239 milhões de euros (317 milhões de dólares) por ano somente para manter o transporte aéreo e marítimo para as Malvinas, localizada a cerca de 13.000 quilômetros de Londres, e para uma nova base militar dotada de caças.

"Longe de ser a última vitória de uma potência em declínio, as Malvinas despertaram a crença de que o Reino Unido pode ser ainda uma força militar e diplomática maior", disse à AFP o especialista em geopolítica, Klaus Dodds.

"Se você observar o que o Reino Unido fez depois das Falklands (nome dado às Malvinas pelos britânicos) - em Bósnia, Iraque, Afeganistão, Líbia - muitas intervenções ocorreram", graças à confiança conquistada com a vitória nas Malvinas, acrescenta este professor da Royal Holloway University de Londres.

A guerra das Malvinas impulsionou uma onda de patriotismo no Reino Unido, ansioso por uma lembrança de séculos de dominação naval e um antídoto para uma série de derrotas militares, entre elas a crise do Canal de Suez em 1956.

Ainda hoje, a lembrança do conflito das Malvinas está muito viva, em um momento de tensão, após a reação despertada entre os ex-oficiais pelos recentes cortes no orçamento da defesa. Segundo esses ex-militares, o país pode não ser mais capaz de defender seus últimos interesses marítimos.

Esta política de austeridade pode ser traduzida pela reforma de caças Harrier e do único porta-aviões britânico plenamente operacional, o HMS Ark Royal. Um símbolo: o primeiro navio da Marinha Real com este nome que infligiu uma derrota humilhante na Armada Espanhola, em 1588.

O Reino Unido teria, de fato, pouca dificuldade em responder a uma possível invasão das Malvinas, acreditam os especialistas, enquanto as relações entre Londres e Buenos Aires esquentam com a aproximação do trigésimo aniversário do conflito.

Para Michael Clarke, diretor geral da Royal United Services Institute, em Londres, a Argentina tem um atraso de 80 a 100 anos em relação ao Reino Unido no plano militar, e a sua melhor arma é a opinião pública internacional.

"A Argentina se beneficia de uma solidariedade crescente com suas reivindicações" sobre as Malvinas e "da oposição a uma ex-potência imperial, parceira natural dos Estados Unidos", afirma Clarke.

"Quando os dois porta-aviões (do Reino Unido) entrarem em serviço, o país será novamente a segunda potência naval do mundo, depois dos Estados Unidos", acrescenta Andrew Lambert, professor de história naval no King's College London.

O Reino Unido tem que focar na Marinha, o país é insular, insiste. "Nós produzimos cerca de 35% de nossa comida, cerca de 25% de nossa energia e tudo chega pelo mar. Se não pudermos utilizar o mar, morreremos de fome até o fim de semana e a eletricidade vai se apagar rapidamente".

Re: Guerra das Malvinas

Enviado: Sex Mar 30, 2012 12:17 pm
por alcmartin
Seguindo sua sugestao, Marino, estou lendo "Guerra no Mar", aquele compendio dos maiores episodios da guerra naval. Acabei de ler a parte da "Invencivel Armada". E é incrível como as liçoes obtidas pela guerra sao esquecidas, vira e mexe no decorrer da historia... :?
Algumas vezes o destino dá tempo de consertar, outras...vamos ver como ficará, no futuro, essa historia na nossa vizinhança. :)

abs!!

Re: Guerra das Malvinas

Enviado: Sex Mar 30, 2012 3:26 pm
por mmatuso
Strider escreveu:Acho que a próxima guerra das Malvinas em 2042 será muito emocionante:

2 NAes classe Queen Elizabeth c/ +100 F-35 Vs 100 Sukhoi T-50+400 BrahMos.

[007] [008] [017] [014] [019]

É arranca rabo pra acabar ninguém botar defeito :mrgreen:
Provavelmente se a índia disputar com a inglaterra as Malvinas isso ocorre. rs

Re: Guerra das Malvinas

Enviado: Sáb Mar 31, 2012 12:03 pm
por alcmartin
Parece meio off, mas serve para ilustrar o estilo do governo argentino:
31/03/2012 - 06h50
40 países reclamam à OMC de protecionismo argentino

DE BUENOS AIRES

Um grupo de 40 países, incluindo Estados Unidos, Japão, México, China e membros da União Europeia, apresentou ontem na OMC (Organização Mundial do Comércio) uma denúncia contra as políticas protecionistas da Argentina, informa reportagem de Sylvia Colombo na Folha deste sábado.

A íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL (empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).

"Expressamos em forma conjunta nossa contínua e profunda preocupação diante da aplicação de medidas restritivas ao comércio tomadas pela Argentina, que estão afetando negativamente as exportações de um crescente número de membros da OMC", diz o documento.

O texto critica ainda a "falta de transparência" das autoridades do país e chama a atenção para o fato de que as medidas geram "profunda incerteza" em investidores.

Leia mais na edição da Folha deste sábado.

Assine a Folha
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/10 ... tino.shtml

Re: Guerra das Malvinas

Enviado: Sáb Mar 31, 2012 12:13 pm
por Marino
"Ninguém quer guerra", diz embaixador britânico sobre Malvinas
31 de março de 2012 • 10h00
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Notícia
Infográfico

A costa de Stanley vista a partir do porto, na capital das Ilhas Malvinas
Foto: Reuters

Comentar76
GUSTAVO GANTOIS
Direto de Brasília
Alan Charlton nasceu em Nottingham, a terra de Robin Hood. Da literatura ele diz que não guarda o desejo de roubar dos ricos para dar aos pobres, mas sim o sentimento de justiça. Embaixador do Reino Unido no Brasil desde 2009, Charlton usa do parentesco territorial para preservar o desejo dos habitantes das Ilhas Falklands (ele se recusa a adotar o nome Malvinas) de serem súditos de Sua Majestade Rainha Elizabeth.
Passados 30 anos do conflito que matou 900 pessoas e deixou quase 2 mil feridos, Charlton tem a convicção de que a população local não quer uma nova guerra. "É óbvio que temos uma postura defensiva e estaremos prontos para defender as ilhas. Mas ninguém quer a guerra. Estou absolutamente certo disso. O conflito foi uma tragédia", afirma o embaixador, que esteve em Stanley, capital das Malvinas, em janeiro.
Em entrevista ao Terra, Alan Charlton critica a postura argentina de incentivar o conflito e considera irônica a forma como o governo de Cristina Kirchner quer convencer os habitantes das Malvinas de que o melhor lado é o deles. "Para convencer a população das ilhas de que eles têm uma ligação com Argentina, a abordagem correta seria atraí-los, não punir. É um bullying, praticamente", condena Charlton.
Confira os principais trechos da entrevista:
Como o governo britânico encara o recrudescimento desse conflito?
O conflito foi uma tragédia para todos que morreram, tanto os soldados britânicos, como os argentinos e as pessoas que morreram nas ilhas. Eu visitei as ilhas no final de janeiro e ainda há pessoas com trauma do conflito. Ninguém quer um novo conflito.
Há espaço para o diálogo?
Em 1999, o Reino Unido, a Argentina e as Falklands firmaram um acordo guarda-chuva que envolvia não apenas a questão da soberania, mas do desenvolvimento das ilhas. Era uma abordagem sobre o turismo, sobre a pesca, sobre a economia. A Argentina abandonou essas conversas e não fala mais com o governo das Falklands. Por isso temos uma situação longe da ideal. Seria muito melhor termos uma cooperação. Somos abertos a um diálogo nesses pontos.
A que o senhor atribui essa posição do governo argentino?
Eu ouvi falar muito dos problemas econômicos internos, mas, pessoalmente, não sei. Não sou especialista na política argentina, mas é um retrocesso para a região a volta desse conflito. Os habitantes das ilhas podem contribuir para a região. É uma população pequena, mas interessante, otimista e que quer contribuir. Esse bloqueio econômico, essas cartas ameaçadoras enviadas para companhias que tenham ligações com as Falklands, o bloqueio naval. Tantas medidas nos últimos meses. Naturalmente que as pessoas nas ilhas têm medo. É um bullying, praticamente. Para mim é até um pouco irônico também.
Irônico porque?
Para convencer os habitantes das ilhas de que eles têm alguma ligação com a Argentina, a abordagem correta desse problema seria atrair eles, não punir. Por isso eu acho que o que a Argentina está fazendo vai, com certeza, reforçar a ideia nos habitantes das ilhas que não e possível ver um futuro com a Argentina.
Alguns emissários britânicos chegaram a aventar a possibilidade de permitir à Argentina distribuir panfletos sobre um possível plebiscito nas ilhas. É real essa intenção do Reino Unido?
Há um problema maior que é a constituição da Argentina. A simples ideia das Falklands se tornarem independentes não é possível. Entre a década de 1940 e 1970, vários territórios britânicos tornaram-se independentes. As Ilhas Bermudas, por exemplo, fizeram um plebiscito, mas decidiram não mudar a situação da soberania. O que quero dizer é que um plebiscito não vai mudar as coisas, pelo menos, não do lado argentino. Eu posso imaginar apenas um resultado, que é ficar como as coisas estão. A outra possibilidade é serem independentes, o que nem passa pela cabeça dos argentinos. Por isso não faz muito sentido falar sobre isso como uma solução.
Qual é o estágio atual das negociações?
Não há. Na década de 90 houve a tal declaração conjunta, mas hoje em dia não existe porque a Argentina não mostra interesse em falar sobre cooperação, apenas soberania. Para nós, essa é uma decisão para os habitantes das ilhas. Eu espero que no futuro seja possível falar com o governo argentino sobre essas importantes questões de cooperação. Minha visita me convenceu de um ponto importante. As Falklands têm governo, têm legislativo, judiciário, polícia, departamentos de Estado, têm tudo. Têm orçamento próprio sem apoio do Reino Unido. Nós fazemos as relações exteriores e a defesa, mas todas as outras decisões são para o governo das ilhas. Com isso, qualquer diálogo deve incluir o governo das Falklands. É um modelo que temos em todos os territórios ultramarinos no mundo.
Diante desse quadro, o senhor acredita que possa haver um novo conflito armado?
Eu não sei. Pessoalmente, espero que a continuação de nossa postura defensiva nas ilhas vai contribuir num pensamento do lado argentino de que não vale a pena fazer isso. Nós aprendemos, por causa do conflito, que é necessário continuar com a presença militar. Temos soldados, aeronaves e navios da marinha britânica. Não é uma presença muito grande, isso custa menos de 0,5% do orçamento da defesa do Reino Unido. Não é uma coisa enorme, mas esperamos que seja suficiente para mostrar à Argentina que temos uma posição de defesa clara nas ilhas. Por isso espero que não vá acontecer isso.
Efetivamente, o interesse argentino é político, econômico ou apenas uma questão de orgulho?
No que diz respeito a energia, há reservas enormes de gás na Argentina. Nas Falklands há petróleo, mas a quantidade ainda não foi mensurada. Acho que a Argentina já tem muitas possibilidades de desenvolver mais energia, mas não sei se a política deles, no momento, vai atrair investimentos de companhias multinacionais que possam ajudar na exploração dessas reservas. Infelizmente não tenho respostas sobre a política interna da Argentina.
O jornal The Guardian publicou uma pesquisa recentemente em que mais de 60% dos britânicos aprovam uma nova guerra para manter a soberania sobre as Malvinas. Essa é também uma postura oficial?
É obvio que temos uma postura defensiva e estaremos prontos para defender as ilhas. Mas ninguém quer a guerra. Eu estou absolutamente certo disso. Ninguém, nem do lado argentino, nem britânico, nem das Falklands quer. O conflito foi uma tragédia. No domingo antes dessa pesquisa, o Sunday Times publicou um caderno especial sobre o conflito envolvendo os três lados. A conclusão de todos é essa: foi uma coisa terrível e não queremos repetir isso.
O Brasil pode, de alguma forma, intermediar essa questão?
Eu acho que intermediar não ajuda porque nossa posição é clara. Não vamos negociar sobre a soberania. Queremos falar sobre cooperação. Temos um relacionamento com o Brasil que cresceu muito nos útimos anos. Os dois lados querem que essa relação continue crescendo. Conhecemos a posição do governo brasileiro e eles conhecem a nossa posição. Não é um problema, mas não sei como o Brasil pode ajudar nisso. É uma decisão para o governo argentino tomar, de mudar sua política que, na minha opinião, não vai ajudar em nada. Nós temos um relacionamento muito antigo com a Argentina, desde os primeiros momentos da república. Para mim é uma tristeza que não tenhamos um relacionamento melhor.
O senhor esteve recentemente nas ilhas. Qual é a sensação da população local?
Eles têm um pouco de medo, não sabem o que vai acontecer. Há uma ameaça em relação a conexão aérea entre o Chile e as Falklands. Eles até podem viver sem isso, mas é muito difícil porque a Argentina não permite voos charter para lá. A incerteza é grande, mas há também uma grande firmeza. As pessoas com as quais falei têm um otimismo em relação ao futuro. Eles acreditam que a economia das ilhas está numa boa situação. Há superávit e uma reserva que eles podem viver dela por alguns anos, se necessário. Eles acreditam na posição do governo britânico de que vamos continuar apoiando e defendendo. O que eles gostariam é de mais contato com os países da região. Eles gostam das visitas dos turistas. Esse contato com o exterior resultou em 62 nacionalidades nas ilhas, entre elas uma brasileira.

Re: Guerra das Malvinas

Enviado: Sáb Mar 31, 2012 12:50 pm
por Túlio
Como os Argies já ocuparam mesmo buena parte do RS, bem que podiam NOS mandar tomar aquelas ilhotas. Daí iriam Gaúchos DE VERDADE, não arremedos castelhanos. A gente botava a Inglesada para correr na base do facão, garrucha e boleadeira, só não podia ir Portoalegrense que é um Pelotense de cidade grande. Depois até lhes entregávamos 'las islas'...desde que nos devolvessem nosso Estado que está sob ocupação, com a complacência dos Pica-Paus (antes de me acusarem de estar dizendo palavrão, leiam sobre os Farrapos)... :twisted: :twisted: :twisted: :twisted:

Re: Guerra das Malvinas

Enviado: Dom Abr 01, 2012 10:53 am
por Marino
Correio Braziliense             
MUNDO
A guerra não acabou
Três décadas após o início do conflito pelo arquipélago, a Argentina acusa o Reino Unido de enviar um submarino ao Atlântico Sul. Cristina Kirchner busca apoio regional para reconquistar a soberania d
Carolina Vicentin


A Argentina lembra, amanhã, os 30 anos do último conflito armado no qual o país esteve envolvido. Em 2 de abril de 1982, os primeiros soldados chegaram às Malvinas, com a ingrata missão de retomar o controle do arquipélago, nas mãos dos britânicos desde o século 19. Derrotados em 74 dias, os argentinos passaram a carregar uma cicatriz, que voltou a sangrar nos últimos meses. Em um imenso esforço diplomático, a presidente Cristina Kirchner tem aumentado a retórica para a retomada das discussões sobre a soberania das ilhas — o arquipélago esconde preciosas reservas de petróleo e de gás natural. O Reino Unido também recomeçou a batalha e fez questão de demonstrar que ainda é uma potência militar.

A última cartada do jogo veio dos argentinos, que acusaram os britânicos de terem enviado um submarino nuclear à região. O vice-primeiro-ministro, Nick Clegg, rebateu as acusações, classificando-as de "sem fundamentos". "Como meu colega da Argentina sabe, nós ratificamos o Protocolo da Zona Desnuclearizada", afirmou Clegg, durante a 2ª Cúpula de Segurança Nuclear, em Seul, esta semana. "Verdade ou não, a mera possibilidade do envio de um submarino à região é um sinal claro do que os ingleses querem dizer: a Argentina não é páreo para o poderio militar do Reino Unido", afirma Mark Jones, um estudioso de questões latino-americanas na Universidade de Rice, no Texas.

No contra-ataque, Cristina tem procurado regionalizar o conflito em torno das ilhas. "As Malvinas deixaram de ser uma causa dos argentinos para se tornarem uma causa latino-americana e global", assinalou ela, em um dos eventos que precederam o aniversário da guerra. A mesma opinião é ardentemente defendida por diversos especialistas, argentinos e de outras nações do continente. "O conflito dramatizou a vulnerabilidade dos países latino-americanos, não somente em matéria econômica como também em questões de segurança. Perdemos a guerra, mas não podemos perder seus ensinamentos", aponta Claudio Briceño, um professor venezuelano que estuda as relações entre seu país e a Argentina na Universidade de La Plata.

Os acadêmicos do país vizinho organizam um movimento que pretende consolidar o apoio da população ao pedido do governo pela volta das negociações bilaterais junto à Organização das Nações Unidas (ONU). No site pueblosporlasmalvinas.com, eles reúnem artigos que explicam, na visão argentina, a importância da defesa da soberania do arquipélago. "Buscamos que, a cada dia, mais cidadãos do mundo estejam conscientes da importância futura do vetor Malvinas/Antártida para o nosso desenvolvimento e prosperidade futuros", explica Juan Recce, diretor do Centro Argentino de Estudos Internacionais e um dos idealizadores da iniciativa.

A Argentina reclama a soberania do território, como parte do que foi herdado com a independência dos espanhóis. Já os britânicos se recusam a negociar e usam o princípio da autodeterminação dos povos para justificar a permanência por lá. Segundo eles, os 3 mil habitantes do arquipélago querem continuar sendo britânicos.

LimitaçõesSem um acordo sobre o diálogo, a presidente Cristina Kirchner segue fazendo o que pode para que outros líderes mundiais deem apoio à causa. E ela já conseguiu importantes vitórias, como o suporte dos países do Mercosul e da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). Os países concordaram em restringir a navegação de embarcações com bandeiras Falkland (o nome inglês das ilhas), como forma de atrapalhar a vida dos britânicos. No entanto, a estratégia é limitada. "A Argentina está vencendo a batalha global de relações públicas, conseguindo um apoio que só tende a crescer. No entanto, os aliados não vão tomar mais do que medidas simbólicas nessa briga. Ninguém quer prejudicar suas relações bilaterais com o Reino Unido e, em última instância, com a União Europeia", aponta o professor Mark Jones.

Além disso, a Inglaterra é membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o que dá a seus representantes o poder de veto diante de qualquer resolução que prejudique o país. De mãos atadas na via diplomática, restaria, em tese, um novo conflito armado — algo proibido pela nova Constituição elaborada pelo governo de Cristina Kirchner. E, mesmo que quisessem, os argentinos não entrariam em guerra contra os ingleses. Desde o fim da ditadura militar, não houve investimentos do Exército argentino, que não teria chances em uma eventual batalha contra a moderna Força Aérea Real inglesa.

Re: Guerra das Malvinas

Enviado: Dom Abr 01, 2012 11:23 am
por Marino
Laço argentino com Moscou pôs Brasil em alerta durante Guerra das
Malvinas
De acordo com documentos confidenciais obtidos pelo "Estado", militares brasileiros temiam que
Buenos Aires recorresse à União Soviética
Marcelo de Moraes, de Brasília
BRASÍLIA - Trinta anos depois da Guerra das Malvinas, documentos secretos mostram que o
governo militar brasileiro temia que o conflito entre Argentina e Grã-Bretanha abrisse as portas do
continente para a influência comunista da União Soviética e até mesmo acelerasse o programa nuclear
argentino.
Papéis confidenciais guardados no Arquivo Nacional, em Brasília, aos quais o Estado teve
acesso, revelam que o Brasil monitorou diariamente o andamento da crise entre os dois países. Os
militares brasileiros, porém, tiveram especial preocupação com a ajuda que a então União Soviética
poderia prestar aos argentinos como contraponto à aliança da Grã-Bretanha com os EUA.
O documento de número 350, produzido pelo Centro de Informações da Marinha (Cenimar), de
19 de abril de 1982 e classificado como secreto, revela que a inteligência brasileira soube que os
soviéticos teriam se comprometido a repassar uma carga de 100 quilos de urânio enriquecido aos
argentinos. O relatório não informa o grau de enriquecimento do material. "Obteve-se informe de que, em
cumprimento a negociações secretas anteriores, a União Soviética comprometeu-se a entregar à
Argentina 100 quilos de urânio enriquecido para seu programa nuclear, tendo sido assinado em Buenos
Aires um convênio entre a Comissão Nacional de Energia Atômica e a Teschmabexport (entidade
soviética de comércio exterior)."
Segundo o mesmo documento, os soviéticos teriam elaborado uma espécie de operação com
outros países de seu grupo de influência, como Cuba, Angola e Líbia, para poder repassar armas aos
argentinos de forma indireta, sem chamar a atenção da comunidade internacional.
O avião que levava o embaixador de Cuba em Buenos Aires chegou a ser interceptado quando
sobrevoou o espaço aéreo brasileiro. O documento do Cenimar faz referência ao episódio citando ainda
a participação do líder cubano Fidel Castro e de seu colega líbio Muamar Kadafi na suposta operação de
ajuda militar para a Argentina.
"Há indícios de que militares soviéticos se encontram em Buenos Aires auxiliando a Marinha
argentina a levantar dados sobre a força-tarefa britânica que foi deslocada para a área das Malvinas. Os
soviéticos solicitaram a Kadafi que a Líbia fornecesse à Argentina aviões e mísseis de procedência russa
para que a URSS não aparecesse sozinha como responsável pelo fornecimento de armas", diz o
documento.
"O embaixador cubano em Buenos Aires, cujo avião foi interceptado no espaço aéreo brasileiro,
foi portador de uma mensagem de Fidel Castro aos argentinos em que, em nome do governo de Angola,
oferece as bases aéreas angolanas como escala operacional para manter uma ponte aérea entre a Líbia
e a Argentina", acrescenta o relatório.
Acompanhamento. Durante o conflito, o governo brasileiro manteve uma espécie de diário de
acompanhamento da Guerra das Malvinas. São pouco mais de 50 informes, que monitoram a evolução
do conflito. Mal abastecido de informações, os oficiais brasileiros tinham dificuldade em receber dados
precisos e atualizados, mas o temor de que a URSS se aproveitasse da guerra para aumentar a
influência sobre os argentinos volta a ser registrado abertamente.
"A União Soviética, dentro de sua estratégia expansionista, procurará tirar os maiores proveitos
da atual disputa anglo-argentina. Assim, o divulgado oferecimento de ajuda à Argentina, por parte da
URSS, poderia ter como objetivo criar dificuldades para uma solução que mantenha a unidade do bloco
ocidental", cita o Sumário Diário de Informações número 04, produzido pelo Estado-Maior do Exército
em 7 de abril de 1982 e classificado como confidencial.
Em 12 de abril, outro relatório aponta essa preocupação. "Em virtude da posição adotada pelos
países da Comunidade Europeia, bem como a dos países da América Latina, a Argentina, sentindo-se
isolada no contexto internacional, poderá buscar uma maior aproximação com os países do bloco
comunista, em particular com União Soviética e Cuba. Este fato causa preocupação a setores militares
argentinos, que lamentam a posição que vem sendo assumida pelos EUA", diz o documento, também
classificado como secreto.
A preocupação chega ao seu auge em 16 de abril, quando o relatório dos militares brasileiros diz
que "as declarações do presidente Leopoldo Galtieri de que a Argentina irá até as últimas consequências
podem significar a disposição de aceitar a ajuda soviética, no caso de não chegar a uma solução por via
diplomática".
Influência
No Sumário Diário número 04, a inteligência do Exército avalia a tentativa de soviéticos e
americanos de influenciar o conflito. "O controle do Atlântico Sul é de fundamental importância, tanto
para os países do bloco ocidental como para os soviéticos e seus aliados. Por essa razão, as duas
superpotências não poderiam estar ausentes dos acontecimentos que envolvem Argentina e Grã-
Bretanha", afirmam os militares brasileiros.

Re: Guerra das Malvinas

Enviado: Dom Abr 01, 2012 11:24 am
por Marino
Brasil no fogo cruzado
30 ANOS GUERRA DAS MALVINAS
A disputa pela soberania das Ilhas Malvinas opõe, desde 1833, britânicos e argentinos. A
desavença histórica, resquício colonial, teve seu ápice 30 anos atrás, quando no dia 2 de abril de
1982 a Argentina invadiu o arquipélago e retomou o território, desencadeando a Guerra das
Malvinas. O Brasil não foi à luta, mas, por questões geopolíticas, respirou os 74 dias de conflito.
Nesta série de reportagens que começa hoje e vai até terça-feira, a participação brasileira e as
escalas da guerra no Recife.
Wagner Sarmento
A Guerra das Malvinas colocou o Brasil numa encruzilhada diplomática. Por um lado, o governo
militar de João Baptista de Oliveira Figueiredo não cogitava se indispor com a vizinha Argentina, com
quem as relações haviam se normalizado após anos de tensões. Era igualmente inconcebível, no
entanto, causar qualquer mal-estar com o Reino Unido, credor brasileiro e uma das principais peças no
xadrez internacional em plena Guerra Fria. A saída brasileira foi adotar uma posição de neutralidade.
Imparcial, mas nem tanto: documentos, relatos e análises postos à tona 30 anos depois desvelam um
favorecimento tênue à Argentina, muito pelo fato de o Brasil reconhecer, desde o período imperial, a
soberania do país sobre as Malvinas, chamadas de Falklands pelos ingleses.
“O Brasil reconhece os direitos da Argentina sobre as Malvinas desde 1833, quando, informado o
governo imperial pelo de Buenos Aires da ocupação das ilhas pela Inglaterra pela Força, instruiu seu
ministro plenipotenciário em Londres a apoiar o protesto que faria o representante argentino junto à corte
de St. James. Por outro lado, o Brasil sempre propugnava a solução de conflitos por meios pacíficos,
diplomáticos, e fazia votos para que, mesmo na situação presente, prevalecessem negociações
políticas.” As palavras do diplomata baiano Ramiro Saraiva Guerreiro no livro Lembranças de um
empregado do Itamaraty, lançado 20 anos atrás, dão o tom da postura brasileira sobre uma questão que,
nos dias atuais, ainda se arrasta e ganha novos componentes.
Saraiva Guerreiro era o ministro das Relações Exteriores de Figueiredo durante a guerra e foi o
artífice da “neutralidade imperfeita” praticada pelo Brasil, segundo o cientista político e historiador Luiz
Alberto de Vianna Moniz Bandeira, professor titular aposentado de história da política exterior do Brasil
na Universidade de Brasília (UnB), cônsul honorário do Brasil em Heidelberg, na Alemanha, e autor de
mais de 20 livros, entre os quais Brasil, Argentina e Estados Unidos – da Tríplice Aliança ao Mercosul,
que trata do conflito.
No último mandato de um presidente militar e em processo de redemocratização, o Brasil
saboreava a harmonização das relações com a Argentina após a assinatura, em 19 de outubro de 1979,
do tratado tripartite – entre os dois países e o Paraguai –, conhecido como Acordo de Aproveitamento
Hidrelétrico de Itaipu e Corpus, para aproveitamento dos recursos hidráulicos no trecho do Rio Paraná
desde o município de Sete Quedas (MS) até a foz do Rio da Prata. No ano seguinte, Figueiredo fez visita
histórica ao ditador Jorge Rafael Videla em Buenos Aires, a primeira viagem de um presidente brasileiro
à nação vizinha desde 1935. O momento pedia um alinhamento brasileiro ao pleito argentino. Peru,
Bolívia e Venezuela já haviam declarado seu apoio.
Uma série de fatores, porém, impediu o alinhamento expresso de Brasília. O primeiro deles é que
o Brasil, com sua tradição pacífica, não concordava com investidas armadas como forma de solucionar
litígios, e foi a ditadura argentina que deu início ao conflito, ao invadir as Ilhas Malvinas em 2 de abril de
1982, esperando que o Reino Unido não se importasse com a perda de territórios remotos. O regime
militar argentino estava decadente e mergulhado em problemas econômicos e sociais: a pobreza havia
quintuplicado, a inflação chegava a 90% ao ano, o déficit fiscal era de mais de 20%, o PIB havia caído
quase 12% e somente no mês anterior à ocupação das Malvinas houve cinco grandes manifestações
contra o governo do general Leopoldo Fortunato Galtieri, todas reprimidas. Recuperar as ilhas seria uma
forma de sepultar o descontentamento geral e dar sobrevida à ditadura.
A cúpula militar brasileira chegou a cogitar invocar o Tratado Interamericano de Assistência
Recíproca (Tiar), também conhecido como Tratado do Rio, firmado em 1947, e se alinhar militarmente ao
país vizinho. “Mas o Itamaraty ponderou que o ataque partira da Argentina, e não do Reino Unido”,
lembra Moniz Bandeira. O regime militar, então, desistiu da ideia.
O Brasil também se manteve neutro por uma questão estratégica. Afundado em uma dívida
externa de US$ 70 bilhões, o País não podia arranhar suas relações com os protagonistas da economia
mundial: se opor aos britânicos significaria desagradar os Estados Unidos, que em 30 de abril daquele
ano anunciaram apoio ao Reino Unido, seu parceiro de Guerra Fria. O governo brasileiro já tinha
aborrecido os americanos ao adotar medidas protecionistas de mercado, numa tentativa de reagir frente
a crise da dívida.
“O governo brasileiro teve uma atitude ambivalente. Deu apoio à Argentina, não há dúvida
alguma nisso, mas também ajudou os ingleses. Havia muita coisa em jogo de ambos os lados. O Brasil
teve uma postura inteligente e pragmática, que foi bem aceita por ambos os lados e fez com que o Brasil
não saísse perdendo, nem com um, nem com outro”, analisa Amado Luiz Cervo, professor de história
das relações internacionais da UnB e autor do livro Relações internacionais da América Latina: velhos e
novos paradigmas.
A declarada neutralidade, entretanto, ficou no discurso. Na prática, observou-se um
posicionamento favorável à Argentina no decorrer do conflito. Um dos maiores pesquisadores sobre o
assunto, Moniz Bandeira diz que a Força Aérea Brasileira (FAB) cedeu ao vizinho, “sob a forma de
leasing”, dois aviões de patrulha EMB-111, da Embraer, estacionados na base Aérea de Santa Catarina.
“Foram pintados com as cores da Argentina e pilotados por oficiais brasileiros em seus voos de
rastreamento sobre o Atlântico Sul, acompanhados por oficiais argentinos, uma vez que não havia tempo
suficiente para treiná-los”, relata, em entrevista por e-mail. O treinamento, acrescenta, durava de um a
dois anos.
Moniz Bandeira também cita que o Brasil vendeu obuseiros (espécie de canhão) e peças de fuzil.
Ressalta ainda que, conforme o general Octávio Aguiar de Medeiros, chefe do Sistema Nacional de
Informações (SNI), Figueiredo determinou ao então ministro da Aeronáutica, Délio Jardim de Matos, o
fornecimento à Argentina de 12 a 14 caças do tipo Xavante, os primeiros fabricados pelo Brasil. “O Brasil
só não forneceu foguetes do Sistema Balístico Ar-Terra (SBAT-70) de 2,75 polegadas, tanques e outros
apetrechos bélicos porque o conflito logo terminou com a vitória do Reino Unido”, pontua. O governo
britânico ainda pressionou o brasileiro, acusando o regime militar de vender mísseis AM39 Exocet à
Argentina, o que o Brasil negou.
No dia 20 de maio de 1982, o chanceler Saraiva Guerreiro enviou telegrama secreto urgente para
a embaixada brasileira em Washington, no qual justificava a posição do governo Figueiredo. “Ante um
conflito tão grave, os brasileiros têm de pensar e agir segundo uma perspectiva histórica – e assim tem
feito o governo – não apenas no dia de hoje ou de amanhã, mas em termos de longo prazo, em daqui a
10 ou 20 anos, no que será a região em que desejamos viver no futuro, uma região em que o Brasil e
seus vizinhos tenham um relacionamento descontraído e sem ressentimentos”, escreveu.
Relato de Saraiva Guerreiro feito três anos depois, em 26 de março de 1985, e extraído do
Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (Cpdoc), da Fundação
Getúlio Vargas (FGV), reForça o ziguezague diplomático do Brasil: “O desenrolar da questão criou para
nós uma grande angústia, porque nós não tínhamos nenhum problema com o Reino Unido e tínhamos
todos os interesses, por todos os motivos, de preservar uma relação que se tinha formado nos últimos
anos com a Argentina muito especial, muito aberta. Todo aquele esforço que fora feito podia perder-se
bestamente por causa de um incidente sobre o qual não podíamos ter controle”.

Re: Guerra das Malvinas

Enviado: Dom Abr 01, 2012 11:26 am
por Marino
EDITORIAL
Cristina recorre à tática do 'inimigo externo'
A Argentina está hoje muito melhor que em 1982, quando o general Leopoldo Gualtieri, líder de
uma feroz e desgastada ditadura, decidiu investir no sentimento nacionalista e tirou do baú uma guerra
contra a Grã-Bretanha pela posse das ilhas Malvinas/Falklands. A ditadura, no fundo, não acreditava que
Londres fosse lutar pelas ilhas, mas cometeu um erro terrível, que custou a vida a 650 soldados
argentinos e 255 britânicos. Os ingleses retomaram o território, em seu poder desde 1833, e a ditadura,
desmoralizada, caiu no ano seguinte.
Amanhã, completam-se 30 anos da invasão das ilhas pela Argentina. Os tempos são outros, mas
a política do país vizinho, mesmo na democracia, não perde o cacoete de recorrer ao "inimigo externo"
para camuflar problemas domésticos. É o que ocorre com a presidente Cristina Kirchner. A Argentina
cresce, ajudada pela valorização das commodities agrícolas de exportação, mas seu governo perde
credibilidade diante da falta de um projeto nacional, do estilo casuístico de administrar, da venda de uma
imagem que não corresponde à realidade. Se a inflação sobe, faz-se uma intervenção no instituto
nacional de estatísticas e muda-se o índice; se a imprensa noticia erros e escândalos no governo,
punem-se os veículos de comunicação com perseguição implacável; se as contas nacionais não fecham,
nomeia-se um feitor para bloquear importações, inclusive de países do Mercosul, como o Brasil.
A Argentina apresentou à ONU uma queixa contra o que chamou de militarização britânica do
Atlântico Sul, depois que Londres anunciou planos de enviar um navio de guerra às águas territoriais das
Malvinas. E conseguiu, em dezembro, que o Mercosul passasse a impedir que barcos com bandeira das
ilhas atraquem em seus portos. Em recente cúpula sobre segurança nuclear, em Seul, o chanceler
argentino, Héctor Timerman, acusou a Grã-Bretanha de enviar um submarino capaz de transportar
armas nucleares ao Atlântico Sul, o que levou o representante britânico na reunião, o vice-premier Nick
Clegg, a um veemente desmentido.
A busca de petróleo por empresas britânicas nas águas territoriais das Malvinas concorre para
acirrar os ânimos. Uma delas descobriu uma área com reservas de 350 milhões de barris, as quais
pretende explorar a partir de 2016. Enquanto isso, Cristina Kirchner denuncia que os ingleses estão
"depredando nossos recursos naturais, nosso petróleo, nossa pesca."
O caminho do confronto, típico do modo kirchnerista de governar, não levará a nada. A posição
tradicional da Grã-Bretanha em relação às ilhas é só dialogar sobre soberania se assim o desejarem os
cerca de 3 mil habitantes das Malvinas, que sempre manifestam a vontade de continuar sob domínio
britânico.
O truque do inimigo externo só dá resultado num primeiro momento. Logo, a realidade se impõe,
como no caso da dura derrota sofrida pelos argentinos em 1982. Em relação aos problemas internos, o
mais indicado é investir na governança para enfrentá-los e, na medida do possível, resolvê-los. Não
adianta empurrá-los para as águas geladas do Atlântico Sul.

Re: Guerra das Malvinas

Enviado: Dom Abr 01, 2012 11:33 am
por Marino
Novas trincheiras de um velho conflito
Nos 30 anos da Guerra das Malvinas, jovens argentinos mantêm interesse vivo enquanto britânicos pouco se engajam
Janaína Figueiredo
BUENOS AIRES e LONDRES.
A roteirista e dramaturga argentina Mariana Mazover tinha apenas 4 anos quando seu país decidiu recuperar as Ilhas Malvinas à força. Um dos soldados convocados pelo governo militar foi seu tio, Sergio Mazover, que sobreviveu à guerra, mas, como muitos companheiros entre 18 e 20 anos que estiveram no campo de batalha, enfrentou sérias dificuldades para retomar a vida no continente. Apesar de não ter muitas lembranças do conflito, Mariana - que acaba de estrear um peça sobre as Malvinas - fala sobre o episódio e a disputa pela posse das ilhas com o mesmo conhecimento e convicção de pessoas que eram adultas na época.
Já no outro lado do Atlântico, Neil Coile, um bebê de 4 meses no agora longínquo 2 de abril de 1982, tem sentimentos opostos. Para o professor inglês de 30 anos, as Falklands - como seus compatriotas chamam as ilhas - foram alvo de uma luta de interesses puramente econômicos. Assim sendo, o conflito não lhe desperta qualquer emoção nacionalista. Trinta anos após a breve guerra que custou a vida a 649 argentinos e 258 britânicos, os jovens dos dois lados estão de novo em trincheiras opostas, só que desta vez nos sentimentos em relação ao tema. Se para os argentinos as Malvinas são uma questão presente, para os britânicos são, via de regra, um assunto tão distante quanto o arquipélago, situado a um oceano de distância.
Com o gosto amargo da derrota trazido de volta por datas como a de amanhã - quando celebram-se 30 anos em que o mundo foi surpreendido pela invasão argentina nas ilhas, ocupadas pela Inglaterra nos anos 1830 - Mariana não é uma exceção em seu país. Segundo recentes pesquisas, a questão Malvinas está muito presente entre os jovens argentinos, que, em sua grande maioria, respaldam a política cada vez mais ofensiva e o discurso inflamado da presidente Cristina Kirchner, que quer reabrir a discussão da posse do território. De acordo com estudo divulgado pela empresa de consultoria Fara e Associados, 62% dos jovens argentinos até 30 anos concordam com a estratégia da Casa Rosada para tentar retomar as negociações com o Reino Unido.
- As Malvinas são uma causa nacional, e muitos jovens se sentem identificados com o discurso de Cristina - explicou o analista político Carlos Fara ao GLOBO.
No caso de Mariana, a guerra deixou feridas que continuam abertas em sua família e o passado trágico tem clara influência em sua opinião presente. Os problemas psicológicos enfrentados por seu tio, que como muitos soldados voltou desnutrido e emocionalmente fragilizado das Malvinas, levaram a roteirista a ler vários textos sobre a guerra e, finalmente, escrever uma peça de teatro ("Pedras dentro da pedra") baseada em "Los Pichiciegos" de Rodolfo Fogwill, um dos livros sobre Malvinas mais lido pelos argentinos.
- Os jovens devem acompanhar o discurso do governo, mas não sem refletir, interrogar e aprofundar seu conhecimento sobre Malvinas - disse Mariana.
Para ela, as ilhas e, principalmente, seus recursos naturais devem ser argentinos.
- O ideal seria encontrar uma fórmula para recuperarmos o que é nosso, e eles (os moradores das Malvinas) manterem sua identidade - pondera a roteirista, que considera a via diplomática como a única possível para resolver o conflito.
Federico Siboldi nasceu oito anos depois da guerra para a qual seu pai foi enviado poucas semanas antes de completar 19 anos. Após a rendição, alguns dias como prisioneiro dos ingleses e uma volta à Argentina que terminou sendo dramática para os soldados e suas famílias, Sergio Siboldi e a mulher decidiram rumar para o extremo Sul do país e recomeçar longe de Buenos Aires, onde muitas as portas se fecharam aos veteranos.
- Cresci participando de desfiles em homenagem às vítimas da guerra - conta Federico, que se mudou para Buenos Aires há três anos para estudar Fisioterapia.
Para ele, "é uma grande alegria ver como hoje o assunto Malvinas está presente na mídia", despertando o interesse de muitas pessoas.
- Gosto da estratégia deste governo, o primeiro a dar atenção aos veteranos das Malvinas - disse Federico, que como muitos outros jovens nascidos após a guerra considera "óbvio" que as ilhas devam ser argentinas.
Com ele faz coro o universitário Juan Monte, de 22 anos.
- Eles (os ingleses) nos atacaram primeiro. Concordo plenamente com a posição do governo: temos de defender o que é nosso - disse Juan.
Tema fora do dia a dia
A milhares de quilômetros de distância, a paixão argentina pelas Malvinas cede lugar à fleuma britânica sobre as Falklands. Sentado no Aeroporto de Gatwick, ao sul de Londres, o professor Neil Coile responde preguiçosamente a uma pergunta sobre o arquipélago no Atlântico Sul.
- Não é o tipo de conversa que está no nosso dia a dia - desinteressa-se este legítimo representante da "geração Falklands". - Mas, se você seguir o dinheiro, vai encontrar as razões para estarmos hoje discutindo esse conflito. É tudo sobre petróleo e nada mais.
Relaxando num pub de um dia de trabalho na capital britânica, a guia turística Clare Birchenhough reforça a indiferença de Coile, mal querendo devotar alguns minutos ao tema.
- Para ser honesta, não acho que as pessoas liguem muito para esse conflito com a Argentina. As ilhas ficam tão distantes daqui e isso tudo me soa tão antigo, tão imperialista... Vamos deixar as pessoas viverem em paz - encerra.
Mas a atitude dos dois não chega a ser uma unanimidade total entre os jovens súditos da rainha. Aos 31 anos, Nick Harris cresceu com o debate da guerra dentro de casa. Ele é filho de sir Richard Francis, chefe do serviço noticioso da BBC durante o conflito.
- Meu pai é o autor da frase "a viúva de Buenos Aires não é diferente da viúva de Portsmouth", que gerou muita raiva da imprensa de direita na época. É o tipo de sentimento humanista que é abandonado e tratado como uma heresia quando nações estão em conflito - diz Harris. - Acho que ele estava absolutamente certo: no mundo moderno, em que estamos mais conectados do que nunca, deveríamos ser capazes de resolver essas diferenças sem termos de matar para isso. Infelizmente, acho que hoje, como em 1982, soluções pacíficas não são tão eficazes para períodos eleitorais.
Para a biomédica Jenny Henson, embora a soberania britânica sobre o arquipélago deva ser respeitada, a palavra final cabe aos habitantes locais.
- Qualquer decisão deve ser discutida pelos habitantes das ilhas.
Diplomacia cada vez mais agressiva
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Escalada mobiliza, pela primeira vez, outros países da América Latina
BUENOS AIRES.
A questão Malvinas não ocupou lugar central na agenda política dos Kirchner em seus primeiros anos no poder. Até o início de 2010, a política da Casa Rosada limitou-se, basicamente, a continuar defendendo a soberania argentina das ilhas em discursos internos e foros internacionais como a Assembleia Geral da ONU. Mas a decisão de companhias petrolíferas britânicas de iniciar operações na região, há dois anos, marcou uma escalada diplomática . Emergiu, então, uma Argentina cada vez mais agressiva, que ameaçou entrar na Justiça contra as empresas envolvidas na extração.
A troca de farpas entre a presidente argentina, Cristina Kirchner, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, teve várias rodadas. Só recentemente, porém, a disputa mobilizou, pela primeira vez, outros países da América Latina. Os membros da União Sul-Americana de Nações (Unasul) assinaram uma resolução proibindo barcos malvinenses de atracar em seus portos - iniciativa que surpreendeu e irritou profundamente o governo de Londres. No início do mês, foi a vez de o presidente peruano, Ollanta Humala, suspender a visita da fragata britânica Montrose a Lima, reforçando o clima de solidariedade regional à Argentina.
A embaixada britânica divulgou uma nota oficial na qual referiu-se à medida como "pouco amistosa e decepcionante".
- Nosso país não é satélite nem colônia de ninguém, não aceitamos imposições - respondeu o presidente peruano.
Cristina também fez questão de rebater. Reforçando a hostilidade, ela se disse "orgulhosa do povo e do governo peruano". (J.F.)

Re: Guerra das Malvinas

Enviado: Dom Abr 01, 2012 11:34 am
por Marino
'Tática de Cristina leva país a beco sem saída'
Para cientista político, os planos da presidente para tentar reaver as Malvinas só estão aprofundando os ressentimentos dos ilhéus
ARIEL PALACIOS, CORRESPONDENTE / BUENOS AIRES - O Estado de S.Paulo
"A estratégia do governo da presidente Cristina Kirchner para reaver as Ilhas Malvinas aprofunda o ressentimento dos ilhéus com a Argentina. Sua posição é cada vez mais rígida e desprovida de alternativas. É um beco sem saída". A frase é de Vicente Palermo, sociólogo e cientista político, pesquisador do Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas (Conicet), membro da Associação Brasileira de Ciência Política e autor de Sal nas Feridas, obra que analisa o simbolismo das Malvinas na sociedade argentina. A seguir, entrevista concedida ao Estado por Palermo, que integra um recém-criado grupo de 17 intelectuais de prestígio que pedem uma revisão da política da presidente Cristina sobre o disputado arquipélago.
Nas escolas, desde a primária, semanalmente as crianças aprendem que "as Malvinas são argentinas". Qual é o peso simbólico das ilhas hoje no imaginário coletivo argentino?
Antes de 1982, a coisa era muito mais "light", pois não havia ocorrido a guerra. Mas a derrota no conflito do Atlântico Sul deixou uma marca dura no ego. E isso provocou a ideia de uma perda, que talvez seja definitiva. Acho que o argentino médio atual não destina muita atenção ao tema, felizmente, apesar das convicções nacionalistas do governo. Mas muitos argentinos consideram que os direitos de nosso país sobre as Ilhas Malvinas são inquestionáveis e a presença britânica no arquipélago é colonialismo.
Diversos historiadores afirmam que a junta militar, em caso de sucesso nas Malvinas, tinha planos para uma guerra com o Chile....
Sim, com certeza, o próximo alvo teria sido o Chile. Vários setores muito importantes pensavam que nossa capacidade militar era elevada...
Quais as chances de a Argentina recuperar as ilhas?
Considero que fica cada vez mais complicada uma eventual recuperação das ilhas. A estratégia atual de pressão não favorece. Se o governo pretende recuperar as ilhas desse jeito, está perdido. Os kelpers se aferrarão mais ainda aos britânicos. E estes, por seu lado, também afirmam-se mais em sua posição de não entregar as ilhas e seus habitantes. Mas se o governo não puder conseguir as Malvinas, a segunda opção é a de definir os britânicos como os inimigos permanentes.
O respaldo dos países latino-americanos nos esforços do governo argentino para reaver as ilhas possui um efeito prático?
Não terá efeito prático na negociação com a Grã-Bretanha. Acontece que a faixa de negociação de Buenos Aires com Londres é muito estreita. Ou melhor: a Argentina simplesmente não coloca nada na mesa de negociações e somente diz que quer a soberania plena das Ilhas Malvinas. E, por isso, Londres não vai ceder. Além disso, essas pressões sobre a Grã-Bretanha complicam as relações dos outros países sul-americanos com o governo de Londres. E a ideia de uma "soberania compartilhada" parece inverossímil.
O governo Kirchner argumenta que os ilhéus não contam nestas negociações porque são uma comunidade "transplantada"...
Existem dois artifícios entre os preferidos da ortodoxia argentina quando o assunto são os ilhéus. O primeiro é um jogo de números que pergunta qual a relevância de 3 mil pessoas diante de 40 milhões (população da Argentina). Mas acho que mais importante do que isso é que os ilhéus possuem identidade.
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Cenário
Base militar britânica custa caro, é tediosa, mas muito poderosa
Roberto Godoy
É do alto que se vê melhor as facilidades da base aeronaval de Mount Pleasant, revela o oficial da reserva D.W., um ex-integrante da tropa britânica nas ilhas. "Depois de voar dez horas ou mais desde a Ilha da Ascensão, nos limites do Atlântico Norte, é um alívio ver a pista de pouso, uma faixa preta de mais 3 mil metros, riscada na pedra, cercada de prédios e luzes", conta. O problema, diz, "é que a vida nas Falklands é tediosa, limitada ao trabalho, à cervejaria, ao alojamento ou à igreja - para não beber demais, entrar em depressão ou virar místico, a única opção é trabalhar duro".
O núcleo militar foi criado em 1982, apenas três dias depois do cessar-fogo, pela ex-primeira-ministra Margaret Thatcher. Em 2007, quando o conjunto ficou pronto, o investimento chegava a US$ 523 milhões. O custo de manutenção dos serviços é de US$ 3,9 milhões semanais. As instalações abrigam, além de 1.650 soldados de elite, 4 caças Typhoon, mais 2 aviões de inteligência e de reabastecimento em voo. De quebra, há lugar também para um destróier lançador de mísseis e um submarino nuclear. As forças da Argentina estão desequipadas, passados 30 anos desde o conflito. A aeronáutica não consegue cumprir uma programação de voos de vigilância até o limite do arquipélago e tem poucos aviões de combate - 30 unidades, talvez, prontas para uso. Todas com cerca de 30 anos.

Re: Guerra das Malvinas

Enviado: Dom Abr 01, 2012 11:36 am
por Marino
Militares temiam novas disputas com vizinho
Documento elaborado após a guerra mostra que Brasil temia reivindicação sobre Itaipu e outras questões fronteiriças
BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
O documento confidencial do governo brasileiro chamado "Conclusões e Ensinamentos" alerta para a possibilidade de o governo argentino reabrir pendências diplomáticas com o Brasil, mesmo depois do fracasso na Guerra das Malvinas. "Devemos estar preparados para, eventualmente, vermos reabertos, sem aparentes motivos, a questão de Itaipu e até antigos litígios de fronteiras considerados há muito tempo superados".
O mesmo documento aponta outro problema sério, na avaliação dos militares brasileiros: a falta de equipamentos de guerra e de tecnologia de informações precisas. Os militares reclamam da falta de satélites para usar numa situação semelhante e da falta de armas mais poderosas.
"Em circunstâncias semelhantes, dispondo apenas de mísseis de defesa de ponto e aeronaves com base em terra, nossas forças navais seriam, certamente, presas fáceis para o inimigo", diz o documento
Os militares entenderam também que a atuação estratégica dos submarinos britânicos no conflito mostrava que o Brasil deveria ampliar sua frota desse tipo de embarcação.
"Os submarinos britânicos mostraram-se de grande importância durante toda a crise, limitando a operação da esquadra argentina às águas de reduzida profundidade e garantindo o bloqueio das ilhas. Tal fato parece um argumento a favor de uma força de submarinos mais numerosa e atuante", diz o documento.
Sobre o uso de infantaria, os brasileiros citam o sucesso da utilização de soldados com grande capacidade profissional pelos britânicos. "Nas ações terrestres, vimos a superioridade do combatente profissional frente ao recruta. Esse é um argumento extremamente favorável ao emprego do nosso corpo de Fuzileiros Navais, no caso de crises semelhantes".
Outra lição que os militares brasileiros tiraram é sobre a dependência de armamentos dos argentinos. "A grande dependência de armamento e munição alienígenas apresentada pelas forças argentinas foi um fato decisivo para sua derrota. Essa experiência vivida pelo nosso vizinho vem corroborar a filosofia correta de nacionalização de armamento que o país vem desenvolvendo. Nota-se, no entanto, que a participação da indústria nacional ainda é incipiente no tocante a equipamentos eletrônicos e mísseis como ocorre na Argentina". / M.M.

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Invasão argentina surpreendeu governo brasileiro
Regime militar reclamou por não ter sido avisado de ataque feito pelo governo vizinho e evitou melindrar britânicos e argentinos
MARCELO DE MORAES, BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
O governo brasileiro não foi informado previamente pelos argentinos sobre a decisão de ocupar as Malvinas. Documentos das Forças Armadas brasileiras, que fazem um balanço do choque, mostram a insatisfação pelo governo do general João Baptista Figueiredo por só ficar sabendo da invasão apenas pela imprensa.
"O governo argentino não participou previamente sua intenção ou ação de ocupar as ilhas. Tampouco notificou o governo brasileiro de forma privilegiada sobre as operações militares de 2 de abril de 1982, tão logo estas foram desencadeadas", constata o informe produzido pela inteligência do Exército Brasileiro, que faz parte do acervo de documentos sigilosos do Conselho de Segurança Nacional. "O governo brasileiro tomou conhecimento do assunto por meio do noticiário da imprensa e das declarações públicas de autoridades argentinas", acrescenta o informe.
A reclamação dos militares brasileiros é que, pela proximidade e pela parceria com o vizinho (que também tinha um governo militar), deveria ter havido um aviso prévio. Na época, Figueiredo chegou a se queixar a outros integrantes do governo e até mesmo em um encontro com o então presidente do EUA, Ronald Reagan, e com o seu secretário de Estado, Alexander Haig.
Foi o próprio general brasileiro que tomou a iniciativa de procurar o presidente e general argentino Leopoldo Galtieri para se informar sobre a situação do conflito. Apesar de admitirem que, depois do episódio, o relacionamento com os argentinos tinha melhorado, os militares brasileiros reclamam que "ainda persistia um clima de desconfiança em certas áreas do relacionamento bilateral".
"Como exemplo, pode-se citar os campos de material de emprego militar, indústria aeroespacial, indústria naval e serviços de engenharia. Nesses campos, a penetração brasileira tem sido basicamente vedada, não obstante a Argentina ter recorrido a fontes extracontinentais para o fornecimento de itens que poderiam ter sido feito pelo Brasil em condições vantajosas", avaliaram os militares.
Os brasileiros passaram todo o período de conflito receosos de como agir para não melindrar argentinos e britânicos, parceiros importantes. Na informação número 3, de 5 de abril de 1982, feita pela inteligência do Exército, os analistas brasileiros admitiam que a busca desse equilíbrio seria um trabalho complicado.
"Diante da hipótese de um pedido da força-tarefa da Grã-Bretanha para reabastecer em portos brasileiros, a recusa pura e simples seria interpretada como apoio à intervenção armada argentina, o que não corresponde à realidade, mas poderia sujeitar o Brasil às ameaças de sanções econômicas da Grã-Bretanha e mesmo da Comunidade Europeia", afirma o texto. "Caso, entretanto, o Brasil venha a aquiescer, estaria aberta a porta para uma confrontação por todos os meios indesejáveis com o país vizinho", acrescenta o documento.
O choque militar iminente entre Argentina e Grã-Bretanha colocou em prontidão a diplomacia brasileira por todo o continente. Um dos principais centros de atenção foi o Peru, cujo governo chegou a propor uma trégua entre os dois países. O mesmo governo, porém, deixou vazar para os diplomatas do Brasil a possibilidade de apoio militar à Argentina.
Telegrama enviado pelo adido do Exército Brasileiro em Lima, no dia 12 de abril, e carimbado como secreto, informa que o presidente peruano Fernando Belaúnde Terry propusera uma trégua de 72 horas. Nesse período, os peruanos defendiam que os representantes do governo americano buscassem um acordo político para encontrar uma "solução honrosa e pacífica".
Em outro telegrama do mesmo dia, também classificado como secreto e acrescido de um "urgentíssimo", a tese do apoio militar, desde que chancelada pelo presidente Belaúnde e pelo Congresso peruano, seria uma retribuição pelo apoio argentino à independência do Peru.

Re: Guerra das Malvinas

Enviado: Dom Abr 01, 2012 11:53 am
por marcelo l.
http://www.estadao.com.br/noticias/inte ... 5998,0.htm

BUENOS AIRES - O almirante Jorge Isaac Anaya, um dos três membros da junta militar argentina em 1982, pretendia "levar a Guerra das Malvinas à Europa". No início do conflito, ele elaborou alternativas para que a Argentina ganhasse a guerra sem entrar em combate direto no Atlântico Sul. O plano consistia em afundar navios rivais em Gibraltar, base britânica no sul da Espanha.

A ação, batizada de "Operação Algeciras", teria como base a cidade espanhola vizinha a Gibraltar. A intenção era afundar os navios da Grã-Bretanha sem reivindicar o ataque. Um grupo de ex-guerrilheiros montoneros e militares viajou à Espanha três semanas após a invasão argentina às Malvinas. Os explosivos foram até Madri via mala diplomática. No total, eram duas minas submarinas italianas com 25 quilos de TNT cada uma.

Dali, partiram de carro para o sul da Espanha. No meio do caminho, eles compraram um bote de borracha e fingiriam ser pescadores argentinos em viagem pela costa espanhola. Assim, circulariam pela baía de Algeciras sem levantar suspeitas.


Parte do grupo mergulharia no Mediterrâneo e colocaria as bombas no casco dos navios. O primeiro alvo seria o HMS Ariadne, que estava a ponto de atracar na base no dia 2 de maio, mas o ataque foi suspenso durante algumas horas, já que o presidente do Peru, Belaúnde Terry, propusera um plano de paz para ambos os lados. Anaya ordenou ao grupo que ficasse de sobreaviso, já que uma eventual explosão em Gibraltar poderia colocar a pique um plano de paz que favorecesse a Argentina.


No mesmo dia, o cruzador argentino General Belgrano foi afundado pelo submarino britânico HSM Conqueror fora da área de guerra. Anaya ordenou ao grupo que prosseguisse com a missão.


Os argentinos não conseguiram nem mesmo subir no bote. No dia 3 de maio, chamaram a atenção do delegado espanhol Miguel Catalán pelos gastos excessivos com dinheiro em espécie no hotel. O delegado considerou que eram "mal-encarados" e deduziu que deveriam ser narcotraficantes. Quando os deteve, depois de verificar que os passaportes eram falsos, o policial descobriu os explosivos.


Na delegacia, o chefe da missão, o capitão Rosales, pediu ao delegado um minuto a sós. Quando ficaram sozinhos no escritório, disse ao espanhol: "Sou oficial da Marinha argentina. Estou em uma missão secreta". O delegado riu: "Se você é um marinheiro argentino, eu sou sobrinho do papa".


Os trâmites para a detenção do grupo eram lentos e burocráticos. Cansados, os argentinos propuseram aos policiais espanhóis que todos almoçassem juntos. À mesa, o grupo revelou a missão. O delegado espanhol respondeu: "Que pena que você não me disse isso antes! Se soubesse que afundariam um navio britânico os teria deixado livres. Eles nos roubaram Gibraltar".