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Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Dom Jun 20, 2010 11:56 am
por Marino
O teatro nuclear

A “comunidade ocidental” procura tranqüilizar-nos informando que hoje há 40 mil armas nucleares menos que nos tempos críticos da Guerra Fria. O que eles nos dizem é: durante a guerra fria a capacidade nuclear existente poderia destruir o mundo centenas de vezes. Mas, agora, todos podem se acalmar pois os lideres mundiais, que são muito racionais, informam que fizeram um acordo e o mundo poderá ser destruído apenas algumas dezenas de vezes. Nesse terreno estamos mais próximos do Teatro do Absurdo do que propriamente da política internacional. O artigo é de Reginaldo Nasser.

Reginaldo Nasser (*)

A proliferação de armas nucleares e um possível desarmamento se encontram entre os principais temas da agenda política mundial apesar de as chamadas armas leves e portáteis (pistolas, rifles, metralhadoras leves, lança-granadas, morteiros, armas anti-tanques móveis e lança-foguetes, inclusive lança-mísseis anti-aéreos portáteis) serem as verdadeiras armas de destruição em massa. A Small Arms Survey realizou pesquisa em 2009 que confirma o crescimento contínuo do comércio global dessas armas. O valor do comércio mundial de atingiu US $ 2,9 bilhões em 2006, um aumento de 28% desde 2000. Os Estados Unidos, aparecem como o maior exportador e o maior importador dessas armas que entre 2001 e de 2006 foram responsáveis pela morte de 450.000 pessoas.

O ano de 2010 se revela de particular importância na questão nuclear. O acordo firmado entre Rússia e os Estados Unidos sobre a redução da armas nucleares estratégicas, a publicação do informe Nuclear Posture Review que identifica a capacidade nuclear que a administração Obama espera para os próximos quatro anos e a conferência de avaliação do Tratado de Não Proliferação Nuclear. Curioso notar que os Estados que possuem armas nucleares (Estados Unidos, Rússia, França, Inglaterra e China – todos signatarios del TNP- possuem 90% das armas nucleares sendo o restante distribuído entre Índia, Paquistão e Israel) são os que mais reivindicam um “mundo sem armas nucleares.”

A mídia saudou como um grande passo para a paz o encontro ( maio) entre o Nobel da Paz, Obama, e o recém admitido na “comunidade ocidental”, Medvedev, em que acordaram reduzir seus arsenais estratégicos em torno de 1550 ogivas para cada um. Especula-se que, atualmente, existam em torno de 23.000 armas nucleares, ou em outras palavras, 150.000 explosões nucleares como a de Hiroshima – não fique abismado que é isso mesmo! Mas a “comunidade ocidental” procura tranqüilizar-nos informando que são 40.000 menos que nos tempos críticos da Guerra Fria. Vamos traduzir em números, mais uma vez. O que eles nos dizem é: durante a guerra fria a capacidade nuclear existente poderia destruir o mundo centenas de vezes. Portanto, agora pode-se acalmar que os lideres mundiais, que são muito racionais, informam que fizeram um acordo e o mundo poderá ser destruído apenas algumas dezenas de vezes.

A administração Obama apresentou a sua reformulação da estratégia nuclear como algo completamente revolucionário. Agora, diferentemente da era Bush, ao invés de reservar a possibilidade de ataques nucleares, em resposta a um ataque nuclear, ou um ataque por outras formas de destruição em massa (como armas químicas e biológicas) os EUA declaram que o papel fundamental de seu arsenal é impedir eventuais ataques nucleares ao pais e seus aliados. A chamada revisão da estratégia declara que "os EUA não pode usar ou ameaçar usar armas contra os não-nucleares que fazem parte do tratado de não proliferação nuclear, ou seja Irã e Coréia do Norte ainda se constituem em um possível alvo.

Pergunto se agora algum lugar do mundo se sente seguro com esta nova declaração no caso de uma crise ou uma guerra com o envolvimento dos EUA. Você sabe realmente quando ou como um Estado nuclear poderá realmente usar o seu arsenal para proteger seus interesses? Você acha que é razoável correr esse risco?

Além disso, a decisão de excluir estados com armas nucleares, não-signatários do TNP, parece contraproducente como bem assinalou o especialista Stephen Walt. Pois, se o Irã continua a ser um alvo nuclear, mesmo quando não tem suas próprias armas isso apenas poderá lhe dar incentivos adicionais para perseguir uma opção das armas nucleares pelos mesmos argumentos que os EUA justificam em ter o seu próprio arsenal.

Se o governo dos EUA acredita que o papel fundamental das armas nucleares é impedir um ataque, e agora diz que ainda reserva a opção de usar armas nucleares contra o Irã, então não seria razoável concluir que o Irã ou qualquer outro pais, da mesma forma, poderia usar um arsenal nuclear para sua segurança cujo papel fundamental seria o de impedir que os EUA façam isso?

Creio que nesse terreno estamos mais próximos do Teatro do Absurdo do que propriamente da política internacional.

(*) Professor de Relações Internacionais da PUC-SP

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Dom Jun 20, 2010 10:56 pm
por Carlos Mathias
Ótimo texto.
Mais um a desmascarar o teatro das potências nucleares.

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Dom Jun 20, 2010 11:52 pm
por Luiz Bastos
EXCELENTE. [063]

Dá gosto ler textos assim. Fui :wink:

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Dom Jun 20, 2010 11:53 pm
por guilhermecn
Marino escreveu:O teatro nuclear

A “comunidade ocidental” procura tranqüilizar-nos informando que hoje há 40 mil armas nucleares menos que nos tempos críticos da Guerra Fria. O que eles nos dizem é: durante a guerra fria a capacidade nuclear existente poderia destruir o mundo centenas de vezes. Mas, agora, todos podem se acalmar pois os lideres mundiais, que são muito racionais, informam que fizeram um acordo e o mundo poderá ser destruído apenas algumas dezenas de vezes. Nesse terreno estamos mais próximos do Teatro do Absurdo do que propriamente da política internacional. O artigo é de Reginaldo Nasser.

Reginaldo Nasser (*)

A proliferação de armas nucleares e um possível desarmamento se encontram entre os principais temas da agenda política mundial apesar de as chamadas armas leves e portáteis (pistolas, rifles, metralhadoras leves, lança-granadas, morteiros, armas anti-tanques móveis e lança-foguetes, inclusive lança-mísseis anti-aéreos portáteis) serem as verdadeiras armas de destruição em massa. A Small Arms Survey realizou pesquisa em 2009 que confirma o crescimento contínuo do comércio global dessas armas. O valor do comércio mundial de atingiu US $ 2,9 bilhões em 2006, um aumento de 28% desde 2000. Os Estados Unidos, aparecem como o maior exportador e o maior importador dessas armas que entre 2001 e de 2006 foram responsáveis pela morte de 450.000 pessoas.

O ano de 2010 se revela de particular importância na questão nuclear. O acordo firmado entre Rússia e os Estados Unidos sobre a redução da armas nucleares estratégicas, a publicação do informe Nuclear Posture Review que identifica a capacidade nuclear que a administração Obama espera para os próximos quatro anos e a conferência de avaliação do Tratado de Não Proliferação Nuclear. Curioso notar que os Estados que possuem armas nucleares (Estados Unidos, Rússia, França, Inglaterra e China – todos signatarios del TNP- possuem 90% das armas nucleares sendo o restante distribuído entre Índia, Paquistão e Israel) são os que mais reivindicam um “mundo sem armas nucleares.”

A mídia saudou como um grande passo para a paz o encontro ( maio) entre o Nobel da Paz, Obama, e o recém admitido na “comunidade ocidental”, Medvedev, em que acordaram reduzir seus arsenais estratégicos em torno de 1550 ogivas para cada um. Especula-se que, atualmente, existam em torno de 23.000 armas nucleares, ou em outras palavras, 150.000 explosões nucleares como a de Hiroshima – não fique abismado que é isso mesmo! Mas a “comunidade ocidental” procura tranqüilizar-nos informando que são 40.000 menos que nos tempos críticos da Guerra Fria. Vamos traduzir em números, mais uma vez. O que eles nos dizem é: durante a guerra fria a capacidade nuclear existente poderia destruir o mundo centenas de vezes. Portanto, agora pode-se acalmar que os lideres mundiais, que são muito racionais, informam que fizeram um acordo e o mundo poderá ser destruído apenas algumas dezenas de vezes.

A administração Obama apresentou a sua reformulação da estratégia nuclear como algo completamente revolucionário. Agora, diferentemente da era Bush, ao invés de reservar a possibilidade de ataques nucleares, em resposta a um ataque nuclear, ou um ataque por outras formas de destruição em massa (como armas químicas e biológicas) os EUA declaram que o papel fundamental de seu arsenal é impedir eventuais ataques nucleares ao pais e seus aliados. A chamada revisão da estratégia declara que "os EUA não pode usar ou ameaçar usar armas contra os não-nucleares que fazem parte do tratado de não proliferação nuclear, ou seja Irã e Coréia do Norte ainda se constituem em um possível alvo.

Pergunto se agora algum lugar do mundo se sente seguro com esta nova declaração no caso de uma crise ou uma guerra com o envolvimento dos EUA. Você sabe realmente quando ou como um Estado nuclear poderá realmente usar o seu arsenal para proteger seus interesses? Você acha que é razoável correr esse risco?

Além disso, a decisão de excluir estados com armas nucleares, não-signatários do TNP, parece contraproducente como bem assinalou o especialista Stephen Walt. Pois, se o Irã continua a ser um alvo nuclear, mesmo quando não tem suas próprias armas isso apenas poderá lhe dar incentivos adicionais para perseguir uma opção das armas nucleares pelos mesmos argumentos que os EUA justificam em ter o seu próprio arsenal.

Se o governo dos EUA acredita que o papel fundamental das armas nucleares é impedir um ataque, e agora diz que ainda reserva a opção de usar armas nucleares contra o Irã, então não seria razoável concluir que o Irã ou qualquer outro pais, da mesma forma, poderia usar um arsenal nuclear para sua segurança cujo papel fundamental seria o de impedir que os EUA façam isso?

Creio que nesse terreno estamos mais próximos do Teatro do Absurdo do que propriamente da política internacional.

(*) Professor de Relações Internacionais da PUC-SP
Ótimo texto do Reginaldo!

Foi meu professor nesse semestre :D

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Seg Jun 21, 2010 9:08 am
por Marino
Mais um ex-ministro do FHC se manifestando - modo arriador de calcinha :evil: .

ESPAÇO ABERTO
O Brasil, o Irã e o Protocolo Adicional
José Goldemberg
Nas últimas semanas a atenção da imprensa foi dominada pela votação das sanções contra o Irã, no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Essa nova rodada de sanções (a quarta) tem por objetivo forçar o Irã a abandonar o enriquecimento de urânio em níveis que lhe permitam, com facilidade, construir armas nucleares. O Brasil votou contra as sanções após ter tentado, com a Turquia, negociações com o Irã, que foram consideradas uma tática iraniana de continuar a ganhar tempo. A atuação brasileira foi considerada bem-intencionada por alguns, ingênua por outros, mas deu ao presidente Lula a oportunidade de tentar se projetar no cenário internacional. O episódio acabou de forma um pouco humilhante, com o isolamento do Brasil e da Turquia no Conselho de Segurança e com declarações paternalísticas da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, consolando o Itamaraty pela derrota sofrida.
Enquanto isso ocorria, teve lugar em Nova York a conferência dos membros do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), que se reúne a cada cinco anos e cuja agenda era tentar acelerar o desarmamento nuclear, objetivo central do TNP. Nessa reunião ficaram mais claras as razões por que o Brasil se aproximou do Irã, o que é incompreensível para a maioria dos observadores, exceto por razões ideológicas: ambos os países se opuseram à adoção compulsória do Protocolo Adicional da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
O que é o Protocolo Adicional?
O TNP foi o resultado de uma barganha diplomática, que ocorreu há mais de 40 anos, pela qual os países que não tinham armas nucleares, em 1967, renunciaram à sua posse. Em retorno, receberam o "direito inalienável" de usar energia nuclear para fins pacíficos (artigo IV do TNP), para o que poderiam receber tecnologia dos países que, na época, tinham armas nucleares (Estados Unidos, União Soviética, Inglaterra, França e China). Por sua vez, as potências nucleares comprometeram-se a "negociar em boa-fé" (artigo VI do TNP) medidas que levassem ao desarmamento nuclear. A transferência de tecnologias e materiais nucleares para os países não-nucleares, contudo, deveria estar em conformidade com as regras de salvaguardas estabelecidas (artigos I e II do TNP) pela AIEA. É aqui que se origina o problema: as regras adotadas originalmente pela AIEA não se mostraram suficientes para impedir que vários países não-nucleares, como Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte, tivessem acesso às tecnologias necessárias para fins militares e desenvolvessem armas nucleares.
Por essa razão, mais recentemente, a AIEA propôs novas regras, contidas no Protocolo Adicional. De acordo com as velhas regras, a agência poderia inspecionar apenas atividades nas "instalações declaradas" pelo país, de modo que instalações secretas não poderiam ser fiscalizadas. O Irã usou e abusou dessas regras durante anos, como se sabe, e por essa razão existem sérias suspeitas de que deseje efetivamente construir armas nucleares. Pelo Protocolo Adicional, podem ser inspecionadas quaisquer instalações, não só as declaradas, mas também as que fornecem equipamentos e outros produtos (como minas de urânio e equipamentos para usinas de enriquecimento) às instalações nucleares propriamente ditas.
Apesar da pressão crescente, Brasil e Irã não aceitaram o Protocolo Adicional, que foi objeto de uma das decisões unânimes da reunião das partes do TNP, em Nova York, em maio.
Em relação ao Brasil, suspeitas quanto à intenção de produzir armamentos nucleares não existiam até recentemente, sobretudo porque foi feito, em 1992, um acordo com a Argentina para inspeções mútuas que é considerado exemplar e deu aos dois países grande credibilidade internacional. Apesar disso, o Brasil recusa-se a aderir ao Protocolo Adicional, levantando a bandeira da soberania nacional e argumentando que inspeções intrusivas poderiam levar à violação de segredos industriais. Esse argumento só é empregado por grupos mal informados sobre a natureza real das inspeções, que podem perfeitamente proteger tais segredos (se existirem).
O verdadeiro significado do TNP não é dividir o mundo entre "os que têm armas nucleares" e os "que não têm". Ambos os grupos têm responsabilidades na busca de um futuro sem armas nucleares.
Por mais distante que esse objetivo possa parecer, não há dúvidas de que progressos estão ocorrendo: o número de ogivas nucleares dos Estados Unidos e da Rússia, que chegou a ser superior a 40 mil em cada um desses países, é hoje menor do que 2 mil em cada, e novas reduções são previstas nos próximos anos.
É por esses motivos que associar-se ao Irã não atende, a nosso ver, aos interesses permanentes do Brasil.
As declarações recentes do vice-presidente da República e do secretário de Assuntos Estratégicos, a decisão do ministro Nelson Jobim de introduzir na Estratégia Nacional de Defesa a proibição de aderir ao Protocolo Adicional e o silêncio do presidente da República sobre o tema encorajam as desconfianças de que o Brasil tem intenções de desenvolver armas nucleares como forma de exercer a soberania nacional. No fundo, essas declarações e a posição do Itamaraty no Conselho de Segurança estão nos conduzindo à situação de que o "Irã de hoje é o Brasil de amanhã".
Só um nacionalismo estreito e retrógrado poderia levar-nos a pensar que o TNP viola a soberania nacional, pois o seu conteúdo é análogo ao artigo 21 da Constituição federal, que determina que "toda a atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos". Assegurar nossa soberania não vai decorrer da posse de armas nucleares, mas de um desenvolvimento nacional, científico e tecnológico autêntico.
Professor da USP, foi Secretário de Ciência e Tecnologia da Presidência da Republica

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Seg Jun 21, 2010 10:32 am
por Carlos Mathias
Nos "debates" da GLOBO NEWS é sempre esse cara que eles chama, invariavelmente.
A opinião é sempre contra o governo, em tudo, no que imediatamente o outro "especialista" concorda, e daí é um rosário de marretações no Lula e blá, blá, blá.

Falando em mídia tendenciosa, inaugurou-se uma obra gigantesca e importante para todo o Brasil, a TK-CSA.
Cobertura na mídia pífia, parece que inauguraram uma torneira de coroné, nenhuma cobertura digna de tamanho empreendimento.

A coisa tá escancarada. :?

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Seg Jun 21, 2010 10:48 am
por Loki
houve cobertura sim Carlos, foi dado um enfoque muito grande a quantidade de poluição que a TK CSA vai gerar, segundo a reporter o equivalente a cidade do Rio de Janeiro! :evil:

No mínimo vergonhoso!

Abraço

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Seg Jun 21, 2010 10:51 am
por Luiz Bastos
Esse Goldember dá nojo. Entreguista FDP.

Noite passada eu tive um sonho maravilhoso.

Fui preso mas por um motivo que me deixou de alto astral. Meti a porrada no FHC. Quer riqueza de detalhes. Acordei novinho em folha.

Se eu pudesse trasformar este sonho em realidade....[063].


Fui :wink:

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Seg Jun 21, 2010 10:56 am
por Carlos Mathias
Foda viu?
Assim o Brasil não anda, com essa elite FDP que nós temos.

O problema é que existe uma coisa chamada povo na democracia,e este parece estar imune à essas palhaçadas, pois Dilma sobe, sobe, sobe...
Serra desce, desce, desce...

Quando abanarem que o salário mínimo no tucanato era de 80 dólares e que hoje é de 280, vamos ver com quem o povão (que é quem elege na verdade) vai ficar.

Caminho ruim esse, a velha políticagem coronelista, nenhuma modernidade, nenhuma civilidade que espera de uma "elite".

Malandro foi o Aécio, pulou da canoa cedo. :lol:

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Ter Jun 22, 2010 10:04 am
por Marino
Reator para uso na medicina será destaque de simpósio sobre
energia nuclear
Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), destinado à pesquisa e à produção de
radioisótopos, elementos utilizados em várias áreas de saúde como a medicina nuclear, será um dos
destaques do Simpósio Anual da LAS-ANS (Latin American Section of American Nuclear Society). O
encontro começa hoje (22) às 9h30 no Hotel Intercontinental, em São Conrado, na zona sul do Rio.
O simpósio, que irá até quinta-feira (24), reunirá os principais especialistas sobre energia nuclear
de países como os Estados Unidos, a França, a Argentina e o México, além do Brasil.
Segundo os organizadores, o reator foi incluído entre os temas porque a sua construção
garantirá ao país autonomia na produção de molibdênio - substância que serve de matéria-prima para a
fabricação dos geradores de tecnécio, utilizados em mais de 80% dos procedimentos de medicina
nuclear.
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) já tem prontos os estudos técnicos sobre o
projeto do reator, que será instalado em um novo instituto da Cnen a ser construído em área vizinha à do
Centro Experimental de Aramar, em Iperó. O Ministério da Ciência e tecnologia já destinou R$ 50
milhões ao projeto, de acordo com o presidente da Cnen, Odair Dias Gonçalves.
O centro de Aramar começará a produzir em escala industrial, no segundo semestre deste ano, o
gás de urânio (UF6, combustível nuclear) para mover as usinas Angra 1 e 2.
Também estarão em debate, no simpósio, a política de não proliferação de armas nucleares, a
questão da segurança das plantas nucleares, com ênfase sobre o tratamento e armazenamento de
rejeitos, e a integração das estratégias, ações e projetos nucleares nos países da América Latina.

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Ter Jun 22, 2010 10:50 am
por Paisano
Marino escreveu:Mais um ex-ministro do FHC se manifestando - modo arriador de calcinha :evil: .

ESPAÇO ABERTO
O Brasil, o Irã e o Protocolo Adicional
José Goldemberg

(...)
http://www.anovademocracia.com.br/index ... Itemid=105
Com que propósito e direito Fernando Collor de Mello, juntamente com seu Secretário de Ciência & Tecnologia, José Goldemberg, submeteu o Brasil ao Tratado de não Proliferação de Armas Nucleares?

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Ter Jun 22, 2010 11:48 am
por Carlos Mathias
Cambada de entreguistas... :x

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qua Jun 23, 2010 10:29 am
por Marino
Inacreditável a visão de burocratas que não saem de seus escritórios. :evil:
GARANTO que não há choque de interesses entre a INB e a MB, MUITO pelo contrário.

QUESTÃO ESTRATÉGICA
Programa nuclear carece de fiscalização
Danilo Fariello e Luciana Otoni, de Brasília
A proposta de conversão de urânio em combustível nuclear, parte do Programa Nuclear
Brasileiro, precisa de um "aprofundamento" para esclarecer se essa etapa do ciclo de enriquecimento no
país é ou não economicamente viável, e, ainda, se é uma questão estratégica ao país. A avaliação
consta das reflexões críticas sobre a política nuclear, de técnicos encarregados do Portal do
Planejamento, criado para análise das políticas públicas. O texto também questiona a escolha do
Nordeste como região de construção das quatro usinas nucleares previstas para 2030, por conta da sua
distância para a fábrica de enriquecimento de urânio, em Resende (RJ).
Na sexta-feira, o Portal foi retirado do ar, depois que o Valor publicou suas críticas a ações do
governo. A reportagem tem cópias de documentos divulgados antes da censura. O Portal foi criado pela
Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos (SPI), órgão do Ministério do Planejamento,
com o objetivo declarado de instrumentalizar o debate sobre políticas públicas.
Ontem, ao entrar na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), o ministro do
Planejamento, Paulo Bernardo, disse que o portal voltará a ser veiculado na Internet, mas não soube
informar quando. "O portal causou incompreensão e nos deixou em uma situação constrangedora porque
era para ser um portal de debate", afirmou. "Há alguns problemas: a avaliação crítica feita sobre algumas
políticas não levou em conta a opinião dos ministérios", comentou. "O (ministro da Educação) Fernando
Haddad me ligou e reclamou com razão; o mesmo ocorreu com a reforma agrária e o ministro (do
Desenvolvimento Agrário) Guilherme Cassel", disse.
"Ficou ruim; embora consideremos normal e democrático os técnicos fazerem considerações,
isso não pode ser atribuído ao ministro e ao ministério", desabafou o ministro. "Não se pode achar que
tenho a obrigação de defender o que cada técnico diz, porque, primeiro, eu posso não concordar com o
técnico e, segundo, eles também podem não concordar entre eles". O conteúdo do Portal, anunciado na
quarta-feira passada como resultado de um trabalho institucional da SPI não traz artigos identificados por
autor, ao contrário do que ocorre em outras páginas institucionais, como as do Banco Central ou do Ipea.
A principal reflexão do documento da política nuclear trata da Comissão Nacional de Energia
Nuclear (CNEN): "Não é recomendável que uma organização que produz e desenvolve tecnologia
nuclear seja sua própria fiscalizadora". O texto destaca que há pressão internacional para que se
promova a separação dessas funções, como no resto do mundo. É pela lei no. 6.189, de 1974, que a
CNEN acumula, em monopólio, as funções de fiscalização, pesquisa, desenvolvimento e produção
nuclear no país.
Outra crítica do documento diz respeito aos "interesses díspares" entre a Marinha, que detém as
ultracentrífugas necessárias para o ciclo do combustível nuclear, e a Indústrias Nucleares do Brasil (INB),
estatal que fabrica o combustível nuclear no país.
Sobre os conflitos de interesse entre Marinha e INB, o documento indica que a Marinha não
desejaria arcar com o custo de uma nova fábrica de ultracentrífugas e que não pretenderia transferir
tecnologia à INB. Cita ainda que a INB, por legislação, não pode direcionar recursos à Marinha.
Mesmo reconhecendo esforços do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) - responsável pela
política nuclear - para resolver esse impasse, o portal destaca que não foram identificadas brechas que
pudessem financiar a construção da fábrica. Segundo o documento, "não está claro porque o próprio
MCT não realiza diretamente o destaque (orçamentário), de interesse da INB, para a Marinha do Brasil".
Estima-se que, entre 2016 e 2027, a energia nuclear poderá responder por 40% da matriz
energética mundial, mas, no Brasil, hoje, ela é de cerca de 3%.
O relatório que foi ao ar no portal do Planejamento também retoma críticas feitas ao programa
nuclear brasileiro pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que havia questionado a falta de dispositivos
de segurança e a idade média elevada, de 52 anos, dos recursos humanos da CNEN. O estudo do
Planejamento conclui que, no cenário de envelhecimento da força de trabalho do setor, em que 40% dos
trabalhadores estão na iminência de se aposentar, é "evidente que se o Brasil quiser promover nova
arrancada na área nuclear, deverá produzir política específica de capacitação do setor".
É na avaliação sobre a segurança das instalações que se indica os riscos da distância entre as
novas usinas do Nordeste e Resende. Segundo o texto, como a logística de transporte do urânio
enriquecido é "extremamente sensível", que deve ser levada em conta na localização das novas usinas a
fim de que, do transporte do combustível, não resulte elevação relevante do custo de operação destas
novas unidades.
Ipsis Literis
"A tecnologia para enriquecimento de urânio, via utilização de ultracentrífugas, é de domínio da
Marinha. Contudo os interesses da Marinha e da Indústrias Nucleares Brasileiras (INB), empresa pública
responsável pela fabricação do combustível nuclear no Brasil, parecem ser díspares. A INB precisa
adquirir centenas de ultracentrífugas para, já em 2011, possibilitar que o país pudesse enriquecer 60%
da demanda de Angra 1 e 2, em contraposição aos cerca de 20% atuais. Contudo a Marinha, hoje, não
possui capacidade de produção para atender a essa demanda."

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Qua Jun 23, 2010 11:02 am
por ciclope
Se as criticas são essa, ao meu ver elas são corretas, mesomo que só como cogitação de problemas!
Estou de acordo com o ponto sobre a distância das usinas do nordeste e as implicações disso na segurança e no custo do transporte do combustivel, bem como o envelecimento dos funcionários do setor nuclear brasileiro.

Re: Pressões Nucleares sobre o Brasil

Enviado: Sáb Jun 26, 2010 12:10 pm
por alexmabastos
Me deu náuseas o que vem aí abaixo. Acho que este cara deveria ser chamado no congresso para explicar seu ponto de vista e defender com provas tais afirmações. Ele faz suposições ridículas a afirma que se não assinarmos o protocolo adicional seremos o Irã de hoje, amanhã, e aí subentende se que teremos porta aviões estrangeiro no nosso litoral e clima de intervenção e guerra??? Que isso!! Esse cara deveria dar explicações sobre o que fala!! Ele foi irresponsável.
Sem contar que desdenhou do vice José Alencar.
Se for listar as merdas ditas por este "grande fisico nuclear brasileiro", seria cada palavra, uma nota...

José Goldemberg: “O Brasil quer a bomba atômica”
Para o físico, ao defender o direito nuclear do Irã, Lula deixa a porta aberta para fazer a bomba
Peter Moon

O Brasil aderiu ao Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) em 1998, durante o governo FHC. O tratado tem 189 signatários. Entre as exceções estão Israel, Paquistão, Índia e Coreia do Norte – países detentores de arsenais nucleares. Desde 2008, os Estados Unidos pressionam o Brasil a assinar o Protocolo Adicional do TNP. Mais restritivo, o protocolo obriga os países a abrir quaisquer instalações suspeitas à inspeção. O Irã não aderiu e construiu uma usina secreta, revelada em 2009. O Brasil se recusa a assinar o protocolo e defende o direito do Irã de ter a energia nuclear – oficialmente apenas para fins pacíficos. Para o físico José Goldemberg, uma autoridade internacional em assuntos de energia, essas são evidências, somadas a outras, de que o Brasil busca a posse de armas nucleares.
ENTREVISTA - JOSÉ GOLDEMBERG

RICARDO CORRÊA QUEM É
Gaúcho de Santo Ângelo, José Goldemberg, de 82 anos, é físico nuclear


O QUE FEZ
Foi reitor da Universidade de São Paulo (1986-1990), ministro da Educação (1991-1992), secretário federal da Ciência e Tecnologia (1990-1991) e do Meio Ambiente (1992)


PRÊMIOS
Prêmio Volvo do Meio Ambiente (2000) e Prêmio Planeta Azul (2008), o “Nobel” do Meio Ambiente

ÉPOCA – Por que o senhor afirma que o governo Lula vê com simpatia a posse da bomba?
José Goldemberg – Motivos não faltam. Eles vão desde o apoio ao programa nuclear do Irã até as declarações de membros do primeiro escalão, como o vice-presidente José Alencar. Ele defende o desenvolvimento de armas atômicas. Parece uma volta aos tempos da ditadura.

ÉPOCA – Qual era a posição dos militares com relação à construção da bomba?
Goldemberg – O governo Geisel fez o acordo nuclear com a Alemanha. Era caríssimo. Previa a construção de oito reatores com grau crescente de nacionalização. Cobria todas as etapas da tecnologia nuclear, incluindo o enriquecimento e o reprocessamento de urânio. Lê-se na ata de uma reunião do Conselho de Segurança Nacional, em 1975, que o projeto era para fins pacíficos, mas seria mantida aberta a opção militar. Do ponto de vista técnico fazia sentido. Para quem domina o ciclo nuclear pacífico, o militar não é tão diferente. Claramente, em 1975, o governo deixou a porta aberta para fazer armas nucleares.

ÉPOCA – O programa não andou.
Goldemberg – A Alemanha iria repassar a tecnologia de supercentrífugas para enriquecer urânio, mas os EUA vetaram. Em troca, os alemães ofereceram outra tecnologia, experimental e duvidosa, a das centrífugas a jato. Aí veio a crise dos anos 1980, tornando o programa nuclear inviável. Das oito usinas, só Angra 1 saiu do papel (em 1984). No governo Sarney, em 1986, revelou-se a existência do poço cavado pelos militares para testes nucleares subterrâneos na Serra do Cachimbo, no Pará. Em 1988, a nova Constituição proibiu o uso da energia nuclear para fins militares. Em 1990, o governo Collor contrariou os militares ao desativar o programa nuclear do Exército e da Força Aérea. A Marinha continuou enriquecendo urânio, nominalmente para fins pacíficos – e sonhando com o submarino nuclear. Em 1998, o governo Fernando Henrique aderiu ao Tratado de Não Proliferação Nuclear.

ÉPOCA – O que prevê o TNP?
Goldemberg – Foi criado em 1968 para impedir a proliferação de armas nucleares. Sua posse ficou restrita às potências que já as possuíam: EUA, União Soviética, Inglaterra, França e China. O TNP visa o desarmamento nuclear e o uso pacífico da energia nuclear. Até hoje deu certo. Nenhuma bomba foi usada desde 1945. Os americanos cogitaram usar na Guerra da Coreia (1950-1953) e na Indochina, em 1954, para evitar a derrota francesa. A Crise dos Mísseis de 1962 foi o auge da Guerra Fria. Os EUA e a União Soviética tinham 65 mil ogivas. Hoje, EUA e Rússia têm 2 mil cada um.

ÉPOCA – Como é a fiscalização do TNP?
Goldemberg – É feita pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Ela tem acesso às instalações nucleares oficiais dos signatários – não às secretas.

ÉPOCA – Como assim?
Goldemberg – A AIEA só pode fiscalizar instalações oficiais. O TNP não permite à AIEA investigar instalações suspeitas. Os EUA temiam o desenvolvimento de programas nucleares secretos no Iraque, no Irã e na Coreia do Norte. Em 1997, criou-se o Protocolo Adicional do TNP. Ele autoriza inspecionar qualquer instalação passível de uso nuclear – como o reator secreto do Irã, revelado em 2009.

ÉPOCA – O Brasil apoia o direito do Irã de desenvolver energia nuclear para fins pacíficos. Há relação com o protocolo?
Goldemberg – Claro. Desde 2008, os EUA pressionam o Brasil a assinar o Protocolo Adicional. O governo se recusa. O Irã de hoje poderá ser o Brasil de amanhã.

ÉPOCA – O secretário de Assuntos Estratégicos, Samuel Guimarães, diz que “foi um erro assinar o TNP” porque a Constituição brasileira já proíbe o uso militar do átomo.
Goldemberg – Ele tem razão. Mas, se um dia algum governo decidir mudar a Constituição, não abrirá nenhum precedente. A Constituição de 1988 é a oitava desde a Independência e acumula 62 emendas. Em comparação, os EUA têm a mesma Constituição desde 1776, só com 27 emendas, e a Inglaterra nem Constituição escrita tem. Quando pressionam Brasília a assinar o protocolo, as potências devem estar olhando com atenção nosso histórico constitucional.

”O silêncio de Lula encoraja a desconfiança de que o Brasil teria
intenções de fazer armas nucleares para exercer sua soberania”

ÉPOCA – Ter o submarino nuclear na defesa do pré-sal é o argumento do ministro da Defesa, Nelson Jobim, contra a assinatura do protocolo.
Goldemberg – Não assinar o protocolo pode tornar o Brasil alvo de sanções internacionais, como as impostas ao Irã pelas Nações Unidas (ONU).

ÉPOCA – Nossa economia é muito maior e mais diversificada que a do Irã. Neste cenário, qual sanção teria efeito contra o Brasil?
Goldemberg – A ONU pode congelar os bens e as contas bancárias brasileiras no exterior, paralisar o comércio externo e barrar transferências de tecnologia. Se nossa economia é maior e estamos mais integrados ao mundo, isso nos torna mais vulneráveis às sanções, não menos.

ÉPOCA – O vice-presidente José Alencar disse o seguinte: “Arma nuclear usada como instrumento dissuasório é de grande importância para um país com 15.000 quilômetros de fronteiras e um mar territorial com petróleo na camada pré-sal. Dominamos a tecnologia nuclear. Temos de avançar nisso aí”.
Goldemberg – Alencar pode dizer o que quiser. Ele foi eleito, não é um político nomeado. Mas não concorrerá às eleições. Está doente e no fim da vida. O que me preocupa é ver o ministro da Defesa e o secretário de Assuntos Estratégicos, auxiliares diretos do presidente da República, se manifestarem contra o Protocolo Adicional. Em nenhum momento o presidente veio a público desautorizá-los. O silêncio de Lula encoraja a desconfiança de que o Brasil teria intenções de fazer armas nucleares para exercer sua soberania. O Brasil quer a bomba.

ÉPOCA – Alencar vê a posse da bomba como uma via de acesso ao assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Ele citou o exemplo do Paquistão, um país pobre, mas com assento em vários organismos internacionais.
Goldemberg – Não me parece que passe pela cabeça de alguém de bom-senso ceder ao Paquistão uma vaga no Conselho de Segurança. O Paquistão é uma fonte de preocupação. Está em guerra civil. Suas instituições estão desmoronando e parte do território caiu sob controle da guerrilha islâmica e da rede Al Qaeda. Se o Paquistão deixar de existir, quem será o primeiro a tentar pôr as mãos numa de suas bombas? Osama Bin Laden.

ÉPOCA – Temos gente para fazer a bomba?
Goldemberg – Sim, muita. A tecnologia não é nova. Havendo vontade governamental e recursos, bastaria alguns anos.

ÉPOCA – Não basta ter a bomba. É preciso meios de lançá-la.
Goldemberg – O governo retomou o projeto de lançador de satélites. Se existisse, poderia levar ogivas.