EDUCAÇÃO

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J.Ricardo
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Re: EDUCAÇÃO

#871 Mensagem por J.Ricardo » Qui Mai 02, 2019 2:34 pm

Sterrius escreveu: Qua Mai 01, 2019 2:16 pm 2-> Lobby dos grupos educacionais do Brasil que tem grande ligação politica hoje. Como não conseguem com suas unesquinas oferecer educação de qualidade é melhor destruir a educação de qualidade que existe no país. Jogando o nível pra baixo eles se destacam.
A produção acadêmica não se concentra mais nas universidades públicas, tem muita coisa boa sendo produzida em universidades particulares, o que impede elas de se desenvolverem também é a falta de bolsas de estudo para alunos que queiram desenvolver seus projetos.

Não se pode jogar todas as particulares no caldeirão das "caça niqueis", essas existem mas comparando pela minha região, essas são aquelas que se dedicam a produzir... professores do ensino básico! :cry:




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Bourne
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Re: EDUCAÇÃO

#872 Mensagem por Bourne » Qui Mai 02, 2019 4:20 pm

Os problemas nas universidades federais existem aos montes. Uma pequena lista:

:arrow: Falha na carreira de cientista. Que vai da formação básica de mestrado até entrar como professor/pesquisador efetivo. No meio do caminho ganha uma "bolsa" sem vergonha e ouve "se vira". Não tem a figura do estágio de pesquisa institucionalizado que fica x anos em determinado departamento ganhando como empregado e com direitos trabalhistas. Algo comum no resto do mundo.

:arrow: Falta meritocracia na estrutura de cargos, salários e bonificações. Hoje todos são tratados igual. Independente das funções que exerçam e da capacidade demonstrada. Por exemplo, só sobe na carreira por tempo de carreira. Não tem como pular etapas e fazer o concurso para nível seguinte. Sem bonificação por publicação e prêmios que existe em particulares sérias como FGV e Insper e que pagam R$ 100 mil por artigo publicado em revista de impacto internacional

:arrow: CAPES e CNPQ centralizam os recursos de pesquisas, cheio de quotas regionais e critérios obscuros que evitam competição entre departamentos

:arrow: Estruturas de financiamento locais (estados, empresas e associações) são frágeis ou o próprio sistema evita financiem os problemas da universidade local

:arrow: Universidades e departamentos são engessados. As federais tem recebem ordens do MEC e as reitorias cortam as asinhas dos departamentos. Assim, de um lado, cria burocracia que evita elevar eficiência na alocação de recursos e ter maiores resultados. E de outro, faz de tudo para não interagir com setor privado e governos locais

:arrow: falha na cooperação com setor privado e na busca de fontes alternativas de financiamento. Alguns departamentos mais sofisticados tentam burlar com as "Fundações" que as vezes conseguem ou são impedidos pela burocracia do sistema

:arrow: a estrutura muito aquém ou em crise que reflete os problemas de financiamento e como interagem com setor privado. Principalmente em áreas que precisam de infraestrutura como engenharia, agricultura em geral, biologia e saúde.

Alguns desses problemas existem uns 30 anos e vem da reestrutura das universidades na década de 1980. O boom que o Haddad não mexeu nesses problemas. Ao contrário, aprofundou na medida em que aumentou os recursos, incentivos para maior oferta de vagas de graduação e pós-graduação, criação de universidades, departamentos e grupos de pesquisa. Assim tem uma estrutura gigantesca que o governo não tem como consolidar e nem como manter.

Ao mesmo tempo expandiu para os lados a produção que aumentou em quantidade e perdeu qualidade. Porque entre 2008/2014 estava se contratando qualquer um. Não tinha doutor para tanta vaga. Agora o problema é inverso. Se formou um boom de doutores que não encontram vaga nas universidades, setor privado e público. Uma geração perdida e muitos que são muito bons ou melhores do que entraram antes.

O ajuste vai doer. E pode ser hora de começar a discutir os problemas acima. Porque acabou o dinheiro e o governo federal/Brasília não podem concentrar tudo. Talvez, um dos caminhos seja deixar as universidades mais autônomas e regionais, cobrar resultados e não dizer como elas tem agir. Assim fazê-las serem instituições e não órgãos do governo federal.
O populismo e o ataque às universidades
Claudio Ferraz - departamento de economia da PUC-Rio

Versão do nexo jornal

Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/colunista ... versidades

Versão PDF
http://ge.tt/4s14ptv2




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Re: EDUCAÇÃO

#873 Mensagem por felipexion » Qui Mai 02, 2019 11:10 pm

Imagem
das 100 universidades brasileiras que mais publicaram artigos científicos no quinquênio 2014-2018, há 17 privadas. A melhor colocada é a PUC Paraná, em 37º lugar”
Mais de 95% das publicações referem-se às universidades públicas, federais e estaduais. O artigo lista as 20 universidades que mais publicam (5 estaduais e 15 federais), das quais 5 estão na região Sul, 11 na região Sudeste, 2 na região Nordeste e 2 na Centro-Oeste
o Brasil, no periodo de 2011-2016, publicou mais de 250.000 artigos na base de dados Web of Science em todas as áreas do conhecimento, correspondendo à 13a posição na produção científica global (mais de 190 países)”. As áreas de maior impacto, prossegue, “correspondem a agricultura, medicina e saúde, física e ciência espacial, psiquiatria, e odontologia, entre outras"
Mas segundo parte do Fórum, Universidade pública só tem maconheiro e só serve para formar ativista do PT, faculdade particular produz muito, corte de 30% só vai afetar curso de filosofia...

Fontes:
:arrow: http://www.abc.org.br/2019/04/15/univer ... do-brasil/
:arrow: http://ciencianarua.net/universidades-p ... do-brasil/




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Re: EDUCAÇÃO

#874 Mensagem por J.Ricardo » Sex Mai 03, 2019 9:58 am

“correspondem a agricultura, medicina e saúde, física e ciência espacial, psiquiatria, e odontologia, entre outras"
Então, te garanto que nesses cursos (tirando psiquiatria) você não vai achar ninguém pelado, fumando maconha e gritando Lula Livre! :lol: :lol:




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Re: EDUCAÇÃO

#875 Mensagem por J.Ricardo » Sex Mai 03, 2019 5:24 pm

Dá série vamos acabar com as "humanas" nas federais:

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Re: EDUCAÇÃO

#876 Mensagem por knigh7 » Sex Mai 03, 2019 10:49 pm

felipexion escreveu: Qui Mai 02, 2019 11:10 pm
das 100 universidades brasileiras que mais publicaram artigos científicos no quinquênio 2014-2018, há 17 privadas. A melhor colocada é a PUC Paraná, em 37º lugar”
Mais de 95% das publicações referem-se às universidades públicas, federais e estaduais. O artigo lista as 20 universidades que mais publicam (5 estaduais e 15 federais), das quais 5 estão na região Sul, 11 na região Sudeste, 2 na região Nordeste e 2 na Centro-Oeste
o Brasil, no periodo de 2011-2016, publicou mais de 250.000 artigos na base de dados Web of Science em todas as áreas do conhecimento, correspondendo à 13a posição na produção científica global (mais de 190 países)”. As áreas de maior impacto, prossegue, “correspondem a agricultura, medicina e saúde, física e ciência espacial, psiquiatria, e odontologia, entre outras"
vc está comparando 2 coisas ruins: a universidade publica com a privada no Brasil. Mas cada estudante de universidade pública custa R$3 mil por mês...

Mas segundo parte do Fórum, Universidade pública só tem maconheiro e só serve para formar ativista do PT, faculdade particular produz muito, corte de 30% só vai afetar curso de filosofia...

Fontes:
:arrow: http://www.abc.org.br/2019/04/15/univer ... do-brasil/
:arrow: http://ciencianarua.net/universidades-p ... do-brasil/
Está cheio de trabalho acadêmico brasileiro ridículo ou ruins, na web. E pior: escolhem os menos ruins para publicar... quantidade não significa nada.




Editado pela última vez por knigh7 em Sáb Mai 04, 2019 5:13 am, em um total de 1 vez.
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Re: EDUCAÇÃO

#877 Mensagem por knigh7 » Sáb Mai 04, 2019 4:02 am

Deu no portal do Estadao de hoje:

O educador Mozart Neves Ramos, diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, foi chamado a Brasília pelo novo ministro Abraham Weintrub há uma semana e será consultor técnico do MEC.
https://br18.com.br/mec-nao-pode-ter-ag ... confronto/




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Re: EDUCAÇÃO

#878 Mensagem por Sterrius » Sáb Mai 04, 2019 1:36 pm

Analise da ciencia brasileira 2011-2016. Quantidade quando tem melhorado a qualidade tb significa mto.

https://portal.if.usp.br/ifusp/pt-br/no ... -2011-2016

Qualidade dos papeis cientificos brasileiros tiveram crescimento de 15%
Imagem


Abaixo a qualidade e a quantidade. Citation impact acima de 1 é superior a média mundial.

Imagem



Como Bourne já falou. Problemas existem aos montes. Mas cortar 30% do orçamento não vai resolve-los porque o problema é administrativo e em áreas que o MEC não vai/quer mecher. Como dar +autonomia e garantia orçamentaria as universidades pra elas se programarem melhor, poderem ditar orçamento dos seus professores, poderem contratar/demitir como quiserem, ter controle de qualidade pra poder analisar que universidades precisarão ou não de intervenção caso caiam d+ em qualidade (E modular baseado na media nacional) . MEtas com bônus pras que superarem as expectativas e por ae vai.




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Re: EDUCAÇÃO

#879 Mensagem por gabriel219 » Sáb Mai 04, 2019 1:45 pm

felipexion escreveu: Qui Mai 02, 2019 11:10 pm Imagem
das 100 universidades brasileiras que mais publicaram artigos científicos no quinquênio 2014-2018, há 17 privadas. A melhor colocada é a PUC Paraná, em 37º lugar”
Mais de 95% das publicações referem-se às universidades públicas, federais e estaduais. O artigo lista as 20 universidades que mais publicam (5 estaduais e 15 federais), das quais 5 estão na região Sul, 11 na região Sudeste, 2 na região Nordeste e 2 na Centro-Oeste
o Brasil, no periodo de 2011-2016, publicou mais de 250.000 artigos na base de dados Web of Science em todas as áreas do conhecimento, correspondendo à 13a posição na produção científica global (mais de 190 países)”. As áreas de maior impacto, prossegue, “correspondem a agricultura, medicina e saúde, física e ciência espacial, psiquiatria, e odontologia, entre outras"
Mas segundo parte do Fórum, Universidade pública só tem maconheiro e só serve para formar ativista do PT, faculdade particular produz muito, corte de 30% só vai afetar curso de filosofia...

Fontes:
:arrow: http://www.abc.org.br/2019/04/15/univer ... do-brasil/
:arrow: http://ciencianarua.net/universidades-p ... do-brasil/
Há um gravíssimo problema nos dados que você colocou, pois uma pequena fração desses artigos publicados são de Ciências Sociais. A grande maioria dos artigos publicados no Brasil estão nas áreas de Ciências Biológicas, Exatas e Agricultura, salvo engano a mais relevante em termos de artigos publicados / pelo número de artigos com citações relevantes é o que Engenharia Química.

Pequena parte desses recursos vão para essas áreas, a grande maioria depende de poucas bolsas governamentais ou até investimento externo privado, isso ocorre muito com pesquisas de Engenharia Química. Eu mesmo TENTEI trabalhar com pesquisa sobre Eletro-magnetismo, Nanotubos de Carbono (produção de variados modelos) e Fusão Nuclear, inclusive já publiquei aqui mesmo um resumo dos estudos que fiz sobre Nanotubos de Carbono, numa resposta para o Túlio. Não consegui NENHUM fundo da Universidade, quando fundo pra um monte de merda tinha, como Oficina de Suruba e uma peça lá que uns enfiavam o dedo no rabo dos outros e chamavam de arte.

Sempre usei este como referência: https://www.scimagojr.com/countryrank.p ... d&ord=desc

Pegar dados em que estão no meio Ciências Exatas e Biológicas me parece desonestidade intelectual.

Produzir pesquisa não significa qualidade, o que mais existe é pesquisa/artigos mais bostas por ai. Aqui na UFPE é famoso o caso da tese de Mestrado sobre "botar cu do avesso e transar com isso". Há dezenas de "artigos" sobre dinâmica de "surubas", "costurar vaginas em ato de resistência"...

É a mesma coisa que estimar o quão bem atira um Militar pelo número de tiros que ele deu no ano, não pelo número de acertos ou MOA que ele fez. O que precisa é analisar a relevância de cada artigo específico e citações em meios importantes, além do que o artigo em si trás de benefício. Estudar "cu" alheio e relações de "surubas" não me parece algo a ser considerado relevante.

52% dos recursos do MEC são investidos em Universidades, onde somente 10% dos alunos do Ensino Público estão nas universidades. A maior parte dos recursos, principalmente pra artigos - e o que vou dizer é importante: há sempre esquema de professores e alunos que ficam produzindo pesquisas inúteis e pegando dinheiro pra causa própria, sem utilizar na pesquisa, na minha era o que mais tinha -, vai para Ciências Sociais, que na sua maioria só produz lixo.

Se é pra produzir lixo, que faça com seu próprio dinheiro. Tem que investir em Ensino de Base, da Alfabetização até o Ensino Médio. Não é possível que vocês olhem a merda que está o Ensino base e achem normal investir em Universidade sem que alunos do Ensino Médio saibam fazer uma regra de 3 simples, mal conseguem interpretar textos!




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Re: EDUCAÇÃO

#880 Mensagem por EduClau » Sáb Mai 04, 2019 6:51 pm

gabriel219 escreveu: Sáb Mai 04, 2019 1:45 pm ...
Produzir pesquisa não significa qualidade, o que mais existe é pesquisa/artigos mais bostas por ai. Aqui na UFPE é famoso o caso da tese de Mestrado sobre "botar cu do avesso e transar com isso". Há dezenas de "artigos" sobre dinâmica de "surubas", "costurar vaginas em ato de resistência"...
...
http://www.scielo.br/pdf/psoc/v27n3/180 ... -00579.pdf

sds




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Re: EDUCAÇÃO

#881 Mensagem por Bourne » Sáb Mai 04, 2019 9:49 pm

Esse tipo de trabalho serve como base para (i) desenho de política de saúde, (ii) política de segurança pública e (iii) educação e seguridade social. Aliás, esse tipo de trabalho é estatística aplicada e usado ao redor do mundo. Aliás, eles são extremamente baratos em comparação com pesquisas sobre genética.

Vamos deixar essas picuinhas e focar em números.

http://ciencianarua.net/wp-content/uploads/2019/04/tabela-pesquisa.jpg
UNIVERSIDADES PÚBLICAS RESPONDEM POR MAIS DE 95% DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA DO BRASIL

Leia o excelente artigo de Mariluce Moura, publicado em 11 de abril no Ciência na Rua, sobre quem produz ciência de fato no Brasil.

Quem minimamente acompanha a questão da produção científica no Brasil e do financiamento da pesquisa em ciência, tecnologia e inovação sabe que, ao lado da meta tão longamente sonhada da aplicação de 2% do PIB no setor, um bom equilíbrio entre investimentos públicos e privados nessas atividades constitui o segundo grande objeto de desejo de boa parte dos estrategistas e gestores da área – além, é claro, da parcela da comunidade científica nacional bem antenada às políticas de CT&I.
Spoiler!
Isso se apresentou desde a redemocratização do país, na segunda metade dos anos 1980. O espelho em que todos miravam era obviamente o das nações mais desenvolvidas. O pensamento que então se espraiava, muito distante de recentíssimas tentações obscurantistas, era o de que o desenvolvimento científico e tecnológico constituía condição sine qua para um verdadeiro desenvolvimento socioeconômico e para a implantação de uma sociedade mais justa.

Na época, o Brasil andava ali pela casa de pouco mais de 0,7% do PIB em investimentos totais em ciência e tecnologia e a participação do setor privado, quer dizer, de empresas, ressalte-se, nesse bolo, mal ultrapassava a marca de 20%. De lá para cá, o país fez uma reviravolta nesses números, avançou muito, e pode-se mesmo dizer que cresceu espetacularmente, quando a métrica é o volume de artigos científicos indexados em bases de dados internacionais, um indicador mundialmente consagrado. Essa produção científica praticamente dobrou do começo para o fim da primeira década do século XXI. E continuou sua ascensão consistente (dados disponíveis até 2016).

A expansão notável, fruto de algumas políticas muito bem estruturadas que estão a merecer outros comentários no Ciência na rua, foi baseada na capacidade de produzir ciência das universidades públicas brasileiras, com a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ou seja, duas grandes universidades estaduais paulistas, mais algumas grandes universidades federais, como a do Rio de Janeiro (UFRJ), a de Minas Gerais (UFMG) e a do Rio Grande do Sul (UFRGS), na liderança desse processo. Mais de 95% dessa produção científica do Brasil nas bases internacionais deve-se, assim, à capacidade de pesquisa de suas universidades públicas.

Daí o espanto que causou a seguinte afirmação do presidente da República durante entrevista à rádio Jovem Pan, na noite da segunda-feira, 8 de abril:

“(…) e nas universidades, você vai na questão da pesquisa, você não tem, poucas universidades têm pesquisa, e, dessas poucas, a grande parte tá na iniciativa privada, como a Mackenzie em São Paulo, quando trata do grafeno”.



A resposta da Academia Brasileira de Ciências

A primeira e tranquila reação do presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, físico, professor da UFRJ, pesquisador dos mais respeitados por seus brilhantes trabalhos em emaranhamento quântico, foi observar que “é importante fornecer ao Presidente da República a informação correta sobre as universidades brasileiras, coletadas por órgãos internacionais”

Relata em seguida que, “de acordo com recente publicação feita por Clarivate Analytics a pedido da CAPES, o Brasil, no periodo de 2011-2016, publicou mais de 250.000 artigos na base de dados Web of Science em todas as áreas do conhecimento, correspondendo à 13a posição na produção científica global (mais de 190 países)”. As áreas de maior impacto, prossegue, “correspondem a agricultura, medicina e saúde, física e ciência espacial, psiquiatria, e odontologia, entre outras”.

Davidovich ressalta que “todos os estados brasileiros estão representados” nessa produção, “o que mostra uma evolução em relação a períodos anteriores e o papel preponderante desempenhado pelas universidades públicas que estão presentes em todos os estados”.

Outro ponto fundamental de sua fala: “Mais de 95% das publicações referem-se às universidades públicas, federais e estaduais. O artigo lista as 20 universidades que mais publicam (5 estaduais e 15 federais), das quais 5 estão na região Sul, 11 na região Sudeste, 2 na região Nordeste e 2 na Centro-Oeste”.

Essas publicações, destaca o presidente da ABC, “estão associadas a pesquisas que beneficiam a população brasileira e contribuem para a riqueza nacional. Graças a essas pesquisas, o petróleo do pré-sal representa atualmente mais de 50% do petróleo produzido no país, a agricultura brasileira sofisticou-se e aumentou sua produtividade, epidemias, como a do vírus da zika, são enfrentadas por grupos científicos de grande qualidade, novos fármacos são produzidos, alternativas energéticas são propostas, novos materiais são desenvolvidos e empresas brasileiras obtêm protagonismo internacional em diversas áreas de alto conteúdo tecnológico, como cosméticos, compressores e equipamentos elétricos”.

A realidade que os dados mostram

Coordenador do projeto Métricas, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o professor Jacques Marcovich, ex-reitor da USP (1997-2001), enviou a pedido do Ciência na rua duas tabelas também muito reveladoras da produção científica das universidades brasileiras. A primeira, baseada no Leiden Ranking, “mostra que das 20 universidades que mais publicam no Brasil, não há nenhuma privada”, ele comentou.
A segunda, modificada do capítulo de autoria de Solange Santos na obra coletiva Repensar a Universidade (Repensar a universidade: desempenho acadêmico e comparações internacionais, organizado por Jacques Marcovitch, 256 pp, São Paulo, ComArte, 2018, disponível para download), mostra resultados de todas as universidades no Brasil em rankings internacionais e, ele observa, “aparecem apenas as PUCs em termos de privadas, e em posições relativamente baixas”.

Uma terceira tabela, mais extensa e bastante atualizada, foi obtida pelo diretor científico da Fapesp, professor Carlos Henrique de Brito Cruz, a partir da base de dados Incites. O que ele observa é que, “das 100 universidades brasileiras que mais publicaram artigos científicos no quinquênio 2014-2018, há 17 privadas. A melhor colocada é a PUC Paraná, em 37º lugar”.

http://www.abc.org.br/2019/04/15/univer ... do-brasil/

Ocorreu uma transformação no perfil das universidades brasileiras nos últimos 30 anos. Começou com FHC que reestruturou carreiras e mandou um monte de pesquisadores para exterior. Lula que colocou dinheiro para funcionar e começou a expansão. Dona Dilma em que ocorreu o boom. As principais mudanças:

:arrow: Melhora da qualidade do quadro de professores e pesquisadores

Em várias áreas teve gente que foi mandada para fazer doutorado e pós-doutorado no exterior. Assim, de um lado, entendeu como funciona um departamento de ponta e criou laços de cooperação. De outro, ficou seduzido em trazer o modelo administrativo e incorporar o foco de "objetivo, pesquisa e publicação" em que tem que cooperar com o mundo e escrever em inglês.

Outro ponto é que esse pessoal que fez doutorado na década de 1990 e 2000, começou a ocupar cargos relevantes nos departamentos e programas de graduação e pós-graduação. Porque os velhinhos gagas se aposentaram ou perderam força e na medida em que aumentaram a quantidade relativa dos novinhos.

O resultado é que as decisões dos colegiados, das universidades e associações começam a mudar. Os comunistas, velhinhos gagas e picaretas dominavam eleições nos sindicatos, setoriais, departamentos e universidades. Na fim da década de 2000 teve o boom de plataformas oposicionistas baseadas nas ideias desses novinhos. E estão ganhando tudo. Assim, o tipo de revindicação, demanda por recursos, discussão sobre reforma administrativa e de funcionamento mudaram o foco da política ideológica para cumprir melhor os objetivos.

Por exemplo, a ANDES (associação de professores federais) era dominado por comunistas e velhinhos do PSOL, mandavam soltar e prender. Porém fazem anos que nem barulho fazem. No lugar ganhou força a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) que vai negociar direto com o executivo para fazer lobby por recursos e desenho de reformas.

Aliás, um modelo considerado ideal por esse pessoal mais moderninho é tipo UFABC que se inspira no modelo do MIT. Em que é altamente flexível, forte formação básica e liberdade de escolha do aluno, mas também muito integrado com setor privado e industria. Só possível devido ter começado do zero.

:arrow: Aumentou a competição

Porque se tem muito mais doutores e mestres em todas as áreas. Pela quantidade tende a ter maior qualidade e competição. Atualmente o Brasil nunca teve tantos doutores bons desempregados, desesperados por uma vaga ou para ir para exterior.

Hoje não dá mas para contratar "o meu truta". Porque compromete a nota da graduação e pós-graduação, pega má fama entre os pares e dificulta o acesso ao dinheiro nacional e internacional. Pode acontecer, mas é cada vez menos frequente. O resultado é que aumentou a qualidade média dos contratados.

Por exemplo, a área acadêmica de economia atual nasceu na década de 1980 e 1990 com o pessoal que foi fazer doutorado no exterior (Cambridge, MIT, LSE, UCLA, Oxford, etc...). Desse pessoal que formaram as gerações seguintes ou abriram caminho para outros fazerem doutorado e estágio pós-doutoral no exterior. Uma forma de pensar economia que se espalhou pela academia de economia que é a mesma do resto do mundo e se tornou dominante. Hoje tem até marxista que estudou nos EUA. :mrgreen:

:arrow: Teve alguma lógica na expansão comandada pelo Haddad

A lógica de atribuir focos em tipos de instituições diferentes: universidades públicas voltadas para pesquisa e formação de novos pesquisadores; institutos federais para formação de profissionais técnicos, ensino superior e especializações com foco bem específico; universidades privadas formação de graduandos em áreas com maior demanda como pedagogia e engenharias.

O problema é que incentivou as universidades terem planos de expansão e aceitarem mais alunos sem garantias de recursos, institutos federais não foram consolidados e as instituições privadas viraram caça niqueis.

:arrow: maior relação com setor privado, público e internacional

Sim, senhores. A ideia de universidade fechada formada por marajas é coisa da década de 1980. Isso acabou. As pesquisas respondem as demandas do setor privado e público. Apesar de toda a burocracia e má vontade do sistema que foi herdado do passado e foi pouco alterado.

Por exemplo, a UFPR que é forte em genética, biológicas e medicina. A UFSC em engenharias em geral financiado em boa parte pela industria catarinense diretamente ou por lobby. Além de tantas outras. Assim como a escola de agricultura da USP é apoiado pelo agronegócio. A Universidade estadual de maringá (UEM) está no top porque é estadual, situada em região rica norte do paraná e muito flexível.
Após corte de verbas, alunos criam página para compartilhar ‘balbúrdia’ na UFPR

https://paranaportal.uol.com.br/cidades ... a-na-ufpr/
----------------------
Depois de todo esse textão para dizer "ACABOU O DINHEIRO!!!! SIMPLES ASSIM. REFORMA A ESTRUTURA DE ESTADO OU VAI ACABAR COMO A ARGENTINA".

A hipótese de fechar as portas das universidades, institutos e colégios federais não é ameaça. É constatação que não tem como pagar luz e água. No ensino básico e médio não é tão diferente. Sorte que estados e cidades ricas podem tentar dar um jeito.




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Re: EDUCAÇÃO

#882 Mensagem por felipexion » Dom Mai 05, 2019 6:32 am

Ao J.Ricardo: Você que se engana. Mês passado eu estive em dois eventos de medicina que estavam falando sobre o excesso de uso de drogas pelos estudantes da saúde. E psiquiatria não é curso. Ela é área de especialização.

Ao Knight7: TCC, dissertação e tese não contam como produção científica. Ali apenas estão descritos revistas com peer review (respondendo a sua mensagem original). Quantidade não é qualidade e justamente por isso nesta pesquisa foram incluídos os fatores de impacto.

Ao gabriel219:
- Se seus projetos não passaram foi por falta de competência/experiência sua e de seu orientador dentro de sua área ou inadequação no editais. Falo isso porque editais de financiamento são realizados atrave´s de concorrência entre os seus pares. Não culpe curso de filosofia ou oficina de suruba. Apenas os editais universais (Como os do CNPq) que são ampla concorrência e concorrem todas as áreas. E quem vence é STEM ou ambiental.
- Pegar esse dados não é desonestidade intelectual. Esses dados estão presente porque nestas áreas são os maiores fatores de impacto. Não adianta publicar 50 artigos numa revista com fator de impacto abaixo de 1 (como é a maioria das de humanas) sendo que um única artigo na NEJM vai superar ele.
- Quando você fala "O que precisa é analisar a relevância de cada artigo específico e citações em meios importantes, além do que o artigo em si trás de benefício" é justamente isso o fator de impacto. Parece que você não sabe do que está falando. Sugiro dar uma olhada no diamscience (http://diamscience.org/collections/show_collections) para não ficar falando besteira.
- Peço que também dê uma lida nos editais dos últimos cinco anos do CNPq, CAPES e FINEP. Veja os valores dos editais das diferentes áreas e compare. A maioria vai para a STEM justamente pelo alto custo destas áreas. Edital de ciências sociais são sempre com valores irrisórios. Mal daria para tocar uma pesquisa (para você ter uma ideia, meu doutorado está custando um pouco mais de 250 mil. Podendo chegar a 350 mil). Repetir ad nauseam que a maioria dos recursos vai para ciências sociais não vai tornar isso verdade.

Cortar 30% da verba da educação não vão acabar com a balbúrdia. Deve-se cortar gradativamente as vagas destes cursos (quem faz isso é o MEC) e realocar os professores a outros departamentos. Caso eles não cumpram a carga horária (o que é muito plausível), que sejam exonerados. É o mesmo processo de um curso de uma particular que tira notas ruins no ENADE.




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Bourne
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Re: EDUCAÇÃO

#883 Mensagem por Bourne » Seg Mai 06, 2019 4:00 am

Só acho engraçado a forma como foi anunciado o corte de 30% nas universidades que fazem "balburdia". Em seguida, cortam 30% de todas que inviabiliza que fiquem abertas até o fim do ano. Assim, de um lado gera muito barulho dos acadêmicos e lobbies pesados. De outro, tiram atenção de terem cortado 30% da educação básica e fundamental que é muito mais agressiva.
MEC contraria discurso e tira verba da educação básica, além de faculdades
O presidente Jair Bolsonaro havia dito que dinheiro economizado com as universidades seria gasto no ensino básico, mas 2,4 milhões de reais foram bloqueados

O Ministério da Educação (MEC) congelou mais recursos da educação básica do que das universidades federais. Apesar do discurso do governo federal de dar prioridade à base do ensino público, ao menos R$ 2,4 bilhões que estavam previstos para investimentos em programas da educação infantil ao ensino médio foram bloqueados. As universidades federais estão sem R$ 2,2 bilhões.

O contingenciamento vai na contramão do que defende o presidente Jair Bolsonaro (PSL) desde a campanha eleitoral: o aumento de investimento para a educação básica em detrimento do ensino superior. Anteontem, o presidente, em entrevista ao SBT, reafirmou a prioridade de seu governo: “A gente não vai cortar recurso por cortar. A ideia é pegar e investir na educação básica”. Dois dias antes, o ministro Abraham Weintraub publicou um vídeo no Twitter também defendendo a mudança de prioridades. “Para cada aluno de graduação que eu coloco na faculdade eu poderia trazer mais dez crianças para uma creche.”

Levantamento feito a pedido do jornal O Estado de S. Paulo pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (Andifes), com dados públicos do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento do Ministério da Economia, mostra que os bloqueios na pasta não pouparam nenhuma das etapas da educação. O MEC bloqueou, por exemplo, R$ 146 milhões, dos R$ 265 milhões previstos inicialmente, para construção ou obra em unidades do ensino básico. O valor poderia, por exemplo, ser destinado aos municípios para construírem creches.

Foram retidos recursos até mesmo para modalidades defendidas pelo presidente e pela equipe que comanda o ministério, como o ensino técnico e a educação a distância. Todo o recurso previsto para o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec), R$ 100,45 milhões, está bloqueado. O Mediotec, ação para que alunos façam ao mesmo tempo o ensino médio e técnico, tem retidos R$ 144 milhões dos R$ 148 milhões previstos inicialmente.

Foram bloqueados ainda recursos para a compra de mobiliário e equipamentos para as escolas, capacitação de servidores, educação de jovens e adultos (EJA) e ensino em período integral. Também houve pequena contenção em programas importantes de permanência das crianças de baixa renda nas escolas, como merenda (corte de R$ 150,7 mil) e transporte escolar (R$ 19,7 milhões).

Mônica Gardelli, superintendente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação e Cultura (Cenpec), diz que a “fragmentação” criada pelo ministro entre o ensino básico e superior é ruim para a educação pública.

“Nossa maior defesa é por mais recursos para a educação básica, mas não queremos que sejam retirados das universidades. A educação tem de ser pensada de maneira integrada. Para onde vai esse menino do ensino médio de hoje, se não houver universidade nos próximos anos? Ou onde vamos encontrar bons professores sem o investimento nas graduações?”

https://exame.abril.com.br/brasil/mec-c ... aculdades/
Vai piorar porque a economia caminha para recessão, os gastos continuam crescendo e não tem dinheiro. A esperança é que a economia voltasse crescer e elevasse arrecadação.

Além disso, o FUNDEB vence em 2020 e precisa ser substituído. O Fundeb é o fundão para financiar ensino básico e fundamental nos municípios e estados mais pobres. Até agora o governo não se pronunciou e parece que não tem plano. Alguns deputados como Tabata Amaral estão lembrando que precisa discutir o novo plano. Não adianta renovar o Fundeb. Porque precisa avaliar os resultados, se os objetivos foram atingidos e quais as falhas. Em seguida, propor novo plano com novos objetivos e o planejamento necessário, aprimorar metodologia de avaliação e controle, estabelecer a estratégia de financiamento e critério de distribuição de recursos.




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Re: EDUCAÇÃO

#884 Mensagem por gabriel219 » Seg Mai 06, 2019 10:01 am

Me abstenho em responder um cara que foi em dois congresso de Medicina e diz que o resto ta uma maravilha, ai diz que meu projeto, sem nunca ter visto, "sem dúvidas" não tinha propriedade o suficiente. Com certeza Economia de Cu e Sexo com Cu prolapxado (sem nem se é assim que se escreve) eram dois Artigos muito mais benéficos que o meu, quem ai não tem curiosidade sobre transar com cu do avesso?

Acho que inscrições aqui no DB deveria ser mediante a exame toxicológico ou de sanidade mental.
Felipe, você é o verdadeiro símbolo da Falência Educacional do Ensino Público Brasileiro - faço questão de que todas as iniciais estejam em maiúscula -, pois por quatro vezes você continua usando dados de Ciências da Natureza, Exatas, Agronomia e outras coisas quando o debate é sobre CIÊNCIAS SOCIAIS, ainda tem a coragem de falar sobre uma proposta de artigo vinda de mim sem nunca ter visto na vida.

Acho que talvez nem seja erro grave de interpretação, mas algum desvio da realidade. Diz ai agora "nossa, vi uma pesquisa sobre Engenharia Química e achei muito bom, por isso que é sem sentido cortar verba de Ciências Sociais".

Você é um Gênio, símbolo da Pátria Educadora, magnífico!




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Re: EDUCAÇÃO

#885 Mensagem por Bourne » Qua Mai 08, 2019 2:38 pm

A universidade é pesquisa. E pesquisa virou profissional e processo de linha de montagem que obedece a lógica de demanda, financiamento, processo e resultados. As universidades brasileiras caminham para essa estrutura. Aina que falte a reformulação institucional e a reforma das carreiras. A Unicamp é uma das mais avançadas e abertas para esse modelo e tem o dinheiro da FAPESP e parcerias com setor privado.

Existe a fantasia da "liberdade de pesquisa" do pesquisador/docente. Isso é uma meia verdade. Se de um lado pode escolher qualquer tema. De outro precisa de financiamento, equipe e estrutura. Ou seja, na prática acaba escolhendo tema e área mais próximo ao programa que faz parte. Ou, no mínimo, faz nome e se consagra para implementar sua agenda de pesquisa.
Unicamp bate recorde de patentes concedidas pelo INPI

A Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, encerrou 2018 batendo seu recorde de patentes concedidas pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). No total foram concedidas 71 patentes a universidade.

Entre as patentes concedidas , está um processo para criação de um sensor biodegradável que detecta rapidamente alimentos impróprios para o consumo. A novidade foi desenvolvida na Faculdade de Engenharia Química. Outra patente concedida está no campo da difusão sonora. Trata-se de um conhecimento geométrico que pode ser usado na arquitetura e construção civil, oferecendo conforto ambiental com controle de ruídos.
A estrutura proposta também permite a difusão sonora, desejada em ambientes de escuta técnica e de prática musical.

Os dados foram revelados no no recém divulgado Relatório de Atividades 2018 da Agência de Inovação.

O diretor-executivo da Agência de Inovação Inova Unicamp, Newton Frateschi, atribui o recorde ao fato da Agencia identificar e encaminhar ao IMPI o que realmente pode ser protegido.

No ano passado a Agencia registrou 113 comunicações de invenções, deste total 72 pedidos de patentes foram depositados no INPI e 71 patentes concedidas.

https://www.portalcbncampinas.com.br/20 ... ExW2v19YdA
Enquanto isso, na Alemanha anunciaram o programão de investimento em universidades e centros de pesquisa. Na Alemanha a universidade é pública e é encarada como política de estado. Em parte, serviu de inspiração para o sistema universitário brasileiro. Porém observem duas grandes diferenças para Brasil.

Primeira, os institutos de pesquisa tem um peso elevado. Isto é, boa parte da carreira de cientista e pesquisadores de ponta estão nos institutos de pesquisa e não nas universidades. Assim não faz sentido comparar diretamente os dados de docentes/alunos das universidades alemãs e brasileiras como vi alguns fazendo por ai. Já que no Brasil as universidades concentram quase tudo e os institutos de pesquisa são marginais.

Segunda, investimento vem do governo federal e dos governos locais. O que significa forte relação das universidades e centros de pesquisas com as demandas regionais e cooperação com a comunidade local.
Alemanha anuncia 160 bilhões de euros para universidades e pesquisa
Valor significa aumento médio anual de 2 bilhões de euros nos investimentos em ensino superior e centros de pesquisa durante o período de 2021 a 2030. "Estamos garantindo a prosperidade de nosso país", diz ministra.

Universidades e centros de pesquisas da Alemanha terão mais dinheiro a partir de 2021, anunciou a ministra alemã da Educação, Anja Karliczek.

Na sexta-feira (03/05), ela anunciou que o governo federal e os estados investirão 160 bilhões de euros no ensino superior e na pesquisa científica entre 2021 e 2030. Em média, esse valor representa 2 bilhões de euros a mais por ano, na comparação com 2019.

"Com isso estaremos garantindo a prosperidade de nosso país no longo prazo", afirmou Karliczek em Berlim, ao encerrar meses de debates entre o governo federal e os estados para definir o plano de investimentos no ensino superior da próxima década.

Ministra alemã da Educação, Anja Karliczek
"Com isso estaremos garantindo a prosperidade de nosso país no longo prazo", afirmou ministra Karliczek

O valor se divide em 41,5 bilhões de euros para a melhoria do ensino superior, em especial por meio de contratos de trabalho por prazo indeterminado para professores, e 120 bilhões de euros para centros de pesquisa não universitários, como o Instituto Max Planck e a Associação Fraunhofer.

Em 2021, o governo federal e os estados vão transferir 3,8 bilhões de euros às universidade e demais escolas de ensino superior, divididos em partes iguais (metade do governo, metade dos estados). Em 2024, o valor chegará a 4,1 bilhões.

A distribuição dos recursos leva em conta o número de calouros e o de egressos e principalmente se a maior parte dos estudantes conclui os seus cursos no prazo previsto.

As universidades ainda poderão pleitear recursos para projetos especiais – este orçamento, porém, é limitado a 150 milhões de euros.

A coordenadora dos debates, Eva Quante-Brandt, que representou a cidade-Estado de Bremen, se declarou satisfeita com o resultado e disse que os recursos vão permitir aos estados manter a oferta de vagas e ainda melhorar a qualidade do ensino superior.

O presidente da associação de reitores, Peter-André Alt, se mostrou aliviado com o acordo e disse que todos os envolvidos assumiram sua responsabilidade.

O Partido Verde, de oposição, elogiou o compromisso e disse que um fracasso das negociações entre o governo e os estados teria posto em risco a pesquisa e a inovação na Alemanha e a imagem internacional do país no ensino superior.

https://www.dw.com/pt-br/alemanha-anunc ... a-48660653




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