Ministério da Defesa quer participar no desenvolvimento do KC 390
Negócios
28/01/10, 14:12
OJE/Lusa
O Ministério da Defesa quer participar no desenvolvimento da aeronave de transporte KC- 390, a construir pela empresa brasileira Embraer, que hoje fez uma apresentação do projecto em Lisboa, em busca de "parceiros estratégicos nacionais".
Após a apresentação, o almirante Viegas Filipe, director-geral de armamento e infra-estruturas da Defesa, pediu a palavra e desafiou a Embraer e a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) a sentarem-se com o "Ministério da Defesa para se pensar a participação de Portugal de uma forma estruturada", salientando que o desenvolvimento de um 'cluster' de aeronáutica no país é um projecto que o Ministério "acarinha".
Uma oferta bem recebida pelos cerca de 100 presentes que encheram a sala, tendo o presidente da AICEP, Basílio Horta, afirmado que a participação da Defesa neste projecto "é já meio caminho andado para os objectivos que queremos atingir".
Já em declarações aos jornalistas, Basílio Horta afastou a ideia de que esta participação do Governo português implique uma intenção de adquirir a aeronave: "as coisas não estão ligadas, nem se devem ligar", realçou.
O objectivo da apresentação de hoje a vários empresários nacionais é, por parte da Embraer, encontrar parceiros estratégicos nacionais para o desenvolvimento desta aeronave de transporte, com capacidade até 20 toneladas e que pretende substituir o Hércules C 130, actualmente utilizado a nível internacional.
A empresa brasileira de aeronáutica afirmou que o desenvolvimento da aeronave resulta de um contrato assinado com o governo brasileiro, em Maio de 2009, que "garante um crédito do Orçamento Fiscal da União para a execução completa do Programa".
A procura de parceiros estratégicos vai decorrer até Maio, pretendendo a Embraer uma cooperação e partilha de riscos no desenvolvimento da aeronave, que deverá ter um protótipo certificado em 2016.
Na proposta de parceria que se pretende com Portugal, a Embraer antevê a possibilidade de cooperação em áreas de segmentos de fuselagem, usinados e compósitos - aproveitando a fábrica que a empresa está a desenvolver em Évora e que deve começar a funcionar em 2012 - , serviços de engenharia e estrutura e serviços engenharia de software.
"Estamos a pensar produzir em Portugal uma grande parte da fuselagem", adiantou José Teixeira Barbosa, afirmando que, se o país se envolver na produção em série desta aeronave é possível gerar "postos directos de trabalho, com alta qualificação, durante mais de 20 anos, a partir de 2010".
Na sua intervenção, o presidente da AICEP, Basílio Horta, afirmou que esta entidade "está disponível para colaborar" com as empresas interessadas em participar neste projecto, seja através de "acompanhamento" ou de um "conjunto alargado de serviços e produtos financeiros".
Uma das empresas que está a estudar a possibilidade de se envolver é a OGMA (Indústria Aeronáutica Nacional), embora, na apresentação, Cezar Lima, o seu vice presidente do negócio aeroestruturas, tenha afirmado que "a participação da OGMA está condicionada ao apoio de incentivos públicos aos custos de desenvolvimento".
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