Missão de Paz no Haiti
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Luto
ELIANE CANTANHÊDE
BRASÍLIA - O Exército, encampado pelo vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, tem resistido o quanto pode à versão de que o general Urano Bacellar se suicidou com um tiro na boca em pleno comando da missão de paz no Haiti.
É verdade que mortes em geral, e essa muito especialmente, têm de ser apuradas ao máximo até não haver nenhuma sombra de dúvida. Mas tudo indicou, desde o início, que se tratava de suicídio.
Contra fatos e contra laudos internacionais detalhados não há argumento, e o que se pode deduzir é que não é aceitável para as Forças Armadas que oficiais generais se matem nem sintam suas "dores de alma".
Pode acontecer em qualquer região do mundo, em qualquer profissão, em qualquer família, mas, para o Exército, foi um golpe duríssimo. Generais se matando não é algo comum, muito menos num comando com exposição internacional.
É como se algo tivesse quebrado, porque um general é treinado para missões árduas, situações adversas de toda ordem, distância da família, isolamento, pressão e, afinal, bombardeios e mortes. São duros, frios, profissionais. Mas, antes de ser um oficial afável e prestigiado entre os colegas, o general era uma pessoa. Ponto.
Essa tragédia, que é mais pessoal do que qualquer outra coisa, se transformou numa questão diplomática e política: chamou a atenção internacional para a situação dramática e crônica do Haiti e revolveu as intensas discussões sobre a oportunidade ou não de o Brasil se aventurar num comando de tropa num país que nem português fala.
O Brasil aproveita para cobrar mais dinheiro e mais apoio no Haiti, como o chanceler Amorim deverá fazer hoje com o enviado especial da Casa Branca Thomas Shannon.
Bacellar, cujo corpo deve chegar hoje e ser enterrado amanhã, pode, sem querer, ter feito mais pelo Haiti morto do que poderia fazer vivo. O Exército não precisa se envergonhar. Pessoas são pessoas, de farda ou não.
Fonte: Folha de São Paulo - Via NOTIMP
ELIANE CANTANHÊDE
BRASÍLIA - O Exército, encampado pelo vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, tem resistido o quanto pode à versão de que o general Urano Bacellar se suicidou com um tiro na boca em pleno comando da missão de paz no Haiti.
É verdade que mortes em geral, e essa muito especialmente, têm de ser apuradas ao máximo até não haver nenhuma sombra de dúvida. Mas tudo indicou, desde o início, que se tratava de suicídio.
Contra fatos e contra laudos internacionais detalhados não há argumento, e o que se pode deduzir é que não é aceitável para as Forças Armadas que oficiais generais se matem nem sintam suas "dores de alma".
Pode acontecer em qualquer região do mundo, em qualquer profissão, em qualquer família, mas, para o Exército, foi um golpe duríssimo. Generais se matando não é algo comum, muito menos num comando com exposição internacional.
É como se algo tivesse quebrado, porque um general é treinado para missões árduas, situações adversas de toda ordem, distância da família, isolamento, pressão e, afinal, bombardeios e mortes. São duros, frios, profissionais. Mas, antes de ser um oficial afável e prestigiado entre os colegas, o general era uma pessoa. Ponto.
Essa tragédia, que é mais pessoal do que qualquer outra coisa, se transformou numa questão diplomática e política: chamou a atenção internacional para a situação dramática e crônica do Haiti e revolveu as intensas discussões sobre a oportunidade ou não de o Brasil se aventurar num comando de tropa num país que nem português fala.
O Brasil aproveita para cobrar mais dinheiro e mais apoio no Haiti, como o chanceler Amorim deverá fazer hoje com o enviado especial da Casa Branca Thomas Shannon.
Bacellar, cujo corpo deve chegar hoje e ser enterrado amanhã, pode, sem querer, ter feito mais pelo Haiti morto do que poderia fazer vivo. O Exército não precisa se envergonhar. Pessoas são pessoas, de farda ou não.
Fonte: Folha de São Paulo - Via NOTIMP
Vinicius Pimenta
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Jornal haitiano relaciona morte com máfias
Entrevista com Wienner K. Fleurimond: Jornalista
Reali Júnior
Correspondente
PARIS - "Não acreditamos na hipótese de suicídio e estamos convencidos de que o general Urano Teixeira da Matta Bacellar pode ter sido executado por uma ação de grupos armados a serviço da máfia e do narcotráfico haitianos, ambas organizações muito ativas atualmente no país", afirmou ontem em Paris o principal editorialista do jornal Haiti Tribune, Wienner K. Fleurimond. Sua publicação circula em Miami, Nova York, Paris, Bruxelas e nas Antilhas, regiões que reúnem mais de 1 milhão de integrantes da diáspora haitiana. Ele cita o próprio chanceler brasileiro, Celso Amorim, cujas declarações alimentam dúvidas sobre as causas da morte. Na mídia européia, prevalece a hipótese de suicídio do general.
Fleurimond é defensor da presença brasileira no comando das forças de paz da ONU, a Minustah, convencido de que uma eventual retirada da Minustah resultaria numa "guerra civil". Fleurimond falou ao Estado sobre a morte do general Urano.
Suicídio ou assassinato?
Somos céticos. Não acreditamos na tese do suicídio. Tenho informações de que quinta-feira o general foi insultado por homens que controlam o poder econômico no país. Ele vinha sofrendo fortes pressões, como seu antecessor, o general Augusto Heleno, para utilizar suas tropas no bairro Cité Soleil, reprimindo os movimentos que lá se encontram, mas reagiu contra isso. Não acreditamos que um general acostumado a esse tipo de pressão possa reagir suicidando-se.
Quais serão as conseqüências dessa morte?
Não acredito que as eleições legislativas de 7 de fevereiro possam ser novamente adiadas. Já foram adiadas quatro vezes. O segundo turno está previsto para 19 de março e o presidente toma posse no dia 29.
A força da ONU, comandada pelo Brasil, deve permanecer?
Penso que as tropas devem permanecer até que a normalidade política e institucional seja restabelecida. Se a Minustah deixar o Haiti será a guerra civil. Sou partidário da manutenção do Brasil no comando dessa força de 7 mil homens de várias nacionalidades. Se um dos outros países representados assumir o comando não vai conseguir controlar a situação. O governo brasileiro jamais hesitou ao não autorizar a repressão na Cité Soleil. A presença brasileira é garantia de segurança. Como as eleições estão sendo organizadas pela ONU, os partidos não poderão contestar os resultados. Com o poder reconhecido pela comunidade internacional, esse será um primeiro grande passo importante. A Minustah vai permanecer para garantir os resultados até a normalização da vida do país.
Considera um erro a presença no Haiti de uma força comandada por brasileiros?
Essa foi a ocasião do Brasil tentar provar que era uma potência regional, pensando numa cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU. Ora, o Haiti é um país complexo e difícil. Talvez as autoridades brasileiras não tenham convenientemente avaliado esses aspectos. Mas a presença dos brasileiros é melhor do que a de outros países por se tratar de uma força latino-americana sem uma visão colonialista, o que seria o caso dos americanos e franceses.
O líder político Winter Etiénne, um dos responsáveis pelos antigos rebeldes, braço armado da oposição contra o ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, pode retomar o combate após 7 de fevereiro, se não houver solução até essa data?
De passagem por Paris, ele disse ao Haiti Tribune que, se após o dia 7 o atual governo estiver no poder, ele e seus homens poderão retomar as armas para afastá-los.
Nessa hipótese, a Minustah ficará sem reagir?
Claro que não! Isso faz com que se entenda por que essa data está no centro dos acontecimentos e de todos os encontros políticos. Depois do dia 7, algo vai ocorrer, com ou sem eleição.
Fonte: O Estado de São Paulo - Via NOTIMP
Entrevista com Wienner K. Fleurimond: Jornalista
Reali Júnior
Correspondente
PARIS - "Não acreditamos na hipótese de suicídio e estamos convencidos de que o general Urano Teixeira da Matta Bacellar pode ter sido executado por uma ação de grupos armados a serviço da máfia e do narcotráfico haitianos, ambas organizações muito ativas atualmente no país", afirmou ontem em Paris o principal editorialista do jornal Haiti Tribune, Wienner K. Fleurimond. Sua publicação circula em Miami, Nova York, Paris, Bruxelas e nas Antilhas, regiões que reúnem mais de 1 milhão de integrantes da diáspora haitiana. Ele cita o próprio chanceler brasileiro, Celso Amorim, cujas declarações alimentam dúvidas sobre as causas da morte. Na mídia européia, prevalece a hipótese de suicídio do general.
Fleurimond é defensor da presença brasileira no comando das forças de paz da ONU, a Minustah, convencido de que uma eventual retirada da Minustah resultaria numa "guerra civil". Fleurimond falou ao Estado sobre a morte do general Urano.
Suicídio ou assassinato?
Somos céticos. Não acreditamos na tese do suicídio. Tenho informações de que quinta-feira o general foi insultado por homens que controlam o poder econômico no país. Ele vinha sofrendo fortes pressões, como seu antecessor, o general Augusto Heleno, para utilizar suas tropas no bairro Cité Soleil, reprimindo os movimentos que lá se encontram, mas reagiu contra isso. Não acreditamos que um general acostumado a esse tipo de pressão possa reagir suicidando-se.
Quais serão as conseqüências dessa morte?
Não acredito que as eleições legislativas de 7 de fevereiro possam ser novamente adiadas. Já foram adiadas quatro vezes. O segundo turno está previsto para 19 de março e o presidente toma posse no dia 29.
A força da ONU, comandada pelo Brasil, deve permanecer?
Penso que as tropas devem permanecer até que a normalidade política e institucional seja restabelecida. Se a Minustah deixar o Haiti será a guerra civil. Sou partidário da manutenção do Brasil no comando dessa força de 7 mil homens de várias nacionalidades. Se um dos outros países representados assumir o comando não vai conseguir controlar a situação. O governo brasileiro jamais hesitou ao não autorizar a repressão na Cité Soleil. A presença brasileira é garantia de segurança. Como as eleições estão sendo organizadas pela ONU, os partidos não poderão contestar os resultados. Com o poder reconhecido pela comunidade internacional, esse será um primeiro grande passo importante. A Minustah vai permanecer para garantir os resultados até a normalização da vida do país.
Considera um erro a presença no Haiti de uma força comandada por brasileiros?
Essa foi a ocasião do Brasil tentar provar que era uma potência regional, pensando numa cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU. Ora, o Haiti é um país complexo e difícil. Talvez as autoridades brasileiras não tenham convenientemente avaliado esses aspectos. Mas a presença dos brasileiros é melhor do que a de outros países por se tratar de uma força latino-americana sem uma visão colonialista, o que seria o caso dos americanos e franceses.
O líder político Winter Etiénne, um dos responsáveis pelos antigos rebeldes, braço armado da oposição contra o ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, pode retomar o combate após 7 de fevereiro, se não houver solução até essa data?
De passagem por Paris, ele disse ao Haiti Tribune que, se após o dia 7 o atual governo estiver no poder, ele e seus homens poderão retomar as armas para afastá-los.
Nessa hipótese, a Minustah ficará sem reagir?
Claro que não! Isso faz com que se entenda por que essa data está no centro dos acontecimentos e de todos os encontros políticos. Depois do dia 7, algo vai ocorrer, com ou sem eleição.
Fonte: O Estado de São Paulo - Via NOTIMP
Vinicius Pimenta
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- Guerra
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O suicidio é bem mais comum no meio militar do vocês imaginam. Eu mesmo já muitos casos. Um detalhe interessante é que quase todo militar que comete suicidio faz isso dentro do quartel.
O caso que eu conheço mais parecido com o desse General foi de um cabo. Ele estava de serviço e depois que fez toda sua ronda e preeencheu o roteiro da ronda, ele sacou a pistola e disparou um tiro no ouvido.
Um tenente coronel medico do EB escreveu um artigo sobre o assunto. Ele deu algumas recomendações para militares em missões de força de paz. Segundo o artigo só na Alemanha 11 militares já cometeram suicidio em missões. Vou procurar esse artigo e postar aqui.
O caso que eu conheço mais parecido com o desse General foi de um cabo. Ele estava de serviço e depois que fez toda sua ronda e preeencheu o roteiro da ronda, ele sacou a pistola e disparou um tiro no ouvido.
Um tenente coronel medico do EB escreveu um artigo sobre o assunto. Ele deu algumas recomendações para militares em missões de força de paz. Segundo o artigo só na Alemanha 11 militares já cometeram suicidio em missões. Vou procurar esse artigo e postar aqui.
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
- P44
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- thicogo
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P44 escreveu:Caros...
O Homem podia ser General e tudo...mas era "apenas" um SER HUMANO, com todas as forças e fraquezas inerentes.
Cumptos
P44,o problema é que gente ñ só do forum,acham que o cara pelo fato dele ser o general-de-divisão Urano da Matta bacelar,ele tem que ser
psicologamente perfeito.Ele divia está muito extressado com a missão,e a
pressão politica que ele divia esta sofrendo,do Brasil,do Haiti,e da ONU.VALEU
"senhor general,apesar das criticas,que o sr. vah com Deus,e em paz"
- Guerra
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The Baaz escreveu:P44 escreveu:Caros...
O Homem podia ser General e tudo...mas era "apenas" um SER HUMANO, com todas as forças e fraquezas inerentes.
Cumptos
Exato, mas tenta colocar isso na cabeça do Talharime dos outros que fazem tempestade em copo d'água por causa disso
É bom lembrar que Síndrome de Gilles de la Tourette também pode levar ao suicidio!!!
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
- rodrigo
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Mas era um ser humano errado no local errado, ou será que se ele tivesse se matado em Brasília, na sala de sua casa, estaríamos aqui discutindo isso?O Homem podia ser General e tudo...mas era "apenas" um SER HUMANO, com todas as forças e fraquezas inerentes.
Tenta colocar isso na cabeça dos soldados brasileiros no Haiti, que segundo um diplomata que falou ontem no jornal da noite, estão com o moral mais baixo que ÚC(ao contrário) de cobra.Exato, mas tenta colocar isso na cabeça do Talharime dos outros que fazem tempestade em copo d'água por causa disso
Quem ficou com pena do general devia ser voluntário nos C V V que existem em todas as cidades. É um serviço muito importante a ajuda a salvar muitas vidas. Só falar não adianta nada.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
a vida é assim: esquenta e esfria,
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rodrigo escreveu:Mas era um ser humano errado no local errado, ou será que se ele tivesse se matado em Brasília, na sala de sua casa, estaríamos aqui discutindo isso?
Não vejo motivos para não se discutir o suicídio de um general mesmo se ele estivesse em sua casa num canto remoto da Amazônia. Os fatores que podem levar a isso são muitos e praticamente inexplicáveis para uma pessoa comum.
rodrigo escreveu:Tenta colocar isso na cabeça dos soldados brasileiros no Haiti, que segundo um diplomata que falou ontem no jornal da noite, estão com o moral mais baixo que ÚC(ao contrário) de cobra.
É claro que eles devem estar com a moral baixa, as Forças Armadas inteiras devem estar. Mas acho que isso não é motivo para massacrar o General...
rodrigo escreveu:Quem ficou com pena do general devia ser voluntário nos C V V que existem em todas as cidades. É um serviço muito importante a ajuda a salvar muitas vidas. Só falar não adianta nada.
Não sei se é pena o que eu sinto. ELe poderia muito bem ter pedido dispensa, mas ai, a moral dele mesmo iria diminuir e muito, a vergonha seria ainda maior no ponto de vista dele.
É um fato triste, mas não a ponto de desmoralizar o Exército Brasileiro e de não reconhecer a competência do General Urano que enquanto serviu ao EB sempre foi um oficial Exemplar, e nem de dizer que é uma vergonha para o EB que uma pessoa assim tenha chegado ao posto de General de Divisão.
Mens Sana, Corpore Sano.
The Baaz
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- rodrigo
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11/01/2006 - 16h06
Bacellar era o melhor, por isso o indiquei, diz comandante do Exército
JANAINA LAGE
da Folha Online, no Rio
O comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, afirmou nesta quarta-feira que escolheu o general Urano Bacellar para o comando da força militar da Missão de Estabilização da ONU (Organização das Nações Unidas) no Haiti porque ele era o melhor profissional para o cargo. Segundo ele, não existiam indícios de uma personalidade depressiva, caso contrário o Exército teria tomado providências.
"Eu o indiquei, o mandei para lá e a indicação foi aceita pelo ministro da Defesa, pelo presidente da República e ele foi analisado pela ONU e as Nações Unidas reconheceram que ele tinha todas as condições. Era um excepcional profissional, era o melhor, por isso eu o mandei", afirmou hoje em entrevista após o enterro do general no início da tarde no cemitério Memorial do Carmo, no Rio de Janeiro.
Albuquerque destacou que, além de ter se mostrado sempre um profissional competente, o general Bacellar era reconhecido também como exemplo na vida familiar. "A memória do general Bacellar tem que ser preservada", disse.
O comandante disse não estar preocupado com o efeito da notícia sobre o moral da tropa. "A minha tropa está pronta, sempre esteve. E vai cumprir a missão nas melhores condições", disse.
Apesar do laudo divulgado hoje ter confirmado a tese de suicídio, o general disse que análises ainda estão sendo feitas e evitou se pronunciar a respeito do assunto. Ele disse que, segundo as informações que tem recebido do Itamaraty, tudo indica que o Brasil vai continuar na liderança da missão. "Isso é motivo de orgulho para os brasileiros: sermos líderes de uma missão que não é fácil, exige muito de nós, mas estamos plenamente capacitados, todos os oficiais brasileiros estão capacitados a prosseguir na missão", disse.
Albuquerque destacou que não há missão de paz "fácil". O general participou da missão de paz entre Equador e Peru. "Se dentro de um país existem opiniões diferentes, imagine numa missão de paz onde existem os países mais diversos como é o caso do Haiti", disse. Ele afirmou que as dificuldades no Haiti não se restringem à segurança e incluem também aspectos sociais e econômicos. "Missão de paz é projeção e o Brasil é um país que está dentro do contexto internacional e tem que dar a sua participação", afirmou.
Além da burocracia, a falta de recursos é apontada como um dos principais entraves ao desenvolvimento da missão. O general Albuquerque vai a Nova York conversar sobre aspectos operacionais e sobre o envio de recursos. Cerca de U$ 1 bilhão foi prometido, mas ainda não liberado para a missão.
Honras fúnebres
O general Albuquerque chegou à Base Aérea do Galeão por volta do meio-dia, vindo de Brasília para participar do cortejo. O corpo do general Bacellar chegou pouco depois, por volta de 12h15, num avião da FAB (Força Aérea Brasileira), modelo Hérculos C-130. De lá, o corpo do general seguiu para o cemitério, onde foi velado por famílias e autoridades numa capela em uma cerimônia curta e seguiu para o jazigo da família no segundo andar. Segundo a assessoria do cemitério, o jazigo, que custa entre R$ 9 mil e R$ 10 mil, foi pago pelo Exército.
Ao chegar ao cemitério, o corpo do general morto no último sábado recebeu honras fúnebres. Um toque de corneta reverenciando o posto de general de divisão marcou o início da cerimônia. Trezentos homens da brigada de pára-quedistas prestaram homenagens junto a oficiais da Marinha e da Aeronáutica. Ele foi recebido com salvas de canhão e de fuzil. A viúva e os filhos aguardavam o corpo do militar na frente do cemitério.
Segurando o gorro de pára-quedista do marido, a mulher do general, Maria Ignês, disse "meu herói, vem meu amor", enquanto o caixão envolto com a bandeira brasileira era carregado em meio à brigada.
A viúva do general pediu que a marcha fúnebre fosse trocada pela canção símbolo dos pára-quedistas, "Eterno Herói". Bacellar era pára-quedista e foi comandante do 26º Batalhão de Pára-Quedistas.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bras ... 5065.shtml
Como diria o grande filósofo Mussum: Cacildis, se esse era o melhor...
Bacellar era o melhor, por isso o indiquei, diz comandante do Exército
JANAINA LAGE
da Folha Online, no Rio
O comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, afirmou nesta quarta-feira que escolheu o general Urano Bacellar para o comando da força militar da Missão de Estabilização da ONU (Organização das Nações Unidas) no Haiti porque ele era o melhor profissional para o cargo. Segundo ele, não existiam indícios de uma personalidade depressiva, caso contrário o Exército teria tomado providências.
"Eu o indiquei, o mandei para lá e a indicação foi aceita pelo ministro da Defesa, pelo presidente da República e ele foi analisado pela ONU e as Nações Unidas reconheceram que ele tinha todas as condições. Era um excepcional profissional, era o melhor, por isso eu o mandei", afirmou hoje em entrevista após o enterro do general no início da tarde no cemitério Memorial do Carmo, no Rio de Janeiro.
Albuquerque destacou que, além de ter se mostrado sempre um profissional competente, o general Bacellar era reconhecido também como exemplo na vida familiar. "A memória do general Bacellar tem que ser preservada", disse.
O comandante disse não estar preocupado com o efeito da notícia sobre o moral da tropa. "A minha tropa está pronta, sempre esteve. E vai cumprir a missão nas melhores condições", disse.
Apesar do laudo divulgado hoje ter confirmado a tese de suicídio, o general disse que análises ainda estão sendo feitas e evitou se pronunciar a respeito do assunto. Ele disse que, segundo as informações que tem recebido do Itamaraty, tudo indica que o Brasil vai continuar na liderança da missão. "Isso é motivo de orgulho para os brasileiros: sermos líderes de uma missão que não é fácil, exige muito de nós, mas estamos plenamente capacitados, todos os oficiais brasileiros estão capacitados a prosseguir na missão", disse.
Albuquerque destacou que não há missão de paz "fácil". O general participou da missão de paz entre Equador e Peru. "Se dentro de um país existem opiniões diferentes, imagine numa missão de paz onde existem os países mais diversos como é o caso do Haiti", disse. Ele afirmou que as dificuldades no Haiti não se restringem à segurança e incluem também aspectos sociais e econômicos. "Missão de paz é projeção e o Brasil é um país que está dentro do contexto internacional e tem que dar a sua participação", afirmou.
Além da burocracia, a falta de recursos é apontada como um dos principais entraves ao desenvolvimento da missão. O general Albuquerque vai a Nova York conversar sobre aspectos operacionais e sobre o envio de recursos. Cerca de U$ 1 bilhão foi prometido, mas ainda não liberado para a missão.
Honras fúnebres
O general Albuquerque chegou à Base Aérea do Galeão por volta do meio-dia, vindo de Brasília para participar do cortejo. O corpo do general Bacellar chegou pouco depois, por volta de 12h15, num avião da FAB (Força Aérea Brasileira), modelo Hérculos C-130. De lá, o corpo do general seguiu para o cemitério, onde foi velado por famílias e autoridades numa capela em uma cerimônia curta e seguiu para o jazigo da família no segundo andar. Segundo a assessoria do cemitério, o jazigo, que custa entre R$ 9 mil e R$ 10 mil, foi pago pelo Exército.
Ao chegar ao cemitério, o corpo do general morto no último sábado recebeu honras fúnebres. Um toque de corneta reverenciando o posto de general de divisão marcou o início da cerimônia. Trezentos homens da brigada de pára-quedistas prestaram homenagens junto a oficiais da Marinha e da Aeronáutica. Ele foi recebido com salvas de canhão e de fuzil. A viúva e os filhos aguardavam o corpo do militar na frente do cemitério.
Segurando o gorro de pára-quedista do marido, a mulher do general, Maria Ignês, disse "meu herói, vem meu amor", enquanto o caixão envolto com a bandeira brasileira era carregado em meio à brigada.
A viúva do general pediu que a marcha fúnebre fosse trocada pela canção símbolo dos pára-quedistas, "Eterno Herói". Bacellar era pára-quedista e foi comandante do 26º Batalhão de Pára-Quedistas.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bras ... 5065.shtml
Como diria o grande filósofo Mussum: Cacildis, se esse era o melhor...
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aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
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João Guimarães Rosa
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Entrevista - Paulo Cordeiro de Andrade Pinto
Estrutura da Minustah deve sofrer mudanças
Um relatório elaborado pelo general Radhir Kumar Mehta poderá levar a ONU a realizar profundas mudanças na estrutura de comando da Minustah. Mehta é conselheiro militar do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e visitou o Haiti em dezembro para avaliar as tropas, segundo revelou ao Correio o embaixador brasileiro naquele país, Paulo Cordeiro de Andrade Pinto. “As forças brasileiras foram elogiadas, assim como as do Sri Lanka e as latino-americanas, que estabeleceram uma relação de paz com suas comunidades. Mas as forças da Jordânia não conseguiram”, disse. As conclusões de Mehta atingem o general-de-brigada Mahmoud Ajaj Al-Husban, responsável pela zona de Porto Príncipe, e enfraquecem as chances de o país árabe substituir o Brasil no comando militar.
A Polícia Civil disse que a autópsia confirma a hipótese de suicídio. O resultado era esperado?
Havia uma indicação, mas vários detalhes precisavam ser confirmados. A pistola era dele e foram encontrados resíduos de pólvora na mão. O legista (José Eduardo Reis) me falou da necessidade de se fazer exames mais aprofundados, como o das vísceras, que mostrará se houve uso de drogas. Esses exames não podiam ser feitos no Haiti, porque os recursos de análise lá são escassos.
Houve desentendimento entre o comandante jordaniano e o general Bacellar?
Não é verdade. Ocorre que há um comando da força militar que cobre todo o Haiti, cujo titular era o general Bacellar, e a ONU criou outro para Porto Príncipe, sob autoridade do jordaniano, ao qual está subordinado o batalhão brasileiro. Essas instâncias tornaram o funcionamento da missão mais pesado. Os brasileiros têm demonstrado capacidade muito superior de controlar áreas e estabelecer contatos com a população, resultado de treinamento e de traços culturais. As forças jordanianas não falam francês nem creole. Queremos que eles alcancem um patamar próximo ao dos brasileiros.
A ONU redefinirá as responsabilidades?
A ONU está reavaliando. No final de dezembro, tivemos a visita do conselheiro militar do secretário-geral da ONU, general Radhir Kumar Metha. Ele foi a várias áreas sob controle de diferentes contingentes, e fez um relatório. As forças brasileira foram elogiadas. A tropa do Sri Lanka está muito bem, além das forças latinas — Chile, Argentina e Uruguai —, que estabeleceram uma relação de paz com as comunidades. Mas os jordanianos, que estão numa região complicadíssima, não conseguiram fazer isso. Há, efetivamente, uma barreira cultural e de treinamento.
Os problemas que provocaram o adiamento sucessivo das eleições já foram resolvidos?
As questões técnicas estão solucionadas. As carteiras de identificação eleitoral chegaram e a Organização dos Estados Americanos (OEA) já as distribuiu a 51% dos 3,5 milhão de eleitores. O restante será entregue até 20 de janeiro. Agora, o problema é político. Forças que apoiaram a saída do presidente Jean-Bertrand Aristide demonstram temor de que o ex-presidente (René Préval) vença as eleições. (CDS)
Fonte: Correio Braziliense - Via NOTIMP
Estrutura da Minustah deve sofrer mudanças
Um relatório elaborado pelo general Radhir Kumar Mehta poderá levar a ONU a realizar profundas mudanças na estrutura de comando da Minustah. Mehta é conselheiro militar do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e visitou o Haiti em dezembro para avaliar as tropas, segundo revelou ao Correio o embaixador brasileiro naquele país, Paulo Cordeiro de Andrade Pinto. “As forças brasileiras foram elogiadas, assim como as do Sri Lanka e as latino-americanas, que estabeleceram uma relação de paz com suas comunidades. Mas as forças da Jordânia não conseguiram”, disse. As conclusões de Mehta atingem o general-de-brigada Mahmoud Ajaj Al-Husban, responsável pela zona de Porto Príncipe, e enfraquecem as chances de o país árabe substituir o Brasil no comando militar.
A Polícia Civil disse que a autópsia confirma a hipótese de suicídio. O resultado era esperado?
Havia uma indicação, mas vários detalhes precisavam ser confirmados. A pistola era dele e foram encontrados resíduos de pólvora na mão. O legista (José Eduardo Reis) me falou da necessidade de se fazer exames mais aprofundados, como o das vísceras, que mostrará se houve uso de drogas. Esses exames não podiam ser feitos no Haiti, porque os recursos de análise lá são escassos.
Houve desentendimento entre o comandante jordaniano e o general Bacellar?
Não é verdade. Ocorre que há um comando da força militar que cobre todo o Haiti, cujo titular era o general Bacellar, e a ONU criou outro para Porto Príncipe, sob autoridade do jordaniano, ao qual está subordinado o batalhão brasileiro. Essas instâncias tornaram o funcionamento da missão mais pesado. Os brasileiros têm demonstrado capacidade muito superior de controlar áreas e estabelecer contatos com a população, resultado de treinamento e de traços culturais. As forças jordanianas não falam francês nem creole. Queremos que eles alcancem um patamar próximo ao dos brasileiros.
A ONU redefinirá as responsabilidades?
A ONU está reavaliando. No final de dezembro, tivemos a visita do conselheiro militar do secretário-geral da ONU, general Radhir Kumar Metha. Ele foi a várias áreas sob controle de diferentes contingentes, e fez um relatório. As forças brasileira foram elogiadas. A tropa do Sri Lanka está muito bem, além das forças latinas — Chile, Argentina e Uruguai —, que estabeleceram uma relação de paz com as comunidades. Mas os jordanianos, que estão numa região complicadíssima, não conseguiram fazer isso. Há, efetivamente, uma barreira cultural e de treinamento.
Os problemas que provocaram o adiamento sucessivo das eleições já foram resolvidos?
As questões técnicas estão solucionadas. As carteiras de identificação eleitoral chegaram e a Organização dos Estados Americanos (OEA) já as distribuiu a 51% dos 3,5 milhão de eleitores. O restante será entregue até 20 de janeiro. Agora, o problema é político. Forças que apoiaram a saída do presidente Jean-Bertrand Aristide demonstram temor de que o ex-presidente (René Préval) vença as eleições. (CDS)
Fonte: Correio Braziliense - Via NOTIMP
Vinicius Pimenta
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