Por mais que você insista, não somos responsáveis! Basta a Saab dizer não e ponto final.FCarvalho escreveu: ↑Dom Jun 16, 2024 4:50 pmOlá Wesley.FIGHTERCOM escreveu: ↑Dom Jun 16, 2024 8:30 am
FCarvalho,
Eu juro que, por mais que me esforçe, não consigo entender essa sua sanha em colocar na conta do Brasil (Governo e Força Aérea) o fracasso de vendas do Gripen na América Latina. Você bem sabe que existem fatores que extrapolam os critérios técnicos, econômicos e de interesses mútuos entre as nações.
Lá, como aconteceu aqui, a escolha do vetor não era unânime. Como se não bastasse, o Rafale foi selecionado e depois suspenderam o processo. Te parece familiar?!
Abraços,
Wesley
Naturalmente negócios em defesa são antes de tudo, decisões políticas, baseadas em um conjunto de fatores dentre os quais os que bem citas.
Neste aspecto, desde a decisão de compra do Gripen E\F em 2014, via de regra, um programa de Estado, visto perpassar vários governos, ainda que entre altos e baixos, mais estes do que aqueles, a FAB sabia que o sucesso desta decisão também passava pelo sucesso comercial do Gripen E no mercado mundial, e especialmente para nós, no latino americano, tanto que no negócio com a SAAB, a Embraer seria a responsável por oferecer, e sustentar, este vetor à nossa vizinhança.
Bom, para que isto pudesse funcionar corretamente, governo e força aérea no Brasil deveriam, na verdade devem, ter um mínimo de responsabilidade com o projeto, de forma a garantir, pelo menos, o cronograma acordado inicialmente, o que por óbvio não aconteceu. E isto é notado, também, pelos vizinhos. Oras, o que achas que o pessoal do outro lado está pensando vendo todo este processo sendo empurrado ano após ano com a barriga, e levado a pagode em termos comerciais?
Sim, somos responsáveis ao menos no que diz respeito ao mercado latino americano pelo sucesso ou fracasso do Gripen E\F.
Caso o Gripen E\F tivesse seguido o seu cronograma inicial, a Embraer a esta altura já teria sua linha de produção mais que pronta e estaria entregando as últimas unidades do caça sueco, um segundo lote, ou o aditamento do primeiro e negociando o segundo lote de ambos modelos E e F, e toda uma cadeia logística estabelecida e, principalmente, domínio completo do ciclo de vida do caça e de seus preços e custos, que seriam propagandeados e ofertados aos vizinhos com muito mais propriedade do que se vê hoje. Mas não fizemos o nosso dever de casa.
Vender material militar, como sabes, depende de vontade política e responsabilidade estatal sobre as decisões que são tomadas. Não temos nada disso por aqui. Caso contrário, as chances do Gripen E na América Latina seriam bem maiores, e talvez já tivéssemos até mesmo alguns vendidos. O elemento político é fundamental para se vender qualquer coisa na verdade. Mas nós nunca fomos muito bons nisso em relação a nossos vizinhos. E a falta de empenho e vontade em favorecer o próprio mercado interno ressalta a nossa irresponsabilidade no assunto. E quem não gostar que se mude, pensam eles.
Não que fosse fazer diferença, mas a Saab, por exemplo, disse com todas as letras que não tinha interesse em negociar com a Argentina. Isso, logo depois da Argentina assinar uma carta de intenções (mais uma para a lista) na sequência do FX-2.
Portanto meu caro, o sucesso ou o fracasso do Gripen depende somente da Saab. Pensar de forma diferente é mesmo que colocar na conta da Argentina (novamente ela) por um fracasso nas vendas do Guarani. Não faz o menor sentido!
Abraços,
Wesley