Atirador de Elite do EB
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Brasileiro escreveu:Rodrigo, discordo sobre este imenso atraso do EB, eu considero que o EB está longe do ideal na questão de caçadores, mas existem algumas coisas como eu posso citar:
Na amazônia é crucial o uso de caçadores no ambiente selvagem, e creio que o exército deva possuir aos milhares esse tipo de soldado, e também acho que existe um tipo de doutrina no Exército, pois o Exército está criando as FAR, forças de ações rápidas que exigem plenamente e necessariamente de atiradore de elite, snipers, caçadores etc.
Nessa foto existe um sniper do exército brasileiro. Você é capaz de encontrar ele?
Olha um caçador na amazônia à espera do inimigo:
Abaixo, a besta pode ser usada com precisão à cerca de 700 metros, e é usada no exército, pode atravessar um corpo humano à 100 metos e é vantajosa por ser extremamente silenciosa.
As armas usadas na amazônia, todas elas estão com mira, ou mira noturma:
abraços
Vamos colocar os pingos nos ii no assunto snipers (caçadores) no Exército Brasileiro, ok?
Na realidade, embora já convivesse com o termo "atirador de escol" (elementos selecionados na tropa com média de acertos superior ao resto da tropa), o desenvolvimento da doutrina ocorreu do seguinte modo no EB:
Até 1998: notas de instrução sobre o atirador de emboscada, atirador de escol, tiro com luneta (nada em QCP)...
Em 1998, o EME criou a função de caçador nos QCP de diversas OM de Infantaria;
Edição do CI 22-1 - O Caçador (Sec Tir AMAN);
Em 2000 surge o Projeto Caçador na AMAN (estágios provisórios);
Em 2001, foi enviado um oficial para freqüentar a renomada instituição de formação de caçadores: a “United States Army Sniper School”, em Fort Benning Geórgia;
Em 2002 o EME determina a revisão do C 22-1 (Sec Tir/ AMAN);
Em 2002 parceria SEC Tir AMAN e IMBEL propicia o 1º Estágio de Caçadores com os novos conhecimentos.
Em 2003 a Sec Tir / AMAN envia ao EME três propostas de CI: Emprego Tático dos Caçadores, Op Contra-Caçadores e Técnica de Tiro do Caçador .
Em 2004 foi aprovado o CI Op Contra-Caçadores.
O EB veio, ao longo deste tempo, avaliando diversos fuzis de sniper de procedências diversas. Entretanto, nos testes realizados no rústico ambiente Amazônico, o fuzil Imbel AGLC, saiu-se extremamente bem em comparação com fuzis estrangeiros, devido à sua resistência e simplicidade. Por isso, foi adotado como arma padrão do caçador brasileiro.
A unidade responsável pelo treinamento e divulgação da doutrina de caçadores no ambiente da Amazônia é o 1º Batalhão de Infantaria de Selva (Aeromóvel), sediado em Manaus, Amazonas. Fiz recentemente, para a revista Segurança & Defesa nºo 83 um artigo sobre o 1º BIS (Amv), onde falo um pouco sobre o Estágio de Caçadores do 1º BIS (Amv) realizado, desde o ano passado, á uma razão de dois por ano, sendo cada estágio para 20 militares (10 atiradores + 10 observadores), sendo que os participantes são treinados nas duas funções (ou seja, um observador pode ser atirador e vice-versa). Na próxima edição da revista (1 de nº 84), publicarei uma matéria exatamente sobre o Estágio 2-2005, realizado em agosto de 2005. Aliás, as fotos que foram reproduzidas neste thread foram todas do meu artigo sobre o CIGS, também publicado em S&D.
Sobre a questão do combate na selva, é bom lembrar que os caçadores, no ambiente amazônico, têm condições ainda maiores de provocar estragos nas forças adversárias, pois a principal missão do caçador é atirar em alvos selecionados. A sua missão secundária é a de inteligência, coletando informações sobre o adversário enquanto mantém sua "invisibilidade".
O caçador não atira indiscriminadamente contra qualquer alvo. Procurará sempre engajar aqueles alvos que causarão grande transtorno ao inimigo, se forem abatidos, feridos ou danificados no transcurso do combate.
Se, por exemplo, uma companhia de fuzileiros tem o seu capitão ferido por um caçador quando ataca um objetivo, este fato irá retardar a progressão da subunidade, até que outro oficial assuma o comando e passe a coordenar a ação dos pelotões.
O Exército Brasileiro tem grande experiência em combate na Selva e não há porque duvidarmos de sua competência quando diz que o uso de snipers na Amazônia é não somente viável como imprescindível, face o estrago no moral de uma tropa adversária superior em efetivos e força militar.
Para se ter uma idéia do potencial do uso de caçadores em combate contra forças inimigas superiores, basta lembrar o trabalho de dois caçadores finlandeses contra o Exército Russo, na invasão da Finlândia, na Segunda Guerra: Simo Häyhä e Suko Kolkka, que, armados com fuzis Mosin-Nagant M28 com miras metálicas simples, eliminaram 500 e 400 inimigos, respectivamente.
O próprio EB já sentiu "na pele" o desespero que é não ter um caçador amigo para enfrentar um caçador inimigo: em 1966, durante a Missão de Imposição da Paz da Organização dos Estados Americanos (OEA) na capital da República Dominicana, a cidade de São Domingos.
Um batalhão do Regimento Escola de Infantaria (REI) participava do cerco a uma força de guerrilha comunista que havia se apossado de uma parte da capital.
Certo dia, um franco atirador (sniper) da guerrilha passou a fazer fogo sobre os postos de vigia e check-points instalados pelo batalhão brasileiro, a partir de posições ocupadas em janelas de prédios altos, situados a uma distância de aproximadamente 400m da linha de cerco.
Um homem foi ferido e os demais ficaram em situação muito difícil, à mercê do atirador inimigo, pois havia muitos civis não combatentes no interior da área cercada e as regras de engajamento desaconselhavam o emprego de fogos de Artilharia, morteiro, armas AC e metralhadoras pesadas.
O batalhão brasileiro não tinha caçadores e foi necessário improvisar. Por sorte, estava presente o sargento Nunes, da equipe de tiro do Exército, que havia levado para São Domingos o FAL “customizado” com o qual disputava campeonatos de tiro. Mas ele não dispunha de luneta.
O sargento recebeu a missão de neutralizar o franco atirador da guerrilha e, juntamente com um companheiro (observador), ocupou na madrugada seguinte uma posição, da qual podia bater os prédios de onde provinham os tiros.
Os dois homens passaram a revezar-se na observação e Nunes aproveitou para fazer uma regulagem de seu fuzil, considerando a distância média das diversas janelas dos prédios. Usando como alvo um ponto nítido em uma parede clara, fez alguns disparos enquanto o observador identificava o traço da trajetória e o local dos impactos com uma luneta de observação. Terminado este trabalho, ficaram à espreita.
Ao cair da tarde, o guerrilheiro disparou de uma janela e a chama do disparo foi vista por Nunes, que imediatamente apontou seu fuzil para o local onde observara o clarão. O inimigo estava habituado a realizar vários disparos da mesma posição sem ser incomodado e novamente atirou. Mas desta vez recebeu o troco, pois Nunes disparou em cima do segundo clarão.
Em São Domingos os brasileiros não foram mais vitimados por caçadores.
Melhor eu parar por aqui, senão não vai sobrar assunto para o meu artigo e ninguém vai comprar a revista, hehehe...
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VICTOR escreveu:Pelo que me lembro do fórum antigo, é mesmo o FAL 7,62mm, com mira telescópica. Acho que nossos sargentos, o Clermont e o FCarvalho devem saber bem.
abraço!
Vítor,
No momento, estão usando o FAL como arma-padrão, mas usam armas escolhidas a dedo em todo um lote das melhores armas da unidade. Escolhem as quatro melhores armas (as mais "zeradas" em termos de qualquer problema de fabricação) e equipam com luneta, para uso pelos caçadores. O EB adquiriu diversas armas próprias para sniper, entre as melhores fabricadas no mundo, para avaliação. Porém ao avaliar o Imbel AGLC, notadamente no severo ambiente da floresta amazônica, em comparação com as armas testadas, o EB decidiu-se pela arma brasileira para equipar as equipes de caçadores das unidades do Exército. O AGLC começará a ser fabricado em maior quantidade assim que a Imbel terminar a fabricação de um lote de fuzis FAL encomendado por um governo estrangeiro.
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Clermont escreveu:Salve, pessoal.
O Sgt Guerra é que pode dizer bem como estão essas coisas no Exército. Lembro-me que ele já mencionou alguma coisa sobre a atual organização desses especialistas na atualidade.
Eu sei que o Batalhão de Forças Especiais adota o fuzil alemão PSG-1 (acho que é de “PraezitionSchutzenGewehr” ou Fuzil de Atirador de Precisão) para os seus tocaieiros (ou “snipers”, desculpem, é que gosto muito deste termo “tocaieiro” que era usado como tradução, naqueles maravilhosos fascículos da História da Segunda Guerra Mundial, da Editora Rennes. E eu sou sentimental...). O problema com esse fuzil PSG-1 é que custa uma barbaridade! Mais de 10 mil dólares, a unidade! Ele é considerado o “Rolls-Royce” dos fuzis de precisão. Tanto pela qualidade, quando pelo preço. Mas, ora! Essas duas coisas estão ligadas, certo?
Pelo que eu já vi em fotos, as unidades convencionais do Exército apenas usam o FAL convencional, na qual se adapta uma mira telescópica. Já li especialistas dizendo que isso não tem utilidade alguma como verdadeiro fuzil de precisão. É apenas “um quebra-galho”.
Parece que os Fuzileiros Navais estão usando o fuzil de repetição britânico “Parker-Hale”.
Para um exército com poucas possiblidades financeiras, e levando-se em conta o perfil mais provável de ações em que ele possa intervir, o uso de tocaieiros deveria ser expandido o máximo possível, aqui no Brasil. São um excelente meio de travar combates, em operações de manutenção da paz; em ações de guerra de rua; em combate à guerrilheiros e coisas do gênero.
Valeria a pena, o Brasil gastar algum dinheiro e investir pesado nessa área. É um dos meios mais econômicos de se fazer guerra.
No 1º BIS (Amv), aqui em Manaus, estão usando o FAL, equipado com luneta telescópica. Mas, em breve, usarão o Imbel AGLC. No ambiente de selva, o FAL assim adaptado quebra um galho legal, pois com ele é possíevl atingir alvos a mais 500 m. Com o AGLC, isso aumenta para mais de 800 m, com precisão de 1 MOA (minuto de ângulo).
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rodrigo escreveu:creio que o exército deva possuir aos milhares esse tipo de soldado
Brasileiro, o CAÇADOR, no EB, é um soldado com um curso de sniper, assim como existem curso de montanha, selva, caatinga e etc. Não existem nem 100 soldados/oficiais habilitados nessa especialidade.
[quote]
Mas a coisa está mudando agora, Rodrigo.
Só em 2005, 40 homens do EB (1º BIS e outras unidades sediadas na Amazônia), FAB, FN (Batalhão de Operações Ribeirinhas - Manaus), BINFA da BAMN, Polícia Federal, Grupo Fera da Polícia Civil do Amazonas e COE-PMAM passaram pelos dois estágios de caçadores realizado pelo 1º BIS (Amv), com instrução realizada pelos oficiais com curso de caçadores da Seção de Tiro da AMAN. A função do estágio é a de, exatamente, promover a disseminação da doutrina, já aprovada pelo Alto Comando do EB.
Em abril ou maio próximos, deverá ser realizado o primeiro estágio de 2006, já com padronização de equipamentos (AGLC). Nos estágios anteriores, não houve padronização. O pessoal do CIGS e do 1º BIS usaou tanto o AGLC (incluindo um protótipo da arma!) como o FAL "Zerado". Os FN usaram M16 e o mais incrível foi a dupla do BINFA, que usou o Sig 551, de 5,56 mm, com mira simples AimPoint que não tinha retículo, colocando apenas um ponto luminoso para mira. E acertavam alvos a 400-500 m! Ou seja, os caras eram excelentes atiradores! Imagino o que fariam com um AGLC, um Parker-Hale, PSG 1 ou M24!
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Spetsnaz escreveu:até aonde eu sei as flechas usadas pelo EB possuem veneno alguém confirma???
PS. Pelo jeito essa parada d veneno vem dos indigenas que por sua vez são a grande maioria no CIGS
Isso é lenda! É coisa escrita pelo Roberto Godoy! Existem índigenas sim servindo em unidades do EB na Amazônia (em alguns pelotões de fronteira a proporção chega a 70% em alguns casos), mas nenhum no CIGS. Os instrutores do CIGS aliás, vêm de todo o Brasil. mais uma vez eu lembro que o CIGS não é uma unidade de infantaria, ams sim um centro de instrução. Entre seus instrutores existem até mesmo oficiais veterinários (para instrução sobre ofídios e outros animais peçonhentos) e nutricionistas (para instrução sobre os alimentos encontrados na floresta e como prepará-los, incluindo os saborosos "tapurus", que são larvas de inseto encontradas em uma espécie de coquinho comum na floresta).
As tropas usadas pelo CIGS em suas avaliações (para estudar, por exemplo, novos equipamentos ou a resistência do guerreiro de selva no ambiente amazônico) são proveninetes do 1º BIS (Amv), que tem quartel ao lado do CIGS.
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[quote="rodrigo"]O uso de armas cal. 22LR como sniper é comum nos países que têm técnicas sniper mais avançadas. Mas o cal. 22LR é restrito à engajamentos de curtíssima distância, dentro do universo sniper. Depois de 100m, a munição 22 carece de força e precisão. O país pioneiro no amplo emprego do sniper 22 é Israel. Os snipers israelenses usam o 22 para atingir os joelhos e as mãos dos líderes de manifestação, atingindo assim o comando do distúrbio, sem precisar matar. O 22, conforme já foi dito, possui as vantagens de ser barato, preciso e quando equipado com silenciador, faz um som igual um estalar de dedos.
Vigilância:
Ação em combate:
[/
quote]
O EB chegou a testar a manjadíssima carabina Puma, calibre .380 para uso na selva, na chamada Estratégia de Resistência, por ex-soldados, reservistas, policiais e até mesmo cidadãos comuns, com alguma experiência militar que queira lutar para defender a Amazônia em caso de invasão por potência estrangeira. Chegaram á conclusão que um atirador mdeiano consegue atingir alvos com precisão a até 200-250 metros. Dentro da chamada "Estratégia de Resistência", essa carabina seria distribuída aos milhares entre esse pessoal, por ser barata e ter munição farta e barata.
Vigilância:
Ação em combate:
[/
quote]
O EB chegou a testar a manjadíssima carabina Puma, calibre .380 para uso na selva, na chamada Estratégia de Resistência, por ex-soldados, reservistas, policiais e até mesmo cidadãos comuns, com alguma experiência militar que queira lutar para defender a Amazônia em caso de invasão por potência estrangeira. Chegaram á conclusão que um atirador mdeiano consegue atingir alvos com precisão a até 200-250 metros. Dentro da chamada "Estratégia de Resistência", essa carabina seria distribuída aos milhares entre esse pessoal, por ser barata e ter munição farta e barata.
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FinkenHeinle escreveu:Mateus Dias escreveu:Rodrigo, se não me engano vi essa notícia do atirador iraquiano, mas não era sniper e sim um ninho de metralhadora.
Convenhamos que para um sniper acertar pontos eletronicos sensíveis de um Abrans é meio difícil.
Se alguém tiver mais informações nos ajude
Como pode ser difícil, se um bom atirador de elite pode acertar entre os olhos de uma pessoa?!
Placa existente na entrada do stand de tiro do 1º Batalhão de Infantaria de Selva (Aeromóvel), em Manaus, onde são realizados os estágios de caçadores para as unidades de selva do EB e para outras FAs, exibe a seguinte frase: "Não basta ver os olhos do inimigo... Tem que saber fechá-los". A frase, é claro, faz referência à mística da arma de infantaria, que seria a única a ver os olhos do inimigo.
Esse é o "lema" oficial dos caçadores do EB na Amazônia. A versão "informal", não-oficial, mas que é o preferido entre as equipes de caçadores do EB na Amazônia é o que diz: "Deus não gosta de quem mata, mas não perdoa quem erra o alvo"...
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Charlis escreveu:Olá pessoal, aqui me apresento, sou Charlis, aparecerei por aqui sempre q puder p/ tentar esclarecer minhas dúvidas e ajudar c/ o que for possível na dos outros, estou trabalhando em uma modificação de um simulador de combate (Operation flashpoint, já postado por aqui por Spetsnaz) que consiste em adicionar armas, unidades e veículos de nossas forças armadas.
No caso gostaria de saber como funciona a graduação do Mil dot, usado na luneta do AGCL, entrei no site do fabricante mas fui incapaz de entender aquela explicação em inglês, na prática, gostaria de saber, usando sua graduação como estimar a distância do alvo e como fazer a compensação na elevação da arma p/ atingir estas distâncias maiores.
Rodrigo,ou alguém vc que já teve o contato c/ esse sistema ou saiba como funciona, saberia me explicar?
Muito obridago;
Charlis.
Charlis,
Os militares que passam pelo estágio ou curso de caçadores aprendem logo a usar a chamada "Fórmula do Milésimo", para avaliação da distância do alvo, com base na graduação do retículo, seja do fuzil ou do binóculo. Os binóculos usados pelos observadores nas duplas de caçadores (M948) têm um retículo um pouco diferente deste. Mas os fuzis que vi no estágio de caçadores do 1º BIS que tive oportunidade de acompanhar têm retículos parecidos com esse. No retículo da mira Leupold usada as distâncias são avaliadas pela graduação em MILs. A Fórmula do Mil é parecida com a fórmula abaixo. O MIL é uma medida mais precisa para a avaliação da distância pela luneta do fuzil. Note que, para maiores distâncias (acima de 500 jardas), existem graduações menores, para que o atirador possa calcular com maior precisão o tiro a distâncias maiores.
Então, para fazer o tiro, primeiro o observador informa ao caçador a distância do alvo, baseada no retículo do binóculo, que é confirmada ou não pelo atirador. Claro que, para essa avaliação ser precisa, eles precisam ter noção da proporção entre o alvo e esse retículo. Por exemplo, eles sabem que a altura média de um brasileiro é de 1.70 (se fosse um americano, seria 1,80). Então, ao colocar o retículo sobre esse alvo, eles têm condições de calcular a distância em que se encontra. Note que, no retículo mostrado, na linha vertical próxima ao centro, existem graduações menores. Digamos que uma determinada pessoa que seja o alvo atinge 5 pontos na graduação próxima ao centro do retículo. O atirador emprega, então a fórmula do milésimo para obter a distância do alvo e poder fazer as correções necessária spara compensar, por exemplo, a ação do vento. Assim:
1,70 x 1.000 dividido por 0.5 = 340 m
Assim, o alvo estaria a 340 metros.
A "Caderneta de Tiro" é a bíblia do caçador do EB. Nela estão todas as informações que ele precisa e seus registros sobre as correções que devem ser feitas. Na caderneta, por exemplo, estão as informaçoes que ele precisa para avaliar a velocidade do vento. Por exemplo: observando uma coluna de fumaça subindo verticalmente, ele sabe que a velocidade do vento é de +/- 1 m/s. Se ele sente o vento no rosto, as folhas se balançam mas os galhos não, a velocidade é de +/- 3 m/s. Se galhos nas árvores se balançam, poeira e papéis são levantados, então a velocidade do vento é de +/- 7 m/s e assim por diante. Com isso, ele compara os dados dos valores totais de correção, com sua luneta zerada em 100 m, ele já sabe que, se o alvo estiver a 600 m, com velocidade de vento de +/- 1 m/s, ele deverá aplicar uma correção de 18 cm para o lado de onde vem o vento. Isso com dados para munição Lapua 10,85, zero em 100m e Fz AGLC Imbel. Para vc ter uma idéia da influ~encia do vento no tiro, basta avaliar que, se o vento mudar para 7 m/s, para um alvo colocado nos mesmos 600 m de distância, a correção a ser aplicada passará a ser de 1,24m, contra a direção do vento.
Isso o que eu falei é para a correção do tiro com relação ao vento. Existe ainda a questão da inexorável força da gravidade, que puxa o projétil para baixo. Os fuzis de sniper, como o AGLC, têm variação zero de MOA (Minuto de Ângulo) a 100 metros. A 150 m, já há uma variação de 1,25 cm no MOA. A 600 metros, essa variação sobe para 15 cm, o que é suficiente para o cara errar, por exemplo, a cabeça do comandante de um tanque aparecendo na escotilha em cima da torre, acertando a parte de cima da torre (com sorte, o projétil pode ricochetear e acertar o queixo do cara...
Existem ainda correções referentes à temperatura e outras condições atmosféricas.
Além disso, como tudo o que é difícil pode ficar pior, se o cara usar uma outra munição, tem que desenvolver uma outra tabela de referência para a nova munição. E mesmo para munição do mesmo tipo, se receber um novo lote, ele precisa fazer vários disparos para se certificar que os dados referentes a aquela munição que se encontram em sua caderneta continuam válidos, ou se ele precisa fazer correções.
Em resumo: o tiro do caçador é uma ciência!
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rodrigo escreveu:não há exigência, ao menos por enquanto, de padronização de equipamentoEra melhor nem terem ido.Sig 551 de 5.56mm
Rodrigo,
Já que o Carlos descobriu minha "identidade secreta" , reproduzindo aqui um texto de minha autoria publicado em outro fórum, devo lhe dizer que, como afirmei naquele texto, esse foi apenas o segundo estágio de caçadores realizado no 1º BIS (Amv) e o primeiro aberto a participantes de outras unidades, FAs e Forças Auxiliares e Policiais (PM e Polícia Civil do AM). No primeiro estágio, realizado no início de 2005, somente tomaram parte pessoal do 1º BIS e outras unidades de Infantaria do EB na Amazônia. O estágio cumpriu bem seu papel de difundir a doutrina do emprego de caçadores pelo EB. No primeiro estágio deste ano, a expectativa é de o equipamento já esteja padronizado na forma do AGLC.
Quanto aos caçadores do BINFA da BAMN, eles se saíram muito bem, por incrível que pareça, mesmo com o fuzil Sig 551 com mira simples, de ponto luminoso. Mas isso deveu-se também, é claro, à qualidade da dupla.
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Calibre 38.carabina Puma, calibre .380
Nunca, mais nunca mesmo. Talvez um excelente atirador, com uma puma 357 magnum, conseguisse acertar um alvo a 200m.Chegaram á conclusão que um atirador mdeiano consegue atingir alvos com precisão a até 200-250 metros.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
a vida é assim: esquenta e esfria,
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Mapinguari escreveu:
Isso é lenda! É coisa escrita pelo Roberto Godoy! Existem índigenas sim servindo em unidades do EB na Amazônia (em alguns pelotões de fronteira a proporção chega a 70% em alguns casos), mas nenhum no CIGS. Os instrutores do CIGS aliás, vêm de todo o Brasil. mais uma vez eu lembro que o CIGS não é uma unidade de infantaria, ams sim um centro de instrução. Entre seus instrutores existem até mesmo oficiais veterinários (para instrução sobre ofídios e outros animais peçonhentos) e nutricionistas (para instrução sobre os alimentos encontrados na floresta e como prepará-los, incluindo os saborosos "tapurus", que são larvas de inseto encontradas em uma espécie de coquinho comum na floresta).
As tropas usadas pelo CIGS em suas avaliações (para estudar, por exemplo, novos equipamentos ou a resistência do guerreiro de selva no ambiente amazônico) são proveninetes do 1º BIS (Amv), que tem quartel ao lado do CIGS.
O CIGS também tem soldados, e são otimos soldados. Alguns nem falam portugues direito. No CIGS tem até um civil que trabalha como mateiro.
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
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Mapinguari escreveu:
A unidade responsável pelo treinamento e divulgação da doutrina de caçadores no ambiente da Amazônia é o 1º Batalhão de Infantaria de Selva (Aeromóvel), sediado em Manaus, Amazonas. Fiz recentemente, para a revista Segurança & Defesa nºo 83 um artigo sobre o 1º BIS (Amv), onde falo um pouco sobre o Estágio de Caçadores do 1º BIS (Amv) realizado, desde o ano passado, á uma razão de dois por ano, sendo cada estágio para 20 militares (10 atiradores + 10 observadores), sendo que os participantes são treinados nas duas funções (ou seja, um observador pode ser atirador e vice-versa). Na próxima edição da revista (1 de nº 84), publicarei uma matéria exatamente sobre o Estágio 2-2005, realizado em agosto de 2005. Aliás, as fotos que foram reproduzidas neste thread foram todas do meu artigo sobre o CIGS, também publicado em S&D.
O 63º BI esta a anos-luz do 1º BIS em materia de caçador. Faça uma materia sobre o curso do 63º BI que voce vai ver a diferença no padrão.
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!