Matéria: Fuzil MD-97

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

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Matéria: Fuzil MD-97

#1 Mensagem por Brasileiro » Ter Dez 06, 2005 3:53 pm

TERRESTRE: FUZIL IMBEL MD 97

O novo fuzil de assalto Imbel MD97, é o resultado de uma necessidade demonstrada pelo exercito brasileiro em dotar seu infante com uma nova e moderna arma no calibre 223 ou 5,56 x 45mm. No começo dos estudos para uma adoção deste menor calibre, a Imbel fez umas adaptações para que seu, já consagrado, fuzil FAL pudesse disparar a munição 5,56 mm. Porém, as modificações, foram extremamente básicas, envolvendo, a substituição da câmara e a recalibração do cano e os ajustes das molas. O que tivemos foi uma arma que funcionava no mesmo sistema de funcionamento do FAL, o ferrolho basculante. Essa nova arma se chamou MD2, para o que tinha coronha rebatível (Para Fal), e MD 3 para a versão com coronha fixa. Essas armas, embora confiáveis, não cumpriam um requisito importante para o exercito, que era a necessidade delas serem mais leves que o pesado FAL, que sempre representou um sacrifício para o soldado em longas marchas.

Para solucionar isso, a Imbel percebeu que precisaria construir uma arma nova, com sistema diferente e mais leve que o MD2. Depois de pesquisar e analisar custos, chegou a uma conclusão de se aproveitar às partes do FAL que não acrescentariam mais peso ao novo projeto e ainda manter a produção a um custo baixo permitindo um valor de mercado competitivo, entre as armas similares . Alguns protótipos com desenho mais “exótico” foram testados, porém o resultado final foi uma arma que parecia um FAL levemente encurtado e mais “magro”.

As novas armas apresentadas tinham um novo sistema de ferrolho rotativo, ao invés do ferrolho basculante do FAL, e isso permitiu que se mantivesse apenas as peças relacionadas diretamente envolvidas no processo de disparo, como o cano e ferrolho, em aço, que é mais pesado. Sendo assim, a armação do fuzil poderia ser feita de um material mais leve que o aço do FAL, que era necessário, no FAL, para o trancamento do ferrolho basculante, que se dava na própria estrutura da arma. O novo material foi uma liga especial de alumínio (ASTM 7075) conseguindo atingir o requisito de peso. Fora isso, a nova arma, tem, também uma outra característica que era requisitada pelo Exército brasileiro, a capacidade de rajadas curtas ou “burst”, que são pequenas rajadas de 3 tiros (existem em outras armas as rajadas de 2 tiros). Essa capacidade é muito útil para evitar desperdício de munição quando os soldado está no meio de um combate onde a tensão poderia fazer com que ele disparasse tiros além do necessário e ficando sem munição, o que é a ultima coisa que um infante vai querer passar, durante um combate.

Esses novos fuzis foram encaminhados ao campo de testes de Marambaia, onde passaram por um exaustivo teste de fogo para sua resistência e foram aprovados. A recém formada “Força de Segurança Nacional” foi a primeira unidade do governo a ser equipada com a versão carabina deste fuzil, que é a versão curta. Muitas instituições policiais do Brasil, também, estão sendo equipadas com esta nova arma. Agora é só esperar a liberação de mais verbas para o exército poder adquirir esta moderna arma para seus infantes e assim modernizar seus efetivos com um produto nacional e com a já conhecida boa qualidade dos produtos da Imbel.

FICHA TÉCNICA
Fabricante: Imbel; Brasil
Tipo: Fuzil de assalto
Sistema de operação: Aproveitamento de gases.
Calibre: 233 Remington (5,56 x 45 mm).
Peso: 3700 g (descreegada).
Comprimento do cano: 435 mm (330 mm o modelo MD97 LC).
Capacidade: 30 tiros carregador STANAG (M16 /AR15).
Acabamento: Pintura negra em tinta epóxi curada em estufa.
Velocidade do projétil na boca do cano: 950 m/seg

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Fotos do MD-97, as fotos do modelo mais "diferente" são os dois primeiros protótipos do MD97 cuja versão LC seria para combate em ambiente fechado. Fotosdo MD97 de série com "picatinny rail"

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Fotos, de cima para baixo: MD97LF e MD97LC


[abraços]




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#2 Mensagem por Brasileiro » Ter Dez 06, 2005 5:36 pm

O que acharam do artigo? Traz muitas informações. O MD97 deve ser uma boa arma sim, me parece que somente os MD97 dos primeiros lotes tinham problemas, mas que foram corrigidos.
----------

Mas uma coisa que me deixa curioso é o seguinte: Se analisarmos bem as fotos do MD97 repararemos que as fotos em que aparece o MD97 com o lança-granadas, ele aparece com um guarda mão diferente, com cinco furos ao invés de três, e tem forma mais quadrada.
E isso não acontece somente no caso do MD97, mas também no M-4 e M-16, onde é necessário a troca do guarda-mão para a instalação do lança granadas.
Aí eu pergunto, será que é burrice deles, ou realmente não dava para fabricar uma arma com guarda-mão já com a capacidade de ser instalado o dispositivo? Isso economizaria muito dinheiro e tempo, aliás, no campo de batalha, talvez faça falta o tempo que o atirador gastou para trocar o guarda mão e instalar o lança-granadas.

Reparem bem:
http://www.defesanet.com.br/eb/fuzil556.pdf -- vejam na página 4, lança granadas e guarda mão com cinco furos e forma quadrada.


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Guarda mão com três furos e aparetemente sem capacidade de receber o lança granadas.


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#3 Mensagem por Raposa_do_Deserto » Ter Dez 06, 2005 6:40 pm

Aliado Brasileiro não consigo ver as fotos caras, mas em relação o Fuzil pelo Artigo deve ser uma boa arma sim ....Gostei !!!




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#4 Mensagem por Brasileiro » Ter Dez 06, 2005 7:18 pm





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#5 Mensagem por Alcantara » Qua Dez 07, 2005 12:34 pm

Eu ia postar em outro tópico, mas achei que seria melhor centralizar aqui os dados sobre o MD-97. Vamos lá!!!

Brasileiro escreveu:É verdade, dizem que o MD97 começou utilizando as peças de M-16 até que se fabricasse aqui mesmo.

Não. Não é verdade. Até porque o mecanismo não é o mesmo do M-16, ele é mais parecido com o do AR-18.



R. O. B. - O EXÉRCITO À PROCURA DE UM NOVO FUZIL

A sigla significa "Requisito Operacional Básico"; e é sob ela que o Exército Brasileiro reúne as características, escalonadas em absolutas, desejáveis e complementares, a serem requeridas de um item que deseja adotar como material de emprego militar. •Coincidentemente, em 1996, quando o projeto interno da IMBEL de modificar o FAL mostrou-se inadequado, nosso Exército publicava um R.O. B. visando encontrar um fuzil automático em calibre 5,56 x 45 mm, que pesasse no máximo 3.800 g e que, além de tiro intermitente e rajada plena, fosse também dotado de registro para rajadas curtas de 3 disparos. Embora a intenção inicial de compra do Exército, que nos anos '80 era de apenas 561 armas, foi o que deu novo impulso às pretensões da IMBEL de desenvolver um novo e mais moderno fuzil.
Para que o leitor melhor entenda como foi a volta dos engenheiros da IMBEL à prancheta, ou melhor, ao computador, vale aqui detalhar um pouco mais o fato que condicionou o impedimento de aproveitar o projeto do FAL: o fuzil belga contempla um ferrolho basculante que obriga seu trancamento à estrutura da arma que, justamente por isso, acaba tendo que ser construída num material que suporte as pressões exercidas no momento do disparo. A maioria dos demais projetos de fuzis automáticos no calibre 5,56 x 45 mm contemplam ferrolhos rotativos que se trancam diretamente no cano; este último, evidentemente, também feito em aço, Dessa forma, a caixa de culatra passa a ser apenas uma estrutura que abriga e relaciona os sistemas de alimentação, trancamento, disparo e extra-ção/ejeção da arma, podendo, consequentemente, ser fabricada em materiais mais leves e menos resistentes que o aço, visto serem mínimas as forças ali exercidas. Cientes de que não valeria a pena reinventar a roda, a equipe de projetistas da IMBEL passou então a considerar um projeto de ferrolho rotativo com trancamento diretamente no cano montado sobre uma caixa da culatra executada em uma liga especial de alumínio (ASTM 7075). Esse conceito, muitos dirão, é o mesmo que consagrou aquela que é talvez a mais famosa arma dessa classe no mundo ocidental, o já citado AR-15, e sua versão militar denominada M 16. Se comparadas, as armas realmente se parecem. Há ainda uma característica que é fruto do fato de que o projeto da IMBEL aproveitou também uma outra boa idéia presente em outra arma projetada por Stoner, o AR-18, Um dos maiores problemas que vejo no AR-15 reside na relativa fragilidade de seu sistema de tomada de gases, que é a espinha dorsal do sistema de funcionamento da arma. Nele, parte dos gases do disparo é tomada próximo à boca do cano e é conduzida por um fino e frágil tubo até um embolo próximo da culatra, o qual atua no destrancamento do ferrolho. No AR-18 e no IMBEL MD-97, embora a tomada de gases ocorra em local similar, o necessário pistão, aqui chamado cilindro de gases, está localizado diretamente sobre ela, sendo que a transferência de movimento até a culatra ocorre com a ação de uma longa vareta de aço maciço, muito mais robusta e menos susceptível de gripar por sujeira que um fino tubo.

Não pensem, no entanto, que o MD-97 é apenas uma cópia do M 16. Foram, sim, aproveitadas soluções de projetos consagrados, não só no sistema de gases, mas também em inúmeros outros detalhes construtivos que estão presentes, por exemplo, no FAL, posto que seria natural aproveitar gabaritos já existentes de uma arma ainda em produção. Outros, como o sistema de rajadas curtas (3 disparos), pertencem a um projeto inédito, único no mundo e que pode, percorrendo o caminho reverso, também ser instalado no FAL. O projeto ergonômico como um todo é também uma criação da IMBEL Pensando também em versatilidade, a IMBEL tomou ainda duas providências dignas de nota, Na primeira adotou um carregador que hoje é padrão NATO para o calibre, que serve a inúmeras outras armas da categoria, AR-I5/M 16, inclusive. Apenas teve a competência de realizá-lo em aço, o que lhe confere muito maior durabilidade e confiabilidade se comparado aos da maioria dos fabricantes, que adotam o alumínio. A segunda foi dotar a arma com um passo de raias de 1:10 (Nota minha: confere uma boa balística tanto para projéteis pesados quanto para os leves e com isso "digere" todo tipo de munição).


Revista Magnum - Ano 15 - Edição nº93


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Abraços!!!!




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#6 Mensagem por cabeça de martelo » Qua Dez 07, 2005 4:07 pm

Parece-me um projecto com pernas para andar, é só preciso de vontade politica e algum investimento que o resto se resolve. Parabéns pelo projecto!




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#7 Mensagem por Brasileiro » Qua Dez 07, 2005 5:03 pm

Bom, alguém sabe o motivo do "caso do guarda-mão" ?


Ahhh, agora eu entendi!!!
A foto explica, na verdade eles têm que tirar o guarda-mão para poder instalar o lança-granadas e a lanterna. Mas será que não era mais prático alguma maneira de instalar esses equipamentos sem precisar retirar o guarda-mão? Pois isso custa tempo, e numa guerra, tempo é vida.


[abraços]




Carlos Mathias

#8 Mensagem por Carlos Mathias » Qua Dez 07, 2005 8:40 pm

Mas essa arapuca aí você já leva pronta, não acho que se vá montar isso tudo na hora do combate, em arma nenhuma.




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#9 Mensagem por Don Pascual » Qua Dez 07, 2005 8:43 pm

Mas e se por algum motivo eles precisarem trocar, Carlos? Talvez a coronha ou outra peça essencial quebre, e precse montar o lança-granadas/lanterna/mira laser em outra arma. Por isso os americanos desenvolveram guarda-mãos modulares, pra facilitar esse tipo de coisa.




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rodrigo
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#10 Mensagem por rodrigo » Qua Dez 07, 2005 11:50 pm

Mas e se por algum motivo eles precisarem trocar, Carlos? Talvez a coronha ou outra peça essencial quebre, e precse montar o lança-granadas/lanterna/mira laser em outra arma. Por isso os americanos desenvolveram guarda-mãos modulares, pra facilitar esse tipo de coisa.
É mais fácil pegar outra arma. Esses acessórios necessitam ser calibrados quando são instalados em novas armas. Não é só pegar e instalar em outra que já está funcionando, tem que acertar o aparelho de pontaria do lança-granadas, regular o facho da lanterna e calibrar a mira laser para o ponto de impacto da arma. Não é simples.




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a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

João Guimarães Rosa
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#11 Mensagem por Carlos Mathias » Qua Dez 07, 2005 11:53 pm

Só no filme que o cara monta tudo na hora e sai acertando. Ou monta a gambiarra antes ou joga granada na mão mesmo!




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#12 Mensagem por CFB » Dom Dez 11, 2005 1:36 am

Carlos Mathias escreveu:Só no filme que o cara monta tudo na hora e sai acertando. Ou monta a gambiarra antes ou joga granada na mão mesmo!


Sou obrigado a concorda com vc,acho q no calor do combate o soldado vai jogar uma granada q e mais rapido, do q monatar um lanca-granadas num fuzil, o q demanda mais tempo, e por isso pode fazer a diferenca entre matar ou morrer




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#13 Mensagem por Luso » Ter Dez 27, 2005 11:19 pm

Estou a estudar conversões para "motor a pistão" para a AR15 e este sistema é interessante. Pelo que posso compreender o seu curso é curto e apenas "soca" o carro do ferrolho, não acompanhando todo o seu movimento...
Estarei correcto?
Além disso, onde estará apoiado o pistão?
Na caixa da culatra e no cano?
Apenas na caixa da culatra?

Dizem que a têmpera da mola do pistão pode ficar danificada com a transferência de calor (do pistão), mas não me parece que isso aconteça neste (não é nada pequeno).
Alguém tem fotos da tomada de gases?

Muito obrigado! [009]




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#14 Mensagem por Alcantara » Qua Dez 28, 2005 3:09 am

Luso escreveu:Além disso, onde estará apoiado o pistão?
Na caixa da culatra e no cano?
Apenas na caixa da culatra?
[009]

Pelo que lí, não há nada apoiado na culatra, que ao contrário do FAL não é de aço usinado e sim de alumínio (solução que polpou muito peso). Todo o trancamento e todo o esforço agora é sobre o cano.


Abraços!!!




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#15 Mensagem por Luso » Qua Dez 28, 2005 10:24 am

Obrigado Alcântara mas não era essa a minha dúvida: o que pretendo saber é se o pistão está apoiado na caixa da culatra. Creio que dessa forma pode interferir menos na vibração do cano o que conduz a perdas de precisão.




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