Noticias de Portugal
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Re: Noticias de Portugal
Dezenas de empresas interessadas em produzir canábis em Portugal
Infarmed está a preparar a regulamentação da nova lei sobre canábis medicinal, mas continua a apreciar pedidos de licença de produção de canábis de acordo com as regras de 1994. Tem seis pendentes, mas há mais na calha. E dezenas de empresas nacionais e estrangeiras interessadas. O DN falou com algumas. E descobriu que a primeira empresa licenciada não está a produzir.
conjugação que existe em Portugal de fatores estratégicos favoráveis ao cultivo de canábis é muito especial. Está dentro do espaço Schengen, tem uma mão de obra altamente qualificada e a preços imbatíveis, é um dos países da Europa com mais horas de sol por dia e dias de sol por ano, o que é extremamente importante para a canábis (quanto mais dias de sol houver mais colheitas são possíveis durante o ano), e áreas agrícolas grandes irrigáveis a preços altamente concorrenciais. Esta conjugação só existe em Portugal, e eventualmente na Grécia e em Chipre."
Quem o diz é um dos empresários que está a candidatar-se a uma licença de cultivo e que tem larga experiência no setor, nomeadamente no Canadá. A ideia é avançar com uma área de cultivo de três hectares, correspondendo a um investimento de milhão e meio de euros, e depois, se correr bem, expandir para 30 hectares. "O preço dos óleos e extratos de canábis no mercado é muito alto, não é preciso muita área de cultivo para ser rentável. Aliás, se se puder fazer transformação, a partir de dois hectares é viável financeiramente", explica. "Já para vender em bruto é preciso ter mais área."
Aos fatores estratégicos pré-existentes no país juntou-se agora, desde julho, a legalização da prescrição de canábis medicinal e sua produção e transformação para o mercado nacional, através da lei 33/2018 de 18 de Julho, que entrou em vigor este mês. Tal naturalmente contribui para intensificar o interesse no negócio: Laura Ramos, da Cannapress, o site de informação da Cannativa - Associação de Estudos sobre a Canábis, contabiliza em pelo menos 30 os pedidos de informação sobre o licenciamento da produção da planta que lhe chegaram no último ano. "Fomos contactados por dezenas de pessoas e empresas que querem perceber como podem fazer uma plantação. E aumentou muito a procura por estrangeiros." Recentemente, relata, "falámos com ingleses, canadianos, franceses, uruguaios, colombianos. Há gente do mundo inteiro interessada na possibilidade de produzir canábis em Portugal." O Infarmed, que é o organismo que superintende todo o processo, competindo-lhe autorizar o licenciamento, não tem tido, afiança Laura, "mãos a medir". Até ouviu dizer que "vai ser criado um departamento só para a canábis" - possibilidade que a lei 33/2018 prevê, por atribuir ao regulador do medicamento e dos produtos de saúde as funções de "regular e supervisionar as atividades de cultivo, produção, extração e fabrico, comércio por grosso, distribuição às farmácias, importação e exportação, trânsito, aquisição, venda e entrega de medicamentos, preparações e substâncias à base da planta da canábis destinadas a uso humano para fins medicinais."
Vai haver quotas de produção?
O DN contactou com vários interessados na produção de canábis, portugueses e estrangeiros, dois dos quais estão já em fase de entrega de documentos. Nenhum, porém, faz parte dos seis que, de acordo com informação prestada pelo Infarmed ao jornal, estão atualmente em fase de apreciação com vista à concessão ou não de licença. Estes pedidos dizem respeito a duas operações de transformação e quatro de cultivo, sendo que "alguns destes com possível transformação numa fase posterior", esclarece o regulador.
"Aumentou muito a procura por estrangeiros. Falámos com ingleses, canadianos, franceses, uruguaios, colombianos. Há gente do mundo inteiro a interessar-se pela possibilidade de produzir canábis em Portugal."
Estando a nova lei ainda em fase de regulamentação - a qual está também a cargo do Infarmed e decorre nos 60 dias após a publicação do diploma, ou seja, deverá ser conhecida a 17 de setembro --, os processos em curso têm estado a ser instruídos com base na regulamentação em vigor, de 1994.
Uma vez que os requerentes são obrigados a informar sobre a área de cultivo do projeto, o DN quis saber qual o total respeitante aos pedidos em tramitação. Mas o organismo diz não "ser possível avançar com valores [de área de cultivo prevista] sem o licenciamento concluído", por "existirem apenas algumas estimativas não fechadas". Também adianta que, apesar de a regulamentação de 1994 prever o estabelecimento de quotas anuais quanto "à quantidade de substâncias que podem ser fabricadas e postas à venda pelas entidades autorizadas", e de haver entre os candidatos quem acredite que haverá um limite ao número de licenças concedidas, não está para já prevista essa possibilidade.
Admite porém que, "sendo Portugal um membro das Nações Unidas e tendo ratificado as convenções únicas sobre o controlo de estupefacientes e psicotrópicos [referência às três convenções da ONU que proíbem a produção, distribuição, venda e consumo de uma série de substâncias, conhecidas como "drogas"]", isso possa vir a verificar-se, por estar "sujeito a recomendações emanadas no que respeita a eventuais limitações à área a cultivar."
"Há muitos estereótipos negativos"
E decerto, crê o investidor entrevistado pelo DN -- que prefere não ser, nesta fase, identificado -, os requisitos vão mudar: "A lei antiga não era muito exigente. Muito provavelmente a nova legislação trará um agravamento pesado." Aliás, afiança, ao longo do último ano a "check list" de requisitos exigidos pelo Infarmed tem vindo a mudar. "Ultimamente já pedem licença dada pela autarquia, o que é muito estranho porque a lei não mudou."
"Neste setor, tudo é difícil, mais difícil do que em qualquer outro setor. Há muitos estereótipos negativos relacionados com a canábis e a canábis medicinal."
Uma informação que o Infarmed parece corroborar. À pergunta do DN sobre se a tramitação dos pedidos de licenciamento está a decorrer de acordo com a legislação em vigor ou se o processo foi suspenso até à publicação da nova regulamentação, o regulador responde que "continuam ser processados de acordo com os requisitos previstos na anterior legislação, os quais se irão manter, mas adicionalmente são exigidos os novos requisitos que irão resultar da futura legislação, os quais se destinam a clarificar e aprofundar disposições legais já previstas na legislação anterior." Mas a questão do DN sobre quais os requisitos respeitantes à nova regulamentação que estão já a ser impostos fica sem resposta: "A regulamentação que está em curso engloba diversos aspetos da lei, além do cultivo, que ainda estão a ser trabalhados, nomeadamente as questões relacionadas com a prescrição médica. Na área específica da produção, a regulamentação vem sobretudo detalhar todo o processo e documentos a apresentar, embora estes já fossem exigidos nos processos licenciados e em curso. Passa também a prever, de forma mais clara, a articulação existente entre os diversos ministérios. Na análise dos pedidos, considerando a amplitude da legislação de 93 e 94, já são exigidos requisitos relacionados com as instalações, equipamentos, procedimentos, segurança, idoneidade (da empresa, sócios, gerentes, responsável técnico, agricultores), origem do material vegetal e destino do produto, boas práticas agrícolas, de fabrico, de distribuição, entre outros."
"A lei antiga não era muito exigente. Muito provavelmente a nova legislação trará um agravamento pesado."
O Infarmed esclarece também que nunca recusou licenciamento nesta área, mesmo se só há duas licenças atribuídas. Ou seja, concedeu as que foram pedidas. Mas Brendan Keneddy, CEO da Tilray, uma das empresas que a obtiveram, disse em novembro de 2017, numa entrevista à Cannapress, que, apesar de no governo português todos se terem mostrado "muito abertos, muito disponíveis e profissionais", foi "um processo difícil e demorado". "Neste setor, tudo é difícil, mais difícil do que em qualquer outro setor", comenta. "Há muitos estereótipos negativos relacionados com a canábis e a canábis medicinal. Portanto, tivemos de convencer... Temos sempre de convencer pessoas, quer se trate de investidores, legisladores, entidades reguladoras, dirigentes eleitos, embaixadores, de que este é o momento certo para apostar neste setor."
Primeira licença nunca foi usada?
Constituída em abril de 2017, a Tilray Portugal - as empresas candidatas têm de ter, frisa o Infarmed, "existência jurídica no território nacional" - obteve licenciamento em julho do mesmo ano e iniciou a plantação em outubro. Este mês, anunciou a contratação de 100 técnicos para a sua unidade de transformação, parte de um plano de investimento de 20 milhões de euros até 2020. Com origem no Canadá, onde produz canábis medicinal desde 2014, a empresa está sediada em Cantanhede (Coimbra), onde tem quatro hectares para estufas e produção ao ar livre.
Antes da Tilray só houvera em Portugal uma outra autorização de produção de canábis medicinal, em 2014, à empresa Terra Verde. Esta foi autorizada, explicou na altura o Infarmed ao Público, "para o cultivo de cannabis sativa em Portugal, para realizar um projecto de investimento que consiste na plantação de cannabis sativa e a sua transformação em pó que será exportado 100% para o Reino Unido e utilizado para a produção de medicamentos a utilizar no alívio da dor derivada da doença oncológica, na esclerose múltipla e na epilepsia".
"Que eu saiba a Terra Verde, a primeira empresa a ter licença para plantar canábis medicinal, nunca produziu. Porque o laboratório que era suposto comprar a produção, a GW Pharmaceuticals, nunca comprou."
Mas aquela que foi a estreia deste género de concessão em Portugal não está a ser utilizada: sediada em Alcochete e propriedade do luso-israelita David Yarkoni, conhecido como produtor de flores e desde 1986 a viver em Portugal, a Terra Verde não produziu, segundo o Infarmed, canábis em 2018 - o que em princípio, nos termos da lei em vigor, determina a perda da licença.
O DN não conseguiu efetuar qualquer contacto com a Terra Verde nem com Yarkoni, mas o empresário Ângelo Correia, que se identifica como amigo de Yarkoni, assevera que este nunca chegou a fazer o cultivo da planta: "Que eu saiba nunca produziu. Porque o laboratório que era suposto comprar a produção, a GW Pharmaceuticals [farmacêutica britânica que tem a patente de dois medicamentos à base de canábis, o Sativex e o Epidiolex, este último recém licenciado nos EUA e ainda a aguardar licenciamento na Europa], nunca comprou. Nisto não é só importante ter autorização para produzir, é preciso que haja quem assuma a responsabilidade de comprar."
"Tem de haver um cliente garantido para que o cultivo tenha destino numa entidade", confirma outra empresária contactada pelo DN, que está ainda, diz, "em fase de entregar os documentos". A empresa, que prefere para já não ser identificada nem revelar o valor do investimento, está há um ano e meio a instruir o processo e tem vários locais em vista para o cultivo. "Ainda não comprámos, porque primeiro queremos ter a licença." A ideia é produzir para exportação e não para o mercado interno, hipótese que de resto só existe desde que a canábis medicinal "passou" no parlamento. Assim, os seis pedidos que deram entrada até agora no Infarmed terão em princípio a exportação como propósito. As licenças relativas a produção para o mercado nacional só deverão ser concedidas a partir da entrada em vigor da nova regulamentação, que segundo o Infarmed estará pronta no período aprazado.
Infarmed está a preparar a regulamentação da nova lei sobre canábis medicinal, mas continua a apreciar pedidos de licença de produção de canábis de acordo com as regras de 1994. Tem seis pendentes, mas há mais na calha. E dezenas de empresas nacionais e estrangeiras interessadas. O DN falou com algumas. E descobriu que a primeira empresa licenciada não está a produzir.
conjugação que existe em Portugal de fatores estratégicos favoráveis ao cultivo de canábis é muito especial. Está dentro do espaço Schengen, tem uma mão de obra altamente qualificada e a preços imbatíveis, é um dos países da Europa com mais horas de sol por dia e dias de sol por ano, o que é extremamente importante para a canábis (quanto mais dias de sol houver mais colheitas são possíveis durante o ano), e áreas agrícolas grandes irrigáveis a preços altamente concorrenciais. Esta conjugação só existe em Portugal, e eventualmente na Grécia e em Chipre."
Quem o diz é um dos empresários que está a candidatar-se a uma licença de cultivo e que tem larga experiência no setor, nomeadamente no Canadá. A ideia é avançar com uma área de cultivo de três hectares, correspondendo a um investimento de milhão e meio de euros, e depois, se correr bem, expandir para 30 hectares. "O preço dos óleos e extratos de canábis no mercado é muito alto, não é preciso muita área de cultivo para ser rentável. Aliás, se se puder fazer transformação, a partir de dois hectares é viável financeiramente", explica. "Já para vender em bruto é preciso ter mais área."
Aos fatores estratégicos pré-existentes no país juntou-se agora, desde julho, a legalização da prescrição de canábis medicinal e sua produção e transformação para o mercado nacional, através da lei 33/2018 de 18 de Julho, que entrou em vigor este mês. Tal naturalmente contribui para intensificar o interesse no negócio: Laura Ramos, da Cannapress, o site de informação da Cannativa - Associação de Estudos sobre a Canábis, contabiliza em pelo menos 30 os pedidos de informação sobre o licenciamento da produção da planta que lhe chegaram no último ano. "Fomos contactados por dezenas de pessoas e empresas que querem perceber como podem fazer uma plantação. E aumentou muito a procura por estrangeiros." Recentemente, relata, "falámos com ingleses, canadianos, franceses, uruguaios, colombianos. Há gente do mundo inteiro interessada na possibilidade de produzir canábis em Portugal." O Infarmed, que é o organismo que superintende todo o processo, competindo-lhe autorizar o licenciamento, não tem tido, afiança Laura, "mãos a medir". Até ouviu dizer que "vai ser criado um departamento só para a canábis" - possibilidade que a lei 33/2018 prevê, por atribuir ao regulador do medicamento e dos produtos de saúde as funções de "regular e supervisionar as atividades de cultivo, produção, extração e fabrico, comércio por grosso, distribuição às farmácias, importação e exportação, trânsito, aquisição, venda e entrega de medicamentos, preparações e substâncias à base da planta da canábis destinadas a uso humano para fins medicinais."
Vai haver quotas de produção?
O DN contactou com vários interessados na produção de canábis, portugueses e estrangeiros, dois dos quais estão já em fase de entrega de documentos. Nenhum, porém, faz parte dos seis que, de acordo com informação prestada pelo Infarmed ao jornal, estão atualmente em fase de apreciação com vista à concessão ou não de licença. Estes pedidos dizem respeito a duas operações de transformação e quatro de cultivo, sendo que "alguns destes com possível transformação numa fase posterior", esclarece o regulador.
"Aumentou muito a procura por estrangeiros. Falámos com ingleses, canadianos, franceses, uruguaios, colombianos. Há gente do mundo inteiro a interessar-se pela possibilidade de produzir canábis em Portugal."
Estando a nova lei ainda em fase de regulamentação - a qual está também a cargo do Infarmed e decorre nos 60 dias após a publicação do diploma, ou seja, deverá ser conhecida a 17 de setembro --, os processos em curso têm estado a ser instruídos com base na regulamentação em vigor, de 1994.
Uma vez que os requerentes são obrigados a informar sobre a área de cultivo do projeto, o DN quis saber qual o total respeitante aos pedidos em tramitação. Mas o organismo diz não "ser possível avançar com valores [de área de cultivo prevista] sem o licenciamento concluído", por "existirem apenas algumas estimativas não fechadas". Também adianta que, apesar de a regulamentação de 1994 prever o estabelecimento de quotas anuais quanto "à quantidade de substâncias que podem ser fabricadas e postas à venda pelas entidades autorizadas", e de haver entre os candidatos quem acredite que haverá um limite ao número de licenças concedidas, não está para já prevista essa possibilidade.
Admite porém que, "sendo Portugal um membro das Nações Unidas e tendo ratificado as convenções únicas sobre o controlo de estupefacientes e psicotrópicos [referência às três convenções da ONU que proíbem a produção, distribuição, venda e consumo de uma série de substâncias, conhecidas como "drogas"]", isso possa vir a verificar-se, por estar "sujeito a recomendações emanadas no que respeita a eventuais limitações à área a cultivar."
"Há muitos estereótipos negativos"
E decerto, crê o investidor entrevistado pelo DN -- que prefere não ser, nesta fase, identificado -, os requisitos vão mudar: "A lei antiga não era muito exigente. Muito provavelmente a nova legislação trará um agravamento pesado." Aliás, afiança, ao longo do último ano a "check list" de requisitos exigidos pelo Infarmed tem vindo a mudar. "Ultimamente já pedem licença dada pela autarquia, o que é muito estranho porque a lei não mudou."
"Neste setor, tudo é difícil, mais difícil do que em qualquer outro setor. Há muitos estereótipos negativos relacionados com a canábis e a canábis medicinal."
Uma informação que o Infarmed parece corroborar. À pergunta do DN sobre se a tramitação dos pedidos de licenciamento está a decorrer de acordo com a legislação em vigor ou se o processo foi suspenso até à publicação da nova regulamentação, o regulador responde que "continuam ser processados de acordo com os requisitos previstos na anterior legislação, os quais se irão manter, mas adicionalmente são exigidos os novos requisitos que irão resultar da futura legislação, os quais se destinam a clarificar e aprofundar disposições legais já previstas na legislação anterior." Mas a questão do DN sobre quais os requisitos respeitantes à nova regulamentação que estão já a ser impostos fica sem resposta: "A regulamentação que está em curso engloba diversos aspetos da lei, além do cultivo, que ainda estão a ser trabalhados, nomeadamente as questões relacionadas com a prescrição médica. Na área específica da produção, a regulamentação vem sobretudo detalhar todo o processo e documentos a apresentar, embora estes já fossem exigidos nos processos licenciados e em curso. Passa também a prever, de forma mais clara, a articulação existente entre os diversos ministérios. Na análise dos pedidos, considerando a amplitude da legislação de 93 e 94, já são exigidos requisitos relacionados com as instalações, equipamentos, procedimentos, segurança, idoneidade (da empresa, sócios, gerentes, responsável técnico, agricultores), origem do material vegetal e destino do produto, boas práticas agrícolas, de fabrico, de distribuição, entre outros."
"A lei antiga não era muito exigente. Muito provavelmente a nova legislação trará um agravamento pesado."
O Infarmed esclarece também que nunca recusou licenciamento nesta área, mesmo se só há duas licenças atribuídas. Ou seja, concedeu as que foram pedidas. Mas Brendan Keneddy, CEO da Tilray, uma das empresas que a obtiveram, disse em novembro de 2017, numa entrevista à Cannapress, que, apesar de no governo português todos se terem mostrado "muito abertos, muito disponíveis e profissionais", foi "um processo difícil e demorado". "Neste setor, tudo é difícil, mais difícil do que em qualquer outro setor", comenta. "Há muitos estereótipos negativos relacionados com a canábis e a canábis medicinal. Portanto, tivemos de convencer... Temos sempre de convencer pessoas, quer se trate de investidores, legisladores, entidades reguladoras, dirigentes eleitos, embaixadores, de que este é o momento certo para apostar neste setor."
Primeira licença nunca foi usada?
Constituída em abril de 2017, a Tilray Portugal - as empresas candidatas têm de ter, frisa o Infarmed, "existência jurídica no território nacional" - obteve licenciamento em julho do mesmo ano e iniciou a plantação em outubro. Este mês, anunciou a contratação de 100 técnicos para a sua unidade de transformação, parte de um plano de investimento de 20 milhões de euros até 2020. Com origem no Canadá, onde produz canábis medicinal desde 2014, a empresa está sediada em Cantanhede (Coimbra), onde tem quatro hectares para estufas e produção ao ar livre.
Antes da Tilray só houvera em Portugal uma outra autorização de produção de canábis medicinal, em 2014, à empresa Terra Verde. Esta foi autorizada, explicou na altura o Infarmed ao Público, "para o cultivo de cannabis sativa em Portugal, para realizar um projecto de investimento que consiste na plantação de cannabis sativa e a sua transformação em pó que será exportado 100% para o Reino Unido e utilizado para a produção de medicamentos a utilizar no alívio da dor derivada da doença oncológica, na esclerose múltipla e na epilepsia".
"Que eu saiba a Terra Verde, a primeira empresa a ter licença para plantar canábis medicinal, nunca produziu. Porque o laboratório que era suposto comprar a produção, a GW Pharmaceuticals, nunca comprou."
Mas aquela que foi a estreia deste género de concessão em Portugal não está a ser utilizada: sediada em Alcochete e propriedade do luso-israelita David Yarkoni, conhecido como produtor de flores e desde 1986 a viver em Portugal, a Terra Verde não produziu, segundo o Infarmed, canábis em 2018 - o que em princípio, nos termos da lei em vigor, determina a perda da licença.
O DN não conseguiu efetuar qualquer contacto com a Terra Verde nem com Yarkoni, mas o empresário Ângelo Correia, que se identifica como amigo de Yarkoni, assevera que este nunca chegou a fazer o cultivo da planta: "Que eu saiba nunca produziu. Porque o laboratório que era suposto comprar a produção, a GW Pharmaceuticals [farmacêutica britânica que tem a patente de dois medicamentos à base de canábis, o Sativex e o Epidiolex, este último recém licenciado nos EUA e ainda a aguardar licenciamento na Europa], nunca comprou. Nisto não é só importante ter autorização para produzir, é preciso que haja quem assuma a responsabilidade de comprar."
"Tem de haver um cliente garantido para que o cultivo tenha destino numa entidade", confirma outra empresária contactada pelo DN, que está ainda, diz, "em fase de entregar os documentos". A empresa, que prefere para já não ser identificada nem revelar o valor do investimento, está há um ano e meio a instruir o processo e tem vários locais em vista para o cultivo. "Ainda não comprámos, porque primeiro queremos ter a licença." A ideia é produzir para exportação e não para o mercado interno, hipótese que de resto só existe desde que a canábis medicinal "passou" no parlamento. Assim, os seis pedidos que deram entrada até agora no Infarmed terão em princípio a exportação como propósito. As licenças relativas a produção para o mercado nacional só deverão ser concedidas a partir da entrada em vigor da nova regulamentação, que segundo o Infarmed estará pronta no período aprazado.
Re: Noticias de Portugal
No forum homonimo luso, continuam a não responder ao problema dos registos infelizmente.
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Re: Noticias de Portugal
"Em Itália não sabemos para onde vamos. Em Portugal há um sentimento de futuro"
Nos últimos anos chegaram a Portugal milhares de jovens italianos. Trabalham em call centers e muitas vezes não gostam do que fazem, reconhecem os problemas da economia, queixam-se do nível de vida, mas dizem que em Itália é tudo pior. Acima de tudo, estão apaixonados por Lisboa, o novo país da dolce vita
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Luca, Daniele, Massi
As quintas-feiras ao fim da tarde, ao subir a Rua da Rosa, no Bairro Alto, em Lisboa, tem-se a sensação de se estar subitamente em Itália, a tempo do aperitivo, o hábito italiano de pagar pela bebida e comer aquilo que o bar oferece. São tantos os italianos a frequentar a Tasca Mastai, que a rua acaba por encher-se de homens e mulheres que gesticulam com uma mão e seguram com a outra um balão cheio de Spritz.
Não há dados oficiais, mas estima-se que nos últimos anos tenham chegado a Portugal entre 9 a 13 mil italianos, entre reformados atraídos pelas vantagens fiscais e académicos que descobrem melhores situações de trabalho nas universidades portuguesas. Entre esses milhares há também muitos jovens que, mesmo sem os benefícios fiscais e de carreira, se empregam com relativa facilidade nos call centers - a oportunidade que alguns encontram de viver numa cidade pela qual, dizem, se apaixonaram. Para muitos deles, a Tasca Mastai, aberta em 2014 por um casal de Bolonha, transformou-se na embaixada não oficial de Itália em Lisboa.
O que os traz realmente a Lisboa?
Numa quinta-feira do fim de julho, a tasca encheu-se novamente para o lançamento de Tutti Schiavi in Portogallo, o novo livro de Andrea D"Angelo, um jovem italiano de 29 anos, na capital portuguesa desde setembro de 2015. O livro de Andrea tenta responder a uma questão que muitos jovens italianos que aqui chegam se colocam: o que os traz realmente a Lisboa se tantas vezes acabam a fazer um trabalho de que não gostam e que em teoria podiam fazer também em Itália?
Andrea escreveu o livro a pensar numa colega, mas é também um deles. Estudou línguas em Nápoles, fez Erasmus em Berlim, voltou a Itália, mas soube que não queria ficar. Uma amiga disse-lhe que devia experimentar viver em Lisboa e que ela própria estava a considerar mudar-se para Portugal. Andrea enviou currículo para um call center e ao fim de uma hora fez uma entrevista por telefone. Quatro dias depois estava em Lisboa. O que o jovem italiano encontrou em Portugal, que começava a sair da crise, foi muito diferente daquilo que esperava, dada a imagem do país durante os anos da intervenção da Troika. Em Lisboa, Andrea encontrou um salário acima do salário médio dos portugueses e uma cidade "viva", onde se tem a sensação de que "há muito por descobrir".
"O título deste livro - Todos escravos em Portugal - baseia-se na ideia que eu tinha deste país quando cheguei, um país onde não havia trabalho e aquele que havia era mal pago, um país sem possibilidades, onde todos se diziam escravos de uma situação da qual não podiam sair. A minha experiência revelou-se diferente e na verdade tenho a sensação de ter em Portugal mais liberdade do que aquela que tinha em Itália porque Lisboa dá-me a ideia de ter a minha independência, de ter um trabalho, de ser livre. Em Itália estaria a viver em casa dos pais. Se escolhesse um título mais realista para o meu livro teria de ser "Tutti liberi in Portogallo", "Todos livres em Portugal"," diz o escritor e funcionário de call center.
Os portugueses "subestimam-se"
O jornalista freelance Daniele Coltrinari, 41 anos, esteve presente na apresentação do livro de Andrea porque ele próprio realizou, juntamente com os amigos Luca Onesti e Massi Rossi, todos residentes em Lisboa, o documentário Lisbon Storie , sobre os italianos na capital portuguesa desde os anos 90. Ao fazer esse filme, durante os anos mais difíceis da crise económica em Portugal, Daniele apercebeu-se de que mesmo nesses momentos, os italianos entrevistados falavam de "uma certa liberdade" que não encontravam em Itália. Massi Rossi, 40 anos, coautor do filme, diz que essa sensação de liberdade se deve a uma série de fatores.
"Lisboa é uma província cosmopolita onde se pode fazer uma qualidade de vida muito alta como se faz numa cidade média em Itália. Pode-se comer numa tasca por sete euros, ver Depeche Mode e utilizar transportes públicos que funcionam. Os músicos italianos, por exemplo, gostam de estar aqui porque sentem que há menos burocracia e além disso estão expostos a música brasileira e africana. Há uma sensação de verdadeiro cosmopolitismo. E como há menos população, há também a sensação de maior liberdade em termos espaciais. Em Itália somos 60 milhões e enchemos tudo. Além disso, em Portugal há um sentimento de futuro. Em Itália não sabemos para onde vamos," diz.
Quando lhe dizemos que os portugueses repetem muitas vezes que não há futuro em Portugal, Massi diz que os portugueses "se subestimam".
"Os jovens portugueses não estão tão desesperados quanto os italianos relativamente ao futuro. Muitos jovens portugueses emigraram durante a crise, é verdade, mas quantos desses foram para Itália?," diz.
Linda di Filippo chegou a Portugal em 2014, em plena crise económica. Veio por três meses para fazer um estágio numa empresa que organizava viagens. A empresa pagou-lhe um quarto e 400 euros pelos três meses de trabalho, mas apesar disso e das dificuldades da economia portuguesa nesse momento, Linda diz que se apaixonou de tal forma por Lisboa que, ao regressar a Itália, ao fim desses três meses, fez tudo para encontrar uma forma de voltar a Lisboa. Encontrou essa oportunidade poucos meses depois, numa oferta para trabalhar num call center.
"Cheguei a Portugal num momento em que os jovens italianos e os jovens portugueses viviam as mesmas dificuldades por causa da crise. Mas Portugal deu-me uma oportunidade devido ao trabalho dos call centers e em Itália nem isso consegui," diz.
Paola não adora Lisboa

Paola Amore, 32 anos, chegou em outubro de 2016, "saturada" da vida em Roma, onde estudou Jornalismo e onde viveu e trabalhou durante 11 anos. Chegou a Lisboa através de uma oportunidade do Serviço de Voluntariado Europeu, para gerir a página de Facebook da Junta de Freguesia de Carnide, e neste momento trabalha no departamento de relações internacionais do ISCTE, gerindo os estudantes estrangeiros que chegam aquele instituto universitário.
Ao contrário dos outros italianos que falaram com o DN, Paola considera Lisboa uma cidade como outra qualquer: "Agora está na moda como já estiveram Barcelona ou Londres." Acha que a "loucura" dos italianos pela capital portuguesa está também relacionada com as semelhanças culturais, que permitem a um italiano sentir-se mais em casa aqui do que no norte da Europa. E vive a experiência portuguesa com sentido crítico: "Portugal tem de melhorar a nível de salários e condições de vida."
Paola não teve de ir trabalhar num call center, tendo encontrado uma sucessão de empregos de que gostou. Sente que está a construir um percurso profissional por si própria, algo que sempre lhe pareceu impossível no país onde nasceu.
"Em Itália tudo funciona pela recomendação de alguém que te conhece. Sei que vocês cá também têm a figura da "cunha", mas em Itália tudo está estruturado em torno disso. Eu não conheço ninguém em Portugal e tudo o que consegui foi devido ao meu currículo. Uma vez em Itália ofereceram-me um bom trabalho, mas pediram-me que pagasse 7000 euros... Não sei explicar, mas o meu currículo vale mais em Portugal," diz.
Apaixonar-se pelo português ao som de Mariza
Roberta Schettino, 30 anos, estudou francês, inglês e espanhol na universidade e teve sempre o sonho de sair de Itália. Fez Erasmus e trabalhou em França, mas ao ver um vídeo da fadista Mariza no Palácio da Pena, em Sintra, apaixonou-se pelo português.
"Aquele vídeo criou o meu imaginário de Portugal, um país com muito sol, muita História e muitas cores, e quando recebi uma oferta de trabalho em Lisboa aceitei de imediato," diz.
Roberta chegou no início de 2016 para trabalhar numa empresa de viagens que funciona através da internet e ao aterrar no aeroporto sentiu-se em casa.
"Reconheci muitas coisas da minha cidade, Nápoles, em Lisboa, mas sinto-me melhor aqui agora. Nápoles é muito caótica, Lisboa é segura. Quando chego, respiro e sinto-me calma," diz.
"Reconheci muitas coisas da minha cidade, Nápoles, em Lisboa, mas sinto-me melhor aqui agora. Nápoles é muito caótica, Lisboa é segura"
Roberta, que preferia partilhar casa com pessoas de outras nacionalidades, vive com três italianos, todos eles apaixonados por Lisboa, como ela. E tal como ela, todos eles com vontade de encontrar outro trabalho que não o do call center, que lhes tem permitido viver confortavelmente na capital portuguesa, apesar da subida do nível de vida.
"Eu gosto do meu trabalho, mas gostaria de encontrar outro para aprender coisas novas. Quero pensar que é possível mudar porque acho que nunca vou encontrar uma cidade como Lisboa," diz.
Linda di Filippo sente o mesmo. Apesar de sonhar com outro trabalho, estar em Lisboa é a prioridade. É também em Lisboa que gostaria de criar família e viver de forma definitiva.
"Todos os pais italianos que conheço perguntam aos filhos que vivem fora de Itália quando regressam. Os meus pais vêm visitar-me a Lisboa e dizem-me para eu ficar aqui. Na verdade dizem que têm inveja porque gostariam de viver também em Portugal," diz.
https://www.dn.pt/mundo/interior/em-ita ... 13881.html
Nos últimos anos chegaram a Portugal milhares de jovens italianos. Trabalham em call centers e muitas vezes não gostam do que fazem, reconhecem os problemas da economia, queixam-se do nível de vida, mas dizem que em Itália é tudo pior. Acima de tudo, estão apaixonados por Lisboa, o novo país da dolce vita
Luca, Daniele, Massi
As quintas-feiras ao fim da tarde, ao subir a Rua da Rosa, no Bairro Alto, em Lisboa, tem-se a sensação de se estar subitamente em Itália, a tempo do aperitivo, o hábito italiano de pagar pela bebida e comer aquilo que o bar oferece. São tantos os italianos a frequentar a Tasca Mastai, que a rua acaba por encher-se de homens e mulheres que gesticulam com uma mão e seguram com a outra um balão cheio de Spritz.
Não há dados oficiais, mas estima-se que nos últimos anos tenham chegado a Portugal entre 9 a 13 mil italianos, entre reformados atraídos pelas vantagens fiscais e académicos que descobrem melhores situações de trabalho nas universidades portuguesas. Entre esses milhares há também muitos jovens que, mesmo sem os benefícios fiscais e de carreira, se empregam com relativa facilidade nos call centers - a oportunidade que alguns encontram de viver numa cidade pela qual, dizem, se apaixonaram. Para muitos deles, a Tasca Mastai, aberta em 2014 por um casal de Bolonha, transformou-se na embaixada não oficial de Itália em Lisboa.
O que os traz realmente a Lisboa?
Numa quinta-feira do fim de julho, a tasca encheu-se novamente para o lançamento de Tutti Schiavi in Portogallo, o novo livro de Andrea D"Angelo, um jovem italiano de 29 anos, na capital portuguesa desde setembro de 2015. O livro de Andrea tenta responder a uma questão que muitos jovens italianos que aqui chegam se colocam: o que os traz realmente a Lisboa se tantas vezes acabam a fazer um trabalho de que não gostam e que em teoria podiam fazer também em Itália?
Andrea escreveu o livro a pensar numa colega, mas é também um deles. Estudou línguas em Nápoles, fez Erasmus em Berlim, voltou a Itália, mas soube que não queria ficar. Uma amiga disse-lhe que devia experimentar viver em Lisboa e que ela própria estava a considerar mudar-se para Portugal. Andrea enviou currículo para um call center e ao fim de uma hora fez uma entrevista por telefone. Quatro dias depois estava em Lisboa. O que o jovem italiano encontrou em Portugal, que começava a sair da crise, foi muito diferente daquilo que esperava, dada a imagem do país durante os anos da intervenção da Troika. Em Lisboa, Andrea encontrou um salário acima do salário médio dos portugueses e uma cidade "viva", onde se tem a sensação de que "há muito por descobrir".
"O título deste livro - Todos escravos em Portugal - baseia-se na ideia que eu tinha deste país quando cheguei, um país onde não havia trabalho e aquele que havia era mal pago, um país sem possibilidades, onde todos se diziam escravos de uma situação da qual não podiam sair. A minha experiência revelou-se diferente e na verdade tenho a sensação de ter em Portugal mais liberdade do que aquela que tinha em Itália porque Lisboa dá-me a ideia de ter a minha independência, de ter um trabalho, de ser livre. Em Itália estaria a viver em casa dos pais. Se escolhesse um título mais realista para o meu livro teria de ser "Tutti liberi in Portogallo", "Todos livres em Portugal"," diz o escritor e funcionário de call center.
Os portugueses "subestimam-se"
O jornalista freelance Daniele Coltrinari, 41 anos, esteve presente na apresentação do livro de Andrea porque ele próprio realizou, juntamente com os amigos Luca Onesti e Massi Rossi, todos residentes em Lisboa, o documentário Lisbon Storie , sobre os italianos na capital portuguesa desde os anos 90. Ao fazer esse filme, durante os anos mais difíceis da crise económica em Portugal, Daniele apercebeu-se de que mesmo nesses momentos, os italianos entrevistados falavam de "uma certa liberdade" que não encontravam em Itália. Massi Rossi, 40 anos, coautor do filme, diz que essa sensação de liberdade se deve a uma série de fatores.
"Lisboa é uma província cosmopolita onde se pode fazer uma qualidade de vida muito alta como se faz numa cidade média em Itália. Pode-se comer numa tasca por sete euros, ver Depeche Mode e utilizar transportes públicos que funcionam. Os músicos italianos, por exemplo, gostam de estar aqui porque sentem que há menos burocracia e além disso estão expostos a música brasileira e africana. Há uma sensação de verdadeiro cosmopolitismo. E como há menos população, há também a sensação de maior liberdade em termos espaciais. Em Itália somos 60 milhões e enchemos tudo. Além disso, em Portugal há um sentimento de futuro. Em Itália não sabemos para onde vamos," diz.
Quando lhe dizemos que os portugueses repetem muitas vezes que não há futuro em Portugal, Massi diz que os portugueses "se subestimam".
"Os jovens portugueses não estão tão desesperados quanto os italianos relativamente ao futuro. Muitos jovens portugueses emigraram durante a crise, é verdade, mas quantos desses foram para Itália?," diz.
Linda di Filippo chegou a Portugal em 2014, em plena crise económica. Veio por três meses para fazer um estágio numa empresa que organizava viagens. A empresa pagou-lhe um quarto e 400 euros pelos três meses de trabalho, mas apesar disso e das dificuldades da economia portuguesa nesse momento, Linda diz que se apaixonou de tal forma por Lisboa que, ao regressar a Itália, ao fim desses três meses, fez tudo para encontrar uma forma de voltar a Lisboa. Encontrou essa oportunidade poucos meses depois, numa oferta para trabalhar num call center.
"Cheguei a Portugal num momento em que os jovens italianos e os jovens portugueses viviam as mesmas dificuldades por causa da crise. Mas Portugal deu-me uma oportunidade devido ao trabalho dos call centers e em Itália nem isso consegui," diz.
Paola não adora Lisboa
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Paola Amore, 32 anos, chegou em outubro de 2016, "saturada" da vida em Roma, onde estudou Jornalismo e onde viveu e trabalhou durante 11 anos. Chegou a Lisboa através de uma oportunidade do Serviço de Voluntariado Europeu, para gerir a página de Facebook da Junta de Freguesia de Carnide, e neste momento trabalha no departamento de relações internacionais do ISCTE, gerindo os estudantes estrangeiros que chegam aquele instituto universitário.
Ao contrário dos outros italianos que falaram com o DN, Paola considera Lisboa uma cidade como outra qualquer: "Agora está na moda como já estiveram Barcelona ou Londres." Acha que a "loucura" dos italianos pela capital portuguesa está também relacionada com as semelhanças culturais, que permitem a um italiano sentir-se mais em casa aqui do que no norte da Europa. E vive a experiência portuguesa com sentido crítico: "Portugal tem de melhorar a nível de salários e condições de vida."
Paola não teve de ir trabalhar num call center, tendo encontrado uma sucessão de empregos de que gostou. Sente que está a construir um percurso profissional por si própria, algo que sempre lhe pareceu impossível no país onde nasceu.
"Em Itália tudo funciona pela recomendação de alguém que te conhece. Sei que vocês cá também têm a figura da "cunha", mas em Itália tudo está estruturado em torno disso. Eu não conheço ninguém em Portugal e tudo o que consegui foi devido ao meu currículo. Uma vez em Itália ofereceram-me um bom trabalho, mas pediram-me que pagasse 7000 euros... Não sei explicar, mas o meu currículo vale mais em Portugal," diz.
Apaixonar-se pelo português ao som de Mariza
Roberta Schettino, 30 anos, estudou francês, inglês e espanhol na universidade e teve sempre o sonho de sair de Itália. Fez Erasmus e trabalhou em França, mas ao ver um vídeo da fadista Mariza no Palácio da Pena, em Sintra, apaixonou-se pelo português.
"Aquele vídeo criou o meu imaginário de Portugal, um país com muito sol, muita História e muitas cores, e quando recebi uma oferta de trabalho em Lisboa aceitei de imediato," diz.
Roberta chegou no início de 2016 para trabalhar numa empresa de viagens que funciona através da internet e ao aterrar no aeroporto sentiu-se em casa.
"Reconheci muitas coisas da minha cidade, Nápoles, em Lisboa, mas sinto-me melhor aqui agora. Nápoles é muito caótica, Lisboa é segura. Quando chego, respiro e sinto-me calma," diz.
"Reconheci muitas coisas da minha cidade, Nápoles, em Lisboa, mas sinto-me melhor aqui agora. Nápoles é muito caótica, Lisboa é segura"
Roberta, que preferia partilhar casa com pessoas de outras nacionalidades, vive com três italianos, todos eles apaixonados por Lisboa, como ela. E tal como ela, todos eles com vontade de encontrar outro trabalho que não o do call center, que lhes tem permitido viver confortavelmente na capital portuguesa, apesar da subida do nível de vida.
"Eu gosto do meu trabalho, mas gostaria de encontrar outro para aprender coisas novas. Quero pensar que é possível mudar porque acho que nunca vou encontrar uma cidade como Lisboa," diz.
Linda di Filippo sente o mesmo. Apesar de sonhar com outro trabalho, estar em Lisboa é a prioridade. É também em Lisboa que gostaria de criar família e viver de forma definitiva.
"Todos os pais italianos que conheço perguntam aos filhos que vivem fora de Itália quando regressam. Os meus pais vêm visitar-me a Lisboa e dizem-me para eu ficar aqui. Na verdade dizem que têm inveja porque gostariam de viver também em Portugal," diz.
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Re: Noticias de Portugal
A metanfetamina (Meth, Ice, Cristal) é/pode ser extraída do Pervitin, entre outros fármacos hoje altamente controlados (em 1980 eu trabalhava numa farmácia chamada Drobel, em Porto Alegre, e tinha na prateleira aberta; cansei de vender no balcão, principalmente para gente que dizia que conseguia puxar muito mais ferro na Academia (Gym) se tomasse um comprimidinho antes. Também era usado, se não me engano, por pessoas com depressão e outros problemas, como fraqueza muscular, cansaço crônico e sei lá mais o quê).
Não era então crime algum, não fui eu que botei na prateleira; era liberado igual antibiótico (hoje, como se sabe, até antibiótico - e com muita razão, a meu ver - só com receita médica e que fica retida). Aliás, eu era tão boboca que nunca sequer pensei em tomar um só Pervitin - ou outras drogas liberadas na época - pra ver no que dava, desde sempre detesto tomar remédio, até Aspirina eu desconheço a que sabe...
Não era então crime algum, não fui eu que botei na prateleira; era liberado igual antibiótico (hoje, como se sabe, até antibiótico - e com muita razão, a meu ver - só com receita médica e que fica retida). Aliás, eu era tão boboca que nunca sequer pensei em tomar um só Pervitin - ou outras drogas liberadas na época - pra ver no que dava, desde sempre detesto tomar remédio, até Aspirina eu desconheço a que sabe...
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Re: Noticias de Portugal
Eu so há pouco tempo é que fiquei a saber que o Pervitin era distribuido "normalmente" aos soldados da Wehrmacht durante a 2ª GM
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Re: Noticias de Portugal
E eu nem sabia isso!!!
Link?
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Re: Noticias de Portugal
Epá vi num documentário na TV
numa pesquisa rápida:
Hitler's all-conquering stormtroopers 'felt invincible because of crystal meth-style drug Pervitin'
The methamphetamine-based drug Pervitin was manufactured from 1937 onwards by the Nazis and distributed among the armed forces
https://www.independent.co.uk/news/worl ... 99087.html
se pesquisares por "pervitin world war 2" aparecem logo montes de links
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Re: Noticias de Portugal
Tks, Prepe véio, vou ler mesmo, nem sabia que existia isso naquele tempo, POWS!!!
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Re: Noticias de Portugal
Segundo o artigo do link, o Pervitin foi desenvolvido pelos alemaes como substituto à Coca-Cola, após esta ter sido proibida pelos nazis. Causava uma sensaçao de euforia semelhante ao café... explica muita coisa acerca da Bliztkrieg.Túlio escreveu: Qui Ago 16, 2018 3:45 pm Tks, Prepe véio, vou ler mesmo, nem sabia que existia isso naquele tempo, POWS!!!![]()
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Re: Noticias de Portugal
Vocês não sabiam?! Isso é por demais conhecido.
Por causa disso há o mito que nas Tropas Especiais Portuguesas se mete cenas na comida para o pessoal aguentar o treino e ser mais agressivo... tudo treta da grossa!
O pessoal fica diferente, fica muito mais tolerante à dor, fica mais acelarado, fica mais agressivo, mas é tudo derivado do treino em si e não de coisas que se meta na comida. Houve um dia quando chegamos às messes para comer a 2ª, refeição do dia deparamo-nos com um puré de batata com uma cor bastante esquisita... verde florescente! O pessoal começou logo a dizer que tinham dobrado na dose e que nessa semana íamos ficar uns animaizinhos. Uns meses depois um Cabo que tomava conta dos bicos das messes (pessoal desistente ou eliminado no curso) disse-me que tinha sido o Chefe que como não tinha nós moscada tinha substituído por uma outra coisa qualquer.![Gargalhada [003]](./images/smilies/003.gif)
Por causa disso há o mito que nas Tropas Especiais Portuguesas se mete cenas na comida para o pessoal aguentar o treino e ser mais agressivo... tudo treta da grossa!
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O pessoal fica diferente, fica muito mais tolerante à dor, fica mais acelarado, fica mais agressivo, mas é tudo derivado do treino em si e não de coisas que se meta na comida. Houve um dia quando chegamos às messes para comer a 2ª, refeição do dia deparamo-nos com um puré de batata com uma cor bastante esquisita... verde florescente! O pessoal começou logo a dizer que tinham dobrado na dose e que nessa semana íamos ficar uns animaizinhos. Uns meses depois um Cabo que tomava conta dos bicos das messes (pessoal desistente ou eliminado no curso) disse-me que tinha sido o Chefe que como não tinha nós moscada tinha substituído por uma outra coisa qualquer.
![Gargalhada [003]](./images/smilies/003.gif)
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Re: Noticias de Portugal
PUTZ, quem diabos bota noz-moscada em purê de batata? Não inventaram ainda o TEMPERO VERDE em Portugal não?
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![[018]](./images/smilies/018.gif)
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Re: Noticias de Portugal
Na minha terra um bom puré de batata leva sempre estes ingredientes:
Batata;
Leite;
Pimenta;
Noz-moscada;
Manteiga
Presumo que isso aí acima seja uma erva aromática. Não, não é costume meter no puré de batata aromáticas.
Batata;
Leite;
Pimenta;
Noz-moscada;
Manteiga
Presumo que isso aí acima seja uma erva aromática. Não, não é costume meter no puré de batata aromáticas.
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Re: Noticias de Portugal
cabeça de martelo escreveu: Sex Ago 17, 2018 11:10 am Na minha terra um bom puré de batata leva sempre estes ingredientes:
Batata;
Leite;
Pimenta;
Noz-moscada;
Manteiga
Presumo que isso aí acima seja uma erva aromática. Não, não é costume meter no puré de batata aromáticas.
Eu faço em casa (receita da Mãe):
Batata cozida al dente;
Leite;
Margarina;
Sal;
Tempero verde (só pra enfeite).
E não se come puro (nem botando molho de carne, seja moída, seja em pedaços, como normalmente faço); vai com arroz, feijão, a rigor como com quase tudo, exceto frituras, churrasco, polenta e pasta (macarronada - como se eu tivesse que explicar isso a um Europeu
)...
Batata cozida al dente;
Leite;
Margarina;
Sal;
Tempero verde (só pra enfeite).
E não se come puro (nem botando molho de carne, seja moída, seja em pedaços, como normalmente faço); vai com arroz, feijão, a rigor como com quase tudo, exceto frituras, churrasco, polenta e pasta (macarronada - como se eu tivesse que explicar isso a um Europeu

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Re: Noticias de Portugal
Tu devias passar uma temporada cá em Portugal para aprenderes a cozinhar como deve de ser!
Margarina?! Num puré de batata?! Agora até fiquei mal disposto! Mete manteiga nisso ó homem, manteiga! E depois pimenta e noz-moscada a gosto.
Puré por aqui é para acompanhar algo, neste caso era puré de batata com carne fatiada feita no forno com molho, além disso juntava-se uns 5 copos de água e uns 5 copos de sumo (estávamos sempre com fome e sede).
Margarina?! Num puré de batata?! Agora até fiquei mal disposto! Mete manteiga nisso ó homem, manteiga! E depois pimenta e noz-moscada a gosto.
Puré por aqui é para acompanhar algo, neste caso era puré de batata com carne fatiada feita no forno com molho, além disso juntava-se uns 5 copos de água e uns 5 copos de sumo (estávamos sempre com fome e sede).