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Assuntos em discussão: Força Aérea Brasileira, forças aéreas estrangeiras e aviação militar.

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xandov
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#91 Mensagem por xandov » Qua Nov 23, 2005 3:23 pm

Slip Junior escreveu:Marechal, não é questão de ser antigo. Até mesmo os radares de vigilância 3D mais modernos do mundo operam na banda E/F (S). Os radares que operam em frequências mais elevadas são quase sempre radares de controle de tiro.

Aproveitando esta resposta e acrescentando uma curiosidade, os radares de vigilância são construídos para trabalhar na banda S (usando a terminologia antiga) justamente para dificultar a vida dos jammers que precisam de 5 vezes mais potência para ser efetivo contra ele que contra um radar da banda L. :wink:




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#92 Mensagem por A-29 » Seg Nov 28, 2005 10:49 pm

Fiquei fascinado pela discussão, embora um pouco aborrecido com a própria ignorância por compreender tão pouco dela.

Por isso gostaria de sugerir ao pessoal entendido a eventual elaboração de um artigo simplificado para que leigos como eu também possam entender o funcionamento do radar e, por conseqüência, das formas de iludi-lo.

Aposto que seria uma boa contribuição para o site do DB. Quer dizer, isso se o cmdt. Vinícius achar interessante e os especialistas toparem empenhar umas horinhas na empreitada. 8-]




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#93 Mensagem por A-29 » Seg Nov 28, 2005 10:55 pm

xandov escreveu: Stealth, sozinho, também é questionável, pois a aeronave não fica "invisível" como se diz. A assinatura radar diminui consideravelmente e portanto o alcance real do radar diminuiria. E olha que isso depende da navegação. Dois radares também tenderiam a anular essa tecnologia, já que sua melhor eficiência é em navegação radial. Se é radial pra um, não é pra outro, com certeza.


Xandov, poderia nos falar um pouco mais sobre essa "deficiência" de aeronaves stealth frente a dois ou mais radares? Um sistema de radares integrado como o Brasileiro seria capaz de dificultar a vida para aeronaves stealth? O uso do R-99 conjuntamente aos radares de solo pode potencializar essa dificuldade?




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#94 Mensagem por Slip Junior » Seg Nov 28, 2005 11:12 pm

Já tem um artigo sobre Guerra Eletrônica de autoria do César publicado no site do DB. E também já existe uma atualização que eu fiz já faz 1 ano (na verdade, é um trabalho meu pra uma disciplina) e que eu entreguei pro Vinicius já faz alguns dias. Só falta ele publicar.. :wink:

Obs.: Vinicius, se vira nos 30! :lol:

Abraços




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#95 Mensagem por xandov » Ter Nov 29, 2005 12:29 am

A-29 escreveu:Xandov, poderia nos falar um pouco mais sobre essa "deficiência" de aeronaves stealth frente a dois ou mais radares? Um sistema de radares integrado como o Brasileiro seria capaz de dificultar a vida para aeronaves stealth? O uso do R-99 conjuntamente aos radares de solo pode potencializar essa dificuldade?

Olá A-29. Entre todos os aparatos para tornar uma aeronave Stealth figura como principal o formato. As ondas de radar possuem característica reflexiva, quase como a luz. Um objeto que não reflete luz de volta para a fonte geradora da luz não pode ser visto por alguém daquele ponto de vista. Mas, outros pontos de vista, sim, poderiam ver. Por isso, os ecos de radar oriundos da reflexão de radiofrequência naquela aeronave refletiriam razoavelmente bem em direção ao radar se tal aeronave stealth estivesse manobrando. Por exemplo, se ela estiver subindo na horizontal, na perpendicular com o radar a "barriga" seria uma ótima área refletora, apesar da tinta absorvente especial. De lado, os lemes enormes também aumentariam a área de reflexão. De cima, observada por uma aeronave EW, sua superfície superior também seria boa refletora. A melhor situação stealth é frontal, onde tudo é bem fininho e angular, mesmo assim ela reflete algo que poderia ser percebido pelo radar quando ela estiver mais perto do mesmo. Se uma aeronave do mesmo tamanho não stealth for percebida pelo radar de vigilância a 200 Milhas, a stealth seria percebida a 60 Milhas, por exemplo. Isso, de frente. De lado, talvez a 100 Milhas. Com mais de um radar, ela certamente ficaria de lado para algum. Se o operador usar algum modo especial de Medida de Proteção Eletrônica de radares tridimensionais que concentram toda a energia do mesmo em certos setores do espaço, a detecção chegaria a quase dobrar sua distância máxima. Por exemplo, uma aeronave como o F22, navegando radialmente em direção a um TRS2230, sem uso de interferidor, a 20.000 ft, sendo iluminada por um modo especial contra interferências ativas, poderia ser detectada a cerca de 100 Milhas, ou 183 km.

Em resumo, uma rede de radares pode, sim, ser eficaz contra aeronaves stealth. A rede de radares brasileira é uma das melhores do mundo (diferentemente do nosso armamento). Temos cobertura de todo o espaço aéreo nacional e ainda nos damos ao luxo de fazê-lo com radares de Defesa fixos, móveis e embarcados (todos caríssimos). Em estado de alerta, detectaríamos qualquer intrusão com antecipação invejável e ainda teríamos condições de reagir a jammers com sucesso. Agora... deter os intrusos... :?




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#96 Mensagem por A-29 » Ter Nov 29, 2005 8:52 am

Putz, com essa explicação do Xandov sou levado a pensar que, por incrível que pareça, a parte mais difícil para garantir a defesa e integridade do país já foi feita. Ter uma rede de radares como a nossa realmente não parece ser coisa para qualquer um. O problema é que a parte "fácil" (os armamentos) está caminhando numa lentidão...

Quanto ao artigo do Slip, vou agora mesmo ler o que já está nosite e aguardar ansioso pelo novo :D




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#97 Mensagem por xandov » Ter Nov 29, 2005 4:54 pm

Eis a cobertura radar do nosso teritório garantida pelo SISCEAB. Os que estão em azul e amarelo são radares de defesa.

Imagem




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#98 Mensagem por Marechal-do-ar » Ter Nov 29, 2005 6:54 pm

xandov, não faça as coisas parecerem mais faceis do que realmente são, uma aeronave Stealth em cruzeiro estara alta o bastante para nenhum AEW conseguir por seu radar acima dela, em cruzeiro se angulo de ataque é zero, então a menos que o radar esteja exatamente embaixo dela as ondas serão refletidas sei la para onde, em resumo, um radar só vai detectar uma aeronave Stealth a uma distância razoavel se ele estiver perpendicular a uma das faces, uma aeronave Stealth possui poucas faces logo o operador do radar precisa de um bucado de sorte para estar perpendicular a uma delas.




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#99 Mensagem por César » Ter Nov 29, 2005 9:02 pm

xandov escreveu:Eis a cobertura radar do nosso teritório garantida pelo SISCEAB. Os que estão em azul e amarelo são radares de defesa.

Imagem

Salve Mestre Xandov :wink:

Acho que você deve ter se confundido. Os radares em azul e em amarelo só representam os radares subordinados aos Cindacta II e Cindacta I, respectivamente.

Ou esses radares de defesa só existem nos cindactas I e II?

A-29 escreveu:Fiquei fascinado pela discussão, embora um pouco aborrecido com a própria ignorância por compreender tão pouco dela.

Por isso gostaria de sugerir ao pessoal entendido a eventual elaboração de um artigo simplificado para que leigos como eu também possam entender o funcionamento do radar e, por conseqüência, das formas de iludi-lo.

Aposto que seria uma boa contribuição para o site do DB. Quer dizer, isso se o cmdt. Vinícius achar interessante e os especialistas toparem empenhar umas horinhas na empreitada.

Tem o meu apoio! :D

Realmente, esse tópico está excelente, e um artigo desse viria bem a calhar. Eu escrevi o meu a dois anos atrás, obviamente tinha muito menos conhecimento que hoje. Ele serve mais como uma mini-introdução. Um novo e mais completo cairia bem.

Parabéns novamente ao Xandov, Slip e Marechal pelo primoroso debate. :)

Abraços

César




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#100 Mensagem por xandov » Ter Nov 29, 2005 10:04 pm

Marechal-do-ar escreveu:xandov, não faça as coisas parecerem mais faceis do que realmente são

Tá legal. Coloquei as condições ideais tais como 20.000 ft, vôo lateral etc., mas disse claramente que seria nestas condições. Expliquei ainda como seria no vôo com ângulo de ataque zero. Não quis dizer que era fácil, quis dizer que era possível. Quis dizer que invisível é um exagero. Quis dizer que uma rede de radares é a situação mais próxima da solução. :wink:




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#101 Mensagem por xandov » Ter Nov 29, 2005 10:19 pm

César escreveu:
Acho que você deve ter se confundido. Os radares em azul e em amarelo só representam os radares subordinados aos Cindacta II e Cindacta I, respectivamente.

Ou esses radares de defesa só existem nos cindactas I e II?



Bem, Cesão! A idéia principal, como está relatado na matéria da Força Aérea Brasileira do DB, é que a concepção dos CINDACTAs era a de unir num só sistema, Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo. Então, na ocasião (1983), os radares comprados para SUBSTITUIR os velhos LP23 do CINDACTA I e compor o inaugurado CINDACTA II eram os franceses TRS2230. Eles são uma variante do TRS2215, que é 3D transportável, com recursos de Medidas de Proteção Eletrônica. Ou seja, temos radares 3D fixos. Parece burrice à primeira vista, mas se lembrarmos que temos os radares dos GCCs, que são 3D móveis, podemos considerar a situação um LUXO [028] . Temos radares de defesa operando FULL TIME. Não é um luxo?
No entanto, no CINDACTA III e SIVAM os radares são 2D. O SIVAM possui 5 móveis 3D, mas não estão equipados com MPE ainda. Em resumo: radares 2D são pra Controle de Tráfego Aéreo (podem fazer Defesa Aérea, mas são fáceis de bloquear), radares 3D são nervosíssimos, complexos, caros e cheios de truques. :wink:




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#102 Mensagem por César » Qua Nov 30, 2005 1:31 pm

Ahhh tá, então está explicado. :)

Obrigado pela informação! :P :wink:

Abraços

César




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#103 Mensagem por FinkenHeinle » Qui Dez 01, 2005 5:07 pm

César escreveu:Ahhh tá, então está explicado. :)

Obrigado pela informação! :P :wink:

Abraços

César

Legal Mesmo!


Acho muito interessante essa idéia de unir, num sistema único, o Controle do Espaço Aéreo com fins civis e militares!




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#104 Mensagem por xandov » Qui Dez 01, 2005 8:31 pm

FinkenHeinle escreveu:
Acho muito interessante essa idéia de unir, num sistema único, o Controle do Espaço Aéreo com fins civis e militares!


Finken, apesar de você ter perdido as estribeiras e ofendido o Suntsé num tópico por aí (o que queima um pouco filme), quero expressar que gosto da clareza das suas idéias e da sua excelente redação. [009]

Um pouco mais sobre a história do SISDABRA:

Ele começou com os radares de rota LP23 e com os radares de defesa Volex III há pouco mais de 30 anos atrás. Ambos radares da antiga THOMSOM-CSF francesa trabalhavam separadamente, mas na mesma localidade. Ali em São Roque-SP nascia o SISDACTA. Mas o Volex não deu certo pois era 3D graças a um conjunto mecânico problemático. Daí foi desativado e o LP23 passou a fazer o serviço sozinho.

O então ministro Delfim Neto, pegou $5 bi emprestado com a França, com a promessa de gastar R$ 1 bi em produtos franceses. Logo, os franceses que já haviam ajudado os brasileiros a idealizar seu Sistema Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo sem o sucesso esperado, fizeram uma adapatação no radar TRS2215 para que ele pudesse trabalhar também como radar de rota. Daí conceberam o TRS2230 que fazia o serviço do LP23 + VOLEX III num só aparelho, com muitas vantagens tecnológicas e economia. Além disso, passamos de 4 sítios para 13. O sul, sudeste e centro-oeste passaram então a ter o espaço aéreo controlado. O CINDACTA II nasceu. O Paquistão e a Indonésia também acharam interessante o TRS2230 e compraram (poucos é claro).

Por coincidência, naquela ocasião a Argentina estava em guerra pelas Malvinas e o Brasil assistiu de camarote ao show da Guerra Eletrônica trazida pela Força Tarefa britânica. Viram virar mais uma página da história das guerras:

pág 1: O melhor exército vence.
pág 2: A melhor marinha vence.
pág 3: A melhor força aérea vence.
pág. 4: A melhor tecnologia eletrônica vence.

Os militares da FAB foram para a Inglaterra aprender o que era Guerra Eletrônica, voltaram e implantaram-na no Brasil.

Os equipamentos franceses ajudavam, pois já vinham com recursos.

Bem, hoje o sistema TRS2230 está sendo modernizado, se preparando para enfretar mais 10 anos de serviço. Até lá ainda estaremos nessa condição luxuosa. Depois desse período, só se aparecer mais um bilhão para continuarmos assim. :?




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#105 Mensagem por César » Sex Dez 02, 2005 3:30 pm

Tenho uma pergunta que pode parecer um tanto idiota, mas já que estamos aqui para aprender, aí vai:

Qual é a diferença técnica entre um radar de 3D para um 2D? Por que o 3D é tão menos suscetível a Ataque eletrônico que um radar 2D?

Abraços

César




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