knigh7 escreveu: ↑Qui Dez 28, 2023 10:02 pm
O quadro acima é bem prospectivo da organização com a qual o EB pretende atuar em situações de guerra e não guerra.
A despeito da situação na fronteira norte entre Roraima e Venezuela estar relativamente calma até o presente momento, é possível perceber que as principais OM de pronto emprego estão a coisa de uns 3 mil km daquele TO.
Isto por si só não apenas faz pensar sobre as prioridades da força terrestre em matéria de movimentação de suas tropas, como questiona a lógica delas.
Apenas a 23a Bda Inf Sl está cotada como força estratégica, enquanto a 1a Bda Inf Sl é considerada uma força de emprego imediato. Estas duas GU seriam, teoricamente, as primeira a serem deslocadas para o TO em Roraima caso necessário. Ambas são capazes de reforçar a fronteira com 6 BIS, com 4 BIS da 23a Bda e 2 BIS da 1a Bda. Qualquer reforço a elas teria de esperar pela chegada, a priori, de tropas pqd vindas do Rio de Janeiro, e consequentemente da infantaria leve aeromóvel da 12a Bda, em São Paulo. As demais tropas estratégicas seriam as seguintes, que como mostra o quadro acima, estão na região sul e centro-oeste do país.
O emprego destas duas brigadas, paraquesdista e aeromóvel, é capaz de reforçar aquele estado com mais 6 btl inf, totalizando pouco mais de 3600 homens.
Em princípio, podemos entender assim que a capacidade básica do EB em movimentar tropas de infantaria para aquele TO é de pouco mais de 7.500 combatentes, equipados apenas com recursos orgânicos de suas respectivas OM. Número insuficiente para admitir a proteção na íntegra daquela área mais ao norte do país, que passa de 400 km apenas na região de Pacaraima, de leste a oeste.
O principal objetivo deste exercício de cálculo é perceber as diferenças de prioridade e de emprego das tropas que o EB possui, e como ele espera lidar com situações inopinadas em diversas frentes, principalmente aquelas situadas nas fronteiras mais distantes do país.
Teoricamente, a FAB possui hoje 7 aeronaves KC-390, que tem capacidade para transportar 80 combatentes junto com seu material de emprego pessoal. Há de ser verificar qual a disponibilidade destas, tendo em vista que em um primeiro momento, a tendência seria pelo deslocamento das tropas já na região norte das duas bda sl citas acima. Soma-se a este esforço os C-105 Amazonas, hoje com 14 unidades operacionais na força aérea. Cada aeronave desta pode levar cerca de 73 tropas equipadas. As capacidades de transporte de tropas são, respectivamente, de 560 e 1.022 tropas, se todos fossem usados para este fim ao mesmo tempo. Este é um referencial que FAB e EB levam em conta.
Neste sentido, para dispor de 7.500 infantes na região de Pacaraima entre 24 e 72 horas, em um primeiro momento a FAB teria que realizar 5,71 voos por KC-390 para levar os 5 BIS da duas Bda Inf para aquele TO, enquanto que os C-295 teriam de fazer 3,13 voos por aeronave para a mesma missão. Subentende-se aqui, penso eu, que os Airbus seriam empregados primariamente para movimentar as tropas das bda slv entre suas bases e Roraima. No caso das tropas pqd e inf lv, seriam necessários 6,55 voos por aeronave KC-390 a fim de transportar os 6 btl inf das duas GU para Roraima.
Saliente-se que um voo de São Paulo e Rio de Janeiro para Boa Vista duram em média 4 horas e 15 minutos, em velocidade de cruzeiro de 850 km\h e tempo bom. Um btl pqd\inf lv dispõe de pouco mais de 600 tropas. Cada missão (ida e volta) genericamente, duraria cerca de 9 horas, considerando o descarregamento e reabastecimento do avião (30 min) para o retorno.
O transporte de um único batalhão de infantaria, ou 560 tropas, ocuparia todos os 7 aviões disponíveis à FAB em cada missão. Seriam necessárias portanto 6 missões (ida e volta) totalizando 54 horas de voo, ou dois dias e meio. Consideramos disponibilidade de 100% da frota de KC-390 e nenhuma intempérie durante os voos.
Os C-105 Amazonas seriam usados, a meu ver, apenas dentro da região para alocar os recursos da 1a e 23a Bda Inf Sl, seja infantaria como tropas de apoio e material de emprego. E como a velocidade deles é menor, cerca de 430 km\h, o tempo médio dos voos seriam também maior para alocar todas os 5 BIS e demais tropas destas unidades. Manaus dista 660 km de Boa Vista, enquanto Marabá, sede da 23a Bda Inf Sl, dista 1.574 km. As demais sedes dos BIS e OM desta brigada são parecidos com este número. Ou seja, os C-105 levariam até mais que os dois dias e meio dos KC-390 para alocar a infantaria de selva em Roraima. Um BIS possui em torno de 640 tropas, podendo chegar a mais de 900 se reforçados os seus pelotões ao nível do que é visto nos PEF.
Enfim, em termos de alocação de meios, percebe-se que as forças armadas levariam muito tempo para dispor apenas de infantaria no TO da fronteira norte, enquanto demais OM de apoio seriam enviadas consoante a disponibilidade de meios aéreos da FAB. Não considerei aqui os C-95\97\98 pela baixa capacidade de transporte de pessoal. Mas eles também seriam usados invariavelmente no esforço logístico das ffaa's. Não considerei o deslocamento dos BtlOpRb Fuz Nvs da marinha, tendo em vista que a prioridade de transporte seria dada as forças do exército, e a FAB é extremamente limitada até o momento neste aspecto.
Fato é que na atualidade levaríamos ao menos de 2 a 3 dias apenas para alocar infantaria de 11 batalhões na região de Pacaraima, e nas demais localidades fronteiriças do estado de Roraima com Guiana e Venezuela. Se muito ou pouco tempo, é algo que deve ser questionado, vide que uma guerra pode estar ganha, ou perdida, neste meio tempo.