AS 3 FACES DO TERROR :
HOMENS-BOMBA
Sexta, 18 de novembro de 2005, 08h52 Atualizada às 12h46
Atentados no Iraque deixam mais de 70 mortos
Mais de 70 pessoas morreram e mais de 120 ficaram feridas hoje em vários atentados, principalmente contra duas mesquitas xiitas de Janeqin, uma localidade a leste do Iraque. "Sessenta e cinco mortos e 85 feridos foram levados para os hospitais da região", informou o chefe do conselho regional, Ibhrahim Hassan Al-Bajellane.
Dois camicases detonaram os explosivos que levavam durante a oração das sextas-feiras nas mesquitas de Husseynia e Husseynia, em Jeneqin. Foi decretado um toque de recolher enquanto as forças de segurança e os "peshmergas" (combatentes curdos) evacuassem os mortos e feridos.
Pela manhã, em Bagdá, dois atentados suicidas quase simultâneos mataram seis pessoas em um bairro residencial. Dois carros-bomba explodiram perto do hotel Hamra, no qual se hospedam muitos ocidentais, e do centro de detenção de Jadriya, no prédio do ministério do Interior, onde, no domingo, foram descobertos casos de maus-tratos de prisioneiros.
Em um comunicado, o comando americano em Bagdá informou que seus soldados procediam à busca de civis talvez soterrados sob os escombros e que, por isso, o número de vítimas poderia aumentar.
As primeiras informações não permitiram determinar se o objetivo era o ministério ou o hotel, ambos muito próximos de um setor bastante protegido por muros de concreto e postos de controle. Uma fonte do ministério do Interior assegurou que os dois carros-bomba tinham como objetivo o centro de detenção.
A explosão do primeiro carro destruiu um dos muros de proteção do hotel, enquanto que o segundo não conseguiu chegar até ele por causa dos escombros deixados pela primeira explosão. O hotel sofreu danos consideráveis.
Um método parecido foi utilizado em 24 de outubro, quando uma explosão de veículos destruiu os muros de proteção dos hotéis Palestina e Sheraton e deu passagem a outro carro que explodiu dentro do perímetro de segurança dos hotéis. Por outro lado, um candidato xiita independente às eleições de 15 de dezembro foi seqüestrado na quinta-feira. Outro candidato saiu ileso de um atentado.
MULHERES-BOMBAIraque sofre primeiro atentado de mulher-bomba
Bagdá - Uma mulher com explosivos amarrados ao corpo e disfarçada de homem explodiu-se do lado de fora de um centro de recrutamento do exército iraquiano, matando pelo menos seis pessoas e ferindo 30, no primeiro ataque confirmado de uma mulher-bomba no país. A Al-Qaeda no Iraque reivindicou o atentado, afirmando que foi executado por uma "irmã abençoada".
O ataque em Tal Afar, onde tropas americanas e iraquianas realizaram uma ofensiva para erradicar os extremistas há duas semanas, põe em relevo a dificuldade de preservar a segurança na região ao longo da fronteira com a Síria, onde a rebelião é mais ativa.
A mulher disfarçada como homem, entrou na fila de candidatos a alistamento no exército. A bomba que carregava junto ao corpo estava repleta de esferas metálicas, disse o major Jamil Mohammed Saleh. Esta é a primeira vez que uma mulher comete um atentado suicida no Iraque. Em outubro de 2003, uma mulher foi detida antes de detonar os explosivos que carregava.
A ditadura de Saddam Hussein usou mulheres-bomba pelo menos uma vez durante a invasão do país pelos EUA. Duas iraquianas explodiram um carro nas proximidades da cidade de Haditha, matando três soldados americanos, dias antes da queda de Bagdá, em abril de 2003.
CRIANÇAS-BOMBAAs Jovens Vítimas do Terrorismo
Quando pensamos no terrorismo palestino, freqüentemente suas outras vítimas são esquecidas. Para a maioria, é uma omissão não intencional; para os apologistas do terror, é uma necessidade absoluta. Para os partidários declarados do terror, porém, as outras vítimas não são consideradas vítimas de forma alguma; elas são vistas como heróis.
Falando em uma conferência sobre Islã e Democracia em abril, a jornalista Anisa Mehdi sugeriu que a única razão pela qual nós consideramos o Hamas, a Jihad Islâmica e o Hezbollah como terroristas é porque os americanos não são “pró-palestinos”. Ela acrescentou que se nós fôssemos, nós os chamaríamos “partidários palestinos”, e não terroristas.
Após seu discurso, perguntei a Mehdi como ela chamaria alguém de 12 anos amarrado a uma bomba e matando uma dúzia de civis em um café. Como ela se sentiu atordoada pela pergunta, o outro orador do almoço, Abdullah Schleifer (o produtor executivo do documentário “Sala de controle”), saltou para o pódio e disse, “Claro que é. Na verdade, é terrorismo contra a criança de 12 anos”.
Embora pessoas com 12 anos estejam no limite jovem de crianças convertidas em homens-bomba suicidas, o terrorismo perpetrado pelos similares do Hamas e da Jihad Islâmica contra jovens palestinos é real - e crescente.
Aproximadamente um mês após este almoço, soldados israelenses no posto de fiscalização de Hawara em Nablus pararam dois adolescentes que tentavam contrabandear explosivos sob suas roupas. Um deles tinha 15 anos, o outro 14.
Quando entrevistado por Martin Fletcher da NBC News, o adolescente de 15 anos, Maomé Mustafa al-Nadi, disse que ele foi recrutado para “matar judeus” pela Brigada de Mártires al-Aqsa, que estava anteriormente sob o comando de Yasser Arafat,I'S". O menino disse que ele só concordou em se tornar um homem-bomba suicida depois ter sido solicitado por cinco vezes.
O jovem Mohammed é, infelizmente, mais a regra do que a exceção. Já neste ano, mais de 50 palestinos com idade abaixo de 18 anos foram apreendidos tentando contrabandear bombas para Israel, e pelo menos seis tinham menos de 16.
Além disso, foi anunciado esta semana que as forças de segurança Shin Bet de Israel bloquearam uma célula de terror nos arredores de Nablus no mês passado e quatro das oito pessoas levadas em custódia tinham 15 ou 16 anos.
Há pouco mais de um ano atrás, o mundo inteiro testemunhou um amedrontado menino de 15 anos no posto de fiscalização de Hawara, que decidiu que ele não poderia completar sua tarefa de se explodir. Soldados israelenses isolaram a área, usando um robô para remover a bomba amarrada ao seu tórax e depois detonaram-na em segurança.
Falando com a BBC alguns meses mais tarde, de sua cela na prisão, Hussam Abdo disse que embora ele estivesse feliz de estar vivo e não aconselhasse seus amigos a se tornarem homens-bomba suicidas, assim mesmo ele ainda via o ato que ele falhou em cometer como um ato glorioso. Ele disse que se explodir para matar judeus é melhor do que ser cantor ou jogador de futebol. "É melhor que tudo”. Em uma entrevista anterior a um jornal israelense, Hussam revelou onde sua mente tinha se distorcido: na escola palestina. O adolescente de 15 anos disse que “paraíso” era “um rio de mel, um rio de vinho e 72 virgens. Desde que comecei a estudar o Alcorão, fiquei sabendo tudo sobre a doce vida que nos espera lá”.
Embora fosse fácil conseguir o recrutamento de crianças para ações perversas de terroristas, as experiências de ambos, Maomé e Hussam, demonstram que os terroristas tiveram ajuda. Os meninos, como muitos outros da mesma idade, são preparados para a jihad muito antes que tenham a capacidade mental para compreender completamente o que está lhes sendo “empurrado goela abaixo”.
O doutrinamento que quase tirou a vida de Hussam permeia a sociedade palestina, desde a mídia controlada pelo governo até a cultura em geral exalta homens-bomba suicidas como “mártires” ou “shahids”.
Por causa do inestimável Palestinian Media Watch, sabemos que a glorificação do suicídio a homem-bomba – mesmo para crianças pequenas – continua até hoje na televisão palestina, desde bonecos falantes que exaltam as virtudes da violência até meninas pré-adolescentes dizendo a um adulto que o “martírio” é o maior sucesso que uma pessoa pode conseguir na vida.
Até mesmo em nível do público em geral, os homens-bomba suicidas desfrutam de apoio popular. São nomeados times esportivos, escolas e ruas em homenagem aos terroristas, e muitas famílias de homens-bomba suicidas alegam que elas desfrutam imediatamente de uma maior consideração na comunidade.
Arafat é grandemente responsável por envenenar o poço, mas apenas a sua morte não remove o veneno. Seu sucessor e pessoa de confiança por muito tempo, Mahmoud Abbas, na realidade, ainda tem que dar um passo significativo nesta direção. Mas até mesmo se ele o der, a mudança como um todo não vai acontecer de um dia para o outro.
Enquanto isso, mais crianças serão enviadas para matar – e morrer. Crianças que não têm qualquer concepção racional de morte, e que são persuadidas a fazer o mal com a falsa promessa do paraíso. Estas são as outras vítimas de terrorismo palestino e elas nunca deveriam ser esquecidas.