Monarquia, República ou...?

Área para discussão de Assuntos Gerais e off-topics.

Moderador: Conselho de Moderação

Mensagem
Autor
Avatar do usuário
Túlio
Site Admin
Site Admin
Mensagens: 60588
Registrado em: Sáb Jul 02, 2005 9:23 pm
Localização: Tramandaí, RS, Brasil
Agradeceram: 6341 vezes
Contato:

Re: Monarquia, República ou...?

#76 Mensagem por Túlio » Qua Jun 02, 2021 11:44 pm

delmar escreveu: Qua Jun 02, 2021 11:08 pm
Até os dias de hoje o segundo reinado, principalmente o período entre 1845-1870 é marcado como a época de ouro do Brasil, nunca em toda a história republicana houve um período com tal estabilidade política e crescimento econômico como ocorreu nesse período.
Em 1872 foi realizado o primeiro censo demográfico do Brasil. A população de homens livres era de 8.419.672 pessoas e a de escravos era de 1.516.806, dando uma população total para o país de 9.930.478 habitantes.
A imensa maioria da população livre era analfabeta, dos 8.419.672 apenas 1.563.078 sabiam ler e escrever, ou seja mais de 80% dos brasileiros eram analfabetos. Os escravos eram 99% analfabetos. A população de 6 a 15 anos não tinha escola, de um total de 1.902.451 jovens nesta idade apenas 320.746 estavam na escola, ou seja 18% o que explica o número de analfabetos na sociedade.
Como curiosidade o município de Porto Alegre, que incluía as paróquias de Viamão, Guaíba (Pedras Brancas) e Gravataí (Aldeia dos Anjos) tinha 35.943 habitantes livres. Conceição do Arroio (atual Osório) tinha 8.172 habitantes e incluía a paróquia de Torres.
A grande maioria da população masculina era de lavradores ou sem profissão definida. As mulheres era de lides domésticas. Qualquer crescimento que tenha havido na época não alcançou a população que continuava miserável nas províncias. Se houve algo ficou restrito ao Rio de Janeiro e aos burocratas da corte. Se 1845 -1870 foi a época de ouro do Brasil estamos todos fod****os.
MIL por cento de acordo, cumpañero!!! [009]

Nunca vou entender essa mania das pessoas em torno do que pode ser ouvido naquela música do Renato Russo, que falava nesse "vício de insistir nessa saudade que eu sinto de tudo que eu ainda não vi".

Falam dos tempos dos Pedros como se fossem o nosso apogeu civilizacional e no fundo nem fôssemos um paiseco escravagista que arrasou outro paiseco (Paraguay) mas pouco depois arregou vergonhosamente pro UK (Questão Christie) e que, voltando ao PY, desenhou uns Encouraçados Fluviais para os quais tudo, até OS PREGOS :shock: , tinha que vir da Europa porque as palavras "Indústria" e "Brasileira" eram termos mutuamente exclusivos.

Éramos umas plantações de monocultura e algumas minas, tudo movido a escravos e quase tudo em mãos estrangeiras, mas era o nosso auge; baita "auge"...




"The two most powerful warriors are patience and time." - Leon Tolstoy
Avatar do usuário
Rurst
Sênior
Sênior
Mensagens: 1140
Registrado em: Dom Ago 21, 2016 10:45 pm
Agradeceram: 177 vezes

Re: Monarquia, República ou...?

#77 Mensagem por Rurst » Dom Jun 20, 2021 9:53 am







Avatar do usuário
Marcelo Ponciano
Sênior
Sênior
Mensagens: 1264
Registrado em: Seg Abr 30, 2018 4:14 pm
Localização: Brasília-DF
Agradeceram: 557 vezes

Re: Monarquia, República ou...?

#78 Mensagem por Marcelo Ponciano » Seg Set 06, 2021 11:52 am

Excelente texto sobre uma coisa que já disse aqui várias vezes: pouco antes da independência os brasileiros não se viam como nação, mas como parte do império português. A necessidade de criar uma identidade nacional surgiu apenas porque as Cortes Gerais em Lisboa empurraram o Brasil para a independência.

Entender isso é fundamental para entender o Brasil ontem, hoje e sempre: nossa identidade nacional foi criada às pressas.
Um ano antes da Independência, emancipação do Brasil parecia mais que duvidosa
Futuro imperador, Pedro pensava apenas em preservar autonomia adquirida após a vinda da família real

https://www1.folha.uol.com.br/ilustriss ... dosa.shtml




Tudo estaria perdido se o mesmo homem, ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo exercesse os três poderes: o de fazer as leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar. (MONTESQUIEU. O Espírito das Leis. Livro XI, Cap. VI)
Avatar do usuário
Marcelo Ponciano
Sênior
Sênior
Mensagens: 1264
Registrado em: Seg Abr 30, 2018 4:14 pm
Localização: Brasília-DF
Agradeceram: 557 vezes

Re: Monarquia, República ou...?

#79 Mensagem por Marcelo Ponciano » Seg Set 06, 2021 12:29 pm

Túlio escreveu: Qua Jun 02, 2021 11:44 pm
delmar escreveu: Qua Jun 02, 2021 11:08 pm
Em 1872 foi realizado o primeiro censo demográfico do Brasil. A população de homens livres era de 8.419.672 pessoas e a de escravos era de 1.516.806, dando uma população total para o país de 9.930.478 habitantes.
A imensa maioria da população livre era analfabeta, dos 8.419.672 apenas 1.563.078 sabiam ler e escrever, ou seja mais de 80% dos brasileiros eram analfabetos. Os escravos eram 99% analfabetos. A população de 6 a 15 anos não tinha escola, de um total de 1.902.451 jovens nesta idade apenas 320.746 estavam na escola, ou seja 18% o que explica o número de analfabetos na sociedade.
Como curiosidade o município de Porto Alegre, que incluía as paróquias de Viamão, Guaíba (Pedras Brancas) e Gravataí (Aldeia dos Anjos) tinha 35.943 habitantes livres. Conceição do Arroio (atual Osório) tinha 8.172 habitantes e incluía a paróquia de Torres.
A grande maioria da população masculina era de lavradores ou sem profissão definida. As mulheres era de lides domésticas. Qualquer crescimento que tenha havido na época não alcançou a população que continuava miserável nas províncias. Se houve algo ficou restrito ao Rio de Janeiro e aos burocratas da corte. Se 1845 -1870 foi a época de ouro do Brasil estamos todos fod****os.
MIL por cento de acordo, cumpañero!!! [009]

Nunca vou entender essa mania das pessoas em torno do que pode ser ouvido naquela música do Renato Russo, que falava nesse "vício de insistir nessa saudade que eu sinto de tudo que eu ainda não vi".

Falam dos tempos dos Pedros como se fossem o nosso apogeu civilizacional e no fundo nem fôssemos um paiseco escravagista que arrasou outro paiseco (Paraguay) mas pouco depois arregou vergonhosamente pro UK (Questão Christie) e que, voltando ao PY, desenhou uns Encouraçados Fluviais para os quais tudo, até OS PREGOS :shock: , tinha que vir da Europa porque as palavras "Indústria" e "Brasileira" eram termos mutuamente exclusivos.

Éramos umas plantações de monocultura e algumas minas, tudo movido a escravos e quase tudo em mãos estrangeiras, mas era o nosso auge; baita "auge"...
É muita loucura acreditar que a economia do Brasil era as mil maravilhas no segundo reinado. Mas ninguém pode negar que a monarquia foi nosso maior período de estabilidade política, isso se prova pelo número de Constituiçoes.

Tivemos uma única constituição de 1822 a 1889, nesse período ocorreram diversas crises seríssimas: separatismo no sul e no nordeste, guerras com a Argentina, depois com o Uruguai e por fim com o Paraguai, sem contar a já mencionada rusga com os Ingleses. Ainda assim, mantivemos um único sistema político e uma única constituição. O poder central se manteve inabalável e o país foi mantido unido.

Comparando com a República é um grande feito. Nela tivemos nada menos de que 7 constituições: 1889, 1932, 1937, 1946, 1967, 1969, 1989. O número de Constituições é um grande indicativo de estabilidade política ou não. Juridicamente uma constituição é um rompimento da ordem institucional anterior para iniciar uma nova. O poder constituinte originário é ilimitado no estabelecimento de uma ordem política. A título de comparação, os EUA só tiveram uma até hoje.

Aqui, na república, qualquer peido mal dado já foi motivo para derrubar o presidente, instalar uma ditadura, provocar uma crise, revogar a constituição. Bastou uma briguinha entre SP e MG que um gaúcho não perdeu tempo e botou todo mundo de joelhos. Depois disso SP tenta se revoltar e é humilhado em um derrota épica. JK promete o óbvio, remover a capital para um local mais estratégico, plano de quase 300 anos e a Mb resolve se revoltar (foi necessário um general do exército, Teixeira Lott, dar o cala a boca na MB). Depois disso nem vou entrar em detalhes...porque né, o assunto e sensível por aqui.

Tivesse a República enfrentado 10% das crises que enfrentou a Monarquia, enfrentado inimigos de baixo do seu sovaco do naipe de Giuseppe Garibaldi ou Solano Lopez, o Brasil teria se esfacelado em dezenas de países menores e seríamos hoje mais pobres do que a África Subsaariana.

A derrota dos revoltosos no Império não foi feita pacificamente. Foi muito sangue derramado e muitos episódios vergonhosos, como o que ocorreu com os lanceiros negros da guerra dos farrapos (Massacre de Porongos: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-55236674) ou a vergonhosa batalha de Acosta Nu (https://www.bbc.com/portuguese/brasil-49374449) na guerra do Paraguai.

No entanto, para o mal ou para o bem, o Brasil é o que é hoje, gigante e continental, com riqueza inumerável pertencente a um único país, graças aos esforços do sistema político vigente. A monarquia sozinha evidentemente não era a única responsável, o imperador não fazia tudo sozinho, eu credito o sucesso do período também ao sistema parlamentarista da época.

Digo e repito: não sou monarquista, não quero o retorno dos imperadores. Mas dai a César o que e de César: nunca o Brasil experimentou tanta estabilidade política como na época da monarquia parlamentarista constitucional. Isso é história, está nos livros para quem quiser ler.




Tudo estaria perdido se o mesmo homem, ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo exercesse os três poderes: o de fazer as leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar. (MONTESQUIEU. O Espírito das Leis. Livro XI, Cap. VI)
Avatar do usuário
Suetham
Sênior
Sênior
Mensagens: 9232
Registrado em: Ter Abr 12, 2022 9:10 am
Agradeceram: 575 vezes

Re: Monarquia, República ou...?

#80 Mensagem por Suetham » Qua Jul 20, 2022 9:55 am





Avatar do usuário
Túlio
Site Admin
Site Admin
Mensagens: 60588
Registrado em: Sáb Jul 02, 2005 9:23 pm
Localização: Tramandaí, RS, Brasil
Agradeceram: 6341 vezes
Contato:

Re: Monarquia, República ou...?

#81 Mensagem por Túlio » Qua Jul 20, 2022 12:10 pm

Suetham escreveu: Qua Jul 20, 2022 9:55 am

Tinha que ser a MIRJ, né? Depois eu é que sou implicante... [033]




"The two most powerful warriors are patience and time." - Leon Tolstoy
Avatar do usuário
gusmano
Sênior
Sênior
Mensagens: 1938
Registrado em: Qui Mar 27, 2008 4:54 pm
Agradeceram: 197 vezes

Re: Monarquia, República ou...?

#82 Mensagem por gusmano » Qua Jul 20, 2022 2:28 pm

PQP.. kkkkkkk. Coisa ridícula.

Por sinal, com o falecimento, sabem como vai ficar a linha sucessória da "casa imperial brasileira"?




Permanece exatamente igual, inexistente.

[]´s




Avatar do usuário
Suetham
Sênior
Sênior
Mensagens: 9232
Registrado em: Ter Abr 12, 2022 9:10 am
Agradeceram: 575 vezes

Re: Monarquia, República ou...?

#83 Mensagem por Suetham » Qua Jul 20, 2022 6:34 pm

Túlio escreveu: Qua Jul 20, 2022 12:10 pm
Suetham escreveu: Qua Jul 20, 2022 9:55 am

Tinha que ser a MIRJ, né? Depois eu é que sou implicante... [033]
Sou ignorante em termos magnânimos.
gusmano escreveu: Qua Jul 20, 2022 2:28 pm PQP.. kkkkkkk. Coisa ridícula.

Por sinal, com o falecimento, sabem como vai ficar a linha sucessória da "casa imperial brasileira"?




Permanece exatamente igual, inexistente.

[]´s
:lol: :lol: :lol:




Avatar do usuário
Suetham
Sênior
Sênior
Mensagens: 9232
Registrado em: Ter Abr 12, 2022 9:10 am
Agradeceram: 575 vezes

Re: Monarquia, República ou...?

#84 Mensagem por Suetham » Qui Ago 25, 2022 7:22 pm


O mais cômico são os comentários.




Avatar do usuário
Rurst
Sênior
Sênior
Mensagens: 1140
Registrado em: Dom Ago 21, 2016 10:45 pm
Agradeceram: 177 vezes

Re: Monarquia, República ou...?

#85 Mensagem por Rurst » Qua Set 21, 2022 4:50 pm

delmar escreveu: Qua Jun 02, 2021 11:08 pm
Até os dias de hoje o segundo reinado, principalmente o período entre 1845-1870 é marcado como a época de ouro do Brasil, nunca em toda a história republicana houve um período com tal estabilidade política e crescimento econômico como ocorreu nesse período.
A grande maioria da população masculina era de lavradores ou sem profissão definida. As mulheres era de lides domésticas.
Historiador Paulo Rezutti resumindo como era a economia do Brasil na época (agrária), o crescimento econômico e a renda per capita durante aquele período, e isso se deve a própria sociedade brasileira (ele também aborda sobre isso no vídeo).



A situação econômica do Brasil na época, se deve a própria sociedade Brasileira, não éramos uma monarquia absolutista para D. Pedro II fazer o que quiser.

Do jeito que que é ensinado nas escolas, parece que a gente vivia em um sistema absolutista na época, e éramos o que era por causa da família imperial e não da sociedade brasileira.

O congresso ali representado pela sociedade brasileira foi quem governou o Império do Brasil durante o período do D. Pedro II, em um sistema de voto eleitoral que era o padrão para as democracias do século XIX.

Se nada foi feito em determinados temas ou assuntos, a culpa reside no congresso e na sociedade da época.




Avatar do usuário
Rurst
Sênior
Sênior
Mensagens: 1140
Registrado em: Dom Ago 21, 2016 10:45 pm
Agradeceram: 177 vezes

Re: Monarquia, República ou...?

#86 Mensagem por Rurst » Qua Nov 22, 2023 4:14 am

A maioria dos livros e professores de história não contam a verdade sobre o "15 de novembro de 1889".

Logo, o brasileiro cresce acreditando que o golpe da república foi bom, que foi pela liberdade e pela democracia.

Pelo contrário, a falsa república permitiu que os grupos de interesses assumissem o poder atropelando em diversas ocasiões a constituição vigente e os direitos dos cidadãos.

O Brasil de hoje é resultado de 134 anos de ilusões de avanço e de 6 tentativas frustradas de criar uma república nova sempre que a do momento falhava.

A população nesse ínterim foi ficando refém da tirania de estado, seja por ativismo político e ideológico, seja por oligarquias internas e externas.




Hoje é o dia em que se comemora o Golpe Militar de 1889, que aboliu à força e sem votação o sistema de governo parlamentarista monárquico que tínhamos.

A comemoração ampla demonstra, ao menos em parte, um descuido no ensino de nossa história. É a velha máxima: os vencedores contam uma estorinha e reescrevem a história.














https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/l ... -do-golpe/

Em 15 de novembro de 1889, o Brasil sofreu seu mais duro golpe até então. A família imperial brasileira, na calada da noite, foi expulsa de sua casa por uma pequena parcela da elite escravocrata e alguns militares ludibriados.

O banimento sem volta foi o mais longo exílio a que se submeteu qualquer cidadão brasileiro. Todos da família que foram banidos morreram no exílio. Só em 1920 o então presidente Epitácio Pessoa permitiu o retorno de seus descendentes ao Brasil, mas sob a censura pétrea de não poder falar em monarquia. Essa censura durou até 1988.

Desde aquele momento, o Brasil e os brasileiros tentam se ajustar aos modelos republicanos improvisados e corruptos que sucederam aos sangrentos levantes contra o novo regime e a subsequente captura do poder pelas oligarquias. Para reencontrar nosso destino é preciso nos reconciliarmos com nossa história.

1) A proclamação da república foi resultado de um levante popular que desejava mudar o sistema de governo?

Errado. Não houve nenhuma participação popular no golpe da república. O partido Republicano de então elegeu para a Assembleia apenas dois deputados. Militantes revolucionários se aproveitaram de uma crise no gabinete imperial para impor a república.

2) Marechal Deodoro era republicano e por isso proclamou a república no Brasil?

Deodoro era monarquista e amigo de D. Pedro II a quem devia o financiamento de seus estudos e ingresso na carreira militar. Ele queria apenas derrubar o ministério chefiado pelo Visconde de Ouro Preto, seu inimigo pessoal. Para que Deodoro aderisse à causa republicana, mesmo sem saber das consequências, os republicanos, representados por Benjamin Constant, fabricaram mentiras sobre a suposta indicação de Silveira Martins, que teve um caso amoroso com sua ex-namorada, a Baronesa do Triunfo, ao ministério chefiado pelo Visconde de Ouro Preto, primeiro-ministro de D. Pedro II. Era tudo mentira para incitar o Marechal a assinar a declaração da república.

3) A Monarquia estava decadente, por isso a república foi proclamada?

Ao contrário, a Monarquia Brasileira era o regime de maior prestígio nas Américas, e vinculava o Brasil às evoluções politicas e tecnológicas da Europa e dos Estados Unidos. A legitimidade e estabilidade do regime nunca estiveram em questão. É importante ressaltar a brutal queda de prestigio e caos que a corrupção, a inflação e a guerra civil causaram no Brasil nos anos seguintes à imposição da república.

4) A Monarquia não era um regime democrático, por isso foi extinta?

Uma vez outorgada a Constituição de 1824 o parlamento nunca foi fechado, havia total liberdade de imprensa, inclusive de jornais de oposição. Também havia liberdade de pensamento, de empreender e a liberdade política era plena com a atuação do próprio partido Republicano. O regime se garantia na legitimidade histórica e de seus valores, e não na repressão.

5) A Monarquia era escravocrata e a República promoveu a efetiva libertação dos escravos?

O movimento pela república foi liderado por militares e fazendeiros escravocratas. Uma pequena parcela do exército foi impulsionada por ex-donos de escravos ressentidos com o fim da escravatura que a Princesa Isabel garantiu. Qualquer estudante sabe que a Abolição da Escravatura foi assinada pela Princesa Isabel, por meio da Lei Áurea, em 1888, um ano antes do golpe republicano. A família imperial sofreu vários atentados no ano seguinte ao da Lei Áurea, a ponto de escravos libertos voluntariamente formarem uma guarda negra para protegê-los.

6) A monarquia era contra o empreendedorismo e o progresso?

Totalmente errado. Durante o segundo império, Pedro II era ávido por introduzir no Brasil todas as novas evoluções em transporte, comunicação, iluminação etc. Muitas dessas iniciativas eram lideradas por um grande empreendedor da época, o Barão de Mauá. Ao contrário da historiografia contada em livros, Pedro II e Mauá eram tão amigos que o imperador o fez barão e depois visconde. Familiares de Mauá acompanharam Pedro II e sua família para o exílio. Quem prejudicou o Barão foram membros do governo que agiam independentes do poder moderador de Pedro II.

7) A monarquia começou a escravidão dos negros?

Errado. A escravidão é uma triste prática milenar e é fato que os escravos que vieram para o Brasil já eram escravizados em seus territórios de origem, mas a preocupação dos monarcas pela libertação dos escravos começou já com D. Pedro I. Desde o início do Império, D. Pedro alforriou todos os empregados da corte e assim permaneceu por todas as gerações da família imperial. Foi um período de muito embate político com consequências econômicas para ambos os lados, mas a Monarquia sempre esteve ao lado do povo sofrido. Prova disso são as ações filantrópicas e políticas da Princesa Isabel, a Redentora, título dado pelos próprios ex-escravos.

8) As primeiras favelas surgiram por causa do Império?

A primeira favela do Brasil surgiu no Rio de Janeiro, em 1896, no Morro da Providência. Os primeiros moradores eram ex-escravos e soldados vindos da guerra de Canudos e o terreno foi cedido pela Marinha. Na época, o local era conhecido como “Livramento” até a chegada dos ex-combatentes. Com a chegada deles, o local passou a ser chamado de “Favela”, em referência a um morro com esse nome em Canudos. Antes da República, o desenvolvimento urbano seguia um plano orgânico, apesar dos cortiços existentes nas grandes cidades. Segundo o IBGE, até 2023, há 11.403 favelas no Brasil, onde vivem 16 milhões de pessoas.

9) A família de D. Pedro II saiu do Brasil para o exílio na França de livre e espontânea vontade?

O processo de banimento da família Imperial foi um dos atos mais execráveis e cruéis da História do Brasil. D. Pedro II, D. Tereza Cristina, a princesa Isabel, seu marido Conde d’Eu e seus três filhos pequenos saíram com a roupa do corpo, sem levar um centavo de seus bens. O imperador e sua esposa, já idosos, morreram no exílio pouco tempo depois, e D. Isabel, desprendida de bens materiais, desesperou-se durante todo o percurso até a partida, pois seus algozes ameaçaram separá-la de seus filhos, que estavam em Petrópolis e poderiam não chegar a tempo para pegar o navio com os parentes. José Cardoso, avô de FHC, propôs fuzilar a família toda, mas seus pares o convenceram que seria uma medida muito impopular, afinal, a família toda era muito querida pelos brasileiros. No exílio, sem dinheiro nem bens, foram morar de favor com parentes e levaram vida modesta. Dom Pedro II, viúvo, sobrevivia de dar aulas particulares e faleceu angustiado e pobre, em um quarto humilde de hotel.

10)E a implantação da República, foi um processo pacífico?

Diferentemente da proclamação da Independência, que foi um processo reconhecido internacionalmente e fruto dos acordos de D. Pedro I com entes federativos e delegações estrangeiras, a imposição do golpe republicano só foi possível com muito sangue. A República da Espada, como ficou conhecida, foi uma ditadura militar das mais severas em função da ação dos militares para neutralizar a revolta da Armada, em Minas e no Rio de Janeiro; a revolta de Canudos, na Bahia; a Chibata, na corporação da Marinha, e muitas outras. Milhares de brasileiros foram mortos, muitos deles decapitados, para que pudessem instalar a “república”.

Dia 15 de novembro marcou um golpe de estado que matou milhares de brasileiros para a imposição de uma falsa república. Como dizia o presidente norte-americano Ronald Reagan, “um regime plantado pela espada não cria raiz.” E foi isso que aconteceu: só desinformados, corruptos e ditadores celebram a data.


A constituição de 1988 é nossa sexta tentativa de criar uma república e, como todas as cinco anteriores, está em processo falimentar.
Se há algo positivo que podemos extrair desse momento é que cabe à nossa geração debater o Brasil, o que somos e o que queremos ser como cidadãos e como nação. Certamente é desesperador para todo brasileiro consciente de sua história ver o ciclo da decadência e da destruição política se repetir mais uma vez. No entanto, será um privilégio para todos se levantarem pela refundação dessa incrível nação, que é o Brasil.

https://www1.folha.uol.com.br/poder/202 ... olpe.shtml

"Quando há ilegitimidade na proclamação de qualquer modelo de governo, não se consegue estabelecer autoridade e, dessa forma, não se tem ordem. É exatamente isso que aconteceu na República: removeram o monarca e, no momento seguinte, foi um caos", completa Orleans e Bragança, justificando a partir da história os solavancos recentes da democracia brasileira.

Especialista no período, o jornalista e historiador José Laurentino Gomes, autor da trilogia 1808 , 1822 e 1889 , concorda com a leitura do "golpe". Para ele, no entanto, o debate sobre a legitimidade da República é sobre "quem legitima o quê", o que está ligado ao processo de consolidação de qualquer regime político.

Para Laurentino, a questão envolve a luta pelo direito de nomear os acontecimentos históricos que, no caso dos republicanos, conseguiram emplacar a ideia de "proclamação" e não de "golpe".

"O que aconteceu em 1889, em 1930 e em 1964 é a mesma coisa: exército na rua fazendo política. Depende de quem legitima o quê. A proclamação é contada hoje por quem venceu", argumenta.

Segundo José Murilo de Carvalho, é possível afirmar que a proclamação foi obra quase totalmente dos militares, assim como conta o jornalista Laurentino Gomes em seu livro 1889.

"Só poucos dias antes do golpe é que líderes civis foram envolvidos", explica Murilo.






Responder