Invasão da amazonia entre 2008 e 2012

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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#61 Mensagem por Penguin » Sex Dez 09, 2005 11:30 am

Texto curioso:

Amazônia: cenário de jogos de guerra Nova doutrina da Otan dispensa apoio das Nações Unidas em intervenções militares, o que preocupa Forças Armadas brasileiras
Pedro Paulo Rezende
Correio Braziliense
12 de dezembro de 1999
Dois cenários de guerra. No primeiro, organizações não-governamentais pedem a intervenção das Nações Unidas para conter o massacre de índios ianomâmis. Antes do caso chegar ao Conselho de Segurança, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) intervém. Um contingente desembarca por via aérea na região, que é declarada um protetorado internacional. No segundo cenário, uma força internacional desembarca no litoral carioca a pretexto de defender o meio ambiente da Amazônia. Sua chegada é antecedida por ataques de aviões invisíveis às bases aéreas de Santa Cruz, Anápolis e Canoas, aos quartéis da Vila Militar do Rio de Janeiro e do Setor Militar Urbano (em Brasília) e às bases navais da Ilha das Cobras e Mocanguê (no Rio) e de Aratu (Bahia). Esses dois cenários aparentemente catastróficos foram simulados em jogos de guerra brasileiros, executados usando computadores do extinto Estado Maior das Forças Armadas. Não foi por acidente: a preocupação com uma intervenção estrangeira, motivada pela Amazônia, movimenta o pensamento estratégico do país.

PRETEXTOS

Em meados de 1992, o Colégio Interamericano de Defesa, sob orientação do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, reuniu militares das Américas em Washington para sugerir a transformação das Forças Armadas latino-americanas em forças especiais de combate ao narcotráfico. O jogo de guerra elaborado para o encontro? Nada menos que uma invasão da Amazônia brasileira. A razão apresentada para a intervenção seria impedir a devastação da floresta amazônica. Os brasileiros contestaram a idéia e alertaram que o Brasil é um país muito diferente do Panamá ou de Granada, lembrando, com citações ao Vietnã, que a guerra na selva não poderia ser confundida com a Guerra no Golfo. A situação passou a preocupar os militares nacionais ainda mais nos últimos meses, com a reunião de Washington, que comemorava os 50 anos da aliança atlântica, na qual os Estados Unidos propuseram a redefinição dos objetivos e prerrogativas do bloco.

INTERVENÇÃO

No documento, firmado logo após a intervenção em Kosovo, a organização considera-se autorizada a intervir em locais onde considerar imperiosa a defesa dos direitos humanos, o combate ao narcotráfico e a defesa das reservas estratégicas da humanidade - como a Amazônia, a maior biosfera restante. Tudo isso sem prévia autorização das Nações Unidas. Mas o que poderia ser feito pelo Brasil para resistir a uma intervenção estrangeira? A resposta é nada. O pensamento estratégico nacional procura atacar as possíveis causas de uma ação internacional - a preservação do meio ambiente, o combate ao narcotráfico e a defesa das comunidades indígenas. Com base nesse diagnóstico, dois programas foram criados, o Sistema de Vigilância e Monitoramento da Amazônia (Sivam), da Aeronáutica, e o Projeto Calha Norte, do Exército. No primeiro, uma rede de radares e sensores, complementada por equipamentos de vigilância e monitoramento montados em aviões e satélites de sensoriamento, controla as fronteiras e os ataques ao meio ambiente. No caso do Calha Norte, 10 mil homens foram deslocados da região Sul para formar um cinturão na fronteira norte do país. Pequenos postos garantem uma presença militar em pontos chaves. Ao mesmo tempo, bases de retaguarda equipadas com pistas de pouso funcionam como áreas de reforço e de aprovisionamento. O Calha Norte foi concebido para servir de ponto de apoio para o povoamento da região. Os postos de retaguarda serviriam para abrigar, nos chamados ‘‘galpões de terceiros’’, agências do Banco do Brasil, da Fundação Nacional do Índio (Funai), do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e dos ministérios da Saúde e da Previdência. A idéia do Calha Norte é criar núcleos que servissem como pólos geradores de cidades, o que contraria o pensamento da maioria das organizações não-governamentais que tratam do problema amazônico. O Sivam, por sua vez, visa criar uma rede de controle, sem qualquer movimentação de contingentes populacionais. O Calha Norte começou a ser implantado na década de 80. O Sivam, depois de uma longa discussão, passou a ser instalado em 1994, depois que a norte-americana Raytheon ganhou a concorrência internacional, preocupando muitos militares nacionalistas - para os quais os Estados Unidos estão entre os maiores interessados em intervir na região.

MITO?

Há um risco real de intervenção? Os três maiores estudiosos de estratégia do país acreditam que sim, mesmo divergindo quanto à maneira em que ela ocorreria. O coronel Geraldo Cavagnari, do Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade de Campinas, pensa que ela não seria terrestre. Segundo ele, desde o Vietnã as Forças Armadas norte-americanas priorizam cada vez mais o poder aéreo para minimizar as baixas entre seus efetivos. Ele lembra que, na Guerra do Golfo, as ações por terra se realizaram depois de intenso bombardeio. As forças iraquianas estavam totalmente desmoralizadas quando começou a ofensiva dos tanques e infantaria. Em apenas 48 horas, tudo estava resolvido. Em Kosovo, a Otan lançou uma ofensiva aérea de 79 dias contra a Iugoslávia, causando poucas baixas entre os militares adversários, mas destruindo a força produtiva do país. Mas haveria uma alternativa mais barata e simples no caso brasileiro. ‘‘Acredito que uma intervenção no Brasil não seria feita pela Otan e sim pelo G-7 (grupo que reúne os sete países mais ricos do mundo)’’, afirma Cavagnari. ‘‘As Forças Armadas brasileiras são inadequadas para enfrentar qualquer desafio, mas nossa rede infra-estrutura e indústria é dispersa, o que minimizaria os riscos dela ser destruída por uma ofensiva aérea. Não teríamos como resistir às pressões econômicas do chamado Primeiro Mundo. Essa seria a maneira mais eficiente de conseguirem seu intento’’.

IMPOTÊNCIA

Cavagnari diz que o Brasil passa por um período de observação: ‘‘Os Estados Unidos têm consciência das imensas dificuldades de vigiar uma região tão extensa quanto a Amazônia. Mas essa atitude compreensiva pode mudar a partir da instalação do Sivam, quando teremos os meios adequados para exercer um controle mais efetivo. O problema é que teremos a vigilância mas não os meios de ação adequados para tomar medidas concretas. Falta mobilidade e equipamento para nossas Forças Armadas e nada está sendo feito’’. Por isso, Cavagnari defende um enxugamento nos efetivos e investimentos em equipamentos modernos. ‘‘Temos quase 300 mil homens em armas, o que é um exagero, e não há coordenação entre o pensamento estratégico das três forças’’. O especialista também condena o uso de militares em ações contra o narcotráfico, como os Estados Unidos defendem, e lembra que essa alternativa fracassou em outros países, aumentando a corrupção nas casernas. Depois do fim da Guerra Fria, os departamento de Defesa e de Estado norte-americanos já manifestaram sua intenção de adequarem as Forças Armadas latino-americanas a um papel semi-policial, a exemplo da Costa Rica. Segundo Cavagnari, vários seminários estão sendo promovidos em Washington para promover essa idéia - inclusive com a participação de três integrantes do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp.

TIMIDEZ

Lembrando que a ação diplomática do país é demasiadamente tímida para evitar essas ofensivas, Cavagnari acredita que a maior lição de Kosovo foi o total esvaziamento do papel da Rússia e da China, graças ao papel secundário do Conselho de Segurança das Nações Unidas na crise. O almirante Mário César Flores, ex-ministro da Marinha de Fernando Collor, acha que qualquer possibilidade de intervenção militar na Amazônia é ficção. ‘‘Temos que ser amigos dos Estados Unidos e não ficar alimentando esse tipo de paranóia’’, afirma. Num mundo desbalanceado pelo fim da Guerra Fria, a única alternativa seria o alinhamento com o Ocidente. ‘‘Na época em que havia dois blocos, quando a União Soviética dividia a liderança mundial, ainda havia como fugir do papel hegemônico dos Estados Unidos’’, lembra. ‘‘Hoje, isso não é mais possível’’ Segundo o ex-ministro, uma intervenção militar na Amazônia teria um custo político elevado e não seria aprovada pela Europa e outros países americanos. Mas ele acredita que pressões econômicas possam ser exercidas pelo G-7 caso os países desenvolvidos, sob liderança norte-americana, sintam que seus interesses estão comprometidos. Já o almirante Armando Vidigal, autor do livro A Evolução do Pensamento Estratégico Naval Brasileiro, acha possível uma intervenção militar estrangeira na Amazônia. O cenário mais viável seria o de uma ação localizada dentro de uma área restrita, conhecida dentro do extinto Estado Maior das Forças Armadas como ‘‘hipótese Ianomâmi’’, talvez apoiada por forças tarefas atuando na região de Belém. ‘‘Outras alternativas teriam um custo político alto demais.’’


Análise da notícia
Convite à invasão

As hipóteses de intervenção militar estrangeira no país são extremamente remotas, mas deveriam ser levadas a sério apesar disso. O Brasil encontra-se completamente despreparado para enfrentar qualquer ameaça externa. Uma operação nos moldes da executada contra a Iugoslávia ou contra o Iraque encontraria um cenário favorável, que promete poucas baixas contra as unidades agressoras. Mal comparando, o Brasil é um lutador de boxe velho e gordo, num mundo em que predominam ágeis lutadores de caratê. A defesa contra ataques aéreos é praticamente inexistente. Em, todo o território nacional existem apenas três grupos de artilharia antiaérea modernos, localizados em Lagoa Santa, Brasília e Curitiba. São apenas 36 peças (a Iugoslávia contava com mais de mil). O efetivo de mísseis também é inadequado. Temos 120 mísseis portáteis Strella de fabricação russa, adquiridos na década de 80, projetados para uma defesa aproximada de unidades de infantaria, mas totalmente inapropriados para cobrir uma ampla área (só desse modelo, mais de 1.500 estavam disponíveis para as forças sérvias, que também contavam com sistemas de defesa de área, um dos quais derrubou o primeiro caça invisível F-117 num conflito). A Força Aérea é um respeitável amontoado de sucatas voadoras que inclui caças Mirage IIIEBR (20), F-5E Tiger II (52) e velhos aviões de treinamento e ataque Xavante AT-26. Os 49 aviões de ataque A-1, fabricados pelo consórcio ítalo-brasileiro AMX, são mais modernos, mas sofrem, até hoje, dez anos depois de serem implantados na Força Aérea Brasileira, de sérios problemas de desenvolvimento. Os canhões interferem nos radares e descalibram os equipamentos eletrônicos. Brasília está praticamente desprotegida e seria um alvo fácil para ataques de unidades aeroterrestres. O país tem poucas forças blindadas, helicópteros de transporte de tropas, artilharia terrestre e defesa costeira. A força melhor equipada é a Marinha, que conta com barcos de superfície e submarinos modernos, fruto de uma administração extremamente competente do ministro Mário César Rodrigues, titular da pasta nos últimos seis anos. Mas existem algumas carências. Doze submarinos estavam nos planos preparados na década de 80 e apenas cinco foram construídos. Um outro aspecto complicador é o desmonte da indústria bélica nacional. Os ministérios militares tentaram criar na década de 80 um parque de produção sem garantia de encomendas internas. Funcionou enquanto Irã e Iraque estavam em guerra. A prova de que esse projeto não tinha fôlego apareceu em 1986, quando a Engesa , ficou sem encomendas .




Editado pela última vez por Penguin em Sex Dez 09, 2005 11:39 am, em um total de 1 vez.
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#62 Mensagem por Penguin » Sex Dez 09, 2005 11:34 am

Outro texto curioso:

http://www.no.com.br
07 de Abril de 2001

Guerra anunciada na selva

Fernando Gabeira

Com 24 mil homens e uma fronteira de 11 mil quilômetros, o Comando Militar da Amazônia tem um grande teste pela frente: o Plano Colômbia, um esforço militar de U$ 1,3 bilhão, para derrotar os traficantes de coca e a guerrilha das Farc.

Um pouco esquecido pela mídia, o Plano Colômbia, no entanto, está vivo para os militares brasileiros, que o monitoram, de perto, para evitar que os problemas, e o tiroteio, cruzem a fronteira. O Brasil tem 20 postos avançados na fronteira, mas, no momento, a presença militar na região será testada na proximidade da Colômbia. Duas variáveis sustentam esse estado de alerta: a expectativa de uma ofensiva militar conjunta contra as Farc e a chegada de refugiados colombianos no Peru e Equador.

Quando Bush perguntou a FHC se o Brasil sofreria as consequências do Plano Colômbia, a resposta foi tranquilizadora. As plantações de coca estavam distantes mil quilômetros das fronteiras comuns. Para uma resposta rápida, até que foi bem precisa. No entanto, o estudo da situação mostra que, pelo menos, algumas medidas de cautela têm de ser tomadas. Existe um consenso de que as Farc dominam o tráfico de drogas e que, na verdade, o combate será também contra a guerrilha, que tem influência em quase metade do território colombiano.

Dentro desse quadro, o Brasil conta com a possibilidade de êxodo em massa e já contatou a Cruz Vermelha para que esteja a postos, em caso de necessidade. Esta medida brasileira revela também que o país não pretende ficar com os refugiados, mas redistribuí-los via Cruz Vermelha.

Uma outra preocupação brasileira, já revelada em debates na Assembléia do Amazonas, é a possibilidade de os americanos usarem o fungo Fusarium Oxysporum, com a finalidade de destruir as plantações de coca. Alguns rios importantes descem da Colômbia para o Brasil e, como não há informação sobre esse tipo de guerra, talvez seja preciso pedir aos americanos que se abstenham desse ataque biológico à floresta.

Em alguns pontos da fronteira colombiana, soldados da Farc têm entrado no território brasileiro para voltar um pouco adiante para a Colômbia. Esse movimento já foi detectado no Brasil. Esta realidade autoriza a possibilidade de choques armadas mais intensos antes do meio do ano. Norte-americanos e colombianos se preparam para isso.

De um ponto de vista de defesa da selva, a força militar brasileira é respeitável. Em Manaus, o centro de instrução de guerra na selva é considerado o melhor do mundo no seu gênero. Todos os postos têm soldados treinados para uma tática inevitável, caso se tenta conquistar a floresta: a guerra de emboscada.

Cerca de 30% dos soldados do posto de São Gabriel da Cachoeira são de origem indígena. Além de falarem a língua de seus parentes, conhecem a floresta e ajudam o trabalho de controle da área. No centro de Manaus, é possível ver uma exposição das frutas da mata que podem ajudar na sobrevivência: uchi, castanha de sapucaia, biribi, inga açu , para mencionar apenas algumas.

Pesquisas para o transporte na selva, um dos grandes problemas logísticos, utilizam bicicletas, a partir da experiência vietnamita, e tambem búfalos, que têm se mostrado uma boa alternativa. Não precisam levar sua comida, pois comem o que há no caminho. A idéia dos bufalos foi inspirada pela polícia montada da ilha de Marajó.

Embora já tenha incorporado o GPS, um novo e necessário instrumento, o armamento dos soldados na selva não é de última geração. Mas essa fator não é decisivo, diante do conhecimento da floresta, da adaptação ao clima e ao lugar e, sobretudo da preparação para o combate. O exemplo vietnamita é um exemplo radical dessa tese.

A entrada em cena do Sivam, um sistema de vigilância aérea da Amazônia, de US$1,4 bilhão, vai aumentar a potencialidade do controle da Amazônia, talvez mudando até o paradigma. Ao invés de se trabalhar por uma ocupação maciça da fronteira, estabelecer a vigilância eletrônica, com os dados on line do satélite e, de pelo menos, oito aviões.

As estações terrestres do Sivam já estão prontas em São Gabriel e na Serra do Cachimbo, dois lugares onde pude vê-las. No entanto, o equipamento ainda não chegou.

O sistema funcionará a partir de 2002 e o Plano Colômbia talvez fosse uma prova para ele. De qualquer forma, mais que um instrumento de vigilância, o Sivam pode ser o trunfo na diplomacia amazônica. Ele produzira mais informações do que necessitamos e poderia ser partilhado com os vizinhos.

Numa viagem do presidente Fernando Henrique Cardoso ao Peru o tema foi levantado e o então governo Fujimori se mostrou interessado. Isso tem sido tratado de forma bilateral, mas poderia ser ampliado para o Pacto Amazônico.

Todos esses movimentos devem ser acelerados pelo Plano Colômbia, embora as questões estratégicas ligadas à floresta amazônica ainda estejam um pouco no limbo. O primeiro passo que o Brasil precisa dar é o de divulgar o que tem na fronteira com a Colômbia, para que se avalie mais amplamente se isso basta ou é preciso mais.

O Comando da Fronteira do rio Solimões, sediado em Tabatinga, tem pelotões em Palmeira do Javari.,Ipiranga, Vila Bittencourt e Estirnao do Equador. O comando de fronteira do Rio Negro, em São Gabriel da Cachoeira tem pelotões em Yarutê, Querari, São Joaquim e Cucui.

Alguns desses postos são tão remotos que distam oito dias de barco da sede do comando. Muito em breve, entretanto, podem sair de seu anonimato. Todas as previsões, no entanto, são de que a luta se concentrará no sul da Colômbia, na fronteira com o Equador.

Para alguns observadores, o olho de furacão estará em Putmayo onde existe, ao lado da cocaína, um grande potencial petrolífero. Os EUA estão de olho nesse potencial e a Shell e Occidental Petroleum investiram pesado na área. Alguns ataques guerrilheiros já foram feitos contra elas, e , por causa disso, as duas grandes empresas foram uma espécie de animadoras do Plano Colômbia.

Como quase ninguém acredita numa saída militar para a crise colombiana, pode sair dai um longo processo de guerra de guerrilhas com repercussões em todos os paises da fronteira. Nesse processo, uma região como a do Comando da Amazônia, com 4 milhões de km2, uma rica biodiversidade, imensas áreas despovoadas, um quinto da água doce do mundo, grandes reserves minerais, inclusive do raro nióbio, é a última que pode ser pega de surpresa.

A aposta pessimista é a mais consistente no momento pois os observadores brasileiros que foram à Colômbia sempre saem com a impressão de que a paz nao interessa às forças em presença – exército, guerrilha, paramilitares, políticos e norte-americanos. A paz interessa apenas ao povo e aos vizinhos.




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#63 Mensagem por J.Ricardo » Sex Dez 09, 2005 1:43 pm

É o que penso, de nada adianta querer dar uma de Chaves e dar motivos pros gringos intervirem aqui, melhor é fazer como o almirante César Flores, vamos ser amigos dos "homens", combater o narcotráfico, o desmatamento (aparentemente com a queda o preço da soja, a pressão s/a Amazônia diminuiu), cuidar dos índios (cuidar e não "paparicar"), comercializar com eles (sem "abrir as pernas") e quando necessário mandar alguns soldados p/ missões de paz (Haiti por exemplo) que agradem a ONU.
Agora querer dar uma de potência independente, ficar puchando o saco do Chaves e do Fidel em nada adiantara para melhorar nossa imagem e principalmente a vida do povão. Prefiro uma postura a lá Austrália (amiguinho dos americanos e tendo benefícios por isso) que uma Venezuela confrontando os EUA, dizendo-se indipendente mas com uma população pobre.




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#64 Mensagem por Moacir Barbosa de León » Sáb Dez 10, 2005 1:29 pm

J.Ricardo
É óbvio que não devemos puchar o saco de Chaves e Fidel, nem "abrir as pernas" para os EUA. Também deveremos contemplar tratamento igual em todos os sentidos, nada de subordinação aos EUA. Se querem amigos até poderemos ser. Mas se nos invadirem vamos nos defender. Como eles tem invariavelmente invadido nações seguidamente, por petróleo, pelo Canal do Panamá e outras coisas, não é impossível nos invadirem. Advirto que esta posição não é uma obsessão e sim uma preocupação baseada em fatos e exemplos reais antigos e recentes.




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#65 Mensagem por FinkenHeinle » Sáb Dez 10, 2005 2:16 pm

Moacir Barbosa de León escreveu:É óbvio que não devemos puchar o saco de Chaves e Fidel, nem "abrir as pernas" para os EUA. Também deveremos contemplar tratamento igual em todos os sentidos, nada de subordinação aos EUA.

Perfeito, caro Moacir!


Não podemos ter uma Política Externa incoerente, nem injusta!

Não podemos confrontar os EUA só por confrontar. Podemos, naturalmente, ter discordâncias pontuais, e isso é algo absolutamente comum, ocorreu desde sempre na nossa Diplomacia, salvo raros casos de maior tensão, e épocas de alinhamento quase automático com os EUA.

O mesmo deve ocorrer com a Venezuela, não podemos nem ser aliados automáticos, e nem sermos inimigos automáticos.

Tudo é uma questão de "Ajuste Fino" da Política Externa.

Não podemos pautá-la nem pelo Anti-Americanismo, e nem pelo Pró-Americanismo.




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#66 Mensagem por Túlio » Sáb Dez 10, 2005 2:32 pm

Perfeito, Finken, tanto a nossa política Interna como a Externa devem ser é Pró-Brasil, alinhamentos se fazem e desfazem ao sabor das conveniências, como nos ensina Maquiavel. :twisted:
Esse treco de 'sempre contra' é um convite para levar uma sova dos ianques, já o 'sempre ao seu lado', fazendo o servicinho sujo sempre para 'eles', também num é negócio, vai que os índios se 'arresorvem' a tomar a Amazônia de qualquer modo e aí, com que cara ficamos? O mundo inteiro vai cair na gaitada...HUAHUAHUAHUAHUHAUHAU




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#67 Mensagem por Guerra » Sáb Dez 10, 2005 10:11 pm

FinkenHeinle escreveu:
Moacir Barbosa de León escreveu:É óbvio que não devemos puchar o saco de Chaves e Fidel, nem "abrir as pernas" para os EUA. Também deveremos contemplar tratamento igual em todos os sentidos, nada de subordinação aos EUA.

Perfeito, caro Moacir!


Não podemos ter uma Política Externa incoerente, nem injusta!

Não podemos confrontar os EUA só por confrontar. Podemos, naturalmente, ter discordâncias pontuais, e isso é algo absolutamente comum, ocorreu desde sempre na nossa Diplomacia, salvo raros casos de maior tensão, e épocas de alinhamento quase automático com os EUA.

O mesmo deve ocorrer com a Venezuela, não podemos nem ser aliados automáticos, e nem sermos inimigos automáticos.

Tudo é uma questão de "Ajuste Fino" da Política Externa.

Não podemos pautá-la nem pelo Anti-Americanismo, e nem pelo Pró-Americanismo.


Concordo com os dois.




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#68 Mensagem por CFB » Dom Dez 11, 2005 6:58 pm

Pra min esses politicos safados deviam timar vergonha na cara e começar a investir nas nossas FAS d verdade e nuam ficarem fazendo medidas paliativas, se continuar desse jeito daqui a alguns anos naum consequiremos vençer uma querra nem contra o Paraquai, a Bolivia e o Uruquai :evil: :evil: :evil:




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#69 Mensagem por Moacir Barbosa de León » Seg Dez 12, 2005 10:33 am

Sgt Guerra

Veja bem, minha posição que está exposta acima, está bem clara. Entretanto não posso concordar com a política externa norteamericana. Não admito interferências na nossa mídia, informando somente o que "interessa" aos EUA. Estamos vendo somente um lado da moeda. Isto é, estão nos enganando! Não sou favorável ao iraque ou a quem quer que seja, a não ser o Brasil, mas isso não quer dizer que bato palmas às ações americanas no iraque (assim como aconteceu em outros tantos paises invadidos). Sou pela autodeterminação dos povos. Por isso preciso ter informações abalizadas de ambos os lados. Já estou conseguindo alguma coisa, mas é muito difícil achar e fiiltrar.




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#70 Mensagem por J.Ricardo » Seg Dez 12, 2005 12:39 pm

Acho que mal interpretado, não estou dizendo p/puchar o saco de ninguém, ou para ficar amiguinhos e manter por isso uma FA de fraca, estou dizendo que é preferível manter uma atitude "australiana" (nem por isso com FA fracas, até pq as FA da Austrália é bem melhor que a nossa) do que uma atitude besta de ficar se alinhado com Chaves e Fidel sabendo que não ganharemos nada com isso.




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#71 Mensagem por Moacir Barbosa de León » Seg Dez 12, 2005 1:55 pm

J.Ricardo

Desculpe-me se interpretei mal. Mas reitero minha posição a respeito da mídia brasileira alinhada à mídia norteamericana. Repito que ninguém gosta de ser enganado (não somente pelas armas de destruição em massa que os EUA tem mas o iraque não tem), mas pela enxurrada de notícias, todas favoráveis aos EUA. Nós queremos todas as notícias favoráveis e desfavoráveis aos EUA! Se não for assim estaremos sendo enganados. Esta não é uma posição antiamericana e sim pela autodeterminação quanto à soberania do nosso povo e território mas também das informações recebidas. Assim é a liberdade tanto apregoada pelos eua.




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#72 Mensagem por rodrigo » Seg Dez 12, 2005 2:00 pm

enxurrada de notícias, todas favoráveis aos EUA
Pois eu só vejo todo dia que morreram X americanos.




"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
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#73 Mensagem por Moacir Barbosa de León » Seg Dez 12, 2005 2:14 pm

Rodrigo

Respeito tua opinião. Pelo que entendi vc está satisfeito com a nossa mídia ou então acredita que a mesma é imparcial. Continue pensando assim, um dia talvez mudes de idéia.




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#74 Mensagem por rodrigo » Seg Dez 12, 2005 2:22 pm

Rodrigo

Respeito tua opinião. Pelo que entendi vc está satisfeito com a nossa mídia ou então acredita que a mesma é imparcial. Continue pensando assim, um dia talvez mudes de idéia.
Moacir, cada vez mais a capacidade humana me surpreende. Como você chegou à essa conclusão somente com uma frase minha?




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aperta e daí afrouxa,
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#75 Mensagem por FinkenHeinle » Seg Dez 12, 2005 5:46 pm

Moacir Barbosa de León escreveu:Não admito interferências na nossa mídia, informando somente o que "interessa" aos EUA. Estamos vendo somente um lado da moeda. Isto é, estão nos enganando!

Pois tenho de discordar de ti, e concordar com o Rodrigo!


Só o que se vê é "X Soldados Americanos Mortes", Explosões de Carros Bomba, Homens Bomba, Gente sendo sequestrada à toda hora.

Do jeito que tu coloca, dá à entender que nossa Mídia nos passa que a situação no Irauqe é um Céu de Brigadeiro, e isso não é verdade.

Para além, grande parte de nossos "intelectuais", "sociólogos" e "filósofos" são notóriamente anti-americanos, e isso fica patente quando se entrevistam essas pessoas...




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