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Comandante Mafalda manda na GNR de Pombal aos 23 anos
Uma mulher na Guarda Nacional Republicana, ou na Polícia de Segurança Pública, já não é novidade. A surpresa é Mafalda Almeida ser a primeira comandante de Destacamento Territorial, ter mais de 150 homens a seu cargo aos 23 anos e aparecer, aos olhos de quem desconhece o percurso que fez até colocar as divisas de alferes, com o ar vulnerável de uma colegial de 18. A 2 de Janeiro passou a ser a comandante do Destacamento Territorial de Pombal que integra, além da sede de comando, mais sete postos territoriais em localidades como a Guia e nos concelhos de Alvaiázere, Ansião, Castanheira de Pêra e Pedrógão Grande, no distrito de Leiria.
Para ali chegar passou quatro anos na Academia, onde se licenciou em Ciências Militares, mais um ano de estágio, o qual diz ser a fase de formação "em que percebemos bem aquilo que queremos quando entramos para o curso".
"Não me intimidou chegar aqui. Convivi com esse 'mundo de homens' durante cinco anos", afirma, dizendo que se considera "preparada" e que "isso é que é fundamental". Recorda, a propósito, os testes de selecção a que os candidatos à Academia são submetidos, já para não falar do treino e preparação permanente que recebem no curso.
Assume sem qualquer reserva considerar-se "uma lufada de ar fresco" na Guarda. Não só ela como os restantes jovens, homens e mulheres, que têm saído da Academia e inclui nesse refrescamento da GNR toda a nova geração, quer sejam praças ou oficiais.
Em jeito de desabafo, os seus subordinados ainda falam da "falta de condições" que têm sentido, sobretudo nos últimos anos, no exercício das funções. Sobre o comando não se pronunciam, mas isso faz parte das normas da força militarizada a que pertencem. "Não temos qualquer reserva a que seja um homem ou uma mulher a deter o comando, desde que esteja devidamente habilitado", adianta o tenente-coronel Costa Cabral, chefe da repartição de Relações Públicas ao ser questionado sobre o número de mulheres na GNR e os postos que ocupam.
Ao todo são 640 mulheres na GNR. A primeira entrou em 1993, era alferes e foi colocada nos serviços administrativos, agora é capitão na área das finanças. Mas há outras com funções de comando e até de instrução a praças e sargentos na Escola Prática e no Regimento de Cavalaria. As mulheres integram também núcleos de investigação criminal, nas brigadas de Trânsito e Fiscal e são responsáveis nas patrulhas sempre que a patente é a mais elevada. Já houve uma comandante de Destacamento de Trânsito, que foi chamada a desempenhar funções a ajudante-de-campo do camandante-general da Guarda. Agora, efectivo vê mais uma mulher à frente da corporação.