#1017
Mensagem
por FCarvalho » Qui Abr 18, 2024 5:09 pm
Continuação.
Grosso modo, a introdução de uma Cia AC Mec nas bda cav mec pode trazer, em tese, maior capacidade anti carro para GU, mas, como disse anteriormente, desde que tal unidade esteja equipada com sistemas adequados à sua atuação no nível demandado.
Pelo que se sabe até o momento, o EB abriu mão de utilizar o VBC AC a partir da VBTP Guarani, o que denota a meu ver certo grau de reticência em relação a este veículo, dado seus custos, que adicionados a um sistema avançado de mísseis AC talvez o tornem proibitivo de obter, e operar, para o orçamento do exército. A solução encontrada foi adotar os Iveco LMV 4x4, eleitos como veículos de reconhecimento para as OM cav e inf mec, dentre outras. Esta solução trás consigo a possibilidade de, talvez, poder obter-se as quantidades necessárias à completa integração daquela nova Cia, apesar de que, também se vinculou usar ao mesmo tempo os Agrale AM-21 como vetor de tais sistemas anti carro.
O sistema adotado, serão o Spike LR2 comprados dos israelenses e\ou a nova versão do MSS 1.2, hora em estágio inicial de desenvolvimento pela ARES\EDGE Group. Ambos sistemas podem ser classificados com leve\médio, com aquele tendo um alcance em torno dos 10 km, enquanto o míssil nacional limita-se a no máximo 2.500\3.000 mil metros. É de se notar que o míssil israelense tem franca vantagem sobre o nacional em termos de custos e operação, já sendo usados em muitos países, está pronto, e foi provado em vários conflitos.
Por outro lado, em minha opinião, um sistema AC para operar em nível brigada, para ser efetivo tem de oferecer capacidades além do que as versões escolhidas pelo EB oferecem. Neste sentido, lançar mão do Spike ER e\ou Spike NLOS seria uma ideia muito bem vinda, tendo em conta o desempenho de tais vetores. Sua adoção pode ser feita tanto no LMV como no AM-21, com este último tendo maiores restrições de peso e espaço. De fato, o LMV se mostraria bem mais adequado ao seu emprego, assim como se poderia pensar, também, na versão VBC AC do Guarani, principalmente com aquele segundo míssil. Na verdade o NLOS traria muito mais capacidades e justificaria uma Cia AC adicional na bda cav mec, assim como na infantaria mecanizada.
É preciso, conquanto, notar que já existe uma SU na bda que tem função semelhante de apoio de fogo para a mesma, tratando-se do Esquadrão Comando e Apoio da Bda Cav Mec. Esta unidade é composta genericamente pelas seguintes subunidades:
1. Comando
2. Estado Maior
3. Pelotão Cmdo
4. Pelotão Anti Carro
5. Pelotão Anti Aéreo
6. Pelotão Morteiro
7. Pelotão Esclarecedores
Como se pode observar, há pelo menos 1 Pelotão Cav Mec AC dedicado a esta missão naquela unidade, e que serve, via de regra, à mesma função da recém criada Cia AC. No manual, aquele Pel AC é formado por duas seções, no mínimo, com 2 veículos cada, equipados com sistemas mísseis AC, ou canhões sem recuo, como é feito hoje, na falta daqueles sistemas, com as equipes utilizando os AM-10\AM-21 Marruá da Agrale. Esta formação, com apenas 4 veículos, me parece ser insuficiente para dar cabo do apoio AC necessário a nível brigada, tendo em vista as dimensões do TO em que esta GU pode vir a se desdobrar. Mas, é preciso dizer também que, se fosse equipada com sistemas mais modernos, como os Spike NLOS citados anteriormente, este pelotão talvez fosse mais adequado à missão que se presta, dispensando, talvez, a necessidade de mais uma unidade a nível brigada apenas para esta missão.
É preciso lembrar também que todas unidades e subunidades da bda cav mec precisam dispor de seus próprios sistemas AC, com os RCM contando com seção ou pelotão para esta função. Uma forma já comentada anteriormente de se fortalecer as capacidades anti carro dos RCM, para além dos canhões 120mm dos Centauro 2, é equipar todas as VBTP Guarani com a torre UT30BR e sistemas de lançamento míssil AC acoplados. Como dito, estas torres israelenses mesmo hoje já vem com capacidade de receber vários mísseis AC de origem israelense ou outro a escolha. Não é preciso dizer que os Spike LR2 seriam a escolha lógica, ou quem sabe até uma versão dedicada do MSS 1.2, que a meu ver também serviria muito bem, se feitas as modernizações necessárias, e ajudaria ainda nas exportações do mesmo. Idem para a UT30 Mk 2, também montada pela ARES no país. Mas aqui a questão trata-se de uma torre intrusiva, o que pode gerar perda de capacidade de transporte de pessoal, que no Guarani é de 9 infantes. Mesmo assim, para uma unidade de cavalaria mecanizada, levar 8 ou 7 infantes ainda é um número razoável a fim de apoiar os blindados.
Algo que deve-se pensar, também, em termos de capacitação das OM para funções anti carro é a adoção de munição vagante e\ou algum tipo de drone Kamikase que possa ser lançados a partir das plataformas adotadas pelo EB, seja o LMV, os indefectíveis Agrale Marruá ou uma VBE Guarani. Penso ser interessante que em algum momento o EB terá de fazer suas escolhas no sentido de obter e capacitar-se para operar tais vetores, que tem se mostrados vantajosos em diversas missões. Penso que as munições vagantes sejam mais apropriadas ao uso AC do que drones, mais afetos a alvos de maior tamanho e mais importantes do ponto de vista tático e estratégico. Equipar, também, o Pel AC do EsqCAp da bda cav mec com tais recursos é um tema que deve pleitear, cedo ou tarde, as cabeças pensantes do alto comando do exército e dos cavalarianos. Uma conjunção equilibrada de mísseis AC, drones e munições vagantes é deveras uma capacidade que não pode ser ignorada por muito mais tempo por nós.
Como se pode ver, em termos de capacidades, e missões, a criação da Cia AC nas bdas cav mec pode nos trazer inúmeras questões quanto a procedimentos, táticas e técnicas. E é muito importante que o EB consiga fazer logo suas escolhas, pois na medida em que o tempo vai passando, novos vetores vão surgindo e sendo introduzidos no campo de batalha sem que o exército consiga absorver completamente a todos, bem como suas técnicas e procedimentos. Não vale a pena esperar para ver o que acontece, para só então mirar no que podemos comprar e usar. É preciso urgência na transformação das OM de cav mec a fim de que possam acolher com celeridade as inovações que se vê há tempos nos principais campos de batalha de interesse do exército. E não será com eternas experimentações doutrinas e estudos teóricos que vamos sair da letargia de sempre em que nos encontramos. O tempo urge.
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(pode ser substituído sem problemas)