gabriel219 escreveu: ↑Ter Abr 23, 2019 1:33 pm
Então, não é o que eu realmente queria Flávio, mas é o que temos. Infelizmente chegamos a um pouco que não há escolha se não adquirir de segunda mão.
Por melhor custo x benefício que o K1A2 seja e que concordo, a oferta dos M1A1 é boa demais pra deixar passar, por mais beberrão que ele seja. São US$ 1,8 milhões por M1A1 modernizado x US$ 4,5 milhões por K1A2, levando-se em conta que o M1A1SA é melhor protegido que o K1A2, além do M1A1 ter uma mobilidade um pouco melhor devido ao torque proporcionado pelas Turbinas, que fazem o M1A1 ser um MBT bastante rápido.
E duvido muito que envolver empresas nacionais no K1A2 manteria o custo, muito pelo contrário, pois teríamos que pagar adaptações no blindado Coreano e ainda depois lançar um protótipo para ver se tudo está ok nele e pode mandar fazer produção seriada de uma versão Brasileira. Isso demanda tempo e dinheiro, certamente o K1A2 passaria dos US$ 5 milhões. É melhor vim do jeito que está, no máximo colocando umas telas e rádios nacionais.
Nessa a END tem que ser esquecida, somente lembrada quando for desenvolver seu substituto. Não há saída pra isso, infelizmente.
Olá Gabriel,
Quando olho o K1A2, penso que a principal preocupação do EB em relação a ele, como a qualquer outro CC que venha um dia a ser adotado, é o suporte pós-venda e a logística de apoio e manutenção.
Por quê? Porque não basta só ter dinheiro para comprar CC. A parte mais cara dessa operação não é a compra em si, mas o que vem a posterior, quer seja, a montagem de toda uma infraestrutura de apoio e fomento a própria cav blda e a industria local a fim de manter os carros operando dentro de uma diagonal descendente de vida útil dos mesmos. Afora isso, você tem que formar, treinar e manter adestrados as tripulações e as equipes de manutenção, além de investir obrigatoriamente em suporte de treinamento e espaços adequados para treinamento em campo. Tudo na atual estrutura terá de ser revisto e adaptado a um novo CC quando ele chegar.
Pequenos detalhes que muitas vezes passam despercebidos aqui tem de ser observados e lavados em conta na hora de definir o CC mais adequado, como a quantidade e a adequação de pranchas e cavalos mecânicos, a questão do transporte e deslocamento, as vias de acesso e circulares da área de operação, a quantidade e tipos de munição, estoques de partes e peças do conjunto eletro-optrônico e mecânico, fardamento adequado a operação das tripulações, novos capacetes, etc, etc...
E tudo isso levando em consideração a possibilidade de ser oferecido, e sustentado, aqui mesmo no Brasil, sem a necessidade de importação exterior, ou com este fator se relacionando o mínimo possível com as principais partes e peças do CC.
Enfim, tudo isso e muito mais terá de ser analisado e revisto quando do lançamento do ROB e/ou RFI para uma futura família VBTP-SL e do CC. Esse processo gasta muito tempo, a fim de que nenhum detalhe seja esquecido ou colocado fora de contexto. Nos próximos cinco anos eu acho que o EB vai estar debruçado exatamente sobre esses detalhes. E quando tudo estiver satisfatório, abre-se uma concorrência, e aí vemos quem oferece a melhor solução custo x benefício dentro dos limites econômicos impostos pela nossa paupérrima realidade em defesa.
Este ROB pode ser para duas coisas diferentes, ou pode, como sugeres, intuir o desenvolvimento de vários modelos aproveitando-se uma plataforma em comum que possa ser adaptadas as diferentes versões que se proponha dispor. Talvez isso seja a solução não apenas possível, mas, diria cabível para nós. Até porque o CFN também vai precisar substituir os SK e M113 uma hora dessas, do mesmo jeito que os Piranha III não vão durar lá para sempre, e uma VBTP-SR 8x8 Guarani seria a alternativa natural...
Muitas coisas do que você apõe aqui neste tópico sobre o que poderíamos colocar em um eventual CC substituto dos Leo 1A5, tenho cá para mim, estão sendo pensadas e refletidas em termos mais teórico, técnicos e acadêmicos, e sendo profundados no CIBld, no EME, e em outras escolas de formação do exército. Eles só não revelam em que nível estão as discussões, propostas e alternativas. O EB aprendeu muito no processo de gestão e desenvolvimento do Guarani, e continua aprendendo. Fazia mais de três décadas que não desenvolvíamos nada nesse campo, e voltar a ele exigiu não apenas revisão de conceitos, mas a necessária e impositiva revisão de tudo que sabíamos sobre blindados sobre rodas e sua respectiva doutrina. Da mesma forma esse mesmo processo se dará com os substitutos do M113 e do Leo. Eles na verdade, apesar de antigos, estão servindo como base para a revisão da arma blda da cavalaria. Do ponto de vista operacional podem não ser grandes coisa, mas estão ajudando imensamente o EB a rever sua doutrina, e a saber o que quer, e o que não quer para o futuro neste campo. Essa é a parte mais importante do aprendizado com eles. Não são o ideal, mas é o que temos por agora. Parece contraditório, mas, o simples fato de você colocar uma Remax, por exemplo, no M113 já intui e força uma imensidão de mudanças na tropa e na forma de utilizar aquele bldo.
Agora, mudar a cabeça das pessoas sempre vai ser imensamente mais difícil do que mudar a doutrina. O exército parece ter percebido isso. E está tentando promover essas mudanças de acordo com o que lhe chega as mãos, que obviamente não é o melhor e nem o ideal, mas o possível. Está sendo assim agora na artilharia, com a provável chegada dos vestutos M-198, e talvez dos M119, além dos M-109A5+ que foram e serão modernizados e seus remuniadores. Apenas para citar um exemplo.
Para quem sempre operou com coisas dentro do padrão bom, nem tão bonito assim e essencialmente barato, dispor deste tipo de recursos, mesmo que usados e recauchutados, é um passo gigantesco. Porque não é o material em si que vale a pena a adoção, mas a capacidade que ele nos trás de forçar-nos a pensar fora da curva na qual estamos (mal) acostumados. Força a tropa a pensar além e diferente do de costume, a fim de adaptar-se as novas tecnologias e possibilidades operacionais que estão chegando, e isso é fulcral para permitir a evolução doutrinária e intelectual de que precisamos para um dia, quando conseguimos obter um CC realmente novo e capaz, ele possa ser efetivamente operado e mantido plenamente, e não apenas para efeito de "manutenção da doutrina". Poderemos até mesmo ir à guerra com eles sem medo de ser feliz.
abs