GEOPOLÍTICA

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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Re: GEOPOLÍTICA

#1021 Mensagem por Penguin » Dom Nov 29, 2009 11:09 pm

Brasil - Irã
Defesa@Net 29 Novembro 2009
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WP 27 Novembro 2009

A incômoda abertura do Brasil para o Irã

Por que o presidente do Brasil ofereceu um tapete vermelho para Mahmoud Ahmadinejad

Durante vários anos, a política dos EE.UU. na América Latina foi direcionada a criação de uma parceria com o Brasil. Da mesma forma que o governo Bush anteriormente, a administração de Obama vê o maior país da América Latina como uma superpotência emergente cujo dinamismo econômico e democracia relativamente estável o torna um aliado natural. Mas o potencial do Brasil tem sido freqüentemente superestimado no passado, um velho ditado diz que vai ser sempre o país do futuro. E esta semana o seu presidente popular, mas errático, Luiz Inácio Lula da Silva, está fazendo o seu melhor para provar a afirmação dos cínicos.

Na segunda-feira Lula literalmente deu um abraço de urso ao presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que assim registrou um grande avanço em seu esforço para impulsionar sua posição instável nas relações domésticas e internacionais. Liderando um regime extremista que é rejeitado pela maioria dos iranianos - e que acabou rejeitando a um acordo sobre o seu programa nuclear ilegal - O presidente iraniano saiu ao exterior em busca de amigos. Ele encontrou alguns: Gâmbia e Senegal, na África, e a Venezuela de Hugo Chávez, junto com dois de seus satélites, Bolívia e Nicarágua.

A turnê de Ahmadinejad no mundo teria siso vista como patética e serviria para sublinhar a crescente isolamento de seu grupinho linha-dura, se não fosse a acolhida calorosa do Sr. Lula. Quando até mesmo a Rússia está discutindo publicamente novas sanções contra Teerã, o governo brasileiro assinou 13 acordos de cooperação com o regime, o que levou o Sr. Ahmadinejad, a prever que o comércio bilateral iria crescer quinze vezes.

Lula não tinha nada a dizer sobre a sangrenta repressão do movimento pró-iraniano de reforma da democracia, ou a negação de Ahmadinejad sobre o Holocausto e o direito de Israel a existir. Em vez disso, ele declarou que o Irã tem o direito ao seu programa nuclear. Ahmadinejad, por sua vez, endossou a proposta do Brasil a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Lula mostrou ao Ocidente porque seria prudente manter essa cadeira em espera. Seus defensores dizem que ele convidou o presidente iraniano, porque ele aspira a paz no Oriente Médio. Se assim for, o presidente brasileiro simplesmente demonstrou a sua ignorância sobre a região. A facção da Guarda Revolucionária que Ahmadinejad representa, é a força mais implacável na oposição a um acordo árabe- israelense, é por isso que defende o terrorismo do Hamas e do Hezbollah. O abraço do Sr. Lula em Ahmadinejad não irá mudar seu fanatismo, mas pode torná-lo mais forte. Ele também irá assegurar que qualquer tentativa do Brasil para intervir no Médio Oriente vai ser dispensada por Israel e os principais governos árabes.

O Brasil já pode ter se tornado uma potência regional, as políticas nacionais sensíveis do Sr. Lula o tornaram mais forte. Mas se for para adquirir influência global, o Brasil terá que reformar o anacrônico terceiro-mundismo que demonstra a sua política externa. Ao abraçar párias, como Ahmadinejad ou a tentativa de se posicionar entre o Ocidente democrático e os Estados mais detestáveis e desonestos do mundo, o Brasil vai simplesmente garantir que continua ainda a ser o país do futuro.




Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
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Re: GEOPOLÍTICA

#1022 Mensagem por suntsé » Seg Nov 30, 2009 12:52 am

O Brasil deu um tiro no proprio pé....

Muitos países árabes temem a acenção do Iran como potencia regional e desconfiam das pretenções iranianas....

O Brasil corre o risco de ficar de mau com o ocidente e ao mesmo tempo...ser visto com desconfiança por muitos governos árabes....

Os EUA deu cinais que irá apoiar a India como membro permanente no conselho de segurança da ONU caso a reforma aconteça...

Enfim...O Governo LULA destruiu a gualquer chance do Brasil fazer parte deste grupo.




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Re: GEOPOLÍTICA

#1023 Mensagem por Algus » Seg Nov 30, 2009 11:31 am

O Brasil, se entrar na ONU, não será porque foi indicado pelos americanos ou pelos franceses ou por quem quer que seja. Ele entrará porque terá poder pra isso, exatamente por isso a Rússia tem poder de veto lá dentro, porque se avaliarmos o posicionamento político dela, diverge muito dos interesses dos outros membros permanentes.

E não consigo imaginar os EUA apoiando a entrada do Brasil no CS justamente pela geopolítica. É estratégico que nós não tenhamos poder em mãos. Se os americanos quisessem isso (aumento da nossa influência no mundo), não teriam incentivado ao longo de tantos anos que nossas FA fossem praticamente dissolvidas, por exemplo.

Portanto, acredito que se quisermos mesmo entrar na ONU temos que mostrar força pra isso.




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Re: GEOPOLÍTICA

#1024 Mensagem por Bourne » Seg Nov 30, 2009 11:51 am

O Conselho de Segurança é um clube fechado formado pelos vips. São entra se todos concordarem e os mais próximo dos vips consideraram interessante certos países entrarem. Caso contrário, ninguém entra e, sem consenso, não sai nenhum tipo de reforma profunda.

Portanto, é mais fácil o CS acabar do que ocorrer alguma reforma contra a vontade de algum dos vips ou dos países relevante do mundo. O resto é retórica.

Aliás, o CS será que vale alguma coisa hoje em dia? Ou virou um peça decorativa como o FMI?




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Re: GEOPOLÍTICA

#1025 Mensagem por czarccc » Seg Nov 30, 2009 12:18 pm

Bourne escreveu:O Conselho de Segurança é um clube fechado formado pelos vips. São entra se todos concordarem e os mais próximo dos vips consideraram interessante certos países entrarem. Caso contrário, ninguém entra e, sem consenso, não sai nenhum tipo de reforma profunda.

Portanto, é mais fácil o CS acabar do que ocorrer alguma reforma contra a vontade de algum dos vips ou dos países relevante do mundo. O resto é retórica.

Aliás, o CS será que vale alguma coisa hoje em dia? Ou virou um peça decorativa como o FMI?
Acredito que dos pretendentes a membro permanente do CS o que apresenta melhores possibilidades é a Alemanha. Índia e Japão serão barrados, sem qualquer cerimônia, pela China. Quanto ao Brasil, acredito que não agrada nem um pouco aos EUA outro país americano como membro permanente, representando outro foco de poder no continente. Os possíveis membros africanos entrariam por questão de representatividade de todas regiões, mas não vejo, objetivamente, nenhum país africano com o "peso" necessário a uma posição dessas, nem agora, nem a curto e médio prazo.

Saudações




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Re: GEOPOLÍTICA

#1026 Mensagem por Sterrius » Seg Nov 30, 2009 12:48 pm

Alemanha


Alemanha ganha forte rejeição francesa e italiana!

Nao existe 1 pais fora do CS que nao tenha algum pais la de dentro o querendo fora do clube!




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Re: GEOPOLÍTICA

#1027 Mensagem por FOXTROT » Seg Nov 30, 2009 1:10 pm

O Brasil não precisa do CS, somos grandes e estamos ficando forte o suficiente para nos fazermos ouvir, quem sabe em breve não desenvolvemos um míssil com alcance duns 500/600 km e depois umas ogivas?????

Garanto que na hora seremos convidados para todas as reuniões importantes da ONU.




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Re: GEOPOLÍTICA

#1028 Mensagem por mandalacabla » Seg Nov 30, 2009 1:55 pm

depois do papelão feito quanto a última votação onde o Brasil se absteve depois de querer dar lições de moral ao mundo a Israel e a Irã, bem depois desta vergonha, o Brasil não deveria ser convidado nem para tomar café no CS da ONU.




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Re: GEOPOLÍTICA

#1029 Mensagem por FOXTROT » Seg Nov 30, 2009 4:16 pm

mandalacabla escreveu:depois do papelão feito quanto a última votação onde o Brasil se absteve depois de querer dar lições de moral ao mundo a Israel e a Irã, bem depois desta vergonha, o Brasil não deveria ser convidado nem para tomar café no CS da ONU.

E qual o problema na posição do Brasil?




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Re: GEOPOLÍTICA

#1030 Mensagem por mandalacabla » Seg Nov 30, 2009 6:07 pm

Simples, este barbudo esta faz um ano dizendo que UE e EUA não sabem negociar com Irã, que são uns burros etc etc (claro tudo na linguagem educada diplomatica, mas que traduzindo para português claro, todos sabemo o que significa) ai recebem os Israelenses e dizem que não se faz acordo sem ouvir a outra parte, e que os Israelenses tem que escutar os outros e passando aquela moral, ai vem o cara o Irã e ele diz que o Irã tem direito disso e daquilo mas que tem que dar garantias aos vizinhos e que não sei o que pq o Brasil é aquilo, e é isso e agora nos somos os bonzões.

Muito bem, ai chega na reunião nem os mais fiéis aliados do Irã (China e Russia) votam com o Irão, e o Brasil o que faz? nem fica do lado de um nem fica do lado de outro, conseguiu ficar mal com todo mundo.

Não precisa ser diplomata pra saber que isso pegou mal pra caramba, mas,,,, esse governo não faz nada errado como disse outro dia um Jornalista no programa do Jô.




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Re: GEOPOLÍTICA

#1031 Mensagem por Bender » Seg Nov 30, 2009 6:44 pm

ANÁLISIS / La nueva doctrina:/Publicado no Defesanet

América para los brasileños?

SANDRA BORDA GUZMÁN
PhD, Profesora del Departamento de
Ciencia Política de la Universidad de Los Andes.


Casi por ley, el sistema internacional no favorece la excesiva acumulación de poder por parte de un solo actor.

Por eso, el proceso de consolidación de las hegemonías frecuentemente marcha paralelo a su propio declive: países solos o en grupo constantemente y por instinto tratan de balancear o contrapesar su influencia. Este ejercicio es en una muy buena parte lo que explica la política exterior actual de Brasil.

El coloso suramericano busca consolidar su propio liderazgo y, en su intento, eventualmente erosionar el poder de Estados Unidos en el hemisferio. En otras palabras, si la Doctrina Monroe sugería que 'América era para los americanos', hoy la que puede ser denominada la 'Doctrina Lula' insiste en que América (o por ahora Suramérica) puede ser para los brasileños.

Aunque el contenido del liderazgo brasileño todavía es discutible y difícil de asir, hay varios elementos identificables. De hecho, su política exterior pasa por la ambigüedad generada por un debate interno, un creciente pragmatismo político regional y una competencia combinada con grados importantes de autonomía hacia Washington.

Ambigüedad

La ambigüedad no es particular a Brasil y es más una característica típica en países en los que la alternativa de convertirse en líderes regionales o globales está a la mano. Los Estados en vías de hacer parte de las grandes ligas siempre enfrentan polémicas internas sobre los beneficios y los costos que atrae el ejercer ese liderazgo.

Brasil está justo en medio de este debate y como no se perfila ningún rival regional que pueda darle la talla, su decisión de liderar o de retirarse depende más de los equilibrios internos que del ambiente internacional o regional.

Ahora, aunque el debate doméstico continúa, Brasil ha optado ya por un liderazgo regional pragmático que, aunque de izquierda, aún puede calificarse como de vía media. La distancia política que separa a Lula de experimentos más extremos como los de Chávez o Morales y su nivel de entendimiento con regímenes como el colombiano indican que su liderazgo quiere expandirse a lo largo y ancho del espectro ideológico latinoamericano.

Sin mucho músculo

Lula camina sobre una delgada cuerda y si bien ello lo acerca a todos en la región, también a veces le impide tener el suficiente músculo para contener los excesos de gobiernos como el venezolano, que a menudo amenaza la estabilidad del área.

Su cuasirrivalidad con E.U. se caracteriza por la propuesta de un modelo de liderazgo distinto, una suerte de activismo Sur-Sur que en materia de reglas del juego económico busca un arreglo global distinto al del denominado Consenso de Washington; y diplomáticamente, busca la resolución pacífica de conflictos sin hacer uso de la intervención y/o de la coerción.

La reciente visita del mandatario iraní Mahmud Ahmadinejad a Brasil brinda un ejemplo del tipo de orientación que busca Brasil. En varias declaraciones, Lula dejó claro que respeta el derecho de Irán a poseer tecnología nuclear y que cree en el diálogo y el acercamiento y no en el aislamiento.

Lula no está dispuesto a sacrificar sus intereses por seguirle la corriente a Washington.

Ilusiones

Esta nueva propuesta internacional también busca representar los intereses no solo de América Latina sino del Sur global en diversos escenarios.

Para citar tan solo algunos, la política exterior de Brasil ha buscado la creación de un Consejo de Defensa Suramericano que separe los asuntos de seguridad regionales de los intereses de E.U.; de una aproximación hacia el conflicto de Oriente Próximo que no necesariamente pase por el apoyo incondicional a Israel y también ha buscado una participación activa en misiones de mantenimiento de paz.

El fin último es buscar un proceso de inserción internacional que represente y potencialice los intereses nacionales. Como en muchos casos, se trata de una política exterior diseñada para cumplir con objetivos concretos al menor costo posible y no para defender principios o ideales.

Entender este pragmatismo y que el liderazgo internacional brasileño aún no se ha definido y está en proceso de construcción es de fundamental importancia para no hacerse demasiadas ilusiones con el poderío del Brasil y para poner sus alcances en las justas proporciones.
---------------------------

Sds.




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Re: GEOPOLÍTICA

#1032 Mensagem por Algus » Ter Dez 01, 2009 10:07 am

Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/mat/2009/1 ... 998248.asp

Brasil lidera embate com EUA em reunião ministerial da OMC

GENEBRA - Um embate protagonizado pelo Brasil e os Estados Unidos marcou a abertura da conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), ontem, mostrando que o impasse da Rodada Doha tende a persistir por um bom tempo. Ron Kirk, principal negociador americano, condicionou um acordo de Doha a concessões adicionais para suas exportações agrícolas, industriais e de servicos, o que levou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a qualificar a demanda de " irracional " , deixando claro que os emergentes chegaram ao limite.

China, Índia e mesmo países desenvolvidos persistiram na pressão sobre os EUA, com alguns qualificando informalmente de " ideia absurda " a demanda da administração Barack Obama de obter mais concessões para seus exportadores, reabrindo um pacote já duramente negociado, em querer pagar o preço por isso.

Isolado e sob pressão da grande maioria para voltar à mesa de negociações, os EUA ignoraram esse cenário e partiram para o ataque. Ron Kirk não só rejeitou as pressões como apontou diretamente os países dos quais espera concessão adicional de abertura de seus mercados, a começar por Brasil, China e Índia. Ele argumentou que as principais economias desenvolvidas têm um papel cada vez mais importante na economia mundial e citou dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), de que 58% do crescimento econômico internacional entre agora e 2014 virá da China, Índia, Brasil, Argentina, África do Sul e países do Sudeste Asiático.

" A criação de um novo fluxo de comércio e ampla abertura do mercado, em particular nesses países, é necessária para que seja cumprida promessa de desenvolvimento da Rodada Doha " , cobrou. Kirk foi além, deixando claro que não adianta pressão, que não é um país ou " um pequeno grupo de membros " que pode " ditar ou levar ao sucesso " , porque Washington está mais preocupado com substância do que com prazo.

Também rejeitou a conclamação generalizada por nova reunião de ministros ano que vem para examinar problemas na negociação global. Advertiu que a barganha tem de vir mesmo é de negociação bilateral, ou seja, onde os EUA sentam de um lado da mesa como a nação mais poderosa.

Enquanto Kirk falava, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, inseria à mão no discurso a resposta que daria nove minutos depois no pódio. " É irracional esperar que a conclusão de Doha possa envolver concessões adicionais unilaterais dos países em desenvolvimento " , retrucou Amorim. Disse que a contribuição dos países em desenvolvimento já vai ser maior do que a dada por países ricos em qualquer outra negociação global anterior.

O ministro insistiu que que a crise de paralisia na negociação global, quanto mais durar, mais pode ajudar na estagnação econômica, perda de empregos e perda de milhares de vidas em países pobres. Para Amorim, a alternativa a Doha " será mais protecionismo, mais fragmentação do comércio internacional, mais desigualdade, mais instabilidade social e política " .

Na saída, disse: " A resposta foi na bucha " , comentando que preparou no ato a réplica. " Ele (Kirk) me cumprimentou pelo discurso, acho que ele não entendeu... " , disse, com humor. Mais tarde, ao ser indagado pelo Valor, Kirk saiu pela tangente. " Ah, pergunte ao ministro Amorim " , e partiu.

O Brasil e os EUA estão se chocando em várias áreas, como na questão de Honduras. Na área comercial, a decepção brasileira é enorme. Como o Valor revelou, os americanos recentemente apareceram com uma lista de 3 mil produtos, 30% do universo tarifário brasileiro, entre os quais esperam concessão adicional para a entrada de suas exportações com alíquota mais baixa.

A Índia advertiu que demandas americanas são contraprodutivas, deixando claro que isso só aumenta a tensão. Aproveitou para criticar o " protecionismo verde " , baseado em questões ambientais.

Num caso raro, a China enviou seu ministro de Comércio, Chen Deming, que também atacou os EUA na área cambial e cobrou a conclusão de Doha com base nos esboços já negociados. A pressão tem sido geral para os EUA voltarem à mesa de negociação com base no que já foi acertado na OMC.

A União Europeia se juntou ao coro, atraves da até ontem comissária europeia de Comércio, Catherine Ashton. Até o G-10, grupo de países desenvolvidos mais protecionistas e que nunca escondeu o temor com abertura comercial, incluindo o Japão, Suíça e Noruega, pediu a conclusão de Doha.

A ministra suíça, Doris Leuthard, exemplificou que nem tem como fazer mais concessões, diante da pressão dos agricultores. Recentemente, ela foi alvejada por botas jogadas por pecuaristas, num debate.

Enquanto isso, os grupos de países em desenvolvimento, representando dois terços dos membros da OMC, fizeram uma grande reunião depois de uma ciumeira nos bastidores em relacao ao Brasil, segundo fontes.

O país tem papel preponderante na negociação, mas alguns, como Costa Rica, não engolem isso e teriam articulado para evitar que o ministro Celso Amorim sentasse no pódio, durante a reunião dos grupos. Mas diplomatas brasileiros insistiram que já há duas semanas tinha ficado acertado o formato do pódio, sem os chefes de grupos.

Ontem, em todo caso, Amorim, se sentou no auditório na reunião do chamado " grupo informal de países em desenvolvimento " e o mais próximo possível da porta de saída. O que não diminuiu a procura de outros ministros para ter encontros com ele.

Na abertura da conferência ministerial, o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, confirmou que a queda no comércio global é superior a 10% este ano, mas que o protecionismo até agora só atingiu 1% desse fluxo. Mas avisou que o desemprego está em progressão e as pressões protecionistas tendem a aumentar.

(Assis Moreira | Valor)




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Re: GEOPOLÍTICA

#1033 Mensagem por Marino » Ter Dez 01, 2009 10:35 am

Novo diálogo sobre segurança

George A. Papandreou

Em Atenas, 56 ministros europeus discutem possíveis ações conjuntas para a segurança da Europa



O ano de 2009 foi de grandes mudanças, ocorridas em meio a incertezas ainda maiores. Vinte anos após a queda do Muro de Berlim, a resistência do sistema de segurança pós-Guerra Fria na Europa está sendo testada. Antigos conflitos continuam sem solução e novos desafios estão surgindo. A segurança energética, crime organizado, terrorismo, absolutismo e fundamentalismo, mudanças climáticas e crimes eletrônicos são preocupações para todos os países.

A crise econômica deixou muitas pessoas em situação bem menos próspera e, talvez, menos propensas a serem ambiciosas em nossos esforços para abordar os desafios de segurança na Europa. Também devemos ter em mente, porém, que a crise traz com ela oportunidades de mudança.

Este ano também presenciou vários desenvolvimentos positivos, incluindo um "reinício" nas relações entre dois países, cruciais no diálogo sobre segurança europeia: a Rússia e os Estados Unidos. A União Europeia recentemente adotou medidas importantes para ter maior unidade e coesão, com a indicação de um presidente e de um representante de Relações Exteriores.

Devemos celebrar esses feitos, mesmo enquanto admitimos que ainda há sérios problemas a resolver. Há diferentes perspectivas sobre como a arquitetura da segurança na Europa deveria ser projetada, mas todos concordamos na premência da necessidade de solucionar esse desafio crucial por meio de um diálogo construtivo.

É nesse espírito de cooperação e de melhora nas relações que 56 ministros das Relações Exteriores - representando os EUA, Canadá e países europeus, incluindo a Federação Russa e o resto da ex-União Soviética - se reunirão em Atenas, hoje e amanhã, a meu convite, para discutir o futuro da segurança europeia. As conversas marcam a continuidade do "Processo de Corfu", respaldado pela Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que foi iniciado com um encontro ministerial informal em Corfu, em junho.

O Processo de Corfu, uma tentativa de abordar questões europeias não resolvidas, também é uma oportunidade para nos reunirmos e avaliarmos as lacunas em nossa segurança comum, para elaborar respostas mais eficientes aos desafios existentes e - mais importante - gerar nova vontade política para ações conjuntas. Isso inclui ações para preservar regimes de controle de armas, incluindo o Tratado sobre Forças Armadas Convencionais na Europa; acelerar a resolução de conflitos que há muito se prolongam; promover os direitos humanos e liberdades fundamentais; e avaliar e abordar ameaças novas e tradicionais.

Não podemos deixar antigos conflitos como os de Nagorno-Karabakh e Transnístria em segundo plano, como a guerra na Geórgia em 2008 deixou amplamente claro. Os moradores dessas áreas precisam de paz e estabilidade, não de um status quo que possa ser rompido repentinamente e tornar-se violento.

Os desafios de segurança nas regiões vizinhas também requerem uma resposta conjunta. O Afeganistão é ilustrativo. E ameaças como o terrorismo, mudanças climáticas e tráfico de armas, drogas e pessoas são complexos e não têm fronteiras. Apenas uma resposta conjunta pode ser efetiva.

A queda do Muro de Berlim marcou o fim de uma era de desconfiança e divisão e abriu caminho para uma cooperação voltada a uma Europa estável e pacífica. A Europa trilhou um longo caminho desde esses anos de divisão, mas ainda não colhemos completamente os benefícios prometidos pela onda de mudanças de 1989.

O encontro da OSCE em Atenas chega em um momento crucial, quando os europeus precisam entrar no século XXI mais unidos do que nunca. Precisamos aproveitar essa oportunidade para recuperar a capacidade total da OSCE e renovar o compromisso por um sistema de segurança europeu indivisível.

George A. Papandreou primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores da Grécia é presidente em exercício da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).




"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: GEOPOLÍTICA

#1034 Mensagem por AlbertoRJ » Qua Dez 02, 2009 12:37 pm

Política externa do Brasil 'decepciona' Obama, diz 'Wall Street Journal'


RIO - Os Estados Unidos, que um dia consideraram a América Latina seu quintal, vêm enfrentando dificuldades para se aproximar de alguns países, em um momento em que lideranças como o Brasil e a China influenciam regiões como a pequena Honduras. A afirmação foi feita na edição desta quarta-feira do jornal americano " Wall Street Journal ", que informou que a política externa do Brasil "está decepcionando" o governo do presidente americano, Barack Obama.

"Os EUA ainda se mantêm como o principal ator na América Latina, mas seu poder vem reduzindo por diferentes causas, entre elas a ascensão do poder regional brasileiro, a influência de nações como a Venezuela que estimulam o antiamericanismo, e a demonstração de força da China, que enxerga os recursos latino-americanos como chave para o seu próprio crescimento" , afirma a reportagem, acrescentando que esta influência é um "desafio" para Washington.

Apesar de popular em muitas regiões, o governo Obama se vê lutando contra questões que vão de Cuba, passam pelas dificuldades no acordo militar com a Colômbia, e chegam à crise política em Honduras.

"Washington ficou especialmente irritado com a visita do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, ao Brasil como parte de um giro, no qual o líder visitou a Venezuela e a Bolívia, conseguindo apoio para seu polêmico programa nuclear. O Brasil levantou questões recentemente sobre o uso de bases militares na Colômbia, enquanto a Venezuela chamou a estratégia de invasão americana".

Para o jornal, "a ascensão do Brasil como potência hemisférica está se tornando um desafio e uma decepção para Obama, que, como George W. Bush desenvolveu um relacionamento próximo com o carismático presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/ ... 013951.asp




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Re: GEOPOLÍTICA

#1035 Mensagem por Algus » Qua Dez 02, 2009 1:01 pm

Obama de relacionamento carismático com Lula? Ah, tá...

Os jornais sempre dão valor ao que é dito ("Lula é o cara"), não ao que é feito. A maior parte das ações de Obama é questionada pelo governo brasileiro. As políticas de ambos têm pouca coisa em comum, mais que nunca batem de frente. Não há nenhum relacionamento carismático aí.
Houve mais atrito entre Brasil e EUA (governos) neste ano do que nos 8 anos do período Bush. E isso é só o começo.




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