Crise Econômica Mundial

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Re: Crise Econômica Mundial

#1051 Mensagem por Bourne » Qui Ago 13, 2009 5:22 pm

pafuncio escreveu:O problema é a insistência dele no mundo fashion ...
Pensei que era por que disse certa fez que se apaixonar pelo Kimi não tinha problema, mas pelo Barrica era doidera. :mrgreen:




Enlil
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Re: Crise Econômica Mundial

#1052 Mensagem por Enlil » Dom Ago 16, 2009 2:29 pm

Domingo, 16 de Agosto de 2009

Bancos reabrem cassino global

Menos de um ano após a turbulência global, os bancos voltam a fazer operações de risco com clientes subprime

Gustavo Chacra, NOVA YORK

Depois de meses de incerteza sobre o futuro do mercado financeiro americano, o cenário pode parecer de calmaria para os investidores, com o "Grande Pânico" se tornando história em Wall Street. Os índices Dow Jones e S&P 500, da Bolsa de Nova York, estão subindo desde março, quando estiveram nos seus níveis mais baixos em quase uma década. Na economia, o governo americano publicou, em agosto, sucessivos números que demonstram, segundo o Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos), o início do fim da recessão.

Esse quadro, de acordo com alguns analistas, não passa de ilusão. Os bancos agem como se nada houvesse ocorrido e o "cassino financeiro" está de volta, escrevem críticos do governo em sites especializados como o zerohedge.com e publicações como o Wall Street Journal. Investimentos arriscados produzem lucros bilionários para alguns bancos. Mesmo as empresas de financiamento de imóveis, tidas como epicentro da crise, voltam a emprestar para clientes subprime (com elevado risco).

A retomada do risco ocorre menos de um ano após o Lehman Brothers deixar de existir e o Merrill Lynch passar para as mãos do Bank of America, em uma época em que o JP Morgan e o Goldman Sachs temiam ser os próximos da lista. Na época, hedge funds (fundos de investimento com liberdade para atuar em vários mercados) fechavam as portas, operadores de mercado acostumados com bônus de cifras milionárias viam suas carreiras - e suas fortunas - se desintegrarem em poucos dias. O que ficou conhecido como o "Grande Pânico" poderia se converter em uma nova "Grande Depressão", como nos anos 1930, ou ser um pouco menos grave, como em 1907, quando o mercado foi salvo pelo banqueiro JP Morgan.

Ben Bernanke, presidente do Fed, não queria cometer os mesmos erros dos dirigentes da instituição nos anos 1930 e sabia que o banco central e o governo precisavam intervir no mercado para evitar uma quebradeira generalizada, segundo David Wessel, editor de economia do Wall Street Journal e autor do livro In Fed We Trust (Nós acreditamos no Fed). Esse seria o primeiro passo. Atuando em sincronia, o Fed e a Secretaria do Tesouro, depois de fracassarem na tentativa de salvação do Lehman, incorporaram ao governo o gigante dos seguros AIG e diversas companhias de financiamento de imóveis como Freddie Mac e a Fannie Mae. Também negociou a venda do Merrill Lynch para o Bank of America. A Bear Sterns já havia sumido do mapa antes mesmo do ápice da crise.

A segunda parte do plano de salvamento consistiria na regulamentação de todo o mercado financeiro para evitar que negociações com derivativos não colocassem todo o sistema em risco se os clientes subprime não conseguissem pagar as suas dívidas. Algumas medidas foram tomadas durante o auge da crise, como a transformação de bancos de investimentos em bancos comerciais comuns, o que limitava as suas ações. Mas a maior parte das reformas do mercado financeiro demorou para ser implementada. Apenas na semana passada, finalmente, a administração de Barack Obama, com o apoio do Fed, enviou para o Congresso um plano para reformar o mercado de alguns tipos de derivativos que provocaram a crise.

Segundo um analista de Wall Street disse ao Estado, talvez seja um pouco tarde e a festa já recomeçou há algum tempo. O Merrill Lynch anunciou na quinta-feira que levará adiante uma agressiva política de remuneração para contratar pessoal. O JP Morgan aumentou o salário de seus funcionários. Até esse ponto, tudo bem, afirmam os céticos em relação ao cenário atual. O problema aumenta quando se fala na Goldman Sachs. O banco de investimentos anunciou um lucro recorde de US$ 13,8 bilhões no segundo trimestre deste ano. Ao longo de 46 dias úteis (71% do total) entre abril e junho, o Goldman Sachs conseguiu lucrar mais do que US$ 100 milhões por dia. A marca anterior era de 34 dias. O número aumenta para 89% quando o patamar é reduzido para US$ 50 milhões. Resultado que ocorre meses depois de o banco ser socorrido pelo Tesouro americano com uma ajuda de cerca de US$ 10 bilhões - já devolvidos.

"Bancos que foram salvos da implosão poucos meses atrás pelos contribuintes apresentam ganhos recordes", dizem os analistas Naufal Sanaullah, Qasin Khan e Tyler De Bôer. Estudo deles demonstra que os bancos mantêm o mesmo tipo de operações anteriores à crise e as intensificaram ainda mais nas últimas semanas. Assim como na "era Alan Greenspan" (alusão ao célebre presidente do Fed que antecedeu Bernanke) havia a noção de que os Estados Unidos se expandiriam indefinidamente, agora passaram a ver a recessão como uma coisa do passado e que, a partir daqui, a tendência é crescer. Em um acréscimo de risco em relação ao período pré-crise, bancos e hedge funds utilizam cada vez mais o High Frequency Trading, no qual computadores são usados em operações de ações em alta velocidade que dão vantagem a alguns investidores em relação a outros.

O professor da Universidade de Princeton e prêmio Nobel de Economia em 2008, Paul Krugman, advertiu em recente coluna no New York Times que os lucros do Goldman Sachs deixam claro três coisas. "Primeiro, o Goldman é muito bom no que faz. Infelizmente, isso é ruim para os Estados Unidos. Segundo, demonstra que os maus hábitos de Wall Street não desapareceram. Terceiro, indica que, ao resgatar o sistema financeiro sem reformá-lo, Washington não protegeu os americanos de uma nova crise - na verdade, tornou outra crise mais provável". O Goldman Sachs nega que venha se arriscando e ressalta a política de transparência em relação aos clientes adotada no início deste ano. Os bons resultados, diz o banco, se deve à maior competência.

O problema, segundo Sanaullah, é que alguns bancos já realizam investimentos arriscados baseados na presunção de que a economia se estabilizou. Ele e muitos economistas americanos afirmam que os números divulgados nas últimas semanas, celebrados pela administração Obama, indicam na realidade uma situação ainda grave e com o risco da volta da recessão. O índice de desemprego (9,4%) parou de subir porque menos pessoas procuraram emprego, e não por aumento nas contratações; os estoques diminuíram porque não foram repostos; e a economia se reduziu em "apenas" 1% por causa dos gastos do governo por meio do programa de estímulo da economia, e não devido ao maior consumo ou investimento da iniciativa privada, tradicionais motores do crescimento do PIB nos Estados Unidos.

Além disso, grande parte dos americanos continua endividada e suas casas podem ser hipotecadas nos próximos meses. Julho foi o mês que registrou o recorde em hipotecas executadas desde o início da medição, em 2005.

Para complicar, conforme escreveram o Wall Street Journal e a revista The Economist, apesar de as financiadoras de imóveis Freddie Mac e Fannie Mae estarem sob controle, a Ginnie Mae, outra empresa do mesmo ramo e também sustentada pelos contribuintes, voltou a dar garantias indiscriminadamente para clientes subprime.

A inadimplência não para de crescer e atinge 7%. O mercado que foi deixado de lado pelas duas empresas maiores antes da crise, passou para as mãos de Ginnie Mae. A conta, alertam as publicações, ficará com o governo.


"Alguém no Congresso ou na Casa Branca está prestando atenção? Claro que não", escreveu o Wall Street Journal em editorial, no dia 11.

>

Eles não perdem tempo. E tem gente q defende a salvação dessa máfia a revelia dos interesses da maioria só para não implodir um sistema financeiro podre e extremamente concentrador de renda... se Stálin fosse um capitalista certamente seria um neoliberal defensor do "Estado Mínimo"...




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Re: Crise Econômica Mundial

#1053 Mensagem por Bourne » Dom Ago 16, 2009 3:02 pm

Nukualofa77 escreveu:
(...)O professor da Universidade de Princeton e prêmio Nobel de Economia em 2008, Paul Krugman, advertiu em recente coluna no New York Times que os lucros do Goldman Sachs deixam claro três coisas. "Primeiro, o Goldman é muito bom no que faz. Infelizmente, isso é ruim para os Estados Unidos. Segundo, demonstra que os maus hábitos de Wall Street não desapareceram. Terceiro, indica que, ao resgatar o sistema financeiro sem reformá-lo, Washington não protegeu os americanos de uma nova crise - na verdade, tornou outra crise mais provável". O Goldman Sachs nega que venha se arriscando e ressalta a política de transparência em relação aos clientes adotada no início deste ano. Os bons resultados, diz o banco, se deve à maior competência. (...)
As instituições financeiras voltaram a fazer o que sabem fazer de melhor: especular e ganhar dinheiro. O problema é que voltaram a agir como no pré-crise. A questão não é salvar ou não as instituições como parte do sistema de crédito necessário para o funcionamento da economia capitalista, não me refiro a pessoas ou as suas propriedades, mas a falta de uma regulação que funcione e não permita que as instituições utilizem estratégias kamikases. É claro que essas instituições não querem ser reguladas e vão lutar para isso não ocorrer, mas o interesse geral diz o contrário.

Outra visão "a la" Braudel, o grande ídolo do Véio Túlio, é que faz parte do processo de aprofundamento da financeirização do poder norte-americano em marcha incontrolável rumo a auto-destrição. Abrindo caminho para a emergência de um novo sistema de acumulação capitalista comandada por uma ou mais potências. :shock:




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Re: Crise Econômica Mundial

#1054 Mensagem por Rui » Qui Ago 20, 2009 9:13 am

Economista sugere que país pode ser um «problema para a Europa»
Espanha poderá ser expulsa do euro
Endividamento do país acima da barreira de 3% estabelecida pela Europa é a justificação

Um economista espanhol referiu em entrevista ao canal televisivo TV3, que a Espanha poderá ser «expulsa do euro», noticia o «Cinco Días».

Xavier Sala i Martín, economista catalão, afirmou que a Espanha está muito endividada e dada a actual conjuntura de crise tem que lidar com um problema adicional, que é o facto de não controlar a política económica, ao contrário da restante Europa, sugerindo que o país se possa tornar «um problema para a Europa e, por exemplo, seja expulso
do euro».

O economista recordou que a União Europeia estabelece regras para impedir que os países atinjam deficits demasiado elevados e que a «Espanha ultrapassou de uma maneira extravagante estes limites», acrescentando que ainda não se sabe «como regressará ao limite dos 3 por cento».




É perante o obstáculo, que o homem se descobre.
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Re: Crise Econômica Mundial

#1055 Mensagem por P44 » Qui Ago 20, 2009 11:37 am

Retoma
Bundesbank, FMI e OCDE decretam o início do fim da crise

Pedro Duarte
20/08/09 14:20


O banco central alemão disse hoje que a maior economia europeia terá superado a crise, juntando a sua voz às do FMI e da OCDE entre as organizações que acreditam que o pior já passou.

No seu boletim de Agosto, o Bundesbank (banco central da Alemanha) nota que a produção alemã poderá registar uma “melhoria notável” no terceiro trimestre, confirmando assim a saída da maior economia europeia da pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial.

Esta semana tem sido marcada por anúncios optimistas por parte de grandes entidades económicas mundiais, tendo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) anunciado ontem que a economia dos 30 países que a integram estabilizou no segundo trimestre, saindo assim da recessão, enquanto que no mesmo dia o economista -chefe do Fundo Monetário Internacional, Olivier Blanchard, afirmou que “a retoma económica já começou”.

Outra voz de peso que deu ânimo aos investidores foi a do investidor multimilionário norte-americano Warren Buffett, que afirmou na quarta-feira que “a Economia dos Estados Unidos já saiu da sala de urgências”, embora tenha avisado que os EUA terão que tomar medidas para controlar o seu elevado défice, que poderá trazer grandes danos ao país.

O mesmo tom cauteloso é tomado pelo Bundesbank, que sublinha no Boletim Estatístico que “ainda se mantém a incerteza” sobre a evolução futura da economia germânica.

Na semana passada, os mercados e os analistas foram surpreendidos pelas notícias de que tanto a Alemanha como a França cresceram 0,3% no segundo trimestre, tendo por isso saído da recessão. Nessa sexta-feira, Portugal também se juntou ao grupo de países cuja economia já não se contrai, tendo registado uma expansão de 0,3% entre Abril e Junho.

Já esta semana, tanto o Japão como a Noruega também anunciaram ter registado crescimentos económicos no segundo trimestre do ano. Em recessão permanece o Reino Unido, cuja economia se contraiu em 0,8% entre Abril e Junho.

http://economico.sapo.pt/noticias/bunde ... 67889.html




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Re: Crise Econômica Mundial

#1056 Mensagem por Bourne » Qui Ago 20, 2009 12:59 pm

Rui escreveu:Economista sugere que país pode ser um «problema para a Europa»
Espanha poderá ser expulsa do euro
Endividamento do país acima da barreira de 3% estabelecida pela Europa é a justificação

Um economista espanhol referiu em entrevista ao canal televisivo TV3, que a Espanha poderá ser «expulsa do euro», noticia o «Cinco Días».

Xavier Sala i Martín, economista catalão, afirmou que a Espanha está muito endividada e dada a actual conjuntura de crise tem que lidar com um problema adicional, que é o facto de não controlar a política económica, ao contrário da restante Europa, sugerindo que o país se possa tornar «um problema para a Europa e, por exemplo, seja expulso
do euro».

O economista recordou que a União Europeia estabelece regras para impedir que os países atinjam deficits demasiado elevados e que a «Espanha ultrapassou de uma maneira extravagante estes limites», acrescentando que ainda não se sabe «como regressará ao limite dos 3 por cento».
A união monetária latina, liderada pela França envolvendo Suíça, Bélgica e Itália, e a escandinávia com os países escandinávios implodiram quando os interesses nacionais se sobrepusseram aos sacrifícios de manter uma moeda única na período entre guerras, especialmente em meio a Grande Depressão.

A única forma de uma união monetária dar certo é ser efetuado dentro de um país. Por exemplo, a EUA, Alemanha e Itália. Caso contrário, cedo ou tarde vai se desfazer no ar devido a outras necessidades.




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Re: Crise Econômica Mundial

#1057 Mensagem por P44 » Qui Ago 20, 2009 1:06 pm

para expulsarem a Espanha terão de expulsar meia-europa junto, Portugal incluido




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Re: Crise Econômica Mundial

#1058 Mensagem por cabeça de martelo » Qui Ago 20, 2009 1:46 pm

Afirmativo.




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

O insulto é a arma dos fracos...

https://i.postimg.cc/QdsVdRtD/exwqs.jpg
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Re: Crise Econômica Mundial

#1059 Mensagem por Bourne » Qui Ago 20, 2009 2:17 pm

P44 escreveu:para expulsarem a Espanha terão de expulsar meia-europa junto, Portugal incluido
Ou a Espanha é somente o inicio do fim. [089]

Estou muito apocalíptico :lol:




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Re: Crise Econômica Mundial

#1060 Mensagem por Túlio » Qui Ago 20, 2009 6:54 pm

Bourne escreveu: "A ideologia é um instrumento de dominação que age através do convencimento, não da força, de forma prescritiva, alienando a consciência humana e mascarando a realidade." (De quem? É surpresa)

ALERTA VERMELHO!!!

TEMOS UM MARXISTA CONVICTO ENTRE NÓS!!!

ÀS ARMAS! ÀS ARMAS!! ÀS ARMAS!!!




“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”

P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: Crise Econômica Mundial

#1061 Mensagem por Bolovo » Qui Ago 20, 2009 7:08 pm

Bourne sorrindo
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Bourne feliz
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Bourne triste
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Só agora que li a assinatura do Bourne. Já ouvi essa frase umas mil vezes na USP haehae [003]




"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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Re: Crise Econômica Mundial

#1062 Mensagem por Túlio » Qui Ago 20, 2009 7:58 pm

A economia em profunda perturbação...

Pergunta a Bernanke: "Você tem cojones para aumentar taxas?"
por Mike Whitney


É alvorada na América. Os números do desemprego estão a estabilizar, o mercado de acções está a ferver, as receitas trimestrais foram melhores do que o esperado, os correctores estão com mercado em alta, a habitação dá mostras de vida e a sucata dos swaps deu a Detroit uma bem necessária injecção de adrenalina. Mesmo economistas Cassandra – como Paul Krugman e Nouriel Roubini – têm sido pouco habitualmente optimistas. Será verdade que evitámos uma Segunda Grande Depressão? Estará o pior realmente para trás?

Talvez. Mas só há um meio de descobrir isso com certeza. Elevar taxas.

Bernanke deveria saudar a oportunidade de mostrar a toda a gente como arrancou a maior economia do mundo da beira do desastre. Tudo o que ele tem de fazer é cessar de dar dinheiro gratuito, encerrar algumas da suas chamadas facilidades de concessão de empréstimos e parar de manipular taxas de juro através da compra de títulos apoiados por hipotecas (mortgage-backed securities, MBS) da Fannie e do Freddie. Quão difícil será isto? O S&P 500 disparou 48 por cento desde 9 de Março. Do que Bernanke está à espera? Um aumento de 75 por cento, um aumento de 100 por cento??? Quão altas as acções têm de ficar para convencer Bernanke de que a economia pode aguentar-se nos seus próprios pés sem a torrente de liquidez barata emitida pelo Fed?

Bernanke pode provar aos seus críticos que a economia dos EUA não precisava dos programas de monetização e do controle de preços do Fed; que tão pouco precisava de injecções de liquidez e de comprar hipotecas lixo. (US$80 mil milhões só no mês passado) Afinal de contas, como opina Bernanke, "Os fundamentos da nossa economia estão fortes!"

Certo. Agora prove.

Tudo o que Bernanke tem a fazer é incrementar taxas em um ponto ou dois e demonstrar que está desejoso de limpar alguns dos US$12 milhões de milhões (trillion) que bombeou para dentro dos mercados financeiros. Apenas com um anúncio, o presidente do Fed poderia mostrar ao nosso maior credor – a China – que é sério quanto à defesa do dólar e ao trilião de dólares de Títulos do Tesouro dos EUA que a China comprou acreditando que os EUA eram um parceiro comercial responsável que nunca emitiria cheques sobre uma conta com um saldo líquido negativo de US$12 milhões de milhões. (A Dívida Nacional)

Assim, vá em frente, Ben. Eleve taxas, encerre as máquinas de impressão, embrulhe os programas de bem-estar corporativo. Seja um Grande Homem. Faça os seus críticos comerem as suas palavras. Isto é da Blooberg News, de 12/Agosto/09:

"A política de ajustamento do Open Market Committee do Fed limitará a taxa alvo de zero para 0,25 por cento e manterá planos para comprar até US$1,45 milhões de milhões de dívida habitacional este ano a fim de ajudar a assegurar uma recuperação, disseram analistas. Aguarda-se a declaração do FOMC para cerca das 14h15 em Washington".

Hummmmm. Assim toda a conversa alegre dos "rebentos verdes" é pura tagarelice, não é? Não há recuperação. Bernanke planeia continuar a inundar o sistema financeiro com liquidez barata. É tudo uma fraude. As coisas não estão melhores, estão piores.

Vejam-se os factos.

Houve 1,9 milhão de arrestos nos primeiros seis meses de 2009 e haverá mais 1,5 milhão antes do fim do ano. O que é melhor? Segundo a Bloomberg: "Uma saturação de casas não vendidas está a pressionar os preços para baixo. Os 3,8 milhões de casas para venda em Junho levariam 9,4 meses para vender ao ritmo actual das transacções, segundo a Associação Nacional de Correctores de Imóveis. A taxa de rotação do stock era em média de 4,5 meses nos seis anos decorridos entre 2000 e 2005... Mais de 18,7 milhões de casas, incluindo arrestadas, residências para venda e casas de férias, permaneciam vagas nos EUA durante o segundo trimestre. Isto deve ser comparado com os 18,6 milhões no ano anterior, disse o U.S. Census Bureau em 24 de Julho.

"As vendas totais de casas caíram 23,7 por cento em Junho em relação ao ano anterior". (Bloomberg

Oferta maciça, preços em queda, recorde de arrestos, procura exaurida e – segundo o Deutsche Bank – 48 por cento de todas as hipotecas estarão debaixo da água em 2011. Está tudo mau.

Aqui está um outro recorte de hoje 12/08/09 da Bloomberg:

"O declínio nos preços das casas nos Estados Unidos ACELEROU no segundo trimestre, caindo um recorde de 15,6 por cento em relação ao ano anterior, pois os arrestos pesaram sobre os valores.

O preço mediano de uma casa unifamiliar existente caiu para US$174.100, O MAIOR RECORDE desde 1979, disse hoje a National Association of Realtors.

"Não creio que já estejamos no fundo quanto a preços habitacionais", disse Scott Anderson, economista senior do Wells Fargo & Co. em Minneapolis. "Também há uma grande sombra na oferta de casas. As pessoas estão até certo ponto à espera do fundo mas há uma oferta reprimida aqui". ... Os preços das casas estão a despencar mesmo quando as taxas hipotecárias permanecem próximas de baixas históricas. A taxa média dos EUA para empréstimos habitacionais fixados a 30 anos era de 5,22 por cento na semana passada, uma redução dos 5,25 da semana anterior". (Bloomberg)

O declínio nos preços habitacionais está a ACELERAR, não a enfraquecer. O colapso histórico no imobiliário está em andamento e está a destruir milhões de milhões da situação líquida das habitações tornando cada vez mais difícil aos consumidores contrair empréstimos devido ao valor decrescente do seu colateral. Eis porque os arrestos, incumprimentos e bancarrotas pessoais estão a crescer. (Segundo o American Bankruptcy Institute: os pedidos de bancarrota do consumidor atingiram 126.434 em Julho, um aumento de 34,3% de ano para ano, e um aumento de 8,7% sequencialmente (116.365 em Junho). O número de Julho é o mais alto total mensal desde a reforma da lei da bancarrota de Outubro de 2005, também conhecida como Bankruptcy Abuse Prevention and Consumer Protection Act.

TRIPLA MALDIÇÃO

Esta é a razão porque proprietários de casas e consumidores já não podem gastar tanto como antes da crise. As linhas de crédito estão a ser reduzidas; as poupanças pessoais estão a subir e o PIB (excluindo o estímulo fiscal) está a encolher. Cada um dos 3,5 milhões de arrestos representa centenas de milhares de dólares que os bancos nunca recuperarão. NUNCA. Eis porque a taxa de falências bancárias será muito maior do que as estimativas actuais. Os bancos estão a enfrentar uma tripla maldição: arrestos em crescendo, mergulho nos preços activos e um colapso no imobiliário comercial. A combinação criou um buraco de capital gigantesco o qual força os bancos a arrefecerem a concessão de empréstimos mesmo para candidatos com crédito impecável. O Fed desenvolveu um excesso de reservas nos bancos de US$800 mil milhões, mas isto não fez a mínima diferença. Os bancos ainda não são capazes de conceder empréstimos.

O ligeiro aumento do mês passado na habitação reflecte mudanças sazonais e uma mudança do sofrimento do extremo inferior do mercado para casas com preços mais altos; nada mais. Casas que têm preços de mais de US$1 milhão estão agora postas no mercado há 20 meses; uma duração crónica na linguagem imobiliária. Bairros caros transformaram-se em colónias de leprosos. Juro zero, tráfego zero. Aguarde um crash este ano.

Agora vamos ver esta peça de Diana Olick, da CNBC:
"O número de casas listadas oficialmente no mercado, se bem que ainda em níveis historicamente altos, pode ser apenas o topo do iceberg", disse Stan Humphries, economista chefe do sítio web imobiliário Zillow.com, em Seattle, Washington. Segundo o mais recente Inquérito à Confiança do Consumidor, de Zillow, 12 por cento dos proprietários disseram que seria "muito provável" colocarem a sua casa no mercado nos próximos 12 meses se vissem sinais de uma viragem no mercado imobiliário, 8 por cento consideraram "provável" enquanto 12 por cento considerou "algo provável". Os resultados do inquérito poderiam traduzir-se em cerca de 20 milhões de proprietários a tentarem vender suas casas, um número espantoso uma vez que o Gabinete do Recenseamento indica que há nos EUA 93 milhões de casas, condomínios e cooperativas, disse Humphries.

De acordo com a Associação Nacional de Correctores Imobiliários, o mercado está actualmente a caminho de vender 4,80 milhões de casas por ano.

"A este ritmo, levaria cerca de quatro anos para passar esta quantidade de stock acumulado", disse ele. "O stock sombra tem o potencial para nos dar uma rasteira quanto aos preços das casas durante o segundo semestre do ano", disse Steven Wood, economista chefe da Insight Economics, em Danville, Califórnia. (Diana Olick, "Shadow inventory lurks over US housing recovery" CNBC)

Os bancos estão a utilizar todos os tipos de truques contabilísticos para esconder as perdas reais ou o verdadeiro valor dos activos degradados. A única diferença entre um vigarista comum e um banqueiro comercial é um contabilista bem pago. O sistema bancário está arruinado e apenas ficará pior quando o martelo bater no mercado do imobiliário comercial. O Fed e o Tesouro já estão a trabalhar os pormenores de outro salvamento invisível que iniciarão sem aprovação do Congresso. É tudo muito "secreto". O plano envolverá mais mega-alavancagens de passivos do governo. Bernanke nomeou-se o czar de facto do País Hedge Fund, Cidade Sucata, EUA.

Um artigo no Financial Times desta semana ilustra mais uma vez como o Fed transformou a economia num casino à beira do rio:

"O Federal Reserve Bank de Nova York está a agressivamente a contratar correctores pois procura gerir seus florescentes haveres em títulos, tornando o banco central um dos mais activos recrutadores de talentos financeiros da Wall Street.

O Fed de Nova York – o braço do banco central dos EUA que aplica a sua política monetária – planeia aumentar a equipe no seu grupo de mercados para 400 no fim do ano, em relação aos 240 do fim de 2007.

O Fed, o qual diz que a maior parte dos seus novos recrutas vêm de firmas financeiras do sector privado, está a contratar tantos empregados quanto os bancos, agências de classificação, hedge funds e grupos de correctores que operam fora da bolsa (private equity) despedem equipes. Responsáveis de Nova York estimaram recentemente que as mazelas do sector levariam a uma perda de mais de 140 mil empregos.

A necessidade do Fed de mais correctores é uma consequência directa dos esforços do banco central para manter o crédito a fluir através da economia estado-unidense. O Fed tem estado a comprar títulos de rendimento fixado a uma taxa tal que os seus activos mais do que duplicaram para US$2000 mil milhões no ano passado, levando o banco central a concluir que precisa de mais pessoal para monitorar os mercados e administrar os seus riscos de crédito". ( Financial Times, "NY Fed in hiring spree as assets soar", Aline van Duyn)

Lindo, não é? De modo que agora o Fed precisa alistar um bando de especuladores profissionais só para manter todas as bolas no ar. Que brincadeira. Isto não é uma retomada; é apenas mais alarde. Aqui está como Warren Buffett resumiu isto na CNBC:

"Tenho números sobre 70 negócios estranhos, um bocado deles diariamente. Tudo que vejo acerca da economia é que não tivemos salto nenhum. O sistema financeiro estava realmente onde estava a crise em Setembro e Outubro e aquilo foi ultrapassado, o que é muito importante. Mas em termos de a economia voltar à situação anterior, leva um bocado de tempo... Eu disse que a economia estaria num pandemónio este ano e provavelmente bem para além. Receio que seja verdade". "A economia está num pandemónio". Isto vem da própria boca de uma autoridade. Os stocks estão baixos em 11 por cento em relação ao ano passado, os bens duráveis em 10,4 por cento, a capacidade industrial está num recorde baixa, a manufactura está em contracção, a habitação está no tanque, a navegação e os fretes ferroviários estão a arranhar o fundo, o retalho num pânico a longo prazo e – segundo Krugman – a ligeira imersão no desemprego foi uma anomalia estatística. Aqui está o grande resumo de Bob Herbert dos dados do desemprego:

PERDA DE 6,7 MILHÕES DE EMPREGOS

"Uns 247 mil empregos foram perdidos em Julho, número que sob circunstâncias habituais provocaria um estremecimento por todo o país. Foi a mais pequena perda mensal de empregos desde o último Verão. E por esta razão foi encarada como um sinal de esperança. A taxa oficial mensal de desemprego registou uma baixa de 9,5 por cento para 9,4 por cento... O país perdeu uns lancinantes 6,7 milhões de empregos desde que a Grande Recessão começou em Dezembro de 2007...

A percentagem de jovens americanos homens que estão realmente a trabalhar é a mais baixa que já houve nos 61 anos de existência de registos, segundo o Center for Labor Market Studies na Northeastern University, de Boston. Só 65 de cada 100 homens com idades entre 20 e 24 anos estavam a trabalhar em qualquer dia dos primeiros seis meses deste ano. Na faixa etária dos 25 até os 34 anos, tradicionalmente uma idade preferencial para casar e iniciar uma família, apenas 81 em cada 100 homens estavam empregados... Os números estão para além do assustador; eles são catastróficos.

Isto deveria ser a grande notícia nos Estados Unidos. Quando a condição de desemprego atinge esta espécie de extremo, ela não prejudica famílias individuais; ela corrói comunidades inteiras, promove um sentido de desesperança e leva à desordem...

Um quadro mais verdadeiro da crise do emprego emerge quando se soma o número de pessoas que são oficialmente contadas como desempregadas com aqueles que estão a trabalhar em tempo parcial porque não podem encontrar trabalho a tempo inteiro e aqueles no assim chamado mercado de trabalho de reserva — pessoas que não estão a procurar trabalho activamente (porque ficaram desencorajados, por exemplo) mas assumiriam um emprego se algum se tornasse disponível.

A contagem destas três categorias é um número estonteante de 30 milhões de americanos — 19 por cento da força de trabalho total.

Isto é, de longe, o maior problema do país e deveria ser a prioridade Nº 1. ("A Scary Reality" Bob Herbert, New York Times )

Sinto muito, Bob, os media não têm tempo para notícias do desemprego. Elas tendem a minar as vibrações positivas das histórias sobre rebentos verdes.

A corrida ao mercado de acções tornou mais difícil às pessoas verem a verdade. Mas os factos não mudaram. A deflação está a começar em todos os sectores e a economia reiniciou a uma taxa mais baixa de actividade económica. Os preços da habitação estão a cair, os gastos do consumidor estão a reduzir-se, os despedimentos estão a aumentar e a procura está a ficar mais fraca. Isto significa que o crescimento estará abaixo do padrão no futuro previsível. Aqui está um excerto de um discurso feito por Janet Yellen, do Fed de San Francisco, que apresenta a mesma conclusão:

"Não gosto de afastar o vento das velas da nossa expansão económica, mas uns poucos pontos de advertência deveriam ser considerados... uma mudança maciça no comportamento do consumidor está a caminho... As famílias americanas entraram nesta recessão esticadas até ao limite por hipotecas e outras dívidas. A taxa de poupança pessoal caiu de cerca de 8 por cento do rendimento disponível duas décadas atrás para quase zero. As famílias financiaram os seus estilos de vida aproveitando-se do aumento do mercado de acções e da riqueza habitacional e assumindo níveis de endividamento mais altos. Mas a queda habitacional e os preços das acções destruíram milhões de milhões de dólares em riqueza, cortando aquelas fontes imediatas de cash. Mais ainda, as realidades desoladas desta recessão assustaram muitas famílias, convencendo-as de que precisam poupar maiores fracções dos seus rendimentos... uma redescoberta da parcimónia significa menos vendas no centro comercial e menos empregos nas linhas de montagem e balcões nas lojas...

Esta economia muito fraca está, na verdade, a provocar uma pressão baixista sobre salários e preços. Já vimos uma baixa significativa no crescimento salarial e relatos de cortes de salários tem-se tornado cada vez mais generalizados — um sinal dos sacrifícios que alguns trabalhadores estão a fazer para manter os seus empregadores à tona e preservar seus empregos. Os negócios também estão a cortar preços e margens de lucro para promover vendas... Com desemprego já substancial e provavelmente a aumentar outra vez, a pressão baixista sobre salários e preços deveria continuar e poderia intensificar-se...

Se a economia fracassar em recuperar-se em breve, é concebível que esta inflação muito baixa poderia redundar em deflação absoluta. Pior ainda, se a deflação viesse a intensificar-se, poderíamos encontrar-nos numa espiral devastadora na qual os preços caem a um ritmo sempre mais rápido e a actividade económica afunda cada vez mais".

"Preços em queda". "Deflação". "Espiral devastadora". Isto não é a espécie de honestidade que se espera de um chefe do Fed. Yellen não deve estar bebendo a limonada.

E não esqueça que o sistema bancário ainda está arruinado. Nem um centavo dos US$700 mil milhões do salvamento TARP foi utilizado para comprar activos tóxicos. Os bancos ainda estão a afogar-se em tinta vermelha. Bernanke sabia desde Setembro último, quando o Lehman Brothers incumpriu, que os activos podres teriam de ser removidos antes de a economia poder recuperar. Um sistema bancário debaixo da água é uma drenagem constante de recursos públicos e um peso sobre o crescimento. Bernanke sabia disto, mas ao invés de remover os activos pela nacionalização dos bancos ou reestruturação da sua dívida (como deveria ter feito) ele expandiu o balanço do Fed em US$1,2 milhão de milhões os quais proporcionaram liquidez que as instituições financeiras bombearam para dentro do mercado de acções. "A corrida de Bernanke" gerou o capital que os bancos precisavam para não reavaliarem em baixa (writing-down) as suas dívidas ou submeterem-se ao Capítulo 11, mas os problemas ainda persistem abaixo da superfície. Só esta semana, Elizabeth Warren, do Congressional Oversight Panel, divulgou um relatório condenatório o qual enfatiza a necessidade de tratar da questão dos activos tóxicos. De acordo com o relatório do COP:

"A estabilidade financeira permanece em risco se o problema subjacente dos activos tóxicos permanecer não resolvido...

Se a economia piora, especialmente se o desemprego permanecer elevado ou se o mercado do imobiliário comercial entrar em colapso, então os incumprimentos elevar-se-ão e os activos perturbados continuarão a deteriorar em valor. Os bancos incorrerão em novas perdas nos seus activos perturbados. O sistema financeiro permanecerá vulnerável às condições de crise que o TARP pretendia consertar...

A mudança de padrões contabilísticos ajudou os bancos temporariamente, permitindo-lhes maior liberdade de movimento na descrição dos seus activos, mas ela não muda o problema subjacente. A fim de avançar para uma plena recuperação da economia deve haver maior transparência, responsabilidade e clareza, tanto do governo como dos bancos, acerca do âmbito do problema dos activos perturbados.

O problema dos activos perturbados é especialmente sério para os balanços dos bancos pequenos. Os activos perturbados de bancos pequenos geralmente são todos em empréstimos, mas o programa principal do Tesouro para remoção de activos perturbados dos balanços dos bancos, o PPIP actualmente pretende tratar apenas de títulos hipotecários perturbados e não todos os empréstimos.

Dada a incerteza permanente, a vigilância é essencial. Se as condições excederem aquelas do cenário de pior caso dos recentes testes de stress, então os testes de stress dos maiores bancos do país deveriam ser repetidos para avaliar o que aconteceria se activos perturbados sofressem perdas adicionais".

Para resumir: NÃO haverá qualquer recuperação real até que o problemas dos activos tóxicos esteja resolvido. Infelizmente, o Tesouro e o Fed mostraram que pretendem varrer esta questão para debaixo do tapete durante tanto tempo quanto possível.

Activos tóxicos, preços em queda da habitação, mal-estar generalizado nos mercados de crédito são apenas parte do problema. A questão mais profunda é a deplorável condição do consumidor estado-unidense que viu a situação líquida da sua casa evaporar-se, os seus fundos de aposentação cortados pela metade, o seu acesso ao crédito restringido e o seu emprego colocado em risco. Americanos comuns da classe trabalhadora agora enfrentam o que David Rosenberg denomina "a era da frugalidade do consumidor – novo paradigma de poupanças, liquidação de activos e reembolso de dívida". Os estilos de vida terão de ser afinados em baixa e os padrões de vida reduzidos para atenderem à nova realidade deflacionária. Mais e mais pessoas serão forçadas a desfazerem-se dos seus cartões de crédito e viver de acordo com os seus meios.

Não é o fim do mundo, mas prenuncia um período prolongado de crescimento negativo, inquietação social e alto desemprego persistente. Aqui está como o Wall Street Journal resume isto: "Um número surpreendentemente grande de gestores de dinheiro e economistas estão a advertir que, apesar do sinais de esperança, a economia ainda está profundamente embrenhada nas florestas, não suficientemente forte para suportar uma longa corrida às acções e a recuperação dos títulos... Mesmo após o fim da recessão, economistas esperam que a redução gradual da dívida maciça do consumidor do país demore anos.

Os dados da dívida são impressionantes. De acordo com o Federal Reserve, o endividamento habitacional total atingiu o pico no fim de 2007 a 132% do rendimento disponível. Aquilo foi de longe o mais alto nível desde o fim da II Guerra Mundial, aproximadamente o quádruplo dos 36% de 1952. No fim de Março, com famílias a aumentarem poupanças, reembolso de dívidas e incumprimentos, o rácio caiu para 124%, um pouco mais baixo mas ainda a quilómetros do nível de, digamos, 69% nos meados de 1985. Os gastos do consumidor hoje representam dois terços ou mais do produto económico. Mas quando aumentam poupanças e cortam a tomada de empréstimos, os consumidores não podem ser os condutores do crescimento económico como foram no fim de outras recessões recentes.

Em Junho a contracção de empréstimos pelo consumidor caiu pelo quinto mês consecutivo...

"Os consumidores estão sob pressão financeira significativa", observa Goldman no seu relatório. "A fraqueza no rendimento habitacional – parcialmente resultante da aguda desaceleração do crescimento do salário horário – tornará mais difícil elevar a poupança sem constrangimentos significativos do consumo".

Quanto à construção de casas e gastos de capital, dois outros possíveis motores de crescimento, "não esperamos uma retomada 'tradicional' nestes sectores, em grande parte porque a oferta excessiva de capacidade não utilizada tanto na habitação como nos sectores de negócios continua enorme", disse Goldman". ("Debt Burden to Weigh on Stocks", E.S. Browning and Annelena Lobb, Wall Street Journal )

A euforia do mercado de acções pode perdurar um longo tempo, mas as leis da gravidade ainda se aplicam. A economia está em perturbação muito profunda e Bernanke sabe isto ou estaria a elevar taxas neste exacto momento. O paciente está em hemorragia, meus amigos, e nenhuma quantidade de palração alegre vai parar a sangria.


14/Agosto/2009

O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php? ... &aid=14759




“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”

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Re: Crise Econômica Mundial

#1063 Mensagem por Bourne » Qui Ago 20, 2009 10:31 pm

Túlio escreveu:
Bourne escreveu: "A ideologia é um instrumento de dominação que age através do convencimento, não da força, de forma prescritiva, alienando a consciência humana e mascarando a realidade." (De quem? É surpresa)

ALERTA VERMELHO!!!

TEMOS UM MARXISTA CONVICTO ENTRE NÓS!!!

ÀS ARMAS! ÀS ARMAS!! ÀS ARMAS!!!
Me descobriram :x

Estava me infiltrando na estrutura de poder para a implodir. Até me usei o disfarce de americanófilo comedor de hamburguer e bebedor de coca-cola, mas não adiantou. Contudo, prefiro os luxos ocidentais da lasanha e redbull :cry:

Meus chefes chinas não vão gostar disso [002] [004]




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Re: Crise Econômica Mundial

#1064 Mensagem por Bourne » Qui Ago 20, 2009 10:37 pm

Complementando o comentário sobre a Europa e euro.

Agora os países do bloco se unem e engatam uma transformação em um país unificado, onde as fronteiras nacionais não fazem sentido e o importante é o bem comum como ocorreu na unificação política bem sucedida da Alemanha e criação da moeda forte que simboliza a nação que é o marco. Ou começa a entrar em agonia apodrecendo a estrutura e, cedo ou tarde, alguma leve crise ser o detonador da implosão do euro e da integração econômica européia a medida que cada nação vai buscar resolver os seus problemas, independente da opinião dos parceiros.

O mesmo vale para o Mercosul. Ou seja, se os governos da região realmente quiserem implementar uma moeda comum tem que praticamente virar um país unificado para não dar mais dores de cabeça, complicações do que benefícios e vai se auto-destruir em algum momento. Porém como são muito diferentes, se for viável, só o será no longo prazo depois de todos nós morrermos.

O problema dessas uniões monetárias em nações diferentes é a dificuldade de garantir que todos os países sigam determinandas regras de conduta quando a coisa aperta, e certos membros se sentem prejudicados. Ao mesmo tempo, que não existe o sentimento de unidade e uma autoridade central que tenha poder suficiente para forçar que todos sigam certas regras. Está ai uma das justificativas para que todas as uniões monetárias entre países soberanos não dêem certo.

A moeda nacional não serve apenas para efetuar trocas, mas é uma manifestação do poder, identidade e soberania da nação. Não é a toa que na maioria dos países as notas de moeda trazem estampadas símbolos nacionais, e no tempo das grandes potências coloniais costumava-se introduzir moedas alienígenas no país colonizado para quebrar o sentimento de nação. Portanto, abrir mão dela nunca é coisa fácil.




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Re: Crise Econômica Mundial

#1065 Mensagem por P44 » Sex Ago 21, 2009 11:58 am

Zona Euro
Citigroup vê regresso iminente da crise de crédito

Pedro Duarte
21/08/09 11:11

O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, tem vindo a apelar aos bancos para que voltem a emprestar em quantidades iguais às de antes da crise.




O Citigroup alertou hoje que a recuperação da economia da zona euro poderá ser ameaçada pela deterioração do crédito, já que os bancos estão a ignorar o aumento da procura de empréstimos.

“A diferença entre a procura de crédito e os empréstimos que são efectivamente concedidos vai aumentar com o tempo, uma vez que os balanços contabilísticos dos bancos ainda estão sob forte pressão”, disse Jürgen Michels, economista-chefe do Citigroup, citado pela Bloomberg.

Para este especialista, “existe o risco de uma crise de crédito nos próximos meses. Estes problemas limitam a retoma e, no pior caso, poderão levar a uma nova recessão”.

O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, tem vindo a apelar aos bancos para que “façam o seu papel, que é o de emprestar”, estando a autoridade monetária europeia a emprestar a estes todo o dinheiro de que necessitem, ao preço historicamente baixo de 1%.


http://economico.sapo.pt/noticias/citig ... 67961.html




Triste sina ter nascido português 👎
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