Afudamento do Kursk: Uma vergonha para a Rússia

Assuntos em discussão: Marinha do Brasil e marinhas estrangeiras, forças de superfície e submarinas, aviação naval e tecnologia naval.

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César
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Afudamento do Kursk: Uma vergonha para a Rússia

#1 Mensagem por César » Sex Out 15, 2004 3:45 am

Fala pessoal,

Um tempo atrás eu terminei de ler o livro "Kursk: O Orgulho perdido da Rússia", de Peter Truscott. Então pra quem gostaria de saber algo mais sobre o afundamento, vou falar bem por cima o que aconteceu(segundo esse autor).

O Kursk estava baseado na península de Kola, no Noroeste da Rússia. Sua principal função era a de ataque contra Forças Tarefas capitaneadas por NAe´s estrangeiros(leia-se americanos). Subordinado à Frota do Norte, era o mais mortífero submarino da Marinha da Rússia.
A sua tripulação vivia, em sua maioria, no miserável vilarejo de Vidyayevo.Ficava próxima a cidades importantes como Kursk, e bases navais da Frota do Norte como Severomorsk e Murmansk.

Pois bem, em Agosto de 2000 o Kursk iria participar da maior manobra naval Russa desde os tempos da URSS, no mar de Barents. Uma de suas missões no exercício seria lançar um protótipo de um velho torpedo, uma espécie de adaptação, com uma nova bateria. Esse torpedo era impulsionado por Peroxido de Hidrogênio, um combustível altamente instável que já havia afundado um submarino Britânico. Fora esse armamento antiqüado, o Kursk estava armado com 18 torpedos e 23 mísseis "Granit", a jóia dos mísseis anti-navio da Rússia.

No dia 12 de Agosto de 2000, o Kursk plotou o seu "alvo" principal. O Cruzador pesado Pyotr Veliky(Pedro, o Grande), Capitânea da esquadra "inimiga". A idéia era lançar esse torpedp de teste por baixo do Cruzador. Porém, quando estava quase pronto para ser disparado, quase entrando em seu silo de lançamento, esse torpedo explodiu.Após isso um incêndio se seguiu, matou quase instantaneamente os marinheiros no CCC(Cabine de Comando Central), onde ficavam os mais modernos equipamentos do submarino. Com o incêndio no compartimento dos torpedos, a temperatura se elevou de tal modo que outros também detonaram, resultando em uma explosão 100 vezes mais forte que a inicial. Essa segunda explosão acabou com qualquer chance de sobrevivência a tripulação restante, que ainda estava viva.

Agora vou entrar nos motivos do porquê do do título desse tópico. Indo por partes. Por que o acidente ocorreu?

1- Negligência: A falta de treinamento mais contínuo fez com que as tripulações de praticamente todos os submarinos Russos desobedecessem Normas de segurança por puro comodismo. Por exemplo, no momento da explosão do Torpedo no seu tubo lançador, a porta do compartimento que separa esse setor de outros(incluindo o CCC, onde ficava o comandante do Navio) não estava fechada e lacrada. Isso possibilitou uma destruição muito maior que a prevista no Submarino caso essa porta estivesse lacrada. Caso o CCC estivesse operacional, teria sido possível acionar os tanques de lastro, que forçariam o Submarino a emergir. Com o CCC ativo, teria sido possível lançar um sinal de alerta de socorro. Mas com ele destruído, isso ficou praticamente impossível. Além disso, a principal, e praticamente única, via de escape do submarino para uma fuga ficava no CCC, que ficou inacessível. De qualuqer forma, mesmo que a porta estivesse fechada, não seria possível fugir pois a segunda explosão pulverizaria o CCC com ou sem porta.
Ajuda podia ter sido pedida de outras áreas do submarino. No caso isso aconteceria com o lançamento de boias sinalizadoras, mostrando que havia algo errado. Infelizmente por uma irresponsabilidade desastrosa as bóias não podiam ser lançadas por falta de cuidados no porto.
O que aconteceu é que uma operação de resgate só foi lançada muitas horas depois, pois o comando Naval da Frota do Norte não sabia se tinha acontecido ou não alguma coisa com o Kursk. Eles ficaram parados, imóveis, a espera de um sinal de rádio que nunca viria.

2- Falta de Condições de Trabalho: Sabiam que o comandante do Submarino, Capitão Lyachin, ganhava um salário após 20 anos de serviço para a Marinha, de 200 dólares? :shock:
Não? Pois agora estão sabendo. E isso que ele era o comandante do submarino, o oficial mais bem remunerado dentre todos ali. Na média os salários eram de 50 dólares ou menos.
Era impossível se viver com esse salário. A tripulação vivia em uma vila decadente, congelante e sem aquecimento e energia muitas vezes. Há relatos de tripulantes que deixavam de comer pra sua família não passar fome(o que acontecia de qualquer forma). E até um caso que um tripulante(que não me recordo o nome) viveu os últimos dias antes de embarcar no Kusrk(que era confortável, diga-se de passagem) a base de cogumelos selvagens!?
Portanto não era difícil ver que a tripulação estava desanimada com aquelas condições de vida. Fora isso, a Marinha não realizava quase nunca treinamentos para mantê-la atualizada e preparada. Eles praticamente nunca treinavam para fuga e sobrevivência em caso de acidentes, e a estrutura dos navios de resgate da Marinha era calamitosa.
A Operação de resgate do Kursk foi lançada mais de 12 horas após o afundamento. Nessa hora a tripulação já estava toda morta, mas, mesmo que estivesse viva, de nada adiantaria. Por mais de uma semana consecutiva de tentativas e a Marinha não conseguiu nada mais que iludir os parentes com supostos "sinais de batidas no casco com sinais de socorro".

3- Mentiras: Após o afundamento, o que se viu foi um show de mentiras por parte das autoridades Russas. Com medo de que os segredos militares do Kursk fossem vistos por estrangeiros, eles rejeitaram todos as ofertas de ajuda de todas as partes do mundo. Alegavam que o ângulo de inclinação no Kursk era enorme(mais de 70 graus) o que impossibilitava a utilização de minisubmarinos estrangeiros. Na realidade, a inclinação era menor que 10 graus.
A constante recusa de ajuda estrangeiras selou qualquer chance de sobrevivência à tripulação(que, na realidade, já estava morta). Somente muitos dias depois é que eles autorizariam o moderno minisubmarino britânico LR5. Até lá, só operavam as sucatas flutuantes que eram os minisubmarinos russos.
De qualquer forma, mesmo quando o LR5 chegou, ele não foi autorizado a descer.
E, pra não continuar com esse enorme texto, tem o fato que os Russos alegaram insistentemente que o que causou o afundamento do Kursk foi um "grande objeto submerso", ou seja, um submarino estrangeiro. De fato, o Kursk estava sendo seguid por 2 submarinos Classe Los Angeles americanos na ocasião(USS Memphis e USS Toledo), mas não ouve colisão.
Mas os Russos continuaram a insistir tanto nessa versão que os submarinistas mortos foram acusados(antes do término das investigações) de violações nas normas de trânsito no Mar e Negligência.
Portanto, se estivessem vivos, seriam punidos com 10 a 14 anos de Prisão!!! :shock:

Caramba, cansei. Espero que tenham gostado do relato deste que vos fala. :wink:

Abraço a todos

César




"- Tú julgarás a ti mesmo- respondeu-lhe o rei - É o mais difícil. É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio."

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#2 Mensagem por Lauro Melo » Sex Out 15, 2004 10:04 am

Salve César,
Primeiro Obrigado pelo ótimo texto ( explicação ) sobre o livro. Falar nisto quando você some ( provavelmente por não ter tempo ), sinto falta de seus ótimos textos.
Algumas passagens eu não conhecia sobre Kursk.
Valeu mesmo.
Abraços,




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#3 Mensagem por rodrigo » Sex Out 15, 2004 10:36 am

Muito bom.
Já tinha ouvido falar nesses salários, mas pensei que era exagero! Serve de parâmetro para analisar o salário dos militares por aqui.




"O correr da vida embrulha tudo,
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Re: Afudamento do Kursk: Uma vergonha para a Rússia

#4 Mensagem por Lauro Melo » Sex Out 15, 2004 11:13 am

César escreveu:Fala pessoal,
Pois bem, em Agosto de 2000 o Kursk iria participar da maior manobra naval Russa desde os tempos da URSS, no mar de Barents. Uma de suas missões no exercício seria lançar um protótipo de um velho torpedo, uma espécie de adaptação, com uma nova bateria. Fora esse armamento antiqüado, o Kursk estava armado com 18 torpedos e 23 mísseis "Granit", a jóia dos mísseis anti-navio da Rússia.
No dia 12 de Agosto de 2000, o Kursk plotou o seu "alvo" principal. O Cruzador pesado Pyotr Veliky(Pedro, o Grande), Capitânea da esquadra "inimiga".


Prezados,

Agora um ponto que queria abordar aqui com alguns amigos do nosso do DB, e o seguinte :
A Realidade Russa entre 1980 e 2001. Principalmente 1989 – 2001.
E notável após a queda da URSS, a Rússia declinou ainda mais em diversos setores, como econômicos, sociais e militares.

· Sobre a economia nos últimos 5 anos a economia Russa voltou a retomar seu crescimento.

Mas o ponto que quero mostrar é a realidade das Força Armada Russas, são inúmeros casos de descuido, falta treinamento, falta de verbas, baixos salários, equipamentos obsoletos.

O fato acima citado ocorreu em Agosto de 2000, com um dos submarino mas conceituados e “modernos” da marinha russa.

Imagine como pode estar uma Fragata ? Eu disse como pode.

Li uma vez que até mesmos mísseis balísticos intercontinentais estavam em algumas ex-republicas, sem os cuidado devidos e sem as manutenções devidas. Quase jogados ao acaso.

Também vi que TU-160 foram trocado por divida, entre uma ex-republica e Moscou. Sendo que estes estavam parados e sem manutenção.

“Em março de 1999 o Ministério da Defesa Ucraniano recebeu sanção do Governo da Ucrânia para vender três bombardeiros Tu-160 para uma companhia privada norte americana que explora a área de satélites de uso civil, a Orbital Network Services Corporation utilizaria os aviões como plataforma para lançamento do Pegasus, foguete utilizado para por em órbita satélites comerciais.
Finalmente em agosto de 1999 ficou acordado que a Ucrânia daria à Rússia oito Tu-160, três Tu-95MS e 600 projéteis Kh-55 em troca do perdão de parte de sua dívida de gás natural.”


A Rússia hoje é a 16º economia do mundo e é considerada o país mais corrupto do mundo, mais que o Brasil.
As diferenças sociais são tais como as do Brasil.

Vejo alguns aqui defenderem os Russos em qualquer que seja a situação, mas realidade esta ai.

Abraços,




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#5 Mensagem por Diorgenes » Sex Out 15, 2004 11:34 am

Lembro deste "acidente"com o submarino russo, so não me recordo se o Kursk foi recuparado e se foi o que foi feito dele?




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#6 Mensagem por VICTOR » Sex Out 15, 2004 11:52 am

Excelente resumo, César, obrigado e parabéns! Realmente, um relato perturbador.




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#7 Mensagem por César » Sex Out 15, 2004 12:53 pm

Valeu galera! Que bom que vocês gostaram :wink:

Depois se for o caso eu conto mais. Fatos interessantes não acabaram, só que eram 3 da manhã e eu estava meio cansado como vocês devem imaginar, então cortei parte dos fatos.

A, Diorgenes, só respondendo a sua pergunta, o Kursk foi resgatado do Fundo do mar após uma missão extremamente cara para remoção dos corpos dos marinheiros mortos no submarino.
Uma missão bem macabra, diga-se de passagem.

Abraços

César




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#8 Mensagem por Sniper » Sex Out 15, 2004 8:30 pm

ótimo texto cara!! Parabéns!
Entre as varias outras coisas que eu não sabia uma das que mais me chamaram a atenção era:
pra não continuar com esse enorme texto, tem o fato que os Russos alegaram insistentemente que o que causou o afundamento do Kursk foi um "grande objeto submerso", ou seja, um submarino estrangeiro. De fato, o Kursk estava sendo seguid por 2 submarinos Classe Los Angeles americanos na ocasião(USS Memphis e USS Toledo), mas não ouve colisão.


Pq estes Subamericanos estavam "atras" do Kursk?? Eles tinham autorização para tal?? :D




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#9 Mensagem por César » Sex Out 15, 2004 10:06 pm

Acidente do Kursk: Parte 2, o retorno, capítulo 1 da segunda saga. :D

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Foto do enorme submarino Kursk


Bem, já que o pessoal gostou do relato, decidi contar mais alguns fatos que ocorreram naqueles dias que envolveram o acidente com o submarino classe Oscar-II Kursk K-141.

PS: Não pensem que eu sei qual é a classe do Kursk, pra vocês pensarem "Nossa, como esse cara sabe". Na real, tô colando tudo do livro! :P Ai que vergonha :roll: :twisted: :lol:

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Pois bem, retornando do relato passado, no dia 12 de Agosto de 2000, um Torpedo "Fat" movido a Peróxido de Hidrogênio(combustível instável) explodiu dentro do compartimento de torpedos.Esse tipo de combustível já havia causado o afundamento do HMS Sidon em 1955, e desde então a RN tinha abandonado esse combustível.
A explosão foi captada por um sismógrafo na Noruega(NORSAR- Centro de Pesquisas Sismológicas da Noruega, em inglês) às 7:28. Um pequeno distúrbio no mar de Barents que atingiu 1.5 na escala Richter.
2 minutos e 15 segundos depois(7:30) um segundo abalo foi captado pelo Norsar. Dessa vez muito mais forte, que atingiu 3.5 graus na escala Richter.

Pra facilitar a explicação, eu vou colocar algumas fotos. É incrível o que se encontra na internet! :wink: :P

A Organização do submarino era a seguinte:

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Pois bem. A primeira explosão matou todos no compartimento de Torpedos, no CCC e atingiu o 3 compartimento que sofreu um incêndio. Por ter sido muito rápido, não houve tempo de o sinal de alerta ser dado, pois isso era feito a partir do CCC. Mesmo lutando contra gases tóxicos e incêndios, e não podendo acessar o Comando Central, os marinheiros do 3 compartimento do submarino conseguiram dar o alerta(uma luz vermelha piscante que existe em todos os compartimentos, pra sinalizar que há algo errado). Os marinheiros do 3 compartimento saíram de lá, foram para o 4 compartimento e lacraram a porta.
Após 2 minutos da primeira explosão, a segunda aconteceu e pulverizou o 3 e 4 compartimento do submarino, matando todos que ainda estavam lá.
Os compartimentos 5A e 5B eram onde ficavam os reatores Nucleares. Naturalmente, eles eram extremamente blindados, e essas seções ficavam quase que isoladas do resto do submarino para evitar qualquer tipo de dano aos reatores. A Blindagem do compartimento salvou os marinheiros que ali estavam da segunda explosão, embora fosse agora impossível sair, pois com o impacto a porta de saída emperrou de vez. Com o passar do tempo, todos eles foram morrendo devido aos gases tóxicos e entorpecimento causado pelo Nitrogênio. De acordo com o livro, não pareceu uma morte ruim. Eles apenas dormiram e não mais acordaram.
Enquanto isso, nos compartimentos 6, 7, 8 e 9os líderes dos mesmos se comunicavam entre si. Ficou definido que todos se refugiariam no compartimento 9, onde tudo estava menos alagado e era mais seguro, por dar mais tempo antes que todo o submarino fosse inundado. Sem comunicação com o compartimento 5A e 5B, eles decidiram desligar os reatores manualmente, a partir do oitavo compartimento.
Antes de irem para o compartimento 9, os tripulantes tinham que pegar toda água e comida e instrumentos que ajudassem na sobrevivência. Todo o compartimento do submarino era obrigado a ter comida suficiente para, pelo menos, 3 dias. Mas, como é dito no livro: "Algumas vezes, para manobras de curta duração, eles não se preocupavam em levar nenhum alimento de emergência para bordo, pois era muito complicado para o capitão devolver estes suprimentos ao final da operação. A Burocracia, toda a papelada com suas infinitas cópias e carimbos, era um verdadeiro pesadelo".
Com isso, se refugiaram no último compartimento e tentaram escapar por uma saída alternativa que existe lá. Novamente em vão, pois aquela comporta de saída não fora projetada para isso. Era impossível escapar de lá. Não haviam mecanismos que permitiria inundar a câmara interna, que igualaria a pressão e permitiria a abertura da "porta", se assim pode-se chamar.
Bem, o tempo foi passando, a temperatura caindo(chegou a 2 Graus), o consumo de oxigênio subindo em um espaço onde 23 pessoas ocupavam um lugar normalmente destinado para 3 pessoas. Totalmente escuro, tudo sendo iluminado pela luz dos relógios dos marinheiros. Lá pelas 19 horas, os já exaustos e entorpecidos marinheiros provavelmente decidiram trocar as placas de geração de oxigênio. Provavelmente devido ao cansaço um deles deve ter deixado isso cair na água que já inundava o compartimento. Com isso gerou-se uma reação que desencadeou um outro incêndio com uma temperatura superior a 300 gras Celsius. os que não morreram pela temperatura acabaram mortos pelo excesso de consumo de Monóxido de Carbono.
Portanto, qualquer chance de resgate acabou lá pelas 19, 20 horas de 12 de Agosto, quando todos os tripulantes já haviam morrido.

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A Proa do submarino foi praticamente arrancada do corpo pela força das explosões. E ainda foi um verdadeiro milagre que os mísseis Granit não tenham explodido, pois se isso ocorresse, o Kursk inteiro teria virado pó.

Pois bem, agora vamos aos acontecimentos fora do Sub(tô animado hoje, sabe-se lá por que).

Teoricamente o Kursk teria que entrar em contato com o Cruzador Pedro, o Grande, para informar o sucesso(ou fracasso) no lançamento deste novo protótipo de torpedo. Porém isso não ocorreu. Os submarinos USS Memphis, USS Toledo, o navio Oceanográfico Norueguês Marjata e o navio de vigilância britânico USNS Loyal haviam captado as duas explosões. Aviões P-3 da OTAN também as captaram a partir de sinais retransmitidos de bóias no oceano.
Com os Russos não seria diferente. Os sonares do Pyotr Veliky também captaram as explosões. O Almirante Popov, comandante da embarcação no exercício e também comandante da Frota do Norte foi informado por seus operadores do Sonar que duas explosões, seguidas de sinais de inundação, foram captadas em coordenadas muito próximas às últimas informações conhecidas do Kursk. O Almirante ficou horrorizado, tentando se convencer que aquilo não era verdade. Para tal, ficou aguardando uma comunicação do Kursk sobre esses sinais e sobre o sucesso no lançamento do torpedo. Tal comunicação não aconteceu.
O Almirante, embora soubesse no fundo que havia acontecido algo horrendo com o submarino, tentava se convencer que poderia ser algum outro problema. A falta de comunicação poderia ser culpa, pura e simplesmente, do precário sistema que a Frota tinha que toda hora falhava. Era comum perder o contato rádio com unidades do frota durante treinamentos. Essa não seria a primeira vez.

Após algum tempo esperando o contato com o Kursk, e mandando mensagens sem resposta, o Almirante viu que estava ferrado. A Frota do Norte não tinha condições de realizar um resgate desse tipo. A frota só dispunha de 2 minisubmarinos branco-alaranjados, Priz e Bester, projetados para serem lançados de um submarino mãe. Por razões orçamentárias, tal submarino foi recolhido e os minisubmarinos passaram a operar a partir da barcaça velha Mikhail Rudnitsky. Por não ter sistemas adequados para o lançamento dos 2, os minisubmarinos só podiam ser lançados com mar calmo.

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Foto do Mikhail Rudnitsky com minisubmarino

O Almirante Popov se recusava a instituir o Estado de Alerta. Decidiu esperar até as 23 horas, quando o Kursk seria obrigado a falar uma mensagem do tipo "Sucesso no exercício, deixando área de manobras". Essa comunicação também não ocorreu(Ahh, se os mortos falassem :lol: o popov ficaria aliviado :P ) e às 23 horas foi iniciada a missão de resgate.

Durante vários dias a Marinha Russa desmentiu boatos de um acidente. Depois afirmou que o submarino apresentava "pequenos problemas técnicos", e algum tempo depois disse que o Kusrk tinha afundado e que a Frota do Norte estava se encarregando do resgate. No dia 15 de Agosto o Porta-Aviões Admiral Kuznetsov, acompanhado do Admiral Chebaneko e Admiral Kharlamov e um barco da Guarda Costeira chegaram a região, provavelmente para impedir qualquer tentativa de aproximação de submarinos ou aviões estrangeiros que quizessem bisbilhotar os segredos do Kursk. Além destes, compareceram 5 navios de resgate. A região estava atulhada com mais de 30 belonaves.

Apenas no dia 16 de Agosto(leiam: somente 4 dias depois do acidente! :shock: ) é que o Kursk foi visto pela primeira vez, graças ao minisubmarino Priz. Depois de várias tentativas, o Priz percebeu que não podia abrir a escotilha de escape(novamente por que os marinheiros Russos, por falta de treinamento, insistiam em não obedecer certas regras). Os mergulhadores Russos também não tinham treinamento para alcançar a profundidade de 100 metros que o submarino se encontrava.

Os Russos começaram por a culpa do acidente em um submarino estrangeiro. Dizendo que a colisão do Kursk com tal submarino o teria feito afundar. É na verdade bastante cômodo colocar a culpa desta tragédia em fator externo. Os Almirantes não contavam das condições que viviam os tripulantes e os vetores, e a culpa não era deles e sim dos estrangeiros. Conservavam seus postos e tudo ficava bem. Além disso, continuavam a dizer que batidas no casco eram ouvidas regularmente com pedidos de ajuda. Essa história foi desmentida pelos EUA, pois estes sabiam que isso era mentira(lembrem-se que os submarinos Memphis e Toledo estavam lá ouvindo tudo).

Chegou-se a tal ponto nessa história que a Rússia pôs a sua máquina de Guerra pra caçar os 2 submarinos americanos que eles sabiam estar na Região(existem boatos que o Pedro, o Grande teria detectado o USS Memphis e colocado helicópteros atrás dele, que fugiu).
No dia 16 o Contra-Almirante Einar Skorjen, comandante das Forças Armadas da Noruega Setentrional, foi avisado da invasão do Limite do espaço aéreo da Noruega por 6 aviões Russos provenientes da península de Kola. Ele mandou caças F-16 para investigar, e quando perguntou ao Almirante Popov a que se devia aquilo, recebeu a resposta que os Russos estavam a procura de submarinos estrangeiros em suas águas territoriais.
Rez a lenda que aviões Il-38 captaram sons do submarino USS Memphis através de bóias hidro-acústicas que acusavam que o mesmo viajava a 5 nós. Qual seria o motivo de viajar tão lentamente? A explicação óbvia era que ele havia colidido com o Kusrk e estava seriamente danificado, e estava fugindo para um Porto na Noruega para reparos.
Após 7 dias de viagem(sendo constantemente monitorado pelos Russos) o Memphis alcançou a Base naval de Haakonsvern. Porém essa viagem dura normalmente 2 dias. A razão para a demora, de acordo com a Rússia, seriam danos no submarino e ele estava no Porto em busca de reparos. Na realidade ele parou em Haakonsvern para deixar as fitas das gravações feitas por ele dos acontecimentos no Mar de Barents(para serem entregues aos seus superiores nos EUA).

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Imagens do USS Memphis(duas primeiras) e do USS Toledo (última) que perseguiram o Kursk naqueles dias no Mar de Barents.

Muita gente acreditava piamente na história de colisão(fora o pessoal que estava investigando o acidente) pois colisões com submarinos estrangeiros eram comuns durante toda a Guerra Fria. Era algo normal. Os Russos espionavam manobras da OTAN(o próprio Kursk fez uma missão em 1999, no Mediterrâneo, que deixou as Forças Navais da OTAN com a pulga atrás da orelha) e a OTAN espionava as manobras dos Russos. E volta e meia aconteciam esses acidentes de percurso.

Depois de dias de fracassos os Russos pediram a ajuda da equipe do minisubmarino LR5 e de mergulhadores estrangeiros. Eles vieram a bordo do Normand Pioneer, porém, para a surpresa de todos, o navio tinha que ficar longe do local do afundamento(se não me engano uns 5km). Além disso, era toda hora vigiado por uma “sombra”, um navio Anti-Submarino. O uso do LR5 foi vetado por razões de segurança(proteção da tecnologia do sub), pois ele poderia bisbilhotar muita coisa. Quem foi permitido trabalhar foram os mergulhadores.
Os governos Ocidentais estavam mesmo com vontade de ver o que havia dentro. Apesar do treinamento consistir o lançamento de um velho torpedo, o ocidente achava que o K-141 lançaria no exercício o mortífero Shkval, o tão falado super veloz torpedo russo.

Pra terminar, ficou provado para o mundo que um Torpedo havia explodido, os responsáveis foram todos demitidos pelo Mão de Ferro Vladimir Putin. As famílias das vítimas foram indenizadas com somas enormes de benefícios para os padrões Russos. E o Submarino foi resgatado do fundo do mar em uma incrível e caríssima missão em 2001. Que eu conto em uma outra mensagem se vocês tiverem interesse.

Pra terminar, uma frase dita pelo Jornal Russo Vremiya:

“A Reputação de liderança da Rússia está afundada no mar de Barents”.

Abraço a todos

César




Editado pela última vez por César em Sex Out 15, 2004 10:55 pm, em um total de 3 vezes.
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#10 Mensagem por César » Sex Out 15, 2004 10:10 pm

Gente, olha, depois eu respondo as interessantes mensagens do Lauro Melo e do camarada Sniper :wink: :P Mas agora eu tô meio cansado. Essa mensagem me tirou umas horas. Quando eu estava terminando de escrever, deu "pal" no meu PC e travou tudo e tive que reescrever boa parte do texto, já que eu tinha salvo uma parte.

Mas depois eu respondo. Ok? :wink:

Abraços

César




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#11 Mensagem por César » Sex Out 15, 2004 10:40 pm

Sniper escreveu:ótimo texto cara!! Parabéns!
Entre as varias outras coisas que eu não sabia uma das que mais me chamaram a atenção era:
pra não continuar com esse enorme texto, tem o fato que os Russos alegaram insistentemente que o que causou o afundamento do Kursk foi um "grande objeto submerso", ou seja, um submarino estrangeiro. De fato, o Kursk estava sendo seguid por 2 submarinos Classe Los Angeles americanos na ocasião(USS Memphis e USS Toledo), mas não ouve colisão.


Pq estes Subamericanos estavam "atras" do Kursk?? Eles tinham autorização para tal?? :D

Salve Sniper, :P

Bem cara, eles estavam atrás do Kursk porque esse era o trabalho deles! :D Brincadeira. Na verdade eles tinham que ver o desempenho do submarino(e de toda a frota) no exercício. Ver o desempenho das armas disparadas, gravar os ruídos, esse tipo de coisa.

Agora, eles não tinham permissão pra isso, né cara! Ninguém chega pra Rússia e pergunta "Olha só, posso espionar o seu submarino mais moderno?" e a Rússia responder "Ahh, sim, claro, por que não?" :P

Já comento a sua mensagem Lauro, :wink:

Abraço a todos

César




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#12 Mensagem por Sniper » Sáb Out 16, 2004 2:39 pm

Mas então isso poderia gerar um "conflito" , pois os EUA estavam invadindo o mar territorial Russo sem permissão! Não é? :D :lol:




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rodrigo
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#13 Mensagem por rodrigo » Sáb Out 16, 2004 4:15 pm

Pq estes Subamericanos estavam "atras" do Kursk?? Eles tinham autorização para tal??

Mas então isso poderia gerar um "conflito" , pois os EUA estavam invadindo o mar territorial Russo sem permissão! Não é?

O território brasileiro é invadido por navios, aviões e soldados estrangeiros centenas de vezes por ano:
invasão naval: constantemente existem notificações da marinha mercante da presença de periscópios em vários pontos da costa brasileira, periscópios alheios.
invasão aérea: a mais comum, aviões U-2 fotografam o que querem, os AWACS de vários países efetuam vôos na região da fronteira, com a intenção de registrar as frequências de radar, e em caso de interceptação pela FAB, conferem o tempo de reação e a aeronave empregada(como se tivéssemos várias opções)
invasão terrestre: a Amazônia é invadida constantemente, e é a parte mais difícil de se defender, acontecem treinamentos e missões de reconhecimento estrangeiros.

Existe uma regra de direito aeronáutico que é usada em todas as áreas que citei: o espaço aéreo é seu até onde vc pode protegê-lo. As invasões não são exclusivas de um só país, e o Brasil também ´´visita`` muito os vizinhos menores.




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#14 Mensagem por FinkenHeinle » Sáb Out 16, 2004 5:29 pm

César escreveu:O território brasileiro é invadido por navios, aviões e soldados estrangeiros centenas de vezes por ano:
invasão naval: constantemente existem notificações da marinha mercante da presença de periscópios em vários pontos da costa brasileira, periscópios alheios.
invasão aérea: a mais comum, aviões U-2 fotografam o que querem, os AWACS de vários países efetuam vôos na região da fronteira, com a intenção de registrar as frequências de radar, e em caso de interceptação pela FAB, conferem o tempo de reação e a aeronave empregada(como se tivéssemos várias opções)
invasão terrestre: a Amazônia é invadida constantemente, e é a parte mais difícil de se defender, acontecem treinamentos e missões de reconhecimento estrangeiros.

Existe uma regra de direito aeronáutico que é usada em todas as áreas que citei: o espaço aéreo é seu até onde vc pode protegê-lo. As invasões não são exclusivas de um só país, e o Brasil também ´´visita`` muito os vizinhos menores.


OK, mas se o Kursk tivesse torpedeado um desses subs americanos, o que aconteceria? Ele estaria no seu direito, não?




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#15 Mensagem por César » Dom Out 17, 2004 9:21 pm

Lauro Melo escreveu:Salve César,
Primeiro Obrigado pelo ótimo texto ( explicação ) sobre o livro. Falar nisto quando você some ( provavelmente por não ter tempo ), sinto falta de seus ótimos textos.
Algumas passagens eu não conhecia sobre Kursk.
Valeu mesmo.
Abraços,

Primeiramente, obrigado pelos elogios Lauro :D
Embora eu ache um belo exagero, pois os meus textos, se comparados com os de outros membros do DB, não são lá grande coisa.

Agora, sobre o fato de eu sumir, você está meio certo cara. Realmente, eu não ando com muito tempo disponível ultimamente. Mas esse não é o único problema.
Quando você tiver um PC que gosta de quebrar um componente novo a cada semana, você vai entender o que eu digo :wink:

E o pior é que eu, sofrendo com tudo isso, e lá vem o Fox ficar zoando, tirando com a minha cara e tudo mais. Caramba, eu também tenho sentimentos pô!!!! :P :D

FinkenHeinle escreveu:OK, mas se o Kursk tivesse torpedeado um desses subs americanos, o que aconteceria? Ele estaria no seu direito, não?

Salve André, :wink:

Teoricamente ele estaria no seu direito. Mas a Marinha Russa sabe muito bem no buraco que estaria se metendo caso uma coisa dessa acontecesse. Se por um motivo pequeno como esse se dessem subterfúgios para uma Guerra entre os 2 países, Guerra essa que foi evitada a todo custo durante toda a Guerra Fria.
Como eu disse, assim como os americanos espionam os Russos, os Russos fazem o mesmo com a OTAN(exemplo da missão do Kursk em 1999). É um jogo que ambos os lados aceitaram jogar.

A Marinha Russa tinha grandes aspirações em ser uma potência naval reconhecida novamente. A principal missão que ela organizava naqueles dias fatídicos de 2000 era comandar uma Força Tarefa comandada pelo Porta-Aviões Amiral Kuznetzov no Mar Mediterrâneo, para intimdação e afirmação de poder. Um dos Slogans da época era algo parecido com "Uma Nação forte se constrói com uma Marinha forte".

Pouco tempo depois dessa frase, o Kursk afundou e a idéia de "marinha Forte" foi pro ralo.A missão do Admiral Kuznetsov foi anulada e ela retornou a sua mediocridade, infelizmente. :(
Só não sei se aconteceu o mesmo com a Nação :wink:

Abraço a todos

César




"- Tú julgarás a ti mesmo- respondeu-lhe o rei - É o mais difícil. É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio."

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