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Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Qui Ago 27, 2009 12:11 pm
por delmar
Bourne escreveu:Bueno, se por hipótese os investidores, correntistas e mercado soubessem todas as informações imediatamente sobre como é administrada certa instituição, como age e qual o risco das operações, seria impossível os executivos enganarem alguém.

Porém, pergunto, a realidade é assim?
Quando eu aplico o meu rico dinheirinho em um fundo administrado por um banco, sou informado que cada fundo tem um determinado perfil, de conservador com baixo risco até aqueles mais ousados, de alto risco (dolar, ações, etc..). Se eu escolher um fundo conservador espero que o dinheiro seja aplicado nos papéis previstos para ele. Os fundos tem autorização do Banco Central para captarem e operarem e deveriam ser fiscalizados.
Agora se o banco pega o dinheiro aplicado nos fundos conservadores, que rendem pouco, e resolve aplica-los em negócios mais arriscados que rendem mais, ficando com a diferença como lucro, o que vai render bonus milionários aos executivos, é um roubo contra o cliente. O estado que deveria fiscalizar e não fiscalizou é cúmplice.

saudações

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Qui Ago 27, 2009 12:36 pm
por Vitor
Bourne escreveu:Bueno, se por hipótese os investidores, correntistas e mercado soubessem todas as informações imediatamente sobre como é administrada certa instituição, como age e qual o risco das operações, seria impossível os executivos enganarem alguém. Portanto, qualquer regulamentação ou intervenção do Estado no mercado e na administração das instituição é desnecessário ou, melhor, inútil na medida que o mercado é perfeito.

Porém, pergunto, a realidade é assim?
O que é "perfeito"? Perfeito é um conceito altamente subjetivo. O problema que a intervenção do Estado apenas mascara um fato da realidade, não o resolve, pelo contrário, só cria uma distorção que vai exigir mais intervenção do estado que vai criar outra distorção e assim vai. Como o congelamento de preços no governo Sarney, a gente deixou de ver preços subirem, porque os produtos deixaram de existir nas prateleiras, como toda medida que Chávez toma que só afunda mais a economia da Venezuela.

A natureza do conhecimento e informação é subjetiva, dispersa e muda constantemente, logo é inútil tentar criar um cenário congelado ideal através de mais regulamentações para algo que muda a cada minuto que milhões de pessoas tomam bilhões de decisões. É uma grande ilusão acha que burocratas do Estado podem resolver nossos problemas como se eles tivessem um conhecimento que nós não temos.

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Qui Ago 27, 2009 6:07 pm
por Bourne
Se a informação é imperfeita, abre espaço para ações desonestas dos agentes e criação de mau funcionamentos crescentes até desencadearem grandes crises de ajustes. Portanto, a regulamentação eficiente e que seja dinâmica para se adequar as mudança de cenários a é vital para minimiza-las, já que evitá-las é impossível.

Por conseqüência, os preços passam a não ser balizadores perfeitos da atividade econômica. Os agentes deixam de serem iguais pois sabem coisas diferentes, processam as informações de forma diversa, resultando em ações diferentes frente a situações iguais. Assim sendo, abrem margem para vantagens competitivas a medida que a compreensão do mercado, a qualidade dos produtos e custos são diferentes. As firmas mais eficientes vão passar a destruir as menos até o ponto de chegar a cada vez menor número de firmas atuantes no mercado, mas com crescente poder de impor preços e forçar os consumidores a adquirirem produtos "piores". Refletindo na redução do bem estar geral.

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Qui Ago 27, 2009 9:09 pm
por Vitor
Então as firmas eficientes são malvadas por levarem as incompetentes a falirem? Os agentes deixam de ser iguais? Quando é que os agentes foram iguais para terem deixado de ser iguais? Todo indivíduo é único, ver e entende o mundo e agem a sua própria maneira, fato da vida que todos sabemos.

Vantagem competitiva é o que permite que haja produtos e serviços que atendam melhor as suas necessidades.

Informação e conhecimento mudam constantemente, se auto-corrigem, não precisou haver regulamentação para as pessoas entederem que um Ipod era mais vantagem que um walkman. Por sinal, a semente dessa crise foi a imposição do banco central americano de uma informação falsa, que não refletia as reais condições do mercado, quando impôs uma taxa de juros baixíssima logo após o 11 de setembro e que já estavam tentando criar uma nova bolha (que se tornou a imobilária) para substituir a dotcom que tinha estourado a pouco tempo.

Pela sua lógica, as pessoas mais produtivas são uma ameaça a sociedade, e que cabe ao Estado nivelar as pessoas, nem que sejam por baixo, algo que não dá muito certo. E você diz que que a tendência é ter menos empresas, mas na verdade ocorre o oposto na grande maioria dos setores, nunca tivemos tantas marcas diferentes de carro no Brasil como temos agora quando antigamente era Chevrolet/Ford/Volkswagen.

Caso uma empresa se torne ineficiente, é uma janela de oportunidade para um outro empreendedor atender a o que ele considera uma demanda do mercado.

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Qui Ago 27, 2009 9:49 pm
por Bourne
Sim. Quando uma firma se torna tão eficiente que mata todos os concorrentes e começa a impor condições ao mercado, ela torna-se sim uma ameaça ao bom estar da sociedade e deve ser regulada e o seu poder deve ser quebrado. Dificilmente outro empreendedor irá investir em um setor que exige grande investimento, tecnologia desenvolvida por décadas, conquistar a confiança do consumidor, etc...

A concentração é algo natural do capitalismo, tal como a tendência suicida e de ações não muito morais dos chefes de empresas e instituições financeiras para atingir metas impossíveis de serem cumpridas em beneficio próprio.

No caso do mercado de automóveis, não se pode considerar apenas o mercado brasileiro por que trás informações distorcidas. Para uma percepção consiste é necessário considerar o mundo todo. Centenas de firmas automobilísticas morreram ou foram incorporadas pelas atuais, que são poucas, e logo deverão sobre menos de 10. A situação só não é acentuada por que muitos países como China e Córeia tem política industrial e defende as suas empresas automobilísticas e as impulsionam a competir no mercado internacional

A sua percepção encara o mundo econômico como se o mundo fosse algo parecido com o século XVIII. Onde a tecnologia era tosca, de fácil acesso, os mercados locais onde todo mundo se conhecia, as empresas de mesmo tamanho e capacidade de operar no mercado, a relação capital e trabalho determinada pela negociação direta entre os trabalhadores e empresários, etc.. Praticamente, um mundo bem simples.

O que também reflete em seus exemplos que chegam a ser muito infantis como tentar comparar um Ipod com Walkman que é uma evolução tecnologica da indústria relativamente simples, que levou uma empresa a ter um poder grande de mercado. Porém é papel do Estado garantir que esse produto não contenha, por exemplo, plásticos cancerigênos, force a empresa a dar assistência técnica, garantias de bom funcionamento, etc.... A Microsoft em relação aos sistemas operacionais e suite de escritório, também com um poder muito grande de mercado e aprisionamento em certos padrões. Hoje, mesmo que não queria, para escrever um texto que todos tenham condições de ler e editar tem que o usar o padrão doc. Além do mais encara os fatos com uma simplismo manisfestado com elevada arrogância e radicalismo ideológico.

Mais uma coisa interessante, a sua argumentação destrói a sua crença de que o mercado funciona. Por que se os individuo são diferentes, existem ganhadores e perdedores. Assim, no caso de empresas a tendência final é super concentração e destruição de qualquer forma de competição. Ou seja, seu argumentos são incoerente.

São tão incoerentes que a própria teoria econômica, por mais ortodoxa que seja, dá uma jeito de contemplar a heterogeneidade dos agentes, informações e ambiente para ver o que acontece. Que no tempo infinito a tendência sempre é destruir a competição e piorar a situação dos agentes. Aplicado das mais diferentes formas, a maioria cheia de equações, integrais, diferencias, que normalmente tem uma visão mais simples que considera o mercado funcionando bunitinho e outros bem mais sofisticado com as distorções. No fim, cabe ao Estado defender a competição sadia e garantir o bem estar da sociedade como um todo.

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Sáb Ago 29, 2009 11:00 am
por soultrain
Isto é o que está a acontecer nos média, nos EUA e na Europa:

http://www.theonion.com/content/video/n ... pundits_to

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Sáb Ago 29, 2009 11:44 am
por soultrain

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Sáb Ago 29, 2009 11:59 am
por Bourne

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Sáb Ago 29, 2009 12:16 pm
por gaitero
Para quem tem interesse em lucrar na bolsa...

Esta é a dica numero 1 do game...


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Uma análize interessante de um grande investidor...

Eu não me surpreendi com a queda das ações da Sadia! Pois os gráficos anteciparam a queda das ações da Sadia! Foi a famosa formação de Ombro-Cabeça-Ombro (OCO, Head and shoulders), meu objetivo para o papel era de R$ 7,20 mas chegou até os R$ 5,20.

Tudo é uma questão de boa observação!


Outras observações...

Estamos num momento de alta de médio prazo, depois da queda de maio de 2008, o Ibovespa agora veio de 29438 ( respeitado a faixa de Fibonacci ) até 42400, alta de 44%. Esse demorado repique afinal veio. Mas não devemos esquecer que estamos am baixa de longo prazo, podendo o Ibovespa ir nesse repique até 54000 pontos que vai continuar nessa situação de baixa de LP, vide média.

Estamos no meio de uma crise mundial, na minha opinião, o Ibovespa deve procurar o fundo do canal, como mostra o gráfico abaixo, o suporte por volta dos 22000 pontos no momento....

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Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Sáb Ago 29, 2009 7:53 pm
por cvn73
Um pouco de otimismo.

Um ano depois, Brasil sai da crise mundial maior do que entrou
Às vésperas do mês em que se completa um ano da crise global, o otimismo com o País tornou-se consenso

Fernando Dantas, de O Estado de S. Paulo

RIO - O Brasil saiu da turbulência global maior do que entrou. Às vésperas do mês em que se completa um ano da crise iniciada com a concordata do Lehman Brothers, em 15 de setembro, o otimismo com o País tornou-se consensual. “O fato de que o Brasil passou tão bem pela crise tinha mesmo de instilar confiança”, diz Kenneth Rogoff, da Universidade Harvard, ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI). Para Jim O’Neill, do Goldman Sachs, e criador da expressão Bric (o grupo de grandes países emergentes, Brasil, Rússia, Índia e China), “o Brasil passou por essa crise extremamente bem, e pode crescer a um ritmo de 5% nos próximos anos”.



O crescimento de importância do Brasil e de outras economias emergentes é uma das características do novo mundo surgido com a crise econômica. Para comentar essa e várias outras mudanças, o Estado ouviu oito grandes economistas estrangeiros e brasileiros: Rogoff; O’Neill; Barry Einchengreen, da Universidade de Berkeley; José Alexandre Scheinkman, de Princeton; Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central (BC) e sócio gestor do Gávea Investimentos; Edmar Bacha, consultor sênior do Itaú BBA e codiretor do Instituto de Estudo de Políticas Econômicas - Casa das Garças (Iepe/CdG); Affonso Celso Pastore, consultor e ex-presidente do BC; e Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco.

Pastore observa que a recessão no Brasil foi curta, de apenas dois trimestres, comparada a quatro em países como Estados Unidos, Alemanha e França. Goldfajn nota que há os países que estão saindo da recessão no segundo trimestre e os que estão saindo no terceiro - o Brasil está entre os primeiros, com várias nações asiáticas. “Mesmo no primeiro trimestre, se olhar mês contra mês, há números fortes de crescimento no Brasil”, acrescenta.

Para Goldfajn, a crise foi um teste de estresse para diversos países, no qual alguns passaram, outros não, alguns tiveram nota boa e outros nota ruim. “Acho que o Brasil tirou nota boa, e agora está todo mundo olhando e dizendo ‘esse cara é bom’”, diz Goldfajn.

Uma das principais razões para o sucesso do Brasil em enfrentar a crise, segundo Pastore, é que ela pegou o País com o regime macroeconômico adequado - câmbio flutuante, bom nível de reservas, inflação controlada, superávit primário, dívida pública desdolarizada e caindo em proporção ao Produto Interno Bruto (PIB). Essa solidez combinou-se com o sistema financeiro capitalizado, pouco alavancado, que estava proibido pela regulação de operar com os ativos perigosos, como os títulos estruturados no mercado americano de hipotecas subprime. “Uma das lições da crise é que países que tinham uma abordagem equilibrada da regulação do mercado financeiro, como Brasil, Austrália, Canadá , não tiveram crise bancária”, diz O’Neill.

A política anticíclica, baseada em corte de impostos e ampliação de gastos públicos, também ajudou, embora esta segunda parte seja criticada pelos efeitos de médio prazo. Para Pastore, os aumentos do funcionalismo e do Bolsa-Família tiveram efeitos contracíclicos, mas “por coincidência”, já que foram decididos antes da crise. “O defeito é que, se fosse política contracíclica mesmo, teria de expandir gastos transitórios, e não permanentes.”

Para a maioria dos economistas, o aumento dos gastos públicos correntes reduz o espaço do investimento, e impede que o Brasil cresça a um ritmo ainda mais forte do que os 4% a 5% que estão sendo previstos. “Não é nem preciso dizer que há um monte de coisas que o Brasil poderia fazer para crescer mais rápido”, comenta Rogoff.

De qualquer forma, o sucesso diante da crise jogou o Brasil no radar dos investidores. “À medida que continuarmos a crescer mais que o mundo, é natural que o País receba um aporte muito grande de investimentos estrangeiros diretos”, diz Pastore, acrescentando que eles aumentaram, mesmo com recessão e queda de lucros nos países que sediam as empresas que investem no Brasil.

A contrapartida dos fluxos de capital é o câmbio valorizado e o déficit em conta corrente, o que significa que o mundo está financiando o Brasil para consumir muito (o que implica poupar pouco) e investir ao mesmo tempo. Segundo Goldfajn, os brasileiros serão um dos povos convocados, junto com os asiáticos, a preencher o espaço deixado pelo fim da exuberância do consumidor americano, atolado em dívidas e necessitado de reconstruir seu patrimônio.

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Qua Set 02, 2009 1:40 pm
por P44
02 Sep 2009 - US STOCKS-Wall St flat as factory, job data disappoint


By Edward Krudy

NEW YORK, Sept 2 (Reuters) - U.S. stocks were mostly flat on Wednesday after three days of declines, as investors digested disappointing reports on the labor market and factory orders that increased worry the rally may have run too far ahead of the economy.

The ADP survey of private-sector jobs is seen as a precursor to Friday's closely-watched monthly government figures as investors look for signs the S&P 500's 50-percent rally since early March may be stalling.

New orders received by U.S. factories rose a smaller-than-expected 1.3 percent in July, with a rise in aircraft orders countering sluggish demand for nondurable goods, government data showed.

"You're getting a little bit more focused on the negative and not accentuating the positive that we're getting in these economic reports," said Scott Marcouiller, senior equity market strategist at Wells Fargo Advisors in St. Louis.

The market has fallen on better-than-expected news this week, prompting some to recall the adage that bull markets end on good news.

"The bigger picture is, everyone knows we have an extended market. There's going to be pause out there somewhere," said Marcouiller

The Dow Jones industrial average <.DJI> dropped 19.65 points, or 0.21 percent, to 9,290.95. The Standard & Poor's 500 Index <.SPX> lost 2.90 points, or 0.29 percent, to 995.14. The Nasdaq Composite Index <.IXIC> fell 1.12 points, or 0.06 percent, to 1,967.77.

Financial stocks were weak again after falling sharply in the last few days. The KBW Bank index <.BKX> fell 1.2 percent. Citigroup Inc dropped 1.1 percent to $4.49.

U.S. private employers cut 298,000 jobs in August, the ADP and Macroeconomic Advisers said its National Employment Report, fewer than a revised 360,000 jobs lost in July, but more than the 250,000 mean forecast in a Reuters poll.

(Reporting by Edward Krudy; Editing by Padraic Cassidy)

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Seg Set 07, 2009 11:30 am
por Edu Lopes
Crise fortaleceu papel do Brasil no mundo, dizem analistas

Daniel Gallas

Da BBC Brasil em Londres


O Brasil está saindo da atual crise econômica mundial fortalecido em relação aos países desenvolvidos, na avaliação de especialistas ouvidos pela BBC Brasil.

A análise da situação da economia brasileira foi feita a pedido da BBC Brasil, que publica a partir desta segunda-feira, até o dia 24 de setembro, a série "Depois da Tempestade", um especial com um balanço de um ano de crise econômica.

Segundo os especialistas, neste último ano, o Brasil não foi poupado da crise, como esperavam os defensores da teoria do "descolamento", mas se prepara para sair da recessão com indicadores relativamente saudáveis quando comparados aos das principais economias do mundo.

Instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) preveem que o país, ao lado de outros emergentes, se recupere da crise mais rapidamente e também amplie a margem de vantagem em relação ao crescimento dos países ricos.

No entanto, mesmo com o crescimento econômico relativamente acelerado, o Brasil e outros emergentes ainda lutam para ter mais voz política em organismos e grupos internacionais como o FMI e o G8.

Vantagem

O FMI prevê que as economias emergentes crescerão 1,5% neste ano, enquanto os países desenvolvidos terão retração de 3,8%. Em 2010, quando as economias avançadas devem crescer 0,6%, segundo o FMI, os países emergentes estarão crescendo quase oito vezes mais rápido: a 4,7%.

Antes da crise, os países emergentes já vinham crescendo mais rapidamente do que o mundo desenvolvido, mas em uma escala menor. Em 2007, os países emergentes registraram aumento de 8,3% - três vezes mais acelerado do que o crescimento de 2,3% das economias avançadas.

O Brasil se encaixa nessas previsões. Segundo o FMI, a economia do país deve cair 1,3% em 2009 - menos da metade do ritmo das economias avançadas. No próximo ano, a economia nacional cresceria 2,5% - mais de quatro vezes o ritmo dos países ricos.

As projeções do FMI são bem menos otimistas do que as do governo brasileiro que prevê crescimento de cerca de 1% para 2009 e de 4,5% para 2010.

Endividamento

Para o analista de América Latina do Deutsche Bank, Gustavo Cañonero, a região foi fortemente afetada pela crise econômica mundial, mas o Brasil e alguns países latino-americanos apresentam duas características que os tornam menos vulneráveis do que as economias ricas.

"Em primeiro lugar, a região tem menos dívidas no setor público e privado", afirma Cañonero. Os países ricos aumentaram muito o seu endividamento público com pacotes fiscais e de estímulo à economia, mas na América Latina e em outros países emergentes o endividamento é baixo.

"Hoje o Brasil tem um histórico muito bom em comparação com as economias desenvolvidas", diz Cañonero.

Segundo um relatório recente da OCDE sobre o Brasil, "a relação dívida pública/PIB deve manter-se próxima de 40% do PIB em 2009 - e depois deve cair gradualmente para 35% no médio prazo".

Enquanto no Brasil a perspectiva é de queda, nos Estados Unidos, que desembolsaram bilhões de dólares para ajudar o setor financeiro a sair da crise, a tendência é de aumento. Os americanos viram sua dívida pública aumentar de 65% do PIB no final de 2006 para 70% em 2008. A previsão da Casa Branca é que a dívida pública atinja 90% este ano e passe de 100% em 2011.

Na Grã-Bretanha, outro país que gastou muito com pacotes para o setor financeiro, a dívida pública aumentou de 43% do PIB, no final de 2008, para 56% em julho passado. Um instituto independente prevê que o índice chegue a 83% até 2012.

Commodities

O segundo fator, segundo Cañonero, é que os países emergentes são grandes produtores de commodities, vistas como investimentos seguros no longo prazo. No começo da crise, o preço de muitas commodities caiu drasticamente, afetando também grandes exportadores como o Brasil.

No entanto, alguns preços já voltaram a subir. De dezembro até junho, o preço da soja subiu 60%. Segundo a Economist Intelligence Unit (EIU), o preço geral das commodities comercializadas pelo Brasil está crescendo no segundo semestre deste ano, graças à China, que está aumentando suas importações.

"Países emergentes são vistos como produtores de commodities e com baixo nível de endividamento, em um mundo em que os países ricos estão aumentando suas dívidas exponencialmente. Também são associados a contas externas saudáveis, com altos níveis de investimentos diretos estrangeiros", diz o analista do Deutsche Bank.

Além das commodities e do baixo endividamento, a Economist Intelligence Unit, que, recentemente revisou de 2,7% para 3,3% o crescimento do Brasil em 2010, aponta um terceiro fator: o sólido sistema financeiro brasileiro.

"O sistema financeiro [brasileiro] é muito mais dominado por capital brasileiro do que por capital estrangeiro, e isso se provou uma vantagem já que sistemas dominados por bancos estrangeiros estão diminuindo severamente", diz Justine Thody, diretora regional de América Latina da consultoria.

Perigos para o Brasil

Para o professor de Relações Internacionais Andrew Hurrell, especialista em Brasil da universidade britânica de Oxford, a crise econômica criou desafios e oportunidades para que o país aumente sua participação nos centros de decisão do poder.

"Recentes análises do papel do Brasil no mundo são cada vez mais otimistas - e com bom motivo. O Brasil de fato estabeleceu-se como um 'player' importante e influente na política mundial", escreveu o professor em um recente artigo sobre o papel do país no mundo.

No entanto, ele alerta que uma recuperação muito acelerada da economia mundial diante da crise poderia prejudicar as ambições brasileiras, já que os países ricos poderiam voltar à normalidade, sem promover reformas que ampliem a voz de países emergentes nos centros internacionais de decisão.

"O Brasil seria prejudicado no caso de a economia mundial não conseguir se recuperar. Mas suas opções também seriam restringidas em um cenário no qual as principais economias se recuperassem sem uma reforma séria. Em um cenário assim, as ortodoxias liberais de mercado se manteriam dominantes", escreve o professor.

"Depois de uma corrente inicial de pedidos por regulamentações mais profundas e firmes, já há sinais de uma atitude de 'volta à normalidade' tanto nos Estados Unidos como na Grã-Bretanha."

Justine Thody, da EIU, também alerta para o fato de que mesmo tendo se fortalecido diante da crise em relação aos demais países, o Brasil ainda não é um "grande tigre".

"O Brasil ainda tem problemas enormes em várias áreas, como terrível infra-estrutura, um enrolado sistema tributário que não é atraente para investidores, baixos níveis de educação dos trabalhadores em geral - apesar de alguns bolsões de excelência - e serviços públicos muito pobres."


Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticia ... l_dg.shtml

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Seg Set 07, 2009 12:36 pm
por P44
Comércio
ONU defende criação de uma nova moeda mundial

Pedro Latoeiro
07/09/09 16:00


A ideia não é nova e hoje ganhou um apoio de peso. A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) defende a criação de uma nova divisa que diminua o peso do dólar no comércio internacional.

Num relatório hoje conhecido, este órgão da ONU defende ser necessária a criação de uma nova moeda internacional que proteja as economias emergentes da especulação financeira. O organismo também propõe a criação de um banco global que fique responsável pela gestão desta moeda, nomeadamente das taxas de câmbio.

Nesse documento, a UNCTAD diz mesmo "ser necessária uma intervenção equivalente à de Bretton Woods ou ao sistema monetário europeu" na sequência da actual crise mundial, a mais profunda desde a Segunda Guerra Mundial.

A sugestão de criação de uma nova moeda mundial partiu da China, Índia, Brasil e Rússia, países que viviam em 'boom' económico e sentiram de perto a crise financeira despoletada no mercado imobiliário norte-americano.
http://economico.sapo.pt/noticias/onu-d ... 69057.html

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Seg Set 07, 2009 1:21 pm
por Bourne
[082] [082] [082] [082] [082] [003] [054]

Esse pessoal da ONU deve ter feito muitos cálculos com teorias de "optimal currencies" e ignoraram o básico. Que básico? A moeda é um instrumento do poder nacional, dificilmente vai delegar a administração de sua moeda a uma entidade internacional, perdendo a soberania sobre ela. Além disso os interesses de cada país são diversos e frequentemente opostos, essa tal moeda internacional, se criada, tem tudo para virar motivo de briga e implodir na primeira crise. Na história, as uniões monetárias nunca tiveram uma longa vida por isso. Inclusive a ideia de se ter uma moeda mundial foi destruída no século XIX pela prioridade dos países de agir em nome de seus interesses e administrar a sua macroeconomia.

O sistema monetário europeu é um exemplo atual desses conflitos. Os mesmos que ocorreram ao longo do século XIX. Aliás, a frança comandava a União Monetária Latina formada por Suíça Bélgica e Itália formanda no século XIX. A Itália foi a primeira a cair fora, depois da Guerra e dos seus efeitos sobre a economia dos países envolvidos, a União virou um mero enfeito e sepultada logo depois. Entretanto, a Alemanha promoveu a sua união política e monetária mais o menos na mesma época, e o marco até recentemente foi a moeda alemão. Qual a diferença? A União Monetária Latina não tinha um poder central forte, mas a Alemanha era um Estado representante da nação alemã.

O dólar terá seu papel diminuído pela emergência de países cada vez mais fortes e que fazem o comércio e fluxos financeiros entre si, refletindo em um mundo mais plural e em suas moedas mais cobiçadas no cenário internacional. Assim, quem vai substituir o dólar são as moedas desses emergentes.

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Seg Set 07, 2009 5:18 pm
por soultrain
Bourne,

Percebeste mal, o que pretendem (Brasil incluído), é ter uma moeda internacional mas continuar a haver moedas nacionais. Apenas seria usada no comercio internacional, em vez do dólar ou do euro.

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