Candidatura de Alckmin corre risco de naufragar? Veja 8 sinais
Dados do Datafolha mostram as dificuldades que o candidato do PSDB terá para ser um candidato competitivo. Fora das pesquisas, tucano também enfrenta problemas que ameaçam sua viabilidade eleitoral
A pesquisa Datafolha divulgada no último domingo (15) soou como um alerta para a candidatura a presidente do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP). Ele não apenas empacou. Mas também vem perdendo intenções de voto ao longo do tempo. Tem rejeição relativamente alta – o que significa que terá dificuldade para crescer. E não tem desempenho de campeão de votos nem mesmo onde é mais conhecido e deveria liderar com folga: em São Paulo e no eleitorado simpático ao PSDB.
Fora das pesquisas, o tucano também enfrenta problemas que ameaçam sua candidatura. A Lava Jato está no seu encalço. E ele vê aliados de primeira hora desconfiados de sua viabilidade, além de ensaiarem uma guerra interna que pode enfraquecer os apoios de que tanto precisa.
A Gazeta do Povo elaborou uma lista de oito sinais de que a candidatura de Alckmin corre risco de naufragar – o que faria com que o PSDB, pela primeira vez desde 1994, não tivesse um candidato viável ao Planalto.
1) Alckmin é só o 5.º lugar nas pesquisas. E vem perdendo terreno
Nos nove cenários avaliados pelo último Datafolha, Alckmin está em 5.º lugar em todos eles. É um desempenho fraquíssimo para um candidato do PSDB, partido que desde 1994 conquista pelo menos o segundo lugar nas eleições presidenciais. O porcentual de intenções de voto do ex-governador paulista varia de 6% a 8%, muito distante de lhe assegurar uma vaga no segundo turno.
O desempenho de Alckmin também apresenta uma trajetória descendente. No Datafolha de fevereiro de 2016, por exemplo, ele tinha 12%.
A pesquisa do último domingo ainda mostra que, se o tucano chegar ao segundo turno, não teria vida fácil com praticamente nenhum adversário. A pesquisa simulou cinco cenários com Alckmin na etapa final da eleição. Ele ganharia apenas um com folga, estaria num empate técnico em outros dois e perderia de dois concorrentes.
As derrotas certas de Alckmin seriam para Lula (48% a 27%) e Marina Silva (44% a 27%). O Datafolha mostra um empate técnico dele com Jair Bolsonaro (33% para o tucano contra 32% do adversário) e Ciro Gomes (32% a 32%) – a margem de erro da pesquisa é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. Alckmin só ganharia com folga do petista Jaques Wagner (41% a 17%).
2) Tucano não deslancha nem no seu próprio estado
Alckmin não deslancha nem mesmo onde era de se esperar que tivesse um desempenho melhor. O Datafolha mostra que, no estado de São Paulo, Alckmin oscila entre 13% e 17% das intenções de voto dependendo do cenário.
O tucano, com intenção de voto entre 13% e 14%, fica em terceiro nos três cenários com Lula (o primeiro, com 20%). Bolsonaro é o segundo (com porcentuais entre 14% e 15%). Nas simulações sem Lula, Alckmin faz entre 16% e 17% e está na frente em dois cenários (com Bolsonaro em segundo) e atrás desse adversário em quatro.
Uma possível explicação para a dificuldade de Alckmin para abrir dianteira em seu próprio estado vem de outro dado do Datafolha: ele deixou o governo paulista com avaliação positiva (ótimo e bom) de apenas 36% da população, contra 22% de ruim e péssimo, e 40% de regular.
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3) Alckmin só teria o voto de um em cada quatro eleitores simpáticos ao PSDB
O Datafolha também mostra que Alckmin não vai bem mesmo entre os “tucanos”. Dentre os eleitores que dizem que o PSDB é seu partido de preferência, apenas 25% escolheram o ex-governador de São Paulo como candidato em que votariam para presidente. Um dado comparativo mostra como o apoio a Alckmin entre o eleitorado do PSDB é baixo. Lula foi escolhido por 70% dos eleitores que dizem preferir o PT como partido.
4) Rejeição relativamente alta significa dificuldade de conquistar novos eleitores
O potencial de crescimento de Alckmin durante a campanha, que pode ser aferido pela sua rejeição, não é dos maiores. Segundo o Datafolha, o tucano é rejeitado por 29% dos eleitores brasileiros – que dizem que não votarão nele de jeito nenhum. Dos principais candidatos, ele só é menos rejeitado do que Lula (36%) e Bolsonaro (31%). A diferença é que os outros dois lideram as pesquisas.
Quanto mais rejeitado, menos chance o candidato tem de conquistar novos eleitores. Nesse sentido, a rejeição de Alckmin – num patamar próximo ao de Lula e Bolsonaro – é muito pior para o tucano, que precisa crescer nas pesquisas para chegar ao segundo turno. Em tese, Lula e Bolsonaro só precisam manter o que já conquistaram.
5) Aliados procuram vice que ajude Alckmin a crescer nas pesquisas
O PSDB está procurando outros candidatos de centro para “alertá-los” de que, se não estiverem unidos, correm o risco de não chegarem ao segundo turno da eleição contra forças da direita ou da esquerda. Alvaro Dias (Podemos) foi um dos procurados.
Na prática, o que os tucanos querem é tentar atrai-los com a oferta da vaga de vice de Alckmin, o que poderia ajudar o candidato do PSDB a crescer nas pesquisas embalado pelas intenções de voto do seu vice.
Já o governador de São Paulo, Márcio França (PSB), aliado de Alckmin, sugeriu que o pré-candidato a presidente pelo seu partido, Joaquim Barbosa, a principal “novidade” do último Datafolha, seja o vice de Alckmin. Afirmou que vai trabalhar para que isso se concretize.
A tentativa de aproximação de Alckmin com Alvaro e Barbosa indica aquilo que o tucano não quer admitir: pelas suas próprias pernas, terá dificuldades quase intransponíveis para chegar à Presidência.
6) FHC fez de tudo para que PSDB apoiasse outro candidato: Luciano Huck
O ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso foi o principal incentivador da candidatura presidencial do apresentador de televisão Luciano Huck. Nos bastidores, isso foi interpretado como um reconhecimento interno de que Alckmin terá muita dificuldade para se viabilizar eleitoralmente.
O principal risco para o ex-governador paulista é que, se ele não crescer nas pesquisas, acabe perdendo apoios de peso dentro do próprio partido.
7) João Doria e Márcio França, aliados de Alckmin, brigam e ameaçam prejudicar o tucano
Dois dos principais aliados de Alckmin – o ex-prefeito de São Paulo João Doria (PSDB) e o governador paulista Márcio França (PSB) – são candidatos ao governo. E já estão em guerra, trocando acusações em público.
Doria tenta associar Márcio França a Lula, ao PT e à extrema esquerda. Chamou o atual governador de “Márcio Cuba”. Recebeu em resposta a acusação de que “abandonou a cidade de São Paulo” e fez “aquilo que ele sabe fazer de melhor: mentir, plantar o ódio e semear a divisão”.
A disputa entre Doria (“cria” de Alckmin) e França (ex-vice do tucano) ameaça rachar a base do presidenciável em seu próprio território, prejudicando sua campanha ao Planalto.
8) Lava Jato chega perto de Alckmin
O braço paulista da Operação Lava Jato parece que decidiu acordar. E o principal alvo virou o PSDB, que comandou o estado de São Paulo por décadas. A prisão no início de abril de Paulo Vieira de Souza, o “Paulo Preto”, é um motivo de preocupação para Alckmin. Paulo Preto, acusado de corrupção, é tido como operador do PSDB. Ele comandou, durante governos tucanos, a Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), estatal paulista responsável por obras em estradas.
Alckmin também vai responder na Justiça Eleitoral por caixa 2 de campanha pago pela empreiteira Odebrecht. O caso é um desdobramento das delações dos ex-executivos da construtora.
A possibilidade de que acusações contra Alckmin venham a público durante a campanha eleitoral será um risco que o tucano terá de correr se quiser manter sua candidatura. Um risco que poderá desgastá-lo, inviabilizando sua pretensão de chegar à Presidência.
Metodologia da pesquisa
A pesquisa eleitoral do Instituto Datafolha foi feita entre os dias 11 e 13 de abril. Foram entrevistados 4.194 brasileiros com 16 anos ou mais em 227 municípios brasileiros. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95% – o que significa que, se a pesquisa for realizada com a mesma metodologia 100 vezes, em 95 os resultados estarão dentro da margem de erro. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR-08510/2018 e foi encomendada pelo jornal Folha de S.Paulo.
A pesquisa do Datafolha que mediu a avaliação do governo Alckmin em São Paulo ouviu 1.954 paulistas de 16 anos ou mais entre os dias 11 e 13 de abril em 68 municípios. O levantamento, encomendado pelo jornal Folha de S.Paulo, tem margem de erro 2 pontos porcentuais para mais ou para menos e um nível de confiança de 95%. Isso significa que se fossem realizados 100 levantamentos com a mesma metodologia, em 95 os resultados estariam dentro da margem de erro prevista.
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