TTP - Treinamento, Táticas e Procedimentos

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

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TTP - Treinamento, Táticas e Procedimentos

#1 Mensagem por FCarvalho » Ter Abr 28, 2020 4:26 pm

Cá está um tópico para lá de bom originado em uma pergunta minha ao CKrauslo. Vamos aproveitar. :D

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Re: TTP - Treinamento, Táticas e Procedimentos

#2 Mensagem por FCarvalho » Ter Abr 28, 2020 4:28 pm

FCarvalho escreveu: Ter Abr 28, 2020 1:40 pm CKrauslo, poderia dar exemplos práticos das TTP utilizadas hoje pelos pqdt e a diferença entre ele o os PREC's?
Eu particularmente não consigo compreender como ainda estamos tão atrasados neste aspecto dado que cursos e formações, além dos estágios lá fora realizados por muitos oficiais e praças, em tese, ao menos deveriam servir para manter tais TTP o mais próximo possível da atualidade.
E neste aspecto uma coisa me chama a atenção: os pqdt que vão para o treinamento nos US com a 82a, estão a mais de seis meses treinando para o que no USA é um simples exercício, algo quase que cotidiano na realidade deles.
Isto me diz algumas coisas sobre o (des)preparo de nossa dita melhor tropa convencional.

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Re: TTP - Treinamento, Táticas e Procedimentos

#3 Mensagem por FCarvalho » Ter Abr 28, 2020 4:31 pm

Ckrauslo escreveu: Ter Abr 28, 2020 2:35 pm Vamos fazer alguns básicos.
  • Entrada dinâmica:
O método praticado no Brasil, tem umas vantagens mas ao mesmo tempo desvantagens.
Vantagem: Todos entram quase simultaneamente varrendo todos os ângulos nominais do comodo.
Desvantagem: É lento, mais restritivo, menos dinâmico e enquanto em situações normais pode ser vantajoso entrar cada um junto daquela forma tão compacta, em uma boa parte das situações, é um perigo, sendo que é muito mais fácil para simplesmente atirar em uma unica direção.
Tenho certeza que não é a unica modalidade de entrada tática praticada pelas forças convencionais no Brasil, mas é o tipo que você vê mais amplamente ensinado nos cursos de formação.
Esse tipo era muito comum durante os anos 80 e 90.
Hoje mundo a fora, e até aqui pelas nossas forças especiais já foi trocado pelo método mais dinâmico e acelerado, usado pelas forças especiais estrangeiras

O exemplo de entrada a qual me refiro começa aos 4 minutos e 25 segundos.
  • Varredura:
A forma que se fatia angulo (Ainda tem gente que faz assim no exterior) aqui, tem uns lados negativos muito perigosos.
Você dá um passinho para o lado, com a arma empunhada em mira, você sobe e baixa o fuzil conforme faz isso (Você cria pontos cegos)
A teoria por trás disso é que com a arma já empunhada em mira você reage mais rápido... O problema é que o ponto cego que você cria, pode fazer que você nem veja ao que reagir.
SEAL's e ODA, Rangers fazem a varredura com a arma empunhada em low ready, cano ligeiramente apontado para baixo para você olhar por cima da mira, mas ainda poder puxar o gatilho, permite um campo de visão limpo, militares de OE lá fora precisam passar em certos treinos de medição de padrões.
Tipo partindo de low ready 2 disparos no alvo em menos de 2 segundos.
  • Empunhadura da pistola:
Ainda estamos presos nos anos 90.
  • Forma como configuramos os equipamentos:
ainda existem muitos policiais e militares que se auto sabotam, usando o coldre no joelho (Dificulta o saque, tira a estabilidade do coldre fazendo com que ele balance mais, atrapalha o movimento, o balançar do coldre pode afetar o equilíbrio além de que, com os coldres de nylon pode ser que a trava abra e a arma caia "Já ouvi muitos relatos de arma caindo do coldre de muitos policiais no Brasil").
Policiais e militares usando o colete mais baixo do que deveriam usar, deixando de proteger o arco aórtico e os átrios, assim como o topo do pulmão.
Falta de equipamentos essenciais para operações policiais e militares:
Poucos são os militares que aprendem APH, enquanto lá fora em países como os EUA é algo que todo militar aprende, aqui no Brasil você tem que se venturar por conta própria para isso, além de comprar seu kit por conta própria (VTR's nos EUA e UK "Assim como países europeus e outros países do commonwealth" possuem kit's de APH)
Muitos policiais vão para operação com apenas 2 carregadores de fuzil (O da arma e um no colete)
  • O fato de que não reforçamos a importância do uso do capacete:
(Por mais que sejam marcados para proteger calibres de pistola, eles tem grande chances de DEFLETIR "Desviar e não parar" disparos a distâncias superiores a 200m)
  • Não falamos da importância da proteção auditiva, conheço muitos policiais que tem sérios problemas de audição.
A insistência em cliches dos anos 80 e 90 "Tipo preto"
Falta de distribuição de placas balísticas contra fuzis
Não temos enfase no treinamento de tiro de posições incomuns.

E se eu for falar mais, ia demorar muito e ia ficar muito extenso.
Abs.
Manda ver... 8-]

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Re: TTP - Treinamento, Táticas e Procedimentos

#4 Mensagem por Ckrauslo » Ter Abr 28, 2020 4:56 pm

•Uso da lanterna tática como multiplicador de força.
•Ainda não vi, pessoalmente um instrutor aqui no País, que ensinasse a se afastar da parede na hora do tiro abrigado, permite você visualizar o alvo e engajar expondo menos do corpo.
São duas coisas que consigo me lembrar de cabeça agora, sem sentar e pensar bem no assunto.
Valendo ressaltar que o TTP engloba os SOP's (No português traduziria como Procedimento operacional padrão) e as TAI's
Percebi que ao parar pra mencionar alguns TTP's eu esqueci da parte principal da sua pergunta.
Os precursores operam em unidades avançadas menores que vão para trás das linhas inimigas para estudar e preparar as zonas de pouso dos paraquedistas que vão participar da invasão.
Pela necessidade de se infiltrar nas zonas desapercebidos eles treinam metodos mais avancados de infiltração e são melhor adestrados para trabalhar de forma coesa em menores unidades.
Eles precisam ter um domínio e controle maior de equipamentos, assim como o repertório de suas táticas, técnicas e procedimentos é bem mais abrangente.
Para explicar isso, tenho que mencionar.
Por terem duas finalidades diferentes, possuem Procedimentos operacionais padronizados, que são distintos, isso se dá devido ao tamanho da unidade em que vão operar, os riscos maiores de sua missão, os objetivos a serem atingidos.
Em cima disso devido aos riscos diferenciados, tamanho da unidade e os equipamentos empregados, eles também aprendem Táticas de ação imediata mais diversas e diferenciadas, pois são moldadas aos riscos enfrentados por se operar atrás das linhas inimigas com número de militares menor.

Abraço.




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Re: TTP - Treinamento, Táticas e Procedimentos

#5 Mensagem por Dusek » Qui Abr 30, 2020 11:16 am

Finalmente criaram um topico de TTP's, é meu assunto favorito e esperava há tempos.




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Re: TTP - Treinamento, Táticas e Procedimentos

#6 Mensagem por Dusek » Qui Abr 30, 2020 11:29 am

Ckrauslo escreveu: Ter Abr 28, 2020 4:56 pm •Uso da lanterna tática como multiplicador de força.
•Ainda não vi, pessoalmente um instrutor aqui no País, que ensinasse a se afastar da parede na hora do tiro abrigado, permite você visualizar o alvo e engajar expondo menos do corpo.
São duas coisas que consigo me lembrar de cabeça agora, sem sentar e pensar bem no assunto.
Valendo ressaltar que o TTP engloba os SOP's (No português traduziria como Procedimento operacional padrão) e as TAI's
Percebi que ao parar pra mencionar alguns TTP's eu esqueci da parte principal da sua pergunta.
Os precursores operam em unidades avançadas menores que vão para trás das linhas inimigas para estudar e preparar as zonas de pouso dos paraquedistas que vão participar da invasão.
Pela necessidade de se infiltrar nas zonas desapercebidos eles treinam metodos mais avancados de infiltração e são melhor adestrados para trabalhar de forma coesa em menores unidades.
Eles precisam ter um domínio e controle maior de equipamentos, assim como o repertório de suas táticas, técnicas e procedimentos é bem mais abrangente.
Para explicar isso, tenho que mencionar.
Por terem duas finalidades diferentes, possuem Procedimentos operacionais padronizados, que são distintos, isso se dá devido ao tamanho da unidade em que vão operar, os riscos maiores de sua missão, os objetivos a serem atingidos.
Em cima disso devido aos riscos diferenciados, tamanho da unidade e os equipamentos empregados, eles também aprendem Táticas de ação imediata mais diversas e diferenciadas, pois são moldadas aos riscos enfrentados por se operar atrás das linhas inimigas com número de militares menor.

Abraço.
A tecnica de se afastar do abrigo para visualizar o alvo não funciona em todos momentos. Geralmente voce se afasta quando o inimigo esta proximo e se aproxima quando esta longe, assim voce continua trabalhando a cobertura.

O metodo de CQB utilizado majoritariamente no exérciro brasileiro é o dinamico, que honestamente é 8 ou 80. Caso voce consiga preservar os 3 Valores do CQB (Velocidade,Surpresa e Violencia) ira funcionar perfeitamente, mas a partir do momento que voce é descoberto durante a aproximação e o inimigo esta te esperando é suicidio tentar fazer uma entrada dinamica. Quando isso acontece geralmente voce troca para o deliberado.

E ainda existe a entrada semi dinamica, que combina os melhores dos dois mundos. Extrair o maximo de informaçao do lado de fora antes de entrar para minimizar os riscos. O método semi dinamico é o utilizado atualmente pelas operações especiais americanas e do exercito brasileiro. Um video do metodo semi dinamico: https://www.youtube.com/watch?v=ouuL-Y5UX-4

No video eles utilizam a tecnica do Step Center e Diminshing Sectors. Não é tão rapido a ponto de voce correr para dentro do quarto, se expor para 3 inimigos e engajar um. Mas tambem não é tao lento a ponto de voce realizar todos os engajamentos do lado de fora e só entrar caso haja realmente a necessidade.

Quanto ao APH no exército brasileiro um 3 SGT me disse que durante o campo basico os soldados e cabos recebem a instrução basica de aplicação de torniquete, os tipos de bandagens e etc. É o suficiente para todos terem uma noção minima e um conhecimento basico.




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Re: TTP - Treinamento, Táticas e Procedimentos

#7 Mensagem por Ckrauslo » Qui Abr 30, 2020 1:31 pm

"A tecnica de se afastar do abrigo para visualizar o alvo não funciona em todos momentos. Geralmente voce se afasta quando o inimigo esta proximo e se aproxima quando esta longe, assim voce continua trabalhando a cobertura."
Eu não disse que funcionava a todo o momento, mas disse que ainda não vi ngm ensinar isso.


"O metodo de CQB utilizado majoritariamente no exérciro brasileiro é o dinamico, que honestamente é 8 ou 80. Caso voce consiga preservar os 3 Valores do CQB (Velocidade,Surpresa e Violencia) ira funcionar perfeitamente, mas a partir do momento que voce é descoberto durante a aproximação e o inimigo esta te esperando é suicidio tentar fazer uma entrada dinamica. Quando isso acontece geralmente voce troca para o deliberado."

Quando você é descoberto existem outros Procedimentos padronizados para serem utilizados, uso de explosivos, granadas de luz e som, em casos de uma menor luminosidade, lanternas podem ser usadas para diminuir as pistas visuais que os alvos podem receber, você pode usar o método de engajamento do lado de fora....

"No video eles utilizam a tecnica do Step Center e Diminshing Sectors. Não é tão rapido a ponto de voce correr para dentro do quarto, se expor para 3 inimigos e engajar um. Mas tambem não é tao lento a ponto de voce realizar todos os engajamentos do lado de fora e só entrar caso haja realmente a necessidade."

É um risco se você entrar sem sua equipe, mas em situações nas quais você está correndo risco, é preferível entrar rapidamente para diminuir as chances de ser atingido, lá nos EUA eles também são um pouco contrários à perder terreno já conquistado durante o CQB.
Tudo vai depender da coesão da equipe.
Quem me disse isso:
Um SEAL que entrevistei para meu próximo artigo sobre coletes (já conversamos com frequência sobre muitos assuntos)
Milspec Mojo, eu de vez em quando levo perguntas sobre diversos assuntos pelo Instagram.
Tem uma página no Instagram também, chamada Knockout lights, é de um policial da SWAT, eu de vez em quando também estou trocando ideias com ele com uma certa frequência.


"Quanto ao APH no exército brasileiro um 3 SGT me disse que durante o campo basico os soldados e cabos recebem a instrução basica de aplicação de torniquete, os tipos de bandagens e etc. É o suficiente para todos terem uma noção minima e um conhecimento basico."

Só que não, como vão agir no caso de um ferimento perfurante do tórax? A falta de atendimento adequado pode matar em questão de poucos minutos, a equipe de resgate chega a tempo? Depois disso, conseguem o transporte a tempo para uma urgência militar?

Eu não conheço nenhum instrutor (E estou compartilhando minha opinião com um ex médico de combate do exército americano) que diga que você ter apenas uma aula durante o básico vai lhe habilitar a agir assim sob pressão.




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Re: TTP - Treinamento, Táticas e Procedimentos

#8 Mensagem por Dusek » Qui Abr 30, 2020 2:10 pm

"Quando você é descoberto existem outros Procedimentos padronizados para serem utilizados, uso de explosivos, granadas de luz e som, em casos de uma menor luminosidade, lanternas podem ser usadas para diminuir as pistas visuais que os alvos podem receber, você pode usar o método de engajamento do lado de fora...."

Claro. No CQB, geralmente sempre deve ser utilizado metodos de distração antes de entrar em um quarto. Assim no momento que voce entrar não leva uma rajada, e foi isso que eu me referi quando disse o metodo deliberado, tambem conhecido como Limited Penetration.

"É um risco se você entrar sem sua equipe, mas em situações nas quais você está correndo risco, é preferível entrar rapidamente para diminuir as chances de ser atingido"

Sem duvidas. Principalmente em corredores e em ambientes urbanos, quando voce esta levando tiro e deve se abrigar.

"Só que não, como vão agir no caso de um ferimento perfurante do tórax? A falta de atendimento adequado pode matar em questão de poucos minutos, a equipe de resgate chega a tempo? Depois disso, conseguem o transporte a tempo para uma urgência militar?"

Em nenhum momento eu disse que é o suficiente para salvar uma vida ou algo do tipo, apenas apontei que há uma instrução basica.




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Re: TTP - Treinamento, Táticas e Procedimentos

#9 Mensagem por Ckrauslo » Qui Abr 30, 2020 2:19 pm

Pois então não havia cabimento as suas respostas anteriores, fazendo suposições irreais ao mencionado por mim, caro Dusek.
Tirando a parte do APH, pois não sabia que teria sido aderido um básico, do básico, do básico, do básico.
abs.




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Re: TTP - Treinamento, Táticas e Procedimentos

#10 Mensagem por Túlio » Qui Abr 30, 2020 6:52 pm

Grande cupincha @Ckrauslo, chegaste a treinar aquele inferno de FATIAMENTO EM DUPLA? Passei o diabo naquilo, em pé (interno, número 1) era o tempo todo o Instrutor berrando "fecha a asa, FDP", agachado (externo, número 2) era pura DOR, pé, perna, ombros, tudo. E dê-le xingão, tipo "fecha as pernas, mimosa" e outras coisas que, pra quem está pra lá de estressado, são sodas. :lol: :lol: :lol: :lol:

Mas quando finalmente aprendemos a fazer direito, dava gosto, no pior dos casos o 1 levava no colete e o 2 dava o troco usando o 1 como escudo extra (sei, desumano mas numa situação real ninguém vai dar bola pra isso), e pedia ser mais de um do lado oposto, dançava tudo...




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Re: TTP - Treinamento, Táticas e Procedimentos

#11 Mensagem por Ckrauslo » Qui Abr 30, 2020 7:03 pm

Eu acho que ela tem uma aplicação no CQB, mas eu penso justamente as dificuldades que podem surgir dela, heheheheeheh.
Tem algumas modalidades diferentes do fatiamento em dupla, já vistes a dos israelenses? Ou como um grupo policial teve problemas tentando ela no treinamento para as olimpíadas?...
Ah cupincha é por isso que eu meio que prefiro mais o método Americano e Britânico, extrema violência, todos movimentando se rapidamente, disparando um grande volume de tiros, transição rápida entre alvos.
Se um dia eu conseguisse armar umas coisas eu até gravava videos dando meu parecer, mas isso parece ser me uma ideia muito distante.
Abraço.
Ps: E quando os instrutores se irritam muito com os mais bizonhos e eles apanham com um pouquinho de amor. :twisted:




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Re: TTP - Treinamento, Táticas e Procedimentos

#12 Mensagem por Túlio » Qui Abr 30, 2020 7:26 pm

Ckrauslo escreveu: Qui Abr 30, 2020 7:03 pm Eu acho que ela tem uma aplicação no CQB, mas eu penso justamente as dificuldades que podem surgir dela, heheheheeheh.
Tem algumas modalidades diferentes do fatiamento em dupla, já vistes a dos israelenses? Ou como um grupo policial teve problemas tentando ela no treinamento para as olimpíadas?...
Ah cupincha é por isso que eu meio que prefiro mais o método Americano e Britânico, extrema violência, todos movimentando se rapidamente, disparando um grande volume de tiros, transição rápida entre alvos.
Se um dia eu conseguisse armar umas coisas eu até gravava videos dando meu parecer, mas isso parece ser me uma ideia muito distante.
Abraço.
Ps: E quando os instrutores se irritam muito com os mais bizonhos e eles apanham com um pouquinho de amor. :twisted:
Acho que não fui claro: também tive Instrutor Israelense, tendo inclusive aprendido técnicas como a "visada Israelense", o "fatiamento Israelense" e até o "golpe Israelense" mas, quando fiz o Curso (meu único de SpecOps Policiais) em 2002 uma das coisas que mais me causaram problemas foi a ênfase que eu tinha (e continuei a ter, apenas não saí espalhando :mrgreen: ) em velocidade e que não tinha um só Instrutor favorável a isso, todo mundo queria ir "cadenciado", tipo BM. Notar, tudo às cegas, sem croqui nem "caixa de areia", era lidar com o que aparecesse da maneira mais eficaz possível, com o que se dispunha. Creio que, tanto na SegPub quanto nas FFAA, na maioria dos casos continua assim.

Uma das coisas que me chamou mais a atenção neste debate é a ênfase em socorrer quem foi abatido: nunca soube de Operação em que tivesse um só índio "na sobra" pra socorrer e tratar, se o caído já é uma baixa importante, tirar mais um ou alguns para prestar socorros que só caberiam a Paramédicos ou mesmo Cirurgiões apenas arriscaria ainda mais uma Operação que, por natureza, já é puro risco.




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Re: TTP - Treinamento, Táticas e Procedimentos

#13 Mensagem por Ckrauslo » Qui Abr 30, 2020 7:36 pm

Eu sou defensor do fato de o ferido ter de fazer o seu pré atendimento básico dependendo do ferimento, mas se não for possível ele é de segunda prioridade, a primeira é contenção da situação, se não for possível, buscar fazer a quebra de contato se possível, para pelo menos buscar algum abrigo para todos, no qual possa se tomar as próximas decisões táticas daí.
Acho que ambos tem o seu ponto de importância, a cadência e a velocidade, tudo vai depender da situação na qual você se encontra.
Mas eu pessoalmente acho perigoso em uma situação que você precisa adentrar algum local que os inimigos já sabem da sua presença, você entrar cadenciadamente.
Ou você buscar engajar de fora (Pode ser mais perigoso dependendo da situação) ou você busca métodos para ganhar qualquer vantagem possível na situação e entra com maior violência e velocidade na ação.
Testes feitos pelos próprios militares americanos, levaram a conclusão que a velocidade na entrada, pode reduzir o número de feridos, e que o maior risco ficaria no primeiro a entrar.
Porém se todos dominarem seus ângulos e fizerem isso de uma forma precisa e rápida, os riscos são bem minimizados.
Mas a penetração limitada tem o seu valor quando você pode se abrigar na entrada, sem correr o risco dos projeteis passarem pela parede e virem a seu encontro, assim como se os inimigos não tiverem explosivos também, existem milhões de variáveis, por isso acho que quanto mais ferramentas tivermos na nossa caixa, mais chances temos de encontrar uma que sirva melhor para a infinidade de situações táticas que podemos encontrar, sendo que o campo de combate está em constante evolução, aquele incapaz de se adaptar e melhorar, uma hora quebra.
Abraço.




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Re: TTP - Treinamento, Táticas e Procedimentos

#14 Mensagem por Túlio » Qui Abr 30, 2020 7:57 pm

Como fui treinado, ser detectado NO COMEÇO DA INFILTRAÇÃO/INVASÃO é uma não-opção (tanto que tivemos que reaprender até A CAMINHAR e mesmo A RESPIRAR), se acontecer é retrair, reportar ao Comando e esperar o que decidem para, mais adiante e quem sabe até com outra Equipe (e isso era sempre enfatizado, tipo "teu grupo fez merda, vai pro fim da fila"), tentar de novo. Ou ir pro tudo ou nada e abraçar a responsabilidade pelo que quer que aconteça, e "eles" ADORAM cobrar!

Nas FFAA não sei, porque nunca fiz parte, mas tenho sérias dúvidas de que parem tudo (ou quase) para socorrer ferido/moribundo, Operações assim são inerentemente "tudo ou nada" e da mesma maneira que o Ponto de Infiltração não é logo ali onde as véia vão mijá :mrgreen: , o de Exfiltração idem, ou seja, deve ser PIOR AINDA!

SpecOps e HUMANICES nunca vão dar certo juntas. 8-]




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Re: TTP - Treinamento, Táticas e Procedimentos

#15 Mensagem por Ckrauslo » Qui Abr 30, 2020 8:14 pm

Na verdade, no meio das OE americanas, eles buscam socorrer os seus militares, tem uma parte do pessoal da missão que fica delegado a função justamente de prestar socorro a todos da equipe.
Quanto a não ser uma opção, ninguém treina para ser detectado, porém pode ser que aconteça e tem que se estar pronto para tudo.
Segundo a visão da doutrina americana, a surdina só existe até você chegar no ponto do objetivo, depois dali o inimigo vai estar ciente do seu ataque, o importante é conseguir realizar-lo o mais rápido possível.
Um disparo de um Fuzil com suppressor de ruído fica acima de 100 db então é bem audível em uma noite calma.
E mesmo em um centro urbano bem barulhento, vai funcionar através da lei do quadrado inverso (Acústica) para cada dobra na distancia da fonte até o ouvinte, o som perde 6db.
a partir de 30db começa a ficar complicado ouvir em uma noite barulhenta....
Para atingir 30db você teria de estar a a mais de 512m de distãncia...
São coisas que os seals levam em conta antes de fazerem a infiltração em zonas de combate por exemplo, traçam uma rota na qual passam distante de centros urbanos e a distancia que eles tem de manter é calculada por isso.
O tipo de armamento, como vão prosseguir ao alvo e essas coisas é tudo ditado por isso.




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