NOTÍCIAS POLÍTICAS

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Bolovo
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#25471 Mensagem por Bolovo » Sex Mai 25, 2018 3:10 pm

prp escreveu: Sex Mai 25, 2018 3:05 pm
Túlio escreveu: Sex Mai 25, 2018 2:35 pm

Então te divirtas, meu amigo Dilmo (não mandei botar o avatar :mrgreen: )! Porque os caminhoneiros já estão pedindo abertamente por um GOLPE MILITAR! Que dificilmente vai servir para levar livre o Novo Cristo ou o resto da "esquerda".

Aliás, deves saber o que eles fazem com quem é do time... :twisted: :twisted: :twisted: :twisted:
Eles terão o golpe, temer já mandou o exército golpeá-los no lombo, esse é o golpe militar desejado pelos direitistas. :lol: Pau no lombo do trabalhador.
"Segundo informações do governo, caso algum caminhoneiro não queria retirar o caminhão da rodovia, os militares que estivem atuando na operação poderão assumir o controle dos caminhões e dirigir os veículos. Além disso, os caminhoneiros que resistirem à desocupação poderão ser presos e multados." - G1

Bem... aqueles que queriam intervenção militar conseguiram realizar o desejo! :twisted: :lol: :lol:
"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#25472 Mensagem por wagnerm25 » Sex Mai 25, 2018 3:13 pm

O que impede aumentar o valor do frete? Quando a gasolina aumenta, sobe o táxi, sobe o Uber. Quando a farinha aumenta, sobe o pão.

Pq simplesmente não repassar o valor? Há algum impeditivo legal? Não sei qual a explicação.

Li em algum local que há caminhão de sobra no país, assim, se um caminhoneiro por acaso cobrar um valor X, sempre tem um que cobra x-1, não sei se procede.

A raiz de toda merda é o sistema tributário brasileiro e o estado perdulário.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#25473 Mensagem por Viktor Reznov » Sex Mai 25, 2018 3:29 pm

Tem que meter o porrete mesmo, estão conduzindo essa greve de maneira completamente irresponsável e agora serão devidamente punidos por isso. Tem hospitais ficando sem insumos médicos por causa desse greve, esses vermes estão parando tudo quanto é caminhão e não deixando nada passar, nem caminhões com oxigênio pra hospitais eles estão deixando.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#25474 Mensagem por Bolovo » Sex Mai 25, 2018 3:35 pm

Sendo 30% dos caminhoneiros autônomos, essa coisa toda tá me cheirando a locaute, os donos das transportadoras usando os caminhoneiros pra pressionar o governo na questão do diesel.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#25475 Mensagem por gusmano » Sex Mai 25, 2018 3:37 pm

prp escreveu: Sex Mai 25, 2018 3:05 pm
Túlio escreveu: Sex Mai 25, 2018 2:35 pm

Então te divirtas, meu amigo Dilmo (não mandei botar o avatar :mrgreen: )! Porque os caminhoneiros já estão pedindo abertamente por um GOLPE MILITAR! Que dificilmente vai servir para levar livre o Novo Cristo ou o resto da "esquerda".

Aliás, deves saber o que eles fazem com quem é do time... :twisted: :twisted: :twisted: :twisted:
Eles terão o golpe, temer já mandou o exército golpeá-los no lombo, esse é o golpe militar desejado pelos direitistas. :lol: Pau no lombo do trabalhador.
https://g1.globo.com/politica/blog/andr ... stas.ghtml

"

O motivo: temem que as forças não tenham combustível suficiente para agir nas ruas por vários dias seguidos.
"

parece piada...

Essa "solução" do temer só tende a agravar o problema.

abs
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#25476 Mensagem por gusmano » Sex Mai 25, 2018 3:39 pm

wagnerm25 escreveu: Sex Mai 25, 2018 3:13 pm O que impede aumentar o valor do frete? Quando a gasolina aumenta, sobe o táxi, sobe o Uber. Quando a farinha aumenta, sobe o pão.

Pq simplesmente não repassar o valor? Há algum impeditivo legal? Não sei qual a explicação.

Li em algum local que há caminhão de sobra no país, assim, se um caminhoneiro por acaso cobrar um valor X, sempre tem um que cobra x-1, não sei se procede.

A raiz de toda merda é o sistema tributário brasileiro e o estado perdulário.
Não atual conjectura não é o caminhoneiro que define o preço de frete "diario". É quem contrata, e ai tem de tudo... Não é atoa que uma das pautas é ter certa previsibilidade do preço do diesel.

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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#25477 Mensagem por Bourne » Sex Mai 25, 2018 3:42 pm

O sistema não permite parcero. Em situação normal o repasse dos custos ocorreria. Seja de imposto, cambio ou barril de petróleo. O problema a inflação está baixa e o país em recessão uns 4 anos. Não tem como repassar. Os caminheiros autônomos é uma ponta, outra estão os produtos rurais e, mais recentemente, as grandes transportadoras, produtores e industrias. Como o setor é oligopolizado, joga a pressão nos menores.

Pode ver que a passagem de ônibus subiu porque o custo do diesel vai direto para as planilhas e o contrato força que seja repassado. Já no frete de cargas não dá. Pelo que vi os valores são iguais ou menores do que de 2015. Outros serviços públicos que tem contratos que incorporam custo do diesel também foram repassados.

Excesso de caminhão é claro que tem. Ainda tem origem no incentivo ao financiamento e crédito barato de 2009-2014. Muitos setores da industria estão iguais. Tá sobrando máquinas e equipamentos. Já estão velhos e sem uso, ninguém sabe o que fazer com eles.

No caso dos caminhões, as grandes transportadoras investiram, agora estão renovando e colocando no mercado. Agora que perceberam que rodam em troca de diesel, não tem como recuperar o capital investido ou mesmo fazer manutenção. Isso empresa grandes. Batendo papo ouvi que tem transportadora grande que aceitou frete de 2,5 mil km por 4500 reais numa carreta. Para uma viagem de três dias sobra 800 reais. Se grandes que tem frete bom tão assim, imagina os autônomos e pequenas transportadoras. Já vi muitos que simplesmente preferem ficar em casa. Não pagam para trabalhar.

Aí para tudo. O mercado é imperfeito. Se não conseguem retorno não quer dizer que saem. Eles podem pressionar para ter melhores condições. Geralmente o fazem porque o custo de mudar de área é muito alto.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#25478 Mensagem por Túlio » Sex Mai 25, 2018 3:52 pm

BUÁ! Depois de amanhã é DOMINGO, POWS!!! [081] [081] [081] [081]

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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#25479 Mensagem por cassiosemasas » Sex Mai 25, 2018 4:50 pm

Temer e Lula na boleia do caminhão

Bruno Carazza

Crise dos caminhoneiros é resumo de nossa história de predação política e econômica pelos grupos de interesses

“A população que paga.
Na verdade, tudo que acontece na política
é a população que paga.”

(Cidadão carioca no Jornal Nacional de 24/05/2018 )


Toda crise tem causas imediatas e outras que vêm de longe, corroendo sorrateiramente as estruturas até que, por um curto circuito ou uma sobrecarga qualquer, o prédio desaba.

Especialistas são então chamados a apresentar suas explicações técnicas e representantes do governo anunciam medidas emergenciais e um plano de longo prazo para que a tragédia não ocorra novamente. Imediatamente à tragédia esquerdistas e conservadores enquadram os fatos às suas visões de mundo: foi culpa dos neoliberais golpistas ou do gigantismo do Estado cevado pelos petralhas.

Não é minha pretensão discutir aqui a origem da crise dos caminhoneiros ou seus impactos sociais, políticos e econômicos. Na falta de elementos concretos, vou tentar dar um passo atrás para vê-la em perspectiva. E como os experts convocados de última hora, as autoridades atônitas e os analistas de redes sociais, darei minha contribuição – igualmente reducionista, enviesada e carente de evidências – neste caleidoscópio que é a opinião pública.

Utilizando minhas prerrogativas de profeta do acontecido e isentão assumido, aponto as origens da crise atual em três datas distintas, ao gosto do freguês: 17/05/2017, algum momento entre 06/06/2005 e 05/05/2008 ou 21/04/1500.

A primeira hipótese (a culpa é do Temer): Há pouco mais de um ano Joesley Batista revelou para o Brasil o áudio em que acertava com Michel Temer, na calada da noite, a compra do silêncio de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro na Lava Jato e, de quebra, combinava o pagamento de propinas por futuras benesses para suas empresas no Cade e na CVM. Naquele momento começava a desmoronar todo o trabalho de reformas fiscais desenvolvido por uma das mais bem preparadas equipes econômicas desde o Plano Real.

No desespero por salvar a própria pele, Temer revelou a plenitude de seu espírito peemedebista e vendeu sua alma para o Centrão e a todos os interesses oportunistas que ele representa. Em vez de Reforma da Previdência, Refis generalizados para grandes devedores do Fisco, prorrogação de diversos regimes fiscais especiais e uma reoneração da folha de pagamentos tardia e bem aquém do que seria necessário para corrigir abusos bilionários. No lugar da aprovação das medidas de contenção de despesas com pessoal, total conivência com generosos auxílios-moradia, honorários e bônus de produtividade para a elite corporativista do funcionalismo nos três Poderes.

Para garantir sua sobrevivência contra os avanços da Lava Jato, Temer abriu mão do poder imprescindível de dizer “não”. Em governos fracos, quem tem mais poder de pressão leva: de grandes empresas sonegadoras a magistrados, passando por caminhoneiros – e as megatransportadoras de cargas, claro. Nesse arranjo, os benefícios se concentram em poucos, e os custos são transferidos para a sociedade toda. Vide o acordo entre governo e caminhoneiros de ontem.

Segunda possibilidade (a culpa é do PT): Em algum momento entre a eclosão do Mensalão e a ordem dada a Guido Mantega para abrir os cofres do BNDES e conceder benefícios fiscais bilionários para transformar o tsunami da crise financeira internacional em marolinha, o PT jogou fora os melhores 10 ou 12 anos de nosso período republicano.

É passada a hora de despirmos nossos preconceitos ideológicos e reconhecermos os imensos avanços e a incrível complementariedade do período compreendido entre a adoção do Plano Real e o fim do primeiro mandato de Lula. Sob a batuta dos dois melhores partidos desde o fim da ditadura, domou-se o patrimonialismo atávico para aprovar medidas modernizadoras que atacavam verdadeiramente nossos maiores males: a instabilidade econômica e a desigualdade de renda.

Todo esse esforço progressista, contudo, foi por água abaixo quando, a partir do segundo mandato do PT na Presidência, imaginou-se que a saída para as graves crises de governabilidade (com o Mensalão) e financeira internacional (2008) estava na transformação do governo num balcão de negócios entre políticos e grandes empresas. A combinação da famosa “nova matriz econômica” de Mantega com a governabilidade do MDB de Temer, Cunha, Renan e Jucá gerou a Lava Jato, o impeachment de Dilma, déficits fiscais insustentáveis e 13 milhões de desempregados. Nesse período o empresariado e as corporações do serviço público nadaram de braçada no dinheiro fácil do boom das commodities e na falta de controle do governo e, quando a maré passou, a dívida explodiu. Mas a lição tinha sido muito bem ensinada para os grupos de interesses: pressione que o governo cede.

A hipótese mais plausível (sempre foi assim): Se pararmos pra pensar, desde que Pedro Álvares Cabral aportou nessas terras, funcionamos num moto-contínuo extrativista descrito de forma magistral pelos acadêmicos Daron Acemoglu e James Robinson no imperdível livro Por que as Nações Fracassam. Para os autores, a razão para o atraso de países como o Brasil está na relação simbiótica entre elites econômicas e políticas que se sucedem ao longo do tempo criando políticas públicas e legislações que levam a concentração de renda e poder.

Como ninguém é perfeito, Acemoglu e Robinson chegaram a acreditar que o Brasil tinha aprendido o caminho e iniciado uma virada no início do século XXI. Sabem nada, inocentes. Também iludidos pela bem-sucedida dobradinha FHC-Lula I, esqueceram-se que nossas escolhas sempre foram feitas sob a lógica do rent seeking: a concessão de privilégios do Estado a grupos que exercem pressão sobre políticos e autoridades.

É por causa dele que somos um dos países mais fechados do mundo, que nosso Estado presta péssimos serviços públicos mas tem corporações confortavelmente instaladas no 1% mais rico da população, que nosso Congresso é uma fábrica de benesses de toda natureza e nosso sistema tributário é regressivo e baseado no consumo, e não no patrimônio e na renda. Esqueça o que eu disse sobre os criadores do Plano Real e do Bolsa Família: pensando bem, nunca tivemos um governo com visão clara e ações fortes o bastante para reverter esse sistema de transferência de renda da coletividade para grupos com acesso privilegiado ao poder.



Com um sistema político com fortes tendências à fragmentação, os grupos que sabem se organizar melhor e pressionar o governo vão sempre levar vantagem nas negociações e repassar a conta de seus benefícios para a população. Foi assim quando Temer abandonou o compromisso com as reformas fiscais para ficar no poder. E quando o PT propôs ao MDB sociedade na empreitada de permanecer pelo menos 30 anos no poder. Ou quando FHC deixou de usar o capital político adquirido com o fim da inflação para realizar reformas políticas e tributárias corajosas a ponto de romper o ciclo da concentração de renda e poder. Desde tempos imemoriais, os pactos políticos geram imensas oportunidades de negócio para quem se torna íntimo dos poderosos ou consegue emparedar o governante de plantão.

Os caminhoneiros aprenderam isso e jogaram o governo à lona em poucos dias, empurrando para todos nós os custos da redução do preço do diesel e seus tributos. Foram oportunistas, abusaram do poder ao levar o país ao caos? Talvez, mas eles simplesmente agiram como os grandes empresários em busca de Refis, ruralistas renegociando subsídios de suas dívidas com o Banco do Brasil, juízes ameaçando fazer greve a favor do auxílio-moradia…

E não se iludam: daqui pra frente vai ser pior. Depois de Dilma e Temer, em 2019 vem aí mais um presidente fraco, sobrevivente numa eleição de políticos desacreditados, um Congresso cada vez mais Centrão e um colapso fiscal se aproximando em ritmo alucinante.

A disputa pelos nacos de um Orçamento cada vez menor será sangrenta e a conta você sabe que vai pagar. Se não souber, fica a dica: está lá no início do texto, na epígrafe.






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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#25480 Mensagem por Túlio » Sex Mai 25, 2018 5:02 pm

cassiosemasas escreveu: Sex Mai 25, 2018 4:50 pm
Temer e Lula na boleia do caminhão

Bruno Carazza

Crise dos caminhoneiros é resumo de nossa história de predação política e econômica pelos grupos de interesses

“A população que paga.
Na verdade, tudo que acontece na política
é a população que paga.”

(Cidadão carioca no Jornal Nacional de 24/05/2018 )


Toda crise tem causas imediatas e outras que vêm de longe, corroendo sorrateiramente as estruturas até que, por um curto circuito ou uma sobrecarga qualquer, o prédio desaba.

Especialistas são então chamados a apresentar suas explicações técnicas e representantes do governo anunciam medidas emergenciais e um plano de longo prazo para que a tragédia não ocorra novamente. Imediatamente à tragédia esquerdistas e conservadores enquadram os fatos às suas visões de mundo: foi culpa dos neoliberais golpistas ou do gigantismo do Estado cevado pelos petralhas.

Não é minha pretensão discutir aqui a origem da crise dos caminhoneiros ou seus impactos sociais, políticos e econômicos. Na falta de elementos concretos, vou tentar dar um passo atrás para vê-la em perspectiva. E como os experts convocados de última hora, as autoridades atônitas e os analistas de redes sociais, darei minha contribuição – igualmente reducionista, enviesada e carente de evidências – neste caleidoscópio que é a opinião pública.

Utilizando minhas prerrogativas de profeta do acontecido e isentão assumido, aponto as origens da crise atual em três datas distintas, ao gosto do freguês: 17/05/2017, algum momento entre 06/06/2005 e 05/05/2008 ou 21/04/1500.

A primeira hipótese (a culpa é do Temer): Há pouco mais de um ano Joesley Batista revelou para o Brasil o áudio em que acertava com Michel Temer, na calada da noite, a compra do silêncio de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro na Lava Jato e, de quebra, combinava o pagamento de propinas por futuras benesses para suas empresas no Cade e na CVM. Naquele momento começava a desmoronar todo o trabalho de reformas fiscais desenvolvido por uma das mais bem preparadas equipes econômicas desde o Plano Real.

No desespero por salvar a própria pele, Temer revelou a plenitude de seu espírito peemedebista e vendeu sua alma para o Centrão e a todos os interesses oportunistas que ele representa. Em vez de Reforma da Previdência, Refis generalizados para grandes devedores do Fisco, prorrogação de diversos regimes fiscais especiais e uma reoneração da folha de pagamentos tardia e bem aquém do que seria necessário para corrigir abusos bilionários. No lugar da aprovação das medidas de contenção de despesas com pessoal, total conivência com generosos auxílios-moradia, honorários e bônus de produtividade para a elite corporativista do funcionalismo nos três Poderes.

Para garantir sua sobrevivência contra os avanços da Lava Jato, Temer abriu mão do poder imprescindível de dizer “não”. Em governos fracos, quem tem mais poder de pressão leva: de grandes empresas sonegadoras a magistrados, passando por caminhoneiros – e as megatransportadoras de cargas, claro. Nesse arranjo, os benefícios se concentram em poucos, e os custos são transferidos para a sociedade toda. Vide o acordo entre governo e caminhoneiros de ontem.

Segunda possibilidade (a culpa é do PT): Em algum momento entre a eclosão do Mensalão e a ordem dada a Guido Mantega para abrir os cofres do BNDES e conceder benefícios fiscais bilionários para transformar o tsunami da crise financeira internacional em marolinha, o PT jogou fora os melhores 10 ou 12 anos de nosso período republicano.

É passada a hora de despirmos nossos preconceitos ideológicos e reconhecermos os imensos avanços e a incrível complementariedade do período compreendido entre a adoção do Plano Real e o fim do primeiro mandato de Lula. Sob a batuta dos dois melhores partidos desde o fim da ditadura, domou-se o patrimonialismo atávico para aprovar medidas modernizadoras que atacavam verdadeiramente nossos maiores males: a instabilidade econômica e a desigualdade de renda.

Todo esse esforço progressista, contudo, foi por água abaixo quando, a partir do segundo mandato do PT na Presidência, imaginou-se que a saída para as graves crises de governabilidade (com o Mensalão) e financeira internacional (2008) estava na transformação do governo num balcão de negócios entre políticos e grandes empresas. A combinação da famosa “nova matriz econômica” de Mantega com a governabilidade do MDB de Temer, Cunha, Renan e Jucá gerou a Lava Jato, o impeachment de Dilma, déficits fiscais insustentáveis e 13 milhões de desempregados. Nesse período o empresariado e as corporações do serviço público nadaram de braçada no dinheiro fácil do boom das commodities e na falta de controle do governo e, quando a maré passou, a dívida explodiu. Mas a lição tinha sido muito bem ensinada para os grupos de interesses: pressione que o governo cede.

A hipótese mais plausível (sempre foi assim): Se pararmos pra pensar, desde que Pedro Álvares Cabral aportou nessas terras, funcionamos num moto-contínuo extrativista descrito de forma magistral pelos acadêmicos Daron Acemoglu e James Robinson no imperdível livro Por que as Nações Fracassam. Para os autores, a razão para o atraso de países como o Brasil está na relação simbiótica entre elites econômicas e políticas que se sucedem ao longo do tempo criando políticas públicas e legislações que levam a concentração de renda e poder.

Como ninguém é perfeito, Acemoglu e Robinson chegaram a acreditar que o Brasil tinha aprendido o caminho e iniciado uma virada no início do século XXI. Sabem nada, inocentes. Também iludidos pela bem-sucedida dobradinha FHC-Lula I, esqueceram-se que nossas escolhas sempre foram feitas sob a lógica do rent seeking: a concessão de privilégios do Estado a grupos que exercem pressão sobre políticos e autoridades.

É por causa dele que somos um dos países mais fechados do mundo, que nosso Estado presta péssimos serviços públicos mas tem corporações confortavelmente instaladas no 1% mais rico da população, que nosso Congresso é uma fábrica de benesses de toda natureza e nosso sistema tributário é regressivo e baseado no consumo, e não no patrimônio e na renda. Esqueça o que eu disse sobre os criadores do Plano Real e do Bolsa Família: pensando bem, nunca tivemos um governo com visão clara e ações fortes o bastante para reverter esse sistema de transferência de renda da coletividade para grupos com acesso privilegiado ao poder.



Com um sistema político com fortes tendências à fragmentação, os grupos que sabem se organizar melhor e pressionar o governo vão sempre levar vantagem nas negociações e repassar a conta de seus benefícios para a população. Foi assim quando Temer abandonou o compromisso com as reformas fiscais para ficar no poder. E quando o PT propôs ao MDB sociedade na empreitada de permanecer pelo menos 30 anos no poder. Ou quando FHC deixou de usar o capital político adquirido com o fim da inflação para realizar reformas políticas e tributárias corajosas a ponto de romper o ciclo da concentração de renda e poder. Desde tempos imemoriais, os pactos políticos geram imensas oportunidades de negócio para quem se torna íntimo dos poderosos ou consegue emparedar o governante de plantão.

Os caminhoneiros aprenderam isso e jogaram o governo à lona em poucos dias, empurrando para todos nós os custos da redução do preço do diesel e seus tributos. Foram oportunistas, abusaram do poder ao levar o país ao caos? Talvez, mas eles simplesmente agiram como os grandes empresários em busca de Refis, ruralistas renegociando subsídios de suas dívidas com o Banco do Brasil, juízes ameaçando fazer greve a favor do auxílio-moradia…

E não se iludam: daqui pra frente vai ser pior. Depois de Dilma e Temer, em 2019 vem aí mais um presidente fraco, sobrevivente numa eleição de políticos desacreditados, um Congresso cada vez mais Centrão e um colapso fiscal se aproximando em ritmo alucinante.

A disputa pelos nacos de um Orçamento cada vez menor será sangrenta e a conta você sabe que vai pagar. Se não souber, fica a dica: está lá no início do texto, na epígrafe.






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FANTÁSTICO!!!

Posts como este mostram o quanto posso ser influenciado pelo DB: hoje mesmo, pelo fim da manhã, um cupincha meu veio aqui em casa; charla que vem, charla que vai, surge a pergunta:

- Como será que vamos estar por esta época, mas no ano que vem?

Planos, ideias, sugestões. Inacreditavelmente para alguns, o que conversamos pode ser visto no texto acima, tá tudo lá, até o prognóstico para 2019¹. Perto de nos despedirmos, falei:

- Cupincha véio, me contento em ainda ter MUNIÇÃO!


1 - EDIT - Apenas a parte "presidente fraco" eu falei diferente (mas no mesmo sentido), foi "vamos estar ou com um DOIDO como o Ciro ou outro ainda pior como o Bozonaro".
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#25481 Mensagem por wagnerm25 » Sex Mai 25, 2018 5:19 pm

Quanto a esse negócio de usar as forças armadas para desbloquear as rodovias.

Se for para entrar de pau mole, melhor ficar m casa. Ou entra prá resolver ou a desmoralização vai pegar.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#25482 Mensagem por Viktor Reznov » Sex Mai 25, 2018 5:31 pm

wagnerm25 escreveu: Sex Mai 25, 2018 5:19 pm Quanto a esse negócio de usar as forças armadas para desbloquear as rodovias.
As Forças Armadas estão aí pra isso também, desbloquear rodovia entra na Garantia de Lei de Ordem. Por mim bloqueio de rodovias pra protesto seria crime.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#25483 Mensagem por Paisano » Sex Mai 25, 2018 5:35 pm

A última vez que utilizaram o Exército para reprimir grevistas foi na greve da CSN em 1988. E deu a m&rd@ que deu...
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS

#25484 Mensagem por cassiosemasas » Sex Mai 25, 2018 5:37 pm

Ta rolando a boca pequena que os caminhoneiros convocaram o Óptimus Prime para enfrentar o exercito.... brincadeiras a parte, se existe caminhos ruins para seguir, sem duvida esse é um deles, a ordem é clara, desbloquear as Brs, mas e se os caras não bloquearem, mas simplesmente não rodarem? e ai? Vão obrigar os caras a trabalhar? é isso mesmo?
Ando rindo muito dos coleguinhas que viviam pedindo intervenção militar e apoiando os caminhoneiros, e agora o exercito foi convocado para resolver a treta, eles estão em parafuso...
...
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#25485 Mensagem por Túlio » Sex Mai 25, 2018 5:46 pm

cassiosemasas escreveu: Sex Mai 25, 2018 5:37 pm Ta rolando a boca pequena que os caminhoneiros convocaram o Óptimus Prime para enfrentar o exercito.... brincadeiras a parte, se existe caminhos ruins para seguir, sem duvida esse é um deles, a ordem é clara, desbloquear as Brs, mas e se os caras não bloquearem, mas simplesmente não rodarem? e ai? Vão obrigar os caras a trabalhar? é isso mesmo?
Ando rindo muito dos coleguinhas que viviam pedindo intervenção militar e apoiando os caminhoneiros, e agora o exercito foi convocado para resolver a treta, eles estão em parafuso...

É um lance assim que vou te contar, neguim vive pedindo o Dita Dura (seja a proletária, seja a militar) e acha que ela vai entrar só no rabo dos outros... :roll: :twisted: :roll: :twisted: :roll:
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