As Lições da Batalha de Mogadíscio (Somália)

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

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Re: As Lições da Batalha de Mogadíscio (Somália)

#16 Mensagem por Ckrauslo » Qua Out 31, 2018 9:35 pm

Viktor Reznov escreveu: Qua Out 31, 2018 7:26 pm É impressão minhas ou esses plate-carriers tem ficado cada vez menores?
Sim, mas é por que existe uma diferença.
Plate Carrier é uma proteção minimalista, que serve apenas para proteger o Pulmão e o Coração de disparos de fuzil.
Ele utiliza apenas as Placas SAPI/ESAPI/XSAPI.
Você tem uma preferência por menor peso para dar maior liberdade de movimento e assim garantir uma movimentação mais fluída, permitindo que eles consigam se movimentar de uma forma que os mantenham mais longe do perigo.
Já os Armor Carriers são coletes que além de carregarem as Placas, portam também os Painéis, para trazer uma proteção balística contra Fragmentos de artefatos explosivos, sejam eles: Bombas de fabricação caseira, granadas ou munição de artilharia.
Por que é muito mais difícil salvar a vida de alguém que foi atingido no trato digestório por fragmentos, do que alguém que foi atingido no trato digestório por uma bala de fuzil.
Aqui um outro trecho do meu artigo.
"Em 1964, a pesquisadora química Stephanie Kwolek descobriu um polímero liquido e opaco, que após futuros desenvolvimentos daria origem a “Fibra B” e futuramente se tornaria o Kevlar, porém o mesmo só ficou disponível como opção de proteção balística por volta de 1975 (PEARCE, 2014) O kevlar imediatamente foi incorporado ao programa de avaliação do Instituto Nacional de Justiça “NIJ”. Coletes a base de kevlar primariamente viram apenas o uso na segurança pública, sendo apenas incorporado ao uso militar, durante a década de 80 nos coletes PASGT “ Sistema pessoal de proteção para tropas terrestres” (Tradução livre), que consistia em um colete com nível de proteção balística IIa, capaz de proteger as tropas contra estilhaços e disparos de pistola incluindo o calibre 9mm na configuração FMJ, mas pouco o kevlar podia fazer em relação a estilhaços maiores ou disparos de fuzis."

"O RBA oferecia menor proteção contra fragmentação e projeteis de pistola, quando comparado ao PASGT, assim como era mais pesado, e dificultava a movimentação dos militares, o que levou a sua substituição pelo IBA no fim dos anos 90, além do peso menor, o IBA oferecia a vantagem de ser modular através do uso do sistema MOLLE que teve o uso incorporado por volta da mesma época."




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Re: As Lições da Batalha de Mogadíscio (Somália)

#17 Mensagem por LM » Qui Nov 01, 2018 11:50 am

Interessante como uma "curta e limitada" operação em Mogadíscio teve tanta influencia e foi uma lição importante... faço ideia o que as forças envolvidas no Iraque / Afeganistão devem ter evoluído / aprendido nos últimos 15 anos...




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Re: As Lições da Batalha de Mogadíscio (Somália)

#18 Mensagem por FCarvalho » Qui Nov 01, 2018 12:11 pm

Uma análise em paralelo pode ser feita em relação as nossas tropas no Haiti de 2004-2017.
O que era para ser algo pontual e de curta duração acabou virando uma "escola de experimentação" de guerra e doutrina como jamais se poderia ver por aqui.
Daí a suma importância dada hoje pelos militares na participação em missões da ONU mundo afora.
Não só pelo aspecto mais imediato e prático da renovação material, mas sobretudo pelo necessário aprendizado em campo das táticas e doutrinas que temos nos debruçado aqui sobre livros, estudos teóricos e bibliotecas há décadas. E que só podem ser verdadeiramente atestados na prática.
Hoje o EB possui uma visão um pouco mais adequada á realidade da guerra como a vemos por aí na tv. E estamos preparando uma geração de oficiais e praças com uma formação muito mais adequada e qualitativa, tendo em vista as inúmeras operações realizadas nos últimos anos.
De minha parte, se eu fosse MD, RCA, Ucrânia, RDC, Sudão, Sudão do Sul, Líbano, contariam com nossas tropas sem problema nenhum.
Em cada quadro destes, podemos compor forças tarefas adequadas aos nossos interesses e as demandas locais. Enviando não apenas infantaria, mas outras unidades das cinco armas e quadros complementares. Não precisamos, e não devemos, trabalhar as missões da ONU apenas como um monólogo tipo "infantaria e nada mais".
Hoje o EB trabalha, por exemplo, com o conceito de operações logísticas humanitárias. A África é o melhor cenário para testarmos na prática esse conceito, em países como RDC, Sudão e Sudão do Sul. Até mesmo a própria RCA caberia também como tal.
Enfim, temos muitos convites da ONU para estarmos em vários lugares pelo mundo.
Imagino que seria coerente não só aumentar a nossa presença, como a amplitude das unidades que sirvam em tais missões.
Mandar infantaria e deixar o resto do pessoal em casa só olhando pelo facebook não é uma boa ideia.

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Re: As Lições da Batalha de Mogadíscio (Somália)

#19 Mensagem por jambockrs » Sex Nov 02, 2018 9:15 pm

FCarvalho escreveu: Qui Nov 01, 2018 12:11 pm Uma análise em paralelo pode ser feita em relação as nossas tropas no Haiti de 2004-2017.
Meus prezados
Abatendo o inimigo de fuzil antes que mais inocentes morram
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Artigo de Marco Antônio Souza Assombroso*
Segurança pública não é assunto para sociólogos, “especialistas” do complexo PUC-USP, teóricos e amadores em geral. Os números da violência criminosa estão aí e não deixam dúvidas. A alternativa sniper é sem dúvida a melhor solução para neutralizar criminosos fortemente armados dentro do seu território de atuação.
A medida não somente teria um efeito pontual, seletivo, como dissuasório – um sniper treinado tem totais condições de abater um indivíduo à 300, 600, 800 metros. Isso significa um bandido morrer por um disparo que veio de fora do ambiente onde ele vive.
Em poucos dias não veríamos mais cenas de criminosos com fuzis nas comunidades do Rio de Janeiro, com uma consequente redução do campo de atuação, prejudicando drasticamente o domínio do território pelas quadrilhas.
É preciso ressaltar que, tão importante quanto não se improvisar em Segurança Pública, é não abrir mão do emprego do sniper qualificado. Somente um profissional altamente treinado, condicionado e devidamente armado estará capacitado para executar um tiro à longa distância com o mínimo de risco para inocentes.
* Assombroso, codinome famoso por suas façanhas retratadas no livro DoPaz, escrito pela jornalista Tahiane Stochero, que conta como a Tropa de Elite do Exército Brasileiro pacificou a favela mais violenta do Haiti. Marco é sargento R1, tem os mais cobiçados cursos do EB: Comandos & Forças Especiais. Atualmente faz palestras em todo o país e consultorias de segurança, sobrevivência urbana, mar e selva. Foi Caçador de grande precisão, como se chama no Brasil quem atua militarmente como sniper, denominação norteamericana popularizada pelo cinema.

Fonte: Folha 1 via Ghost – site Plano Brasil 2 nov 2018




Um abraço e até mais...
Cláudio Severino da Silva
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Re: As Lições da Batalha de Mogadíscio (Somália)

#20 Mensagem por FCarvalho » Sáb Nov 03, 2018 12:47 pm

Dar um fuzil equipado com luneta e um curso de um mês não transforma ninguém em "atirador de elite".
Só um político zé ruela e populista finge que acredita nisso. Só os idiotas de plantão e puxa saco, claro.

Abs




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Re: As Lições da Batalha de Mogadíscio (Somália)

#21 Mensagem por Ckrauslo » Sáb Nov 03, 2018 1:13 pm

FCarvalho escreveu: Sáb Nov 03, 2018 12:47 pm Dar um fuzil equipado com luneta e um curso de um mês não transforma ninguém em "atirador de elite".
Só um político zé ruela e populista finge que acredita nisso. Só os idiotas de plantão e puxa saco, claro.

Abs
Olha Carvalho, o cara pode não ter o sangue frio de um sniper para fazer todos os calculos dentro de intervalos muito curtos de tempo.
Mas as fórmulas que utilizamos em disparos de distancias mais longas, como Calculo de liderança de alvos, disparos em inclinações diferentes, vento, distância...Não são complicados, e para atingir guris que estão se mostrando no meio da rua, por muitas vezes em pé ou dançando...A distâncias de 500 metros não é complicado
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Re: As Lições da Batalha de Mogadíscio (Somália)

#22 Mensagem por FCarvalho » Sáb Nov 03, 2018 9:46 pm

Talvez não CKrauslo. Mas o cenário do RJ não é exatamente um cenário policial convencional.
Então, se fosse eu, me daria o trabalho de fazer a coisa bem feita. Porque se der merda depois, sabes bem em quem a culpa vai cair né não?

Abs




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Re: As Lições da Batalha de Mogadíscio (Somália)

#23 Mensagem por Zelhos » Dom Nov 04, 2018 12:14 pm

O mundo todo baba na habilidade da polícia do Rio de Janeiro em enfrentar aquele ambiente, cercado de inocentes, com altíssima eficiência e sem baixas. Lembro de um programa do thue tv onde um ex oficial do SAS viajava o mundo para conhecer as forças militares, ele ia para a Rússia, para os EUA, para o Japão, para a China, quando veio para o Brasil, foi para o RJ e ficou literalmente de boca aberta, ele olhava o padrão de vôo dos helicópteros com incredulidade, no final ele foi taxativo em dizer que o BOPE era a melhor unidade que conheceu. "Ah! Mas era o BOPE". O BOPE não é formado por janizaros, eles saíram das linhas da PM, não aprenderam o que sabe dentro do BOPE, pelo contrário, eles entraram no BOPE por já ter um altíssimo nível, além de muitos terem passado pelo BOPE e hoje estarem nas linhas regulares. O cenário do RJ é dos mais quentes do mundo, dali dá para tirar tantas lições como na Somália, Congo, Síria etc... O engajamento ali sempre é a longa distância, tenho plena certeza que os policiais tem plena condição de executar essa missão, mais até que as forças armadas, que obviamente não tem nem de perto a experiência e a bagagem das polícias.





Atualizando:

Não achei o episódio, mas achei essa reportagem da Record sobre o episódio.





Um dia é da caça... o outro do caçador...


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Re: As Lições da Batalha de Mogadíscio (Somália)

#24 Mensagem por FilipeREP » Ter Mar 17, 2020 5:23 pm





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Re: As Lições da Batalha de Mogadíscio (Somália)

#25 Mensagem por jambockrs » Sex Abr 08, 2022 8:35 pm

Meus prezados
A explicação da derrota americana em Mogadíscio

https://www.defesanet.com.br/africa/not ... HAWK-DOWN/




Um abraço e até mais...
Cláudio Severino da Silva
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