FCarvalho escreveu: ↑Ter Jul 20, 2021 11:31 am
Não posso deixar de concordar contigo. Esta é a nossa realidade. Mas parte desta visão também é responsabilidade das próprias forças, principalmente o EB, que é mais visualizado, por continuamente difundirem propagandas tipo "braço forte, mão amiga". Mas isso é uma cultura interna das nossas forças militares desde há muito tempo. E não seria fácil remover isso. Há todo um histórico sócio-humanitário das ações militares Brasil afora. Isto está tão internalizado neles que guerra acaba sendo apenas um "efeito colateral" do trabalho. Ninguém acredita nisso no Brasil, a começar pelos próprios militares.
Mas eu duvido que qualquer sova que nós levemos ainda que aqui em casa sirva como lição para qualquer coisa, visto os regionalismos e bairrismos históricos que temos por aqui. O patriotismo do brasileiro só vai até onde a vista alcança. Além disso, só diz respeito à férias.
Enfim, pouco importa para as elites políticas, sociais e econômicas que a Amazônia vire um conservatório internacional da biodiversidade sob julgo estrangeiro. Se isto for o preço a pagar para manter a "paz" do resto das cidades, Estados e regiões do país, pouco importa com quem ela fique. Miami ainda fica mais perto do que Manaus. E o populacho via de regra anda no mesmo passo das suas elites, apesar das críticas e disputas costumeiras.
Bem, não temos conflitos por aqui que justifiquem ou expliquem a necessidade de ffaa's, então guerra é algo tão surreal quanto a necessidade de vacinação todos os anos contra as dezenas de doenças endêmicas que temos por aqui mas que todo mundo acha que só pega nos outros ou que é "coisa do governo para ver a nossa bunda".
A nossa paz custa caro, muito caro. Mas ninguém liga para isso. E guerras só são percebidas como um mal quando a desgraça bate a nossa porta. Fazer o que se brasileiro só fecha a porta da frente de casa depois que é assaltado.
No geral, vejo que me entendeste e não me é difícil concordar com tua resposta (o que não quer dizer nada, não és obrigado a postar o que me agrade e bem ripostado eu debato até o inferno congelar
) mas discordo do ponto que destaquei: perder uma guerra
EM CASA (tipo nos amputarem a Amazônia) é uma coisa,
FORA DE CASA (como foi com a Argentina nas Malvinas) é bem outra; neste caso é algo que nunca realmente tiveram, apenas reivindicavam e com razão mas sequer sabiam o que poderiam ganhar com isso. Já no nosso nem falo em o Brasil passar a ser o 8º maior País do mundo em vez de 5º mas de implicações que as pessoas nem percebem mas, quando o fizerem, verão a josta que é deixar Defesa entre as últimas prioridades (se é que é prioridade para alguém mais do que uns
geeks do tema como nós e a parte dos militares que não está lá só pela grana, estabilidade e carreira).
Não seria (como os poucos que já me responderam sobre isso, geralmente em charla de boteco, ou o que achas que vim fazer no DB? Se eu tivesse em torno de mim um número suficiente de pessoas que entendem do tema e gostam dele a ponto de debatê-lo, nem frequentaria Fórum de internet) tipo perder de 7 x 1 pra Alemanha (e um banho de bola ainda por cima), uma tragédia quando aconteceu mas do outro dia o pessoal já tinha que correr atrás da vida, então a raiva e a tristeza foram esmaecendo e hoje é apenas piada. Não, falo de que não se pode ocupar o maior e menos povoado pedaço de um País esperando que o outro, cheio de gente e indústrias que podem proporcionar um fenomenal rearmamento e voltar pro segundo tempo pingando sangue do zóio e querendo vingança. Necas, tem que seguidamente criar problemas para distrair a tigrada, tipo logo de saída arrasar com as empresas (Embraer, Avibrás, Imbel, Taurus, CBC, para falar em umas poucas), muitos laboratórios e institutos de pesquisa e chamar de volta as que nem são daqui, como a automobilística (FIAT IVECO em especial), a Airbus
HELIcópteros do
BRASil, a AEL/ARES (Elbit), destroçar a infraestrutura (água, energia, saneamento, pontes, comunicações, portos, etc) e, à medida que se chegar a um certo ponto na reconstrução, ir lá e encher tudo de bomba de novo. Suportando todo tipo de carestia e desemprego, a parte "de fora da AMZ" iria descobrir o quanto custa não "gastar" com irrelevâncias como Defesa; já a "de dentro" logo aprenderia, após muitos acenarem com bandeirinhas dos EUA e UE para os "libertadores", como é ruim ser suspeito simplesmente por ser "diferente" ou "local", ter costumes e idiomas "estranhos" e "incompreensíveis" e ter que viver da caridade das forças de ocupação e ONGs, que só então mostrariam
realmente a que vieram.
PUTZ, todos lemos bastante e assistimos uma porção de filmes e documentários sobre o que e como foi o ataque e a ocupação do Iraque e Afeganistão, e aqui falamos de gente que está sempre em guerra e que pode comprar AK, RPK e RPG até na farmácia, além de estarem acostumados a passar necessidade. Já aqui o calvário seria/será mil vezes pior; mas vai tentar mostrar isso a uns 99% dos nossos compatriotas
paisanos e bem mais de metade dos que usam farda e ainda sonham em participar de alguma Coalizão para dar um couro em algum "malvadão" lá do outro lado do mundo, ou por que achas que há tanta resistência a a acordos militares e aceitação de equipamentos bélicos da parte dos "du máu"? Vão rir da tua cara e perguntar o que andaste fumando.
Institucional e culturalmente não sabemos que estamos cada vez mais perto de ser a bola da vez. E BTW eu acabei de fumar um Lucky Stryke (antigo Hollywood).
PS.: desculpa o textão mas tem vez que me empolgo
.