Voltando ao caso "IFV com canhão para nossos vizinhos bastam", não, não bastam. Se considerar as munições disparadas de acordo com os últimos dados, aqui temos a Venezuela havia adquirido um grande lote de projéteis 3BM42 Mango, que é o suficiente pra arrebentar qualquer IFV mais foda do planeta e, segundo algumas informações, os Venezuelanos estavam procurando atualizações para o T-72B1, inclusive sua peça para operar munições melhores. A Argentina tem o TAM que dispara M735A1, Isso por se só já arrebenta o Sabrah duas vezes e estavam tentando produzir munições 105 mm mais modernas e atualizar os canhões FMK, vi fontes citarem que os Argentinos estavam operando uma versão da M426, porém não acho isso provável, além dos SK-105, que operam munição diferente, exportada da Hirtenberger. Também existe a Bolívia e pelo que pude pesquisar, os SK-105 ainda estão até que em condições boas de operação, também armados com munições da Hirtenberger, especialmente a MLE 57. O Brasil faz parte dos poucos países da AL que não operam APFSDS nos seus MBTs, devido a uma escolha tola pelos 1A5 surrados e não 2A4 bem menos surrados.
Os demais países, fica questionável quanto a questões operacionais de seus "CCs", especialmente o T-55, porém isso será até quando? Com a AL cada vez mais avermelhada, é provável que nos próximos anos veremos uma corrida atrás de estoques Russos e talvez até Chineses tentem se aventurar aqui. O Peru recusou uma oferta baixíssima por T-72B e VT-4 a um tempo atrás, sonhando com T-90S, porém será que vai ser assim nos próximos anos? Uruguai? Bolívia? Chile, por motivos óbvios, não conta nesse caso, nem a Colômbia e os demais países que não fazemos fronteira. A Guiana pode surpreender, devido a ameaça da Venezuela e ter um potencial de ter o maior PIB per capita da AL devido as reservas de petróleo descobertas e que, inclusive, a Petrobrás deve participar.
Os Potenciais carros de combate que penso que podem aparecer aqui nas próximas décadas:
VT-4: é um MBT que custa aproximadamente USD 2-4 milhões - chegou a ser oferecido pra Tailândia por menos de USD 1 milhão, então os Chineses podem muito bem oferecer o VT-4 a preço de fábrica afim de explorar obras de infraestrutura na AL - e é bem acessível a vários países por aqui. Apesar de ser um MBT um tanto quanto questionável quanto a sua mobilidade, já que o motor parece ser uma merda, é uma ameaça colossal a um IFV querendo ser MBT devido ao seu canhão disparando a 125-IIM ou a BTA4, além do sistema de controle de fogo moderno, é o suficiente para arrebentar uns três IFVs. Não se se o VT-4 pode disparar a DTC-125/125-III, que é a munição dos Type 96B e Type 99A, que é uma versão Chinesa da 3BM60;
T-72BX: deverá ser mais comum na AL, na minha opinião. Além da Venezuela estar operando e pretender moderniza-lo, já foi oferecido ao Peru e dizem também ter sido para o Uruguai. O T-72B3, modelo antigo, custa cerca de USD 1.8 milhão e os Russos possui quase uma dezena de milhar em estoque, então tem muito MBT para ofertar no mercado externo, modernizado. O T-72B3 pode disparar 3BM60, que já é um certo perigo para MBTs modernos, quem dirá um IFV travestido;
T-62M: sim, ele mesmo! Os Russos possuem milhares de T-62 na reserva, estimado ser agora cerca de 3 mil. É um MBT bem antiquado, mas decente para ser operado na AL, especialmente a última versão modelo 2019, que conta com sistema de controle de fogo com mira térmica de 2ª geração e uma reforma no canhão, disparando munição 3BM-21M , que é o penetrador da munição Lekalo transferida para 115 mm. Ainda existem outros estoques, como os do Egito, que operam munição de origem inglesa, a BD/36-2. A Mecar oferece a M1150, que utiliza o mesmo penetrador da munição 105 mm deles para 115 mm. Não sei o custo dessa versão, mas deve ser ridiculamente baixo, algo que o Uruguai poderia operar.
Esses são os mais prováveis, porém com menções honrosas a M60 modernizado, T-55 também modernizado - especialmente os Egípcios - ou sobra de material Europeu, já que muita coisa nova está sendo adquirida por aquelas bandas. Outra probabilidade são SPGs, como ZTL-11, M1128 e assim por diante, especialmente em substituição dos vários EE-9. A Colômbia já desistiu de modernizar os EE-9 e é provável que tentem buscar os M1128, já que possuem um bom nível de "comunalidade" com os seus LAVs, apesar disso não ser uma ameaça direta a nós. A janela em que devem haver trocas de MBTs na AL deverá ser entre 2025-2035 e nesses anos já teremos escolhido nosso MBT e provavelmente já estaremos operando o mesmo.
Também tem aquela questão de "NCW, nós veríamos primeiro, então não precisa se preocupar com blindagem contra APFSDS" e isso é falso, a guerra da Ucrânia está ai para comprovar, especialmente aquele vídeo de um T-64BV contra um T-72B3 Russo. Os Russos tinham um drone e localizaram o T-64BV, porém este ainda conseguiu realizar três disparos contra o T-72, acertando um ou dois disparos, porém a blindagem do T-72 resistiu - dá pra notar uma explosão em um dos acertos, o que provavelmente foi a Relitk ou a Kontakt-5, já que não se sabe se era B3 ou B3M - e o mesmo conseguiu contra-atacar o T-64BV, deixando-o imobilizado. Nesse caso, os Russos viram primeiro, porém quem disparou primeiro foi o Ucraniano. Se isso ocorre com um Sabrah, já era, o primeiro acerto e o carro, no mínimo, será incapaz de operar, o segundo acerto fará ele explodir, isso com munições ultrapassadas, como a M735A1, primeira geração de APFSDS Americano para canhões 105 mm.
Como eu disse no outro post, se a ideia é gastar USD 4-5 milhões num Sabrah, melhor ir atrás de adquirir M1A1SA, com o que sobrar em relação ao Sabrah, trocar o motor para o MTU 883 e adquirir APS financiado com os Israelenses. Se querem
NOS PAGAR para vender Guarani com Remax pra Argentina, quem dirá fornecer APS para o M1A1. Aliás, o motor e a transmissão utilizado no Merkava MkIV, fabricado sob licença pela L3 em parceria com a GD, são os mesmos oferecidos para o "Diesel Powered Abrams", GD883 que é o MTU 883 e a RENK RK 325. Sem a AGT-1500, o Abrams tem uma manutenção a um custo similar a outros MBTs Ocidentais. O M1A1SA está na margem de erro para operar em pontes classe 60 e se excluir a blindagem de DU dele, que é o que realmente pesa nesse blindado, trocando por um conjunto de ERA + APS, ele consegue ficar abaixo das 60 toneladas e ainda terá uma blindagem o suficiente para enfrentar MBTs atuais e futuros, diferente de um Sabrah.
É o ideal? Não, prefiro que o EB realize um esforço igual a Polônia fez de tentar financiar a compra de um K2 e seus derivados, além de um IFV da própria Coréia do Sul, a ponto de ficar "mastigável" em termos orçamentários, mas Sabrah não é nem de perto uma solução boa.
Todos esses fatores precisam ser levados em consideração, já que o substituto do Leopard 1A5BR - e os demais, claro - irá operar aqui por, no mínimo, 50 anos! Pensar no que precisamos de MBT olhando a vizinhança como está
HOJE é um erro grosseiro e mesmo assim considerando o que os vizinhos tem hoje já é o suficiente para arrebentar um Sabrah com canhão, APS e tudo mais dentro dele, por um motivo muito simples: ele não é um MBT e nem foi desenhado pra ser um.