ABULDOG74 escreveu:Clermont escreveu:
Os Fuzileiros Navais americanos dizem que "Dor é Igual a Aprendizado", por isso gostam muito deste conceito de "Simunition".
Agora, uma coisa interessante é se, algum dia, poderia surgir alguma coisa parecida que simulasse o impacto de granadas de mão, de morteiros e de artilharia, que são as grandes matadoras, pelo menos, num campo de batalha convencional, já que a luta antiinsurgência é outra história.
No CFN a similação é feita com um colete de corpo, fita de capacete e um LAZER que é acoplado na ponta das armas(com regulagem de precisão inclusive) chamada STILL; que melhorou sobremaneira os treinamentos; principalmente na questão conduta e vejo com muito otimismo a entrada do airsoft e paintbal nas forças armadas ara melhorar a conduta individual do combatente.
ADSUMUS.
Em Portugal nós temos um sistema semelhante chamado SITPUL (Simulador de Tiro Laser para Armas de Tiro Tenso).
Já agora deixo um artigo sobre isso mesmo:
A simulação de tiro e as suas diferentes aplicações
Cap Inf Ricardo Camilo
A Escola Prática de Infantaria (EPI) constitui-se como uma unidade com elevada responsabilidade na área do conhecimento de tiro, por várias razões. A primeira, a institucional, porque no Exército é a entidade técnica responsável pelo tiro, ao nível da formação específica, ministra o Curso de Tiro a oficiais e sargentos, habilitando-os a desempenhar as funções de oficial e sargento de tiro, a ministrar formação e treino de tiro e a planear o treino de tiro. A formação dos sargentos e oficiais de infantaria, com um programa de formação bastante intenso e exigente na área do tiro, porque serão estes os futuros comandantes das pequenas unidades de infantaria, os pelotões e as secções de atiradores, e por último mas não menos importante, porque historicamente o tiro sempre foi e continuará a ser uma área do conhecimento fundamental na formação e no treino de todos os soldados de infantaria.
A EPI fazendo jus do seu lema “é dever da escola saber fazer”, que está bem enraizado nas suas colossais paredes e principalmente no sentido de missão de todos os que servem nesta casa, sempre procurou inovar, desenvolver e aperfeiçoar novas ferramentas para melhorar a formação, neste caso concreto, o enfoque foi dado ao tiro. Com base neste mote, a EPI desenvolveu e implemen-tou recentemente um Centro de Simulação e Treino de Tiro (CST2), um projeto que está integrado no Centro de Excelência de Combate em Áreas Edificadas (CdECAE), que vem dinamizar a formação e treino do tiro de armas ligeiras, não só, mas principalmente em ambiente urbano.
A simulação de treino de tiro atualmente é baseada na utilização de sistemas integrados de computadores, câmaras, projetores e lasers, criando vários cenários virtuais, transformando as salas de simulação em verdadeiras carreias de tiro virtuais. Este sistema de treino já à algum tempo que é utilizado por várias forças de países aliados, como por exemplo, os Estados Unidos da América, Alemanha, França e Inglaterra, estes foram os países que inovaram muito no treino com base em simuladores, quer a nível militar, mas também no âmbito civil, e os exemplos mais conhecidos são os simuladores de voo para pilotos das empresas comerciais. No meio militar, existe uma variada panóplia de sistemas de simulação, entre os quais podemos encontrar, simuladores de aeronaves, de navios, de carros de combate, sistemas de armas (ligeiras e pesadas), de postos de comando1, entre outros. Os objetivos dos simuladores são os mesmos e aplicam-se de igual forma a todos:
Garantir que a formação e o treino são o mais real possível;
Com reduzidos custos;
Aumentar a proficiência dos formandos;
Redução dos riscos com acidentes, durante as sessões de formação e treino.
No caso concreto do CST2, é um simulador de tiro de armas ligeiras, virtual2 de nível 13, o que significa, que cria cenários virtuais através de computador e é para aplicação a baixos escalões.
Infraestrutura e organização
O CST2 está instalado no edifício junto ao gimnodesportivo, mesmo à entrada para a tapada militar, pelo acesso do Alto da Vela, num edifício recuperado, que nos seus dias mais gloriosos funcionou durante muito tempo como um teatro de tiro. O comando da EPI decidiu manter a mesma finalidade, treinar o tiro, mas com um importante salto tecnológico, na área da simulação de tiro. No final do ano passado (Novembro 2013), a escola recebeu da empresa Laser Shot Europe, os equipamentos necessários para montar e organizar o centro em 3 salas de simulação de tiro. Estas salas que o compõem têm as mesmas características e capacidades, variando apenas as suas dimensões.
Equipamentos Laser Shot
Para o sistema funcionar com o máximo de rendimento, são necessários os seguintes equipamentos: computador, projetor, colunas de som, câmara Laser Shot e arma com um sistema laser incorporado ou adaptado. Para utilização nas salas de simulação, existem 12 réplicas de pistolas com laser incorporado e 12 adaptadores laser para espingarda, permitindo a utilização das 3 salas em simultâneo, tendo como referência, que os programas permitem a realização de tiro, com uma linha de tiro de 4 atiradores4.
Programas de Laser Shot
Os programas disponíveis permitem a formação e treino com armas ligeiras, pistola e espingarda, contudo existe uma larga variedade de programas e equipamentos para uma variada tipologia
1 Exemplo do sistema VIGRESTE.
2 A simulação pode ser classificada em real, virtual e construtiva. A real envolve pessoal verdadeiro operando sistemas reais, utilizando apenas sistemas de simulação dos efeitos provocados pelo armamento/equipamento utilizado, ex: SITPUL. A virtual envolve pessoal verdadeiro operando sistemas/equipamentos simulados, num ambiente virtual gerado por computador ex: simuladores de voo, simuladores de condução e simuladores de tiro. A simulação construtiva envolve pessoal simulado operando sistemas/equipamentos simulados. Uma simulação construtiva poderá incluir a combinação de meios informáticos (programas de gestão de incidentes e de jogos de guerra) com simulação através de atores reais (Role Players), ex: VIGRESTE.
3 A simulação pode ser classificada de nível 1, 2 e 3:
A de nível 1, permite formação/treino de guarnições, assim como o treino de tiro até ao escalão pelotão. A de nível 2, permite a formação/treino de táctica até ao escalão Companhia/Bataria/ Esquadrão. A de nível 3, permite formação/treino de comandantes e estados-maiores de unidades constituídas, normalmente de escalão batalhão ou superior (podendo ir até nível operacional ou estratégico da guerra).
4 Sistema foi desenvolvido com base na Fire Team do US Army, composta por 4 elementos (Team Leader, Grenadier, Automatic Rifleman e Rifleman).
de sistemas de armas, ligeiras e peadas, individuais e coletivas. No entanto, atualmente o CST2 dispõe apenas de programas que garantem o treino individual, de parelha e de Esquadra de Atiradores5, com armento ligeiro. Os programas disponíveis são os seguintes:
Combat Skills Trainer
Programa que permite treinar a destreza, rapidez, memória muscular e reflexos do atirador, ideal para sessões de tiro reativo e dinâmico.
Course of Fire
Este programa simula virtualmente uma carreira de tiro, com várias opções para selecionar tipos de alvos e distâncias, ideal para o treino de tiro de precisão, permitindo o treino completo do ciclo de tiro6.
Branching Videos
Este programa permite a visualização de filmes com cenários reais, excelente para um treino realista com a integração do tiro e da técnica de combate numa sessão de treino de tiro, sem risco de acidente e com a possibilidade ilimitada de repetições.
Outra grande possibilidade é o seu programa editor, que tem a capacidade de editar filmes, significa que os cenários podem ser desenvolvidos (montados tipo um filme) de acordo com as necessidades de treino de uma força, tendo em consideração os fatores de decisão7.
Fase de experimental
Esta fase decorreu durante o primeiro semestre do presente ano, contou com o apoio de vários formandos de cursos ministrados na EPI e de várias unidades que realizaram exercícios na tapada militar de Mafra. A avaliação final relativamente ao CST2, superou as espectativas, sendo que o feedback dos militares que utilizaram o simulador foram neste sentido, desde do soldado ao capitão, Cmdt de Companhia, todos foram unânimes ao considerem que o sistema permite uma melhoria significativa do atirador, identificaram como principais vantagens, o facto de o sistema conseguir corrigir imedia¬tamente os erros cometidos, antes de avançar para a carreira de tiro, repetir procedimentos até atingir o padrão exigido para cada sessão de tiro e o fator motivacional para os soldados, porque o sistema dá uma resposta imediata sobre o resultado do tiro.
Formação
Na área da formação, o CST2 tem uma aplicabilidade quase ilimitada, dependendo apenas do fator tempo disponível para a sua utilização e de recursos humanos (controladores do sistema e formadores). Mas consideramos, que de todos os cursos da responsabilidade da EPI, os que mais podem beneficiar da simulação de tiro são:
• Tirocínio para Oficial de Infantaria;
• Curso de Formação de Oficiais (RV/RC);
• Curso de Formação de Sargentos de Infantaria;
• Curso de Formação de Sargentos (RV/RC);
• Curso de Tiro;
• Curso Elementar de Operações de Apoio à Paz;
• Curso Elementar de Combate em Áreas Edificadas.
O conceito de utilização é o da complementaridade com as sessões de tiro real, isto é, os formandos realizam as sessões de tiro no simulador, antes de avançar para a carreira de tiro (CT). O resultado é imediato, verificado no atirador através do aumento da proficiência e na redução de risco de acidente (qualidade e segurança), permitindo que, quando chega à linha de tiro da CT, já tem na memória a sessão que vai realizar e os erros que cometeu já foram corrigidos no simulador.
5 Esquadra de Atiradores com efectivo de 4 militares, tem aplicabilidade para todas as unidades de Infantaria do Exército. Se não vejamos, nas unidades de infantaria mecanizadas, as SecAtMec, tem um efectivo de 10 militares (1 sarg e 9 pr), sendo que 1 é o condutor da VBTP e outro é o CmdtSec. Nas unidades blindadas de rodas, é exactamente igual às unidades mecanizadas. Nas unidades de infantaria ligeira, dos BI da ZMA e da ZMM, as SecAt, tem um efectivo de 9 militares (1 sarg e 8 pr), por último, nas unidades de infantaria paraquedistas, as SecAt, tem um efectivo de 8 militares (1 sarg e 7 pr).
6 Relacionado diretamente com os fundamentos do tiro.
7 Fatores de decisão: Missão, Inimigo, Terreno e Condições Meteorológicas, Meios, Tempo e Considerações Civis (MITM+TC)
Treino Operacional
Para as unidades operacionais que realizam treino nas infraestruturas da EPI, o CST2 constitui uma excelente oportunidade para realizar o treino de tiro dos seus elementos, garantindo uma variedade de cenários modificáveis e complexos, consoante as suas necessidades de treino. Como exemplo de um possível modelo de treino para uma unidade de escalão companhia a 3 pelotões, em simultâneo, pode ter um pelotão a treinar no Centro de Formação e Treino de Combate em Áreas Edificadas, outro a realizar tiro na CT e um outro no CST2, com uma Secção em cada sala de simulação de tiro , rentabilizando todo o potencial de ferramentas de treino ao dispor das unidades. Com a conclusão do projeto de CT de Combate em Áreas Edificadas ficam disponíveis um conjunto de infraestruturas de tiro que, pela sua diversidade e aproximação, permitem uma rentabilização de recursos para o treino das forças.
Continuação do projeto CST2
O futuro deste projeto depende essencialmente da vontade em conseguir rentabilizar os meios tecnológicos atualmente disponíveis, para aumentar a qualidade e a segurança da formação e do treino. Consideramos que o CST2, será uma importante ferramenta na futura Escola das Armas, exemplo do caminho para a excelência da formação militar do nosso Exército.
Este projeto, para o qual já foram canalizados importantes recursos financeiros e materiais, e ao qual outros já se encontram alocados, associados sempre a outros projetos de forma a rentabilizá-los, não pode cristalizar, como tal, pretendemos que o CST2 possa evoluir, como por exemplo, através da montagem de uma sala com capacidade de tiro virtual em 360°, sistemas de simulação de recuo para espingardas, equipamentos para simulação de tiro de metralhadora ligeira e pesada, entre outros.
Só assim podemos transformar este centro de simulação num verdadeiro laboratório de formação e treino de tiro.
Em resumo, o CST2 é um teatro de treino de tiro virtual, que garante um treino realista, que possibilita aumentar os níveis de eficiência dos militares na utilização do armamento individual e coletivo ligeiro. O desenvolvimento da simulação de tiro tem como objectivos:
Aumentar os padrões de eficiência dos militares no manejo de armamento individual e colectivo ligeiro;
Aumentar o realismo do treino;
Reduzir custos inerentes à execução do tiro em Infra-estruturas de tiro.
A criação deste Centro permite executar o treino de tiro em cenários variáveis e modificáveis de acordo com os objetivos de aprendizagem, de formação e de treino, quer no âmbito da formação e dos cursos, quer no treino de Unidades da Componente Operacional. Assim, o sistema em apreço pode ser de utilização extensiva por militares e forças do Exército, especialmente nos módulos de instrução de tiro dos cursos ministrados na EPI (TPOI, CFSI, CFO/CFS RV/RC, Curso de Tiro, CECAE, CEOAP), no futuro próximo pelos vários cursos da Escola das Armas, bem como no treino de Unidades em aprontamento (FND, NRF, OMLT, MAT, etc.).
O investimento num projeto deste tipo, significa uma forte aposta na formação e no treino do soldado, especialmente no Soldado da Infantaria, porque este, em última análise, utiliza a força com uma espingarda automática nas mãos.
http://www.exercito.pt/sites/EPI/Public ... /AZ195.pdf
Recapitulando: