Concordo. Também acho interessante o modelo parlamentarista de Portugal e, na minha opinião, melhor ainda o alemão. Ambos os sistemas possuem a figura do Presidente como um equilibrador se as coisas saírem de rédeas. Porém, não são autoritários e muito menos déspotas esclarecidos.prp escreveu: ↑Qui Set 20, 2018 8:21 amEu acho que monarquia é bobagem, na altura do campeonato.Marcelo Ponciano escreveu: ↑Qui Set 20, 2018 7:33 am
Mas o colega Marechal quer me rebater ou me dar razão?
A "legitimidade da força" não é nada mais do que outro nome para autoritarismo.
Não, é substituir várias ditaduras curtas sem legitmidade por uma monarquia com legitimidade.
Um dos erros mais graves que todos nós cometamos ao falar em história é olhar o passado com o filtro do presente. Os historiadores possuem até um nome para isso, que é anacronismo.
O colega citou a questão da monarquia constitucional. Mas o que devemos lembrar é que a monarquia constitucional de hoje não surgiu da noite para o dia, mas foi um processo histórico de construção jurídica.
E desse processo, entre os sujeitos do sec XIX que foram de extrema importância para o desenvolvimento da monarquia constucional, está um certo Dom Pedro I.
A constituição brasileira outorgada por Dom Pedro I foi, naquele tempo, uma das constituições liberais mais avançadas do mundo. Depois o mesmo Dom Pedro volta para Portugal e trava uma guerra contra o irmão Dom Miguel. O motivo?
Ah.....o motivo era.....advinha só. Dom Pedro queria outorgar outra constituição liberal, Dom Miguel uma absolutista. Dom Pedro provavelmente foi o único monarca da terra a ter pegado em armas para enfrentar o absolutismo. E ele não estava comandando as tropas de longe não, ele lutou na linha de frente do campo de batalha e por isso é chamada em Portugal de "O Rei Soldado". Dom Pedro venceu e outorgou outra constituição liberal avançada para o seu tempo.
Mas analisemos outras monarquias.
Para ficar apenas em 3 exemplos vou citar as seguintes monarquias: Suécia, Espanha, Japão.
Mas
A Espanha é mais fácil entender:
Já no Japão:
A constituição do Canadá é de 1982. A da Austrália, como muito bem lembrado pelo colega, é de 1900.
Portanto, o ponto a que quero chegar é esclarecer que o processo se construção de monarquias constitucionais não estava concluído e consolidado no século XIX para que possamos acusar nossa monarquia de atrasada. Esse processo só veio a ser concluído em boa parte do mundo na segunda metade do século passado.
A nossa monarquia era, ao seu tempo, uma monarquia constucional avançada. Mas que provavelmente passaria por um processo de modernização no Século XX como a maior parte das monarquias do mundo.
Fato é que temos as condições necessárias para uma monarquia (necessidade de centralizar a unidade nacional em um lider perene), temos a legiitmidade histórica e sanguínea (pois a nossa monarquia surgiu de um processo legítimo por desmembramento da monarquia portuguesa) e os herdeiros estão aí (apesar de bem despreparados). Portanto, em caso de retorno da monarquia podemos e devemos incorporar o mais avançado constitucionalismo monárquico.
Lembrando que a nossa atual constituição de 1988 trouxe a possibilidade de retorno da monarquia em um plebiscito, cuja votação deu 13% para a monarquia. Se a monarquia tivesse ganhado a constituição seria a mesma, apenas com mudanças pontuais na divisão dos poderes.
Enfim, é óbvio que ninguém defende o retorno da constituição imperial ou a instauração de uma monarquia absolutista (coisa que nossa monarquia nunca foi).
Particularmente, no desenho de poder que defendo, o monarca deve ser chefe de estado (representando o país perante outras nações), guardando para si no âmbito interno apenas o poder de destituir o parlamento e o primeiro ministro, convocando novas eleições gerais.
Esse desenho teria evitado todos os golpes do século passado e os impeachments do Collor e da Dilma. Isso porque permite ao monarca impor a renovação política sem precisar esperar 4 anos para uma nova eleição ou depender de golpe ou impeachment.
Você pode substituir o rei pelo presidente em um regime parlamentarista autêntico, como em portugal. O que dá maior legitimidade ao "soberano" e não corre o risco de virar a zona que é o Brasil.
Isso porque se o congresso começar a zonear, a soberania do povo resolve em uma canetada, chamando novas eleições e dando descarga nos estrumes, como Eduardos Cunhas da vida. Mas o principal é que o poder ainda ficaria com o povo. Já na monarquia ficaríamos à mercê de um ser oriundo da classe mais escroque da sociedade brasileira.
Não me parece uma boa ideia ressuscitar a monarquia.
Monarquia no Brasil por meio da Casa dos Braganças é ressuscitar a mais bárbara sanha autoritária e elitista. Lembrem-se que, de um modo ou de outro, o poder centralizado (autoritário, diga-se de passagem) nas mãos do imperador (Poder Moderador) nada mais era do que uma poder para conservar a unidade territorial do Brasil com vistas a garantir o regime escravista. Também não custa lembrar que o Brasil foi um dos últimos países a abolir a escravidão (para a nossa vergonha) em resultado da mão forte imperial. Foi só a princesa Isabel assinar a Lei Áurea de 13 de maio de 1888 para que, a elite cafeeira aliada aos militares positivistas do Exército (ao contrário da Armada, estavam desprestigiados pelo Império após a Guerra do Paraguai) dessem cabo à monarquia.
Em última instância monarquia no Brasil só se for constitucional aos moldes da espanhola ou inglesa, com a figura do Imperador reduzida a um "eunuco" de coroas.
Para os monarquistas de plantão, acho que a solução mais viável seria criar em Petrópolis-RJ a Disneylândia para a classe média branca (sangue azul) quatrocentona. Ou seja, fazer daquele município fluminense um principado tal como Mônaco, onde seria liberado cassinos para atrair turistas e se autossustentar economicamente. Lá, os Braganças reinariam e seus súditos pagariam para visitar os Palácios e museus e, porque não, sentar-se à mesa do monarca em jantares de gala.