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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Sáb Nov 13, 2010 10:36 am
por Marino
Visão global
Roger Cohen
Perigosa ilusão nuclear dos EUA
Obama erra ao defender um mundo sem armas atômicas, uma prova de fraqueza e má compreensão da política

Um mundo sem armas nucleares soa bonito, mas - é claro - foi esse o mundo que nos trouxe a 1.ª Guerra e a 2.ª Guerra. Se esse som te agrada, o coro sentimental da iniciativa "Global Zero" é provavelmente para você.
Eu sou um otimista, em geral, mas um pessimista quando se trata de países se afastando da defesa de seus interesses. Humanos, e não Estados, têm consciência. O compromisso do presidente Barack Obama em seu discurso de 2009 em Praga de "buscar a paz e a segurança num mundo sem armas nucleares" expressou um belo sentimento, mas foi um erro político.
A ideia caiu bem para os noruegueses, que deram a Obama um Prêmio Nobel da Paz que ele não devia ter aceitado. Mas esse botão da paz futura murchou mais rapidamente do que uma flor na noite escandinava. (Um presidente neófito deveria questionar se um prêmio Nobel é de alguma forma comprometedor - além de examinar seus méritos, que foram duvidosos.)
Houve dois lados na adoção por Obama do preceito de um mundo sem armas nucleares. O primeiro foi a "visão", como sua subsecretária de política de Defesa, Michèle Flournoy, a descreveu recentemente no Halifax International Security Forum. Foi uma forma de idealismo utópico, como Obama meio que reconheceu ao dizer que ele "talvez" não veria o fim das armas nucleares durante sua vida. Visões são bonitas - Marx tinha uma das sociedades clássicas. Elas também podem ser perigosas. Helmut Schmidt, ex-chanceler alemão, observou que as pessoas que as tinham deviam consultar um médico.
O perigo foi que Obama, pouco após assumir, seria percebido como fraco ou irrealista por rivais como a China ou inimigos como o Irã, a despeito de seu compromisso, pois "essas armas existem" para "manter um arsenal garantido, seguro e eficaz para dissuadir qualquer adversário". Essa percepção de fraqueza se estabeleceu, reforçada por sua abordagem de seminário acadêmico de um reforço das tropas no Afeganistão, agora a sete meses de ser revertido.
O segundo aspecto da "visão" nuclear foi estratégico. A ideia era que isso daria aos EUA moral para persuadir países a reduzir seus arsenais ou abandonar suas ambições nucleares. O aspecto mais perigoso do mundo no século 21 é a capacidade potencial de grupos cada vez menores provocarem danos cada vez maiores.
Tolice. Na Europa, o resultado foi ambíguo. Flournoy reconheceu que "o exemplo que os EUA estabelecem provavelmente não terá impacto direto no Irã ou Coreia do Norte". A China continua perseguindo a expansão e refinamento de seu arsenal nuclear. A França, com sua amada "force de frappe", sempre foi publicamente cética e privadamente desdenhosa. Seu acordo com a Grã-Bretanha foi interessante pela inclusão da cooperação nuclear e pela declaração do premiê David Cameron de que "conservaremos sempre um dissuasor nuclear independente". Notem o "sempre".
Só com a Rússia houve um avanço. Um novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Start, na sigla em inglês) foi assinado no início do ano e está à espera de uma ratificação pelo Senado americano. Ele reduziria os arsenais americano e russo para seu nível mais baixo em meio século. Ele é compatível com as necessidades de defesa dos EUA e deve ser ratificado.
O Japão talvez deixe mais claro por que a iniciativa "Global Zero" é uma ideia natimorta. Como o país de Hiroshima, sempre defendeu o desarmamento. Como o país que enfrenta testes nucelares norte-coreanos e do arsenal chinês, pendura-se no guarda-chuva nuclear americano. O idealismo não o manterá seguro.
Obama não pode renunciar à "Global Zero". Seria tolice. Mas devia fingir que nunca disse isso. / TRADUÇÃO DE CELSO M. PACIORNIK
É COLUNISTA DO "NEW YORK TIMES"

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Sáb Nov 13, 2010 1:31 pm
por LeandroGCard
Marino escreveu:Visão global
Roger Cohen
Perigosa ilusão nuclear dos EUA
Obama erra ao defender um mundo sem armas atômicas, uma prova de fraqueza e má compreensão da política

Um mundo sem armas nucleares soa bonito, mas - é claro - foi esse o mundo que nos trouxe a 1.ª Guerra e a 2.ª Guerra. Se esse som te agrada, o coro sentimental da iniciativa "Global Zero" é provavelmente para você.
Eu sou um otimista, em geral, mas um pessimista quando se trata de países se afastando da defesa de seus interesses. Humanos, e não Estados, têm consciência. O compromisso do presidente Barack Obama em seu discurso de 2009 em Praga de "buscar a paz e a segurança num mundo sem armas nucleares" expressou um belo sentimento, mas foi um erro político.
A ideia caiu bem para os noruegueses, que deram a Obama um Prêmio Nobel da Paz que ele não devia ter aceitado. Mas esse botão da paz futura murchou mais rapidamente do que uma flor na noite escandinava. (Um presidente neófito deveria questionar se um prêmio Nobel é de alguma forma comprometedor - além de examinar seus méritos, que foram duvidosos.)
Houve dois lados na adoção por Obama do preceito de um mundo sem armas nucleares. O primeiro foi a "visão", como sua subsecretária de política de Defesa, Michèle Flournoy, a descreveu recentemente no Halifax International Security Forum. Foi uma forma de idealismo utópico, como Obama meio que reconheceu ao dizer que ele "talvez" não veria o fim das armas nucleares durante sua vida. Visões são bonitas - Marx tinha uma das sociedades clássicas. Elas também podem ser perigosas. Helmut Schmidt, ex-chanceler alemão, observou que as pessoas que as tinham deviam consultar um médico.
O perigo foi que Obama, pouco após assumir, seria percebido como fraco ou irrealista por rivais como a China ou inimigos como o Irã, a despeito de seu compromisso, pois "essas armas existem" para "manter um arsenal garantido, seguro e eficaz para dissuadir qualquer adversário". Essa percepção de fraqueza se estabeleceu, reforçada por sua abordagem de seminário acadêmico de um reforço das tropas no Afeganistão, agora a sete meses de ser revertido.
O segundo aspecto da "visão" nuclear foi estratégico. A ideia era que isso daria aos EUA moral para persuadir países a reduzir seus arsenais ou abandonar suas ambições nucleares. O aspecto mais perigoso do mundo no século 21 é a capacidade potencial de grupos cada vez menores provocarem danos cada vez maiores.
Tolice. Na Europa, o resultado foi ambíguo. Flournoy reconheceu que "o exemplo que os EUA estabelecem provavelmente não terá impacto direto no Irã ou Coreia do Norte". A China continua perseguindo a expansão e refinamento de seu arsenal nuclear. A França, com sua amada "force de frappe", sempre foi publicamente cética e privadamente desdenhosa. Seu acordo com a Grã-Bretanha foi interessante pela inclusão da cooperação nuclear e pela declaração do premiê David Cameron de que "conservaremos sempre um dissuasor nuclear independente". Notem o "sempre".
Só com a Rússia houve um avanço. Um novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Start, na sigla em inglês) foi assinado no início do ano e está à espera de uma ratificação pelo Senado americano. Ele reduziria os arsenais americano e russo para seu nível mais baixo em meio século. Ele é compatível com as necessidades de defesa dos EUA e deve ser ratificado.
O Japão talvez deixe mais claro por que a iniciativa "Global Zero" é uma ideia natimorta. Como o país de Hiroshima, sempre defendeu o desarmamento. Como o país que enfrenta testes nucelares norte-coreanos e do arsenal chinês, pendura-se no guarda-chuva nuclear americano. O idealismo não o manterá seguro.
Obama não pode renunciar à "Global Zero". Seria tolice. Mas devia fingir que nunca disse isso. / TRADUÇÃO DE CELSO M. PACIORNIK
É COLUNISTA DO "NEW YORK TIMES"
Este colunista esquece que enquanto existirem "potências nucleares", não importa o quão responsáveis sejam, não existirá argumento contra a posse de armas nucleares por parte de outras nações que não soe falso. E assim será sempre uma tendência natural que um Irã, uma Argélia, uma Venezuela ou qualquer outro país queiram construir também as suas, o que abriria a caixa de Pandora da proliferação nuclear desenfreada.

Mais bombas nas mãos de mais países com menos responsabilidades aumentariam exponencialmente o risco de alguma ogiva nuclear cair nas mãos de algum grupo como a Al Qaeda ou o Talibã, e os maiores ameaçados neste caso seriam os próprios EUA, e para evitar isso eles terão que cada vez mais tomar medidas de segurança custosas e tolher a liberdade de seus próprios cidadãos para se prevenir de um ataque sub-reptício que seus poderosos arsenais de mísseis e aviões não tem como evitar.

Para garantir sua própria segurança a melhor estratégia para os EUA seria atuar ativamente pelo banimento das armas atômicas e pela eliminação total dos arsenais nucleares de todo o mundo, inclusive o seu próprio. A economia que isto traria permitiria inclusive o incremento da capacidade de guerra convencional dos EUA, aumentando e não diminuindo seu poder.

Mas duas coisas impedirão os EUA de seguir por este caminho: A primeira é o medo e a desconfiança que os americanos sentem com relação ao restante do mundo, que eles tem dificuldade de compreender (e as pessoas temem o que não compreendem). A segunda é a própria arrogância dos americananos, que não abrem mão da capacidade de utilizar a ameaça (inclusive atômica) para forçar outros povos e nações a ceder aos seus interesses e os de seus protegidos. Sem esta capacidade eles se sentiriam nús perante o resto do mundo, e isto eles não vão admitir.



Leandro G. Card

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Sáb Nov 13, 2010 8:18 pm
por varj
Não aguento mais esta conversa de quem pode ou quem não possuir. Exitem milhares de ogivas no mundo,milhares teoricamente desativas mas em segurança, um número desconhecido de desaparecidas, um numero desconhecido de ogivas "secretas"algumas nem tão secreta assim, um gigantesco número de material suficiente para milhares de bombas sujas e por ai vai.Acredito estar na hora de se mudar o discurso.Pois quem quer ter e possui recursos para tal cedo ou tarde possuirá.E quando a possuir a dialética para com aquele país imediatamente muda.Tudo na natureza necessita de equilíbrio e isto os governos mais atuantes parecem não estar perseguindo, no mundo nuclear se este equilíbrio não é atingido o risco se torna demasiadamente pesado.

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Sáb Nov 13, 2010 8:19 pm
por varj
Não aguento mais esta conversa de quem pode ou quem não possuir. Exitem milhares de ogivas no mundo,milhares teoricamente desativas mas em segurança, um número desconhecido de desaparecidas, um numero desconhecido de ogivas "secretas"algumas nem tão secreta assim, um gigantesco número de material suficiente para milhares de bombas sujas e por ai vai.Acredito estar na hora de se mudar o discurso.Pois quem quer ter e possui recursos para tal cedo ou tarde possuirá.E quando a possuir a dialética para com aquele país imediatamente muda.Tudo na natureza necessita de equilíbrio e isto os governos mais atuantes parecem não estar perseguindo, no mundo nuclear se este equilíbrio não é atingido o risco se torna demasiadamente pesado.

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Dom Nov 14, 2010 4:11 pm
por RobertoRS
Ao invés desta política Terceiro Mundista fracassada, acho que deveríamos ter uma política SÉRIA de combate aos arsenais nucleares, mas PRINCIPALMENTE ao Monopólio Nuclear que as atuais potências nucleares mantém.

Como? Com nosso próprio Programa Nuclear MILITAR.

Bem, mas nossos onisciêntes e clarividentes legisladores incluiram cláusula pétra na Constituição que nos proíbe. Um acinte.

Se bem que depois que o Jobim declarou ter incluído artigos "na surdina e sem votação" na Constituição, e à despeito disto nada foi feito, não há mais o que declarar sobre nossa gloriosa Constituição Cidadã.

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qua Nov 17, 2010 12:00 pm
por Marino
O Itamaraty de novo??????????????????????????
Que M de pacto é este, CARACU?
===================================

QUESTÃO NUCLEAR
Itamaraty quer pacto nuclear com japoneses
Acordo está na fase final de negociação
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
O Brasil está na fase final de negociação de um acordo de cooperação nuclear com o Japão, que
deverá envolver troca de informações sobre todo o ciclo de produção de combustível nacional.
Segundo disse ontem, em Washington, o embaixador do Brasil no Japão, Luiz Augusto de Castro
Neves, a negociação está 90% finalizada. Ainda estão sendo acertadas salvaguardas "mais delicadas"
sobre o acesso a dados dos dois países.
A expectativa é que o acordo com o Japão seja mais limitado do que o pacto bilateral que o
Brasil tem na área com a Argentina.
O acordo nuclear com a Argentina é usado como defesa pelo Itamaraty contra as críticas
geradas pela não adesão ao protocolo adicional do Tratado de Não Proliferação Nuclear da ONU.
O protocolo, rejeitado pelo Brasil, prevê maior acesso de inspetores a instalações nucleares. O
país se nega a aderir por acreditar que isso viola a soberania nacional.
No caso argentino, o acordo prevê fiscalização mútua de usinas. As checagens são realizadas
pela Abacc, agência de controle bilateral.

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qua Nov 17, 2010 12:15 pm
por Francoorp
Vamos passar pra eles ou eles a nós, ou os dois... não entendi!!

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qua Nov 17, 2010 12:52 pm
por Túlio
Que eu saiba os japas também têm suas intençõezinhas militares/nucleares ocultas e não vão bem de acordo com as dos EUA, bem na manha estão reconstruindo sua frota, pesquisando caças e UAVs/UCAVs, a desculpa é sempre a China mas vai que nessa a gente até sai GANHANDO alguma kôza... :twisted: 8-]

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qua Nov 17, 2010 3:17 pm
por Boss
O que esse acordo teria de ruim ?

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qua Nov 17, 2010 3:43 pm
por Francoorp
Boss escreveu:O que esse acordo teria de ruim ?
Ou até de bom mesmo, eu pelo menos ainda não entendi nada.

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qua Nov 17, 2010 3:45 pm
por brisa
A Argentina tem um acordo com os japas tambem.

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qua Nov 17, 2010 5:40 pm
por Túlio
Eu também estou boiando, bem que o nosso véio CMG poderia explicar melhor sua posição... :? :?:

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qua Nov 17, 2010 5:46 pm
por Marino
Ouvi pela primeira vez sobre este acordo com o Japão por esta notícia de jornal.
Estou tão por fora quantos todos aqui.

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qua Nov 17, 2010 6:08 pm
por EDSON
Pela notícia vamos abrir nossas tecnologias e vamos receber exatamente o que em troca?

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qua Nov 17, 2010 6:11 pm
por Sterrius
tb nao entendi, mas claramente a noticia deu informação pela metade ao dar nossa proposta mas pelo visto não forneceram a proposta japonesa.