LEHMAN NA FALÊNCIA
Uma das maiores firmas de Wall Street, com mais de 150 anos de história, está a chegar ao fim. A Lehman Brothers, fundada em 1850, vai entregar um pedido de falência, depois de várias companhias terem desistido da sua compra e o Governo norte-americano ter recusado uma intervenção como fez na Freddie Mac, Fannie Mae e Bear Stearns.
Nuno Carregueiro
nc@mediafin.pt
Uma das maiores firmas de Wall Street, com mais de 150 anos de história, está a chegar ao fim. A Lehman Brothers, fundada em 1850, vai entregar um pedido de falência, depois de várias companhias terem desistido da sua compra e o Governo norte-americano ter recusado uma intervenção como fez na Freddie Mac, Fannie Mae e Bear Stearns.
Foi um fim-de-semana intenso em Nova Iorque, com Governo, Fed e bancos de Wall Street a tentarem salvar a Lehman da falência, mas a relutância do Executivo norte-americano em financiar uma oferta sobre o banco de investimento acabou por ditar o fim da companhia.
O Bank of America e o Barclays anunciaram ontem à noite que já não estavam interessados na aquisição da Lehman e a esta companhia não restou outra solução do que anunciar em comunicado que vai apresentar o pedido de falência, ao abrigo do capitulo 11, num tribunal de Nova Iorque.
O banco esclareceu que o pedido de falência vai incidir sobre a “holding”, pelo que a Lehman continuará à procura de compradores para as suas várias subsidiárias, no negócio de gestão de activos, corretagem e outros.
Depois de uma semana negra, em que as acções afundaram perto de 80% devido aos sinais de colapso e falhanço na procura de um parceiro estratégico que injectasse capital fresco, a Lehman procurou um comprador para evitar a falência.
O Bank of América foi dos primeiros a dar sinais de interesse, mas a recusa do Governo americano em assegurar a cobertura de futuras perdas da instituição afastou o interesse deste banco, que acabou por depois por se virar para a Merrill Lynch, tendo já anunciado a compra deste banco por 50 mil milhões de dólares.
Também o britânico Barclays chegou a estar interessado, mas anunciou ontem à noite a desistência do negócio, altura a partir da qual ficou claro que o fim da Lehman estava perto. O facto de o Executivo americano, que no caso da Bear Stearns aceitou ficar com perdas de 29 mil milhões de dólares, se ter recusado desta vez a assumir perdas potenciais, foi o ponto chave da desistência do negócio.
Fundada em 1850 por três emigrantes judeus provenientes da Alemanha, a Lehman é das poucas firmas americanas com mais de cem anos ed história.
O CEO Richard Fuld é dos mais antigos de Wall Street e está na Lehman desde 1969, anunciou a semana passada um plano de reestruturação, mas o mercado já não esperou pelos seus resultados. Os prejuízos de 3 mil milhões de dólares registados no segundo trimestre foram os maiores de sempre da sua história.
A SEC, regulador do mercado de capitais dos EUA; já anunciou que os clientes da Lehman têm as suas contas protegidas e que o pessoal da Lehman vai continuar a trabalhar nas próximas semanas.
A falência da Leham está obviamente a pesar nos mercados accionistas, com os futuros do Nasdaq e do S&P500 a registarem perdas de cerca de 3%.