Mas fico com a impressão de que a dispersão de candidadtos da esquerda pode vir a prejudicar essa candidatura.
Sondagem da Universidade Católica
Cavaco Silva à frente tanto na primeira como na segunda volta
09.09.2005 - 07h52 Nuno Sá Lourenço, (PÚBLICO)
O único dos candidatos que ainda não formalizou a sua candidatura é aquele que, segundo a sondagem feita pelo Centro de Sondagens da Universidade Católica para o PÚBLICO, a RTP e a Antena1, aparece mais bem posicionado para ser eleito Presidente da República. Aníbal Cavaco Silva, ex-primeiro-ministro derrotado por Jorge Sampaio nas presidenciais de 1996, é o candidato que estará em melhores condições para vencer as próximas eleições presidenciais.
Caso as eleições presidenciais se realizassem nesta altura, de acordo com a sondagem, o resultado mais provável seria uma vitória do antigo presidente do PSD tanto na primeira como na segunda volta.
Nesta sondagem, Cavaco Silva parece ficar perto de uma eleição logo à primeira. A estimativa feita a partir da intenção declarada dá a Cavaco Silva 49 por cento dos votos. Este valor deixa-o no limiar da maioria absoluta, embora a margem de erro da sondagem obrigue a uma leitura cautelosa sobre esta possibilidade.
Os sinais de alerta para a candidatura anunciada de Mário Soares começam logo aqui. Uma análise às intenções de voto segundo simpatia partidária demonstra outro problema para o socialista: o eleitorado do PS aparece fragmentado, com menos de 50 por cento a declararem intenção de voto em Soares. No PSD, a situação é diferente. 78 por cento dos que se disseram sociais-democratas garantiram o voto em Cavaco.
Cavaco vence na segunda volta
Mas os valores estimados para a segunda volta são os que apresentam a maior novidade. A resposta dos inquiridos sobre o voto numa segunda volta entre Cavaco e Soares deixa o ex-Presidente a uma distância considerável do social-democrata. Segundo a sondagem, Cavaco Silva venceria confortavelmente com 64 por cento dos votos, contra os 36 por cento de Mário Soares.
O fraco resultado de Soares - conseguindo angariar apenas mais alguns pontos do que na primeira volta - parece explicar-se com a aversão do eleitorado mais à esquerda. Ao que tudo indica, as passagens pelas manifestações contra a Guerra do Iraque parecem não surtir grande efeito junto do eleitorado do PCP e do BE. É que tanto num como noutro eleitorado são mais os que dizem ir votar em Cavaco do que os que estão dispostos a eleger Mário Soares.
Comunistas não querem engolir segundo sapo
Uma boa parte dos que votam Jerónimo de Sousa na primeira volta preferem não ir às urnas a voltar a fazer o que fizeram em 1986. De acordo com o que a sondagem recolheu, 56 por cento dos comunistas abstêm-se neste cenário e quase 30 por cento optam por colocar a cruz à frente da candidatura de Cavaco.
O quadro revela-se igualmente perturbador para Soares entre o eleitorado do BE. Entre os inquiridos que numa primeira volta votariam Francisco Louçã, quase metade declaram que na segunda volta optariam por Cavaco Silva. Um quarto destes escolheria a abstenção e só pouco mais de 20 por cento se inclinam para o socialista.
Importa referir que estas preferências surgem depois das mensagens implícitas das direcções destes dois partidos, que já deram a entender que apoiariam Mário Soares numa segunda volta contra Cavaco Silva.
Maioria quer Presidente com mais poderes
A sondagem da Universidade Católica deu ainda outros sinais sobre a atitude dos portugueses perante este cargo. Uma maioria de 52 por cento dos inquiridos considera que o Presidente devia ter mais poderes do que tem hoje.
E uma maioria ainda mais esmagadora quer um Presidente mais interventivo. Mais de 70 por cento dos questionados nesta sondagem defendem que o Presidente "intervenha na política do dia-a-dia de forma a ajudar a resolver os problemas do país".
Mas não vêem "diferença" entre um Presidente da "mesma cor política do Governo" e outro de "cor política diferente". A unanimidade quase se atinge na importância dada a estas eleições. 78 por cento dos entrevistados consideram-nas "muito" ou "algo importantes".
Ainda falta algum tempo, e quando Cavaco avançar, começa a desgastar-se.
Tenhamos fé na derrota do Sr. Professor