MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

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cassiosemasas
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7426 Mensagem por cassiosemasas » Qua Mai 31, 2017 9:23 pm

E as veias continuam abertas e sangrando

clóvis rossi

31/05/2017 12h48


É preciso repetir sempre que a obscena desigualdade que marca a América Latina (e o Brasil em particular) não é apenas uma questão ética, o que já seria importante. É também "um obstáculo para o desenvolvimento sustentável", como reafirma a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) em seu Panorama Social 2016, divulgado na terça-feira (30).

Diz o relatório que, "entre 2008 e 2015, a desigualdade na distribuição de renda das pessoas diminuiu na América Latina graças à prioridade que os países deram ao desenvolvimento social, porém seu ritmo de declínio se desacelera entre 2012 e 2015 e os níveis atuais seguem sendo muito altos para alcançar o desenvolvimento sustentável".


Imagem
O catador de recicláveis Thiago Santos, 28, beneficiário do Bolsa Família, em São Paulo

Aqui é preciso abrir um parêntesis para desmontar, mais uma vez, a lenda de que a desigualdade caiu no Brasil nos anos Lula. Caiu, talvez, a desigualdade entre salários, mas não a desigualdade verdadeiramente importante, que é entre a renda do capital e a renda do trabalho.

O relatório da Cepal deixa claro esse aspecto, que já cansei de enfatizar em meia dúzia de textos ao longo dos anos.

Diz: "Esta edição do Panorama Social também chama a atenção sobre a estrutura da propriedade (de ativos físicos e financeiros) como um fator fundamental para a reprodução da desigualdade na região. Por meio de um estudo de caso, constata-se que a distribuição da riqueza é ainda mais desigual que aquela medida somente pelas rendas correntes das pessoas".

Traduzindo: a desigualdade não pode ser medida apenas pelas rendas resultantes de salários, aposentadorias e pensões. Para o retrato ser realista, é preciso pôr nele ganhos do capital, heranças, rendas resultantes de patrimônio, investimentos financeiros e atividades afins.

A lenda da queda da desigualdade no Brasil foi alimentada pelo tal índice de Gini, em que zero representa ausência de desigualdade e 1 a desigualdade máxima. Acontece que o índice só mede salários, aposentadorias e pensões, não todos os ganhos relacionados à propriedade e ao investimento de capital.

Mesmo com esse defeito congênito, o Gini de 17 países da América Latina que figuram no relatório da Cepal foi 0,469 em 2015, "um nível considerado alto". Logo, a desigualdade real entre rendimento do capital e do trabalho é necessariamente ainda mais alta.

E, como se fosse pouco, a Cepal mostra que a melhora detectada entre 2008 e 2012 (1,2% anual em média) viu seu ritmo diminuir para a metade entre 2012 e 2015 (0,6% anual).

No Brasil, um dos raros estudos em que se buscaram dados que fossem além da valiosa mas insuficiente Pnad (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios) teve como coautor Pedro Ferreira de Souza, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Ele mergulhou em dados do Imposto de Renda para "recuperar a história dessa desigualdade desde os anos 1920, quando éramos ainda um país rural, com população menor do que a do Estado de São Paulo hoje".

Conclusão: "De lá para cá, muita coisa mudou no Brasil, mas não a desigualdade. A concentração de renda no 1% mais rico da população adulta manteve-se em patamar alto, sem nenhuma tendência clara de longo prazo".

Ferreira de Souza calcula que o 1% mais rico e que fica com uma fatia do bolo desproporcional "corresponde a um universo em torno de 1,5 milhão de pessoas com renda bruta mensal a partir de algo em torno de R$ 20 mil".

Faça-se, então, a comparação: o Bolsa Família, que beneficia 14 milhões de famílias ou cerca de 42 milhões de pessoas, precisa de 14 anos para dar-lhes os recursos que, em apenas um ano, vão para os portadores de títulos da dívida pública, via juros.

Que sejam 10 vezes mais que o 1,5 milhão do top 1% –ainda assim, é uma brutal diferença, que perpetua a desigualdade e destrói a propaganda de que ela diminuiu nos últimos anos.

crossi@uol.com.br




Fonte.




...
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7427 Mensagem por Túlio » Qua Mai 31, 2017 9:30 pm

Juros caíram 1%. Claro, para quem acredita nessa viagem de "veias abertas da AL¹", tri, nadavê...

1 - Charla dos anos 80 que vive até hoje tipo zumbi, graças à IDEOLOGICE.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7428 Mensagem por Bolovo » Qui Jun 01, 2017 12:03 am

Túlio escreveu:Juros caíram 1%. Claro, para quem acredita nessa viagem de "veias abertas da AL¹", tri, nadavê...

1 - Charla dos anos 80 que vive até hoje tipo zumbi, graças à IDEOLOGICE.
Eduardo Galeano agora é ideologice? Já leu o livro, por acaso?




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7429 Mensagem por Túlio » Qui Jun 01, 2017 3:43 pm

Bolovo escreveu:
Túlio escreveu:Juros caíram 1%. Claro, para quem acredita nessa viagem de "veias abertas da AL¹", tri, nadavê...

1 - Charla dos anos 80 que vive até hoje tipo zumbi, graças à IDEOLOGICE.
Eduardo Galeano agora é ideologice? Já leu o livro, por acaso?
Na verdade sim, em minha adolescência, ou seja, antes de teres sequer nascido. Folheei exemplares ao longo dos anos mas minha opinião se manteve: nunca tive muita paciência mesmo com gente que bota a culpa de suas próprias cagadas nos outros. Em resumo, o que entendi daquela verborragia toda foi que primeiro a Europa e depois os EUA sempre tiveram culpa de todas as mazelas da AL e não os habitantes dela. Claro, discordei sempre do autor. Perae, sempre não: há alguns anos, catando alguma notícia para zoar OZZZ COMUNAZZZ no meu Facebook, achei por acaso uma matéria sobre o índio, onde ele repudiava sua própria obra-prima (que eu saiba ele escreveu VÁRIOS livros, não só este) aqui no Brasil, num evento que não lembro mais o que era, e aproveitou para descer a lenha nos COMUNAZZZ. Não lembro onde foi, portanto não tenho link para mostrar, mas foi o que li. Finalmente, posso dizer que hoje sim, concordaria com o Galeano, se é que ainda é vivo.

Mas a menção aos anos 80 foi por causa de uma revista periódica que era publicada naquela época e que levava o mesmo nome do livro, onde a demonização dos EUA e Europa Ocidental só podia ser comparada à santificação da URSS, Cuba e outros "paraísos proletários", junto com a eterna chorumela de que a culpa é de todo mundo, menos da gente (aliás, tínhamos apenas UMA culpa: não começar uma revolução sangrenta para trocar seis por meia dúzia). Era o que vivia dizendo a minha namorada da época, que comprava todos os exemplares que saíam e acreditava firmemente naquela baboseira toda. Não fosse ela GATAÇA e uma verdadeira máquina de guerra nos pelegos eu teria dado-lhe um pé na bunda bem antes de acabarmos (ela se mudou para SP).

PS.: a menção à redução de 1% na taxa de juros foi IRONIA, devia ter botado as carinhas, pois que grande diferença vai fazer, não? E isso vem precisamente quando El Turco encara o fim de sua carreira. Conveniente...




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7430 Mensagem por Brasileiro » Qui Jun 01, 2017 5:17 pm

Abaixo, uma lida um pouco mais completa sobre o que houve com Galeano e seu livro. E não é que Galeano tenha, com o tempo, se tornado um Trump, ou daqueles convertidos que cospem no prato que comeram. Aparentemente, apenas acredita hoje que o assunto é muito mais complexo do que ele imaginou na época, e que não tinha (segundo ele próprio) a base suficiente para escrever um livro sobre economia política.
Eu não seria capaz de ler o livro de novo. Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é pesadíssima. Meu físico (atual) não aguentaria. Eu cairia desmaiado – brincou Galeano sobre As veias abertas da América Latina.

Galeano, que tem 73 anos, disse que, em todo o mundo, experiências de partidos políticos de esquerda no poder “às vezes deram certo, às vezes não, mas muitas vezes foram demolidas como castigo por estarem certas, o que deu margem a golpes de Estado, ditaduras militares e períodos prolongados de terror, com sacrifícios humanos e crimes horrorosos cometidos em nome da paz social e do progresso”. E, segundo ele, em alguns períodos, “é a esquerda que comete erros gravíssimos”.

Ainda sobre As Veias Abertas da América Latina, Galeano explicou que foi o resultado da tentativa de um jovem de 18 anos de escrever um livro sobre economia política sem conhecer devidamente o tema.

– Eu não tinha a formação necessária. Não estou arrependido de tê-lo escrito, mas foi uma etapa que, para mim, está superada – afirmou.

Autor internacional homenageado pela Bienal, o escritor disse que, embora algumas das questões abordadas nesse livro continuem “se desenvolvendo e se repetindo”, a realidade mundial mudou muito desde que a obra chegou às livrarias. Hoje, Galeano confessa que não tem interesse em reescrevê-lo ou atualizá-lo.

– A realidade mudou muito. Eu mudei muito. Meus espaços de penetração na realidade cresceram tanto fora, quanto dentro de mim. Dentro de mim, eles cresceram na medida em que eu ia escrevendo novos livros, me redescobrindo, vendo que a realidade não é só aquela em que eu acreditava –ressaltou o escritor.
Não achei nada demais, e não parece que tenha sido a intenção dele invalidar completamente o que disse. Além, claro, de falar com desprendimento em relação à esquerda, na condição de um senhor de 74 anos que não deve explicações a ninguém, mas que está bem longe de ser um chute no pau da barraca.

http://www.ocafezinho.com/2014/04/12/ed ... -brasilia/




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7431 Mensagem por Túlio » Qui Jun 01, 2017 6:39 pm

Ei, não fui eu quem trouxe o nome do cara para o debate. Só estava explicando que tentei fazer uma zoada nos 1% do Turco e, pensando NA REVISTA (não num dos livros dele), completei a ironia, tendo esquecido de botar umas carinhas só para garantir que todo mundo ia entender.

Já agora começo a pensar que, ao menos aqui no DB, eu sou o único a saber que a citada revista sequer existiu. E nem "esquerda" sou...

EDIT - Por curiosidade, reli teu post e entrei no link, já meio que desconfiado. É raro eu me enganar com coisas assim, é MAV puro! Olhar o que é "adoçado" na frese do Galeano sobre a "esquerda", que na verdade é:
Ele acrescentou que "eu não seria capaz de reler esse livro; cairia dormindo. Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é extremamente árida, e meu físico já não a tolera".

http://listas.ufrn.br/pipermail/ciranda ... 29675.html
Notar a diferença que UMA palavrinha faz... :twisted: :twisted: :twisted: :twisted:




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7432 Mensagem por Grep » Sex Jun 02, 2017 9:19 am

Eu acho que nas relações internacionais muitas vezes um país se da mal sim por causa de outro mais poderoso e organizado, e não a nada ou muito pouco que a população do país agredido possa fazer.

A história esta cheia de exemplos, vocês que são muito mais cultos que eu certamente conhecem vários.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7433 Mensagem por Bolovo » Ter Jun 20, 2017 12:09 am

Odebrecht pode ser vendida para grupo chinês

Por Mauricio Lima

18 jun 2017, 15h00

A Odebrecht está em negociações adiantadas para vender sua construtora, uma das jóias da coroa, para um grupo chinês.

Veja




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7434 Mensagem por Bourne » Ter Jun 20, 2017 12:26 pm

Os problemas do Brasil resumidos em três gráficos/tabelas que dizem a produtividade não cresce. Se não cresce, a renda e consumo não crescem de forma continuada, como também investimento e inserção internacional. Não é resultado neutro. Isso é culpa dos nossos grupos de interesses, como foi desenhado o sistema político e como interagem com a estrutura de estado. Ou seja, a culpa é br huehue.


http://img.huffingtonpost.com/asset/scalefit_820_noupscale/5948576d210000150033cfc4.jpg

http://img.huffingtonpost.com/asset/scalefit_820_noupscale/594857531600002800116f42.jpg

http://img.huffingtonpost.com/asset/scalefit_820_noupscale/59485792210000170033cfc6.jpg
Does Brazil’s Sector Structure Explain Its Productivity Anemia?

Otaviano Canuto and Fernanda De Negri

Brazil’s labor and total-factor productivity (TFP) have featured anemic increases in the last decades (Canuto, 2016). As we illustrate here, contrary to common view, sector structures of the Brazilian GDP and employment cannot be singled out as major determinants of productivity performance. Horizontal, cross-sector factors hampering productivity increases seem to carry more weight.

Brazil’s productivity performance has been dismal

Since the end of the 1970s, the Brazilian labor productivity has been lagging behind many other developing and advanced economies. Today it represents around ¼ of the levels of OECD and other high income countries, same proportion as in the late seventies. Performance is even worse in the case of TFP, as most estimates point to a decrease in the level of relative TFP compared to the late 1970s.

Several recent studies have shown that the Brazilian economic growth in the early 2000s was not boosted by productivity gains, but rather by an increase in the participation and employment rates in the labor market - De Negri and Cavalcante (2014) and Bonelli (2014). World Bank estimates Brazil’s TFP increased at an annual rate of 0.3% from 2002 to 2014 – and only 0.4% p.a. during the years from 2002 to 2010. Two-thirds of Brazil’s GDP increase can be accounted for by higher quantity and quality of labor being incorporated in the economy. While only 10% can be attributed to TFP gains. This fact explains why per capita GDP grew faster than labor productivity (GDP by number of workers) in the 2000s.

The relative decline of manufacturing is often pointed out to explain the productivity anemia

Very often, the sector structure of Brazil’s GDP and employment – and their changes – are singled out as the main factors to explain such a dismal productivity performance. More specifically, the manufacturing share of the Brazilian GDP has decreased from more than 18% to 13% between 1995 and 2012, and such a decline – accompanied by increases in the service sector participation – are used to explain the weak performance in aggregate productivity.

Such a view follows an assumption that productivity levels – both in physical and value terms – embed sector-specific features that prevail over economy-wide determinants. Even with an intra-sector variance of potential levels, it is supposed that labor units transferred among sectors display corresponding changes in their productivity. Sector-specific capital goods and intangible assets matter more for labor productivity than skills and system-wide features.

Manufacturing is special in this context. As any single unit of labor operating in the manufacturing sector would tend to generate an economic value far more superior to most other activities. Moreover, convergence from late-comers or laggard producers toward the frontier would be easier:

“Labor productivity in manufacturing displays a clear tendency towards convergence, unconditional on the countries’ institutions or policies. The policies that matter for growth are thus those that bear on the reallocation of labor from non-convergence to convergence activities. (…) [Manufacturing] industries produce tradable goods and can be rapidly integrated into global production networks, facilitating technology transfer and absorption. Even when they produce just for the home market, they operate under competitive threat from efficient suppliers from abroad, requiring that they upgrade their operations and remain efficient. Traditional agriculture, many non-tradable services, and especially informal economic activities do not share these characteristics.” (Rodrik, 2011).
It follows from such a chain of reasoning that Brazil’s weak productivity performance would likely be caused by – or reflected in – the loss of relative weight of manufacturing in Brazil’s GDP and employment.

Brazil’s labor productivity performance has been dismal almost across the board

However, there are strong reasons to dismiss the association between the manufacture share of GDP and overall productivity trends in the Brazilian case. In fact, when looking at the distance/difference between Brazil’s labor productivity in several sectors compared with levels in the rest of the world, the country seems to have moved away from the most productive economies and is getting closer to the least productive ones in a wide range of sectors. Table 1 uses data from the World Input-Output database to show the ratios of labor productivity in Brazil compared to both the least and most productive countries in each cluster of sectors. The gap between Brazil and other countries in frontier productivity is increasing in all sectors, suggesting that there is something more happening/transpiring to the productivity in the country than just the assumed aggregate effects of changes in the productive structure.


Source: Miguez, T. and Moraes, T. “Produtividade do trabalho e mudança estrutural: uma comparação internacional com base no World Input-Output Database (WIOD): 1995-2009. In De Negri, F. and Cavalcante. L.R.M.T. (2014) Produtividade no Brasil: desempenho e determinantes. Brasilia: IPEA, 2014.

“Intra-sectoral effects” have predominated over “structural change”

One way to assess whether changes in the participation of different sectors in the economy lead to changes in aggregate productivity is to break down the productivity growth in two different components. One is the “structural change effect“, which corresponds to the boost in aggregate productivity due to the growth of the most productive sectors of the economy increasing their share in employment and GDP. The second component - the “intra-sectoral effect” - reflects the boost on aggregate productivity due to the productivity growth within the different sectors. Each component’s size reveals its influence on the aggregate productivity growth over a time period.

Bonelli (2014) and Squeff and De Negri (2014) reached similar results for Brazil (Table 2). Despite using different methods, both studies showed the predominance of intra-sectoral effects over the structural change effect in Brazil, especially after 2008 or 2009.


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Source: De Negri, F. and Cavalcante. L.R.M.T. (2014) Produtividade no Brasil: desempenho e determinantes. Brasilia: IPEA, 2014 (chapters 1, 4 and 8).

The reduction of manufacturing as a share of total employment - from 13% to 12% between 1995 and 2012 – was slighter than in GDP, suggesting some decrease of productivity within the sector. Per Squeff and De Negri (2014), labor productivity in Brazil’s manufacturing sector decreased almost 1% a year in the first decade of the century.

Figure 1 displays estimates of the World Bank on a similar direction. Agriculture also lost participation in employment, decreasing its share from 26% in 1995 to 15% in 2012, while service sectors grew from 54% to 64%. Given the sector-specific productivity trends, one may understand how intra-sector productivity trends weighed more heavily than changes in the job structure.


Source: World Bank (2016)

Brazil’s productivity gap cannot be fully explained by sector structure

Perhaps the most compelling piece of evidence showing that GDP and employment structures or structural change does not constitute a major explanation of the Brazilian anemia of productivity increases comes from Miguez and Morais (2014). To capture the structural change effect, the authors simulated what would happen if the Brazilian economy had the same occupational structure as that of other countries. Additionally, they also calculated what would happen if, maintaining the current occupational structure, Brazil had levels of intra-sector productivity like other countries.

Table 3 displays some of their results. For instance, having the same occupational structure as the U.S. or Germany, while maintaining current levels of intra-sector productivity would increase Brazilian productivity by 68% or 58% respectively. On the other hand, increasing intra-sector productivity to the same level of those countries while keeping the same occupational structure as of today would increase the Brazil’s aggregate productivity by more than 400%. Cross-sector, economy-wide factors seem to have a higher weight than the sector structure of employment and GDP to explain Brazil’s productivity gap relative to the frontier.


Source: Miguez, T. and Moraes, T. “Produtividade do trabalho e mudança estrutural: uma comparação internacional com base no World Input-Output Database (WIOD): 1995-2009. In De Negri, F. and Cavalcante. L.R.M.T. (2014) Produtividade no Brasil: desempenho e determinantes. Brasilia: IPEA, 2014.

Cross-sector, horizontal productivity-boosting changes should be pursued

Given the predominance of economy-wide, cross-sector determinants on Brazil’s productivity anemia, they must be prioritized by policy makers. Three major constraints appear to have strongly weighed against productivity increases in the last decades (Canuto, 2016);

One has been the insufficiency of infrastructure investments. In addition to being a source of gross fixed capital formation, sustainable investments in infrastructure would not only have alleviated bottlenecks that became increasingly tight as the economy expanded, but also spread indirect externalities hugely beneficial for the economy at large.

Additionally, Brazil’s business environment has been unfriendly to productivity gains. It has brought three-fold negative consequences for productivity: subtracting productivity at both enterprise and macroeconomic levels by leading to resource waste in value-less activities; stifling competition as it raises barriers to entry and to the contestability of markets, especially for smaller firms unable to dilute the costs of doing business through scales; and it has stimulated informality. In most of its dimensions, Brazil’s business environment not only takes a toll in terms of waste in the use of resources, but also does not create incentives toward innovative, technology-adaptive, productivity-enhancing firm behavior. Lack of competition is part of the problem

Access to finance is among the components of the Brazilian business environment limiting productivity growth. Finance for long-term projects and for small-and-medium enterprises is limited – except for a small group of preferred enterprises with access to government subsidized credit (Canuto and Cavallari, 2017).

Besides the lack of infrastructure investments and a productivity-unfriendly business environment, opportunities of systematic productivity gains have been missed for the absence of a better and more accessible base of education and skill acquisition by workers.

We are not denying the relevance of structural change – toward manufacturing – in Brazil’s previous historical record of growth – as it has been the case in most transitions from low- to middle-income economies (Agenor, Canuto and Jelenic, 2012). During the industrialization period until the 1980s, when the economic structure of the Brazilian economy changed a great deal, there was a huge impact of structural change on aggregate productivity. Labor- and total factor productivity both rose to a large – and long – extent through industrialization, urbanization and reduction of employment in subsistence agriculture, while manufacturing employment increased.

However, at the current juncture, to be able to impact the aggregate productivity in a significant way, changes in the economic structure would have to be extraordinarily high, while cross-sector factors seem much more significant – as suggested in Table 3. The scope and time for picking low hanging fruits are gone.

The sector-specific emphasis on technological change and productivity has evolved toward a “complexity” approach, one in which sector-specific features matter as they carry distinctive abilities to feed into local processes of development of capabilities and other collective intangible assets (Hausmann, Hidalgo et al., 2013). Gala (2017) has approached the Brazilian economy using those lenses. Nevertheless, one should not lose sight that improving on those above-mentioned horizontal, cross-sector, economy-wide productivity factors is a precondition for a sustainable local development of complexity-prone activities.

Otaviano Canuto is an executive director at the World Bank (WB) and Fernanda De Negri is a researcher at Institute for Applied Economic Research (IPEA) in Brazil and a visiting researcher at MIT – Industrial Performance Center. All opinions expressed here are their own and do not represent those of the institutions to which they are affiliated, or of those governments Mr. Canuto represents at the WB Board.

http://www.huffingtonpost.com/entry/doe ... 875b83e535




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7435 Mensagem por LeandroGCard » Qua Jun 21, 2017 9:29 am

Bourne escreveu:Os problemas do Brasil resumidos em três gráficos/tabelas que dizem a produtividade não cresce. Se não cresce, a renda e consumo não crescem de forma continuada, como também investimento e inserção internacional. Não é resultado neutro. Isso é culpa dos nossos grupos de interesses, como foi desenhado o sistema político e como interagem com a estrutura de estado. Ou seja, a culpa é br huehue.
O problema na verdade é ainda mais grave, e tem a ver com a falta de tradição e mesmo de compreensão por parte da sociedade brasileira sobre como funciona o mercado atual. No Brasil imagina-se que "produção" é a montagem do produto ou a prestação do serviço final, com a entrega ao cliente/utilizador, e não se percebe que esta é apenas a ponta mais visível e fácil de compreender de um processo muito mais longo e que envolve muito mais etapas (pesquisa, design, projeto, desenvolvimento, treinamento especializado de funcionários e etc...), a maioria das quais exigindo elevados níveis de conhecimento e preparo que são quase inexistentes no Brasil.

Aqui no Br huêhuê o máximo que se consegue pensar em termos de produtividade é em máquinas novas, redução do custo da mão-de-obra ou ouso de matérias primas mais baratas (e consequentemente de pior qualidade), mas estas coisas na verdade dão ganhos apenas marginais na produtividade em praticamente todos os setores da economia. O que realmente aumenta a produtividade em todos os setores (é claro que com maior impacto em uns do que em outros, mas ainda assim como influência preponderante em praticamente todos) é a capacidade de inovação, e muito pouco desta pode ser gerada na linha de montagem, em cima do trator ou no balcão de atendimento, lugares onde as pessoas estão ocupadas demais trabalhando, e sim em laboratórios de pesquisa e em escritórios de desenvolvimento onde as pessoas se dedicam a PENSAR. No meu artigo abaixo, publicado no recanto das letras, eu explico em um pouco mais de detalhes como isso se aplica ao setor industrial, mas o mesmo vale também para o de serviços e mesmo no agronegócio.

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/5155981

O resto é discutir por migalhas, coisas que na verdade fazem tão pouca diferença que praticamente não afetam a produtividade dos países. As empresas dos super-liberais estados unidos não tem uma produtividade assim tão superior às da muito mais regrada e paternalista França ou da quase socialista Suécia, pois todos estes países baseiam suas economias no contínuo aperfeiçoamento dos produtos e serviços já existentes e no desenvolvimento de novos (os quais são oferecidos ao mundo inteiro), e não na exploração da força de trabalho de funcionários e operários pouco qualificados que apenas executam o mais mecanicamente possível o que outras pessoas mais preparadas lhes dizem para fazer de forma a atender ao mercado local, o que parece ser o sonho dourado da sociedade brasileira atual.

E temos até mesmo um exemplo bem brasileiro disso. A Embraer é uma empresa nacional e que opera aqui mesmo no Brasil, enfrentando todos os problemas de elevados custos, dificuldades de infra-estrutura, sindicatos fortes e etc... que todo mundo aponta como empecilhos insuperáveis para o desenvolvimento nacional, mas ainda assim segue criando continuamente novos produtos altamente competitivos e com eles derrotando suas componentes no mercado mundial, mesmo estas concorrentes estando instaladas em países onde nenhum destes problemas existe. Agora imaginem se ao invés disso ela apenas se dedicasse a trazer para para cá projetos estrangeiros (obviamente pagando pesados royalties por isso) para fabricar para o mercado nacional, como faz a maioria absoluta das empresas nacionais e praticamente todas as multinacionais instaladas aqui. O que seria uma Embraer assim (se é que ainda existiria)?


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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7436 Mensagem por Bourne » Qua Jun 21, 2017 6:52 pm

Não precisa ir longe.

Por exemplo, uma coisa simples, o sistema tributário. Ele é infernal, confuso e trata agentes iguais como diferentes, muda toda a hora por decisão dos governos (federal, estadual ou municipal) para dar ou tirar subsídios ou por autarquias que querem arrecadar mais. Só essas características já criam um ambientes de que empresas e profissionais iguais são tratados como diferentes, eleva a instabilidade e incerteza sobre o futuro, prejudica aqueles que seriam mais produtivos.

Outro caso, que tem a ver com sistema tributário, subsídios e regulação. Quando o governo intervem e cria os "campeões nacionais" em áreas que o Brasil é mais que produtivo, acaba desorganizando o setor. Por exemplo, a JBS e setor de carnes.

Uma empresa multinacional da proteína animal se formaria natalmente pela ação do mercado com vantagem competitivas. Essas vantagem podem ser oriundas de ter menor custo operacional, melhor governança, desenvolver tecnologia de processos e produtos, maior acesso ao mercado financeiro e abrindo novos mercados. Dessa forma, essa empresa é melhor que as outras e, assim, tem condições de comprar concorrentes, construir novas plantas, se expandir interna e externamente. No Brasil, quem fez fez isso foi a Sadia e Perdigão que eram competitivas nacional e internacionalmente, elas abriram caminho para produção de frango e produtos relacionados. Depois ainda vieram outras para preencher o mercado e cobrarem menos.

A JBS é diferente. Era um médio para grande frigorifico de Goias como tantos outros que existem no Brasil. Os irmãos Batista começaram a investir em política e ter boas relações com o Estado. E começaram a crescer com apoio do BNDES para se tornarem uma multinacional brasileira da proteína animal. O resultado é que o governo virou um choque externo ao mercado que impulsionou a JBS comprar os frigoríficos médios e grandes do Brasil, depois virar uma monopolista na proteína bovina. Ao mesmo tempo, o grupo começou a diversificar e comprar empresas de outros setores e transferir a produção para o exterior.

O resultado para o setor que era fragmentado, competitivo e exportava carne bovina para o mundo passou a ser dominado pela JBS. Assim, os frigoríficos médios e grandes que poderiam ter custos menores, melhor governança corporativa, inovar em produtos e processos, negociar melhor com os produtos e explorar nichos de mercado no Brasil e exterior sumiram. Aí despencou a qualidade da carne, a JBS joga pesado contra os produtores, e tem o poder de elevar preço no mercado interno. E os outros frigoríficos campeões estão todos quebrados. Por que eles não são os mais eficientes do setor e o setor pode não funcionar bem com mega frigoríficos. Os empréstimos do BNDES, subsídios tributários e outros benefícios foram jogados no lixo com essa política.

Isso tudo em um setor que não precisa de um "campeão nacional", assim como tantos outros. O setor de carnes ia muito bem. Só precisa garantir a regulação fitossanitária, fazer as fiscalizações e ajudar a abrir mercado no exterior. Poderiam surgir alguns frigoríficos de grande porte, mas tenderiam a ser vários e iam competir entre si. Ainda assim, esses frigoríficos seriam os mais eficientes e produtivos. Agora, com a crise e devassa da JBS, essas empresas são ser fragmentadas e o setor vai voltar a se organizar com médios e grandes frigoríficos. Já está acontecendo. Plantas produtivas estão sendo recompradas por produtores de gado, investidores que se retiraram do setor e agora voltam, e outros que veem oportunidades.

Outros setores que foram afetados pelos "campeões nacionais" estão se reorganizado. Parece que o arquiteto do plano, o senhor Luciano Coutinho, se fixa nos ganhos das mega empresas e esquece que em muitos setores e no Brasil pode não dar certo. Tudo bem, em parte deu certo na Coreia, sua grande inspiração, mas só lá. Nem os emergentes como China seguem isso. Por que dá muito poder para uma empresa escolhi e se torna perigoso.

Esses bilhões jogados em frigoríficos e outras políticas equivocadas poderiam ter ido para apoiar start-ups de tecnologia, desenvolvimento de pesquisas, melhorar a infraestrutura em geral e urbana. Áreas que teriam efeitos horizontais e beneficiariam firmas que pela competição poderiam surgir empresas dinâmicas e mais produtivas. No fim o Tesouro que paga a conta que será bem maior do que foi emprestado e subsidiado.

E a China? A estratégia dos chinesas há muitas décadas é jogar uma empresa contra outra e ver quem sobrevive. As empresas chinesas hoje que vão para o exterior e líderes em tecnologia são sobreviventes de longo processo de seleção interna. Olhem o mercado automobilístico e de smartphone chineses. A competição entre elas é frenética. Lá tem uns dois-três empresas fazem produtos top de linha, mas uma penca que faz produtos razoáveis e competem por preço ou nichos específicos. Amanhã ou depois pode surgir outra e desbancar as top de linha. Lá não adianta ter amigo no governo. Já que um monte de outras também. Apesar da china ter problemas graves da estrutura produtiva e desorganização.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7437 Mensagem por LeandroGCard » Qui Jun 22, 2017 9:45 am

Bourne escreveu:Esses bilhões jogados em frigoríficos e outras políticas equivocadas poderiam ter ido para apoiar start-ups de tecnologia, desenvolvimento de pesquisas, melhorar a infraestrutura em geral e urbana. Áreas que teriam efeitos horizontais e beneficiariam firmas que pela competição poderiam surgir empresas dinâmicas e mais produtivas. No fim o Tesouro que paga a conta que será bem maior do que foi emprestado e subsidiado.
Este sistema de "capitalismo de apadrinhamento" sempre foi uma característica do Brasil, e formou outros grandes monopólios e oligopólios já há bastante tempo. Basta ver a questão das grandes construtoras, das distribuidoras de energia ou a do suco de laranja. E outros setores também acabam funcionando assim na base da proteção especial por sua capacidade de fazer lobby, como é o caso da da indústria automobilística. As empresas que não entram no "clubinho" dos amigos do governo acabam tendo que arcar com todo o peso das dificuldades geradas por nossa legislação tresloucada e nossas insuficiências estruturais, e aí mal conseguem sobreviver.

Neste ambiente é realmente muito difícil (embora não totalmente impossível) tentar colocar a inovação como um aspecto importante de qualquer negócio. Isso, claro, se alguém no Brasil se preocupasse em fazer isso.


E a China? A estratégia dos chinesas há muitas décadas é jogar uma empresa contra outra e ver quem sobrevive. As empresas chinesas hoje que vão para o exterior e líderes em tecnologia são sobreviventes de longo processo de seleção interna. Olhem o mercado automobilístico e de smartphone chineses. A competição entre elas é frenética. Lá tem uns dois-três empresas fazem produtos top de linha, mas uma penca que faz produtos razoáveis e competem por preço ou nichos específicos. Amanhã ou depois pode surgir outra e desbancar as top de linha. Lá não adianta ter amigo no governo. Já que um monte de outras também. Apesar da china ter problemas graves da estrutura produtiva e desorganização.
A China, com seu pragmatismo intransigente, adota as soluções que forem mais adequadas para garantir o seu desenvolvimento econômico, sejam elas do tipo que forem. Existem problemas de infra-estrutura, falta de experiência e desorganização? Sem problema; aplicam-se subsídios pesados, fazem-se investimentos governamentais à perder de vista e garante-se uma moeda desvalorizada para compensar. O importante é garantir que pelo menos as empresas mais eficientes dentro do país tenham como competir com as estrangeiras sem ficar em desvantagem (e sempre que possível com vantagem).

O dia em que as deficiências da China forem resolvidas eles podem retirar estes suportes artificiais à competitividade de suas empresas (ou não, eles é que vão decidir isso de acordo com a sua melhor conveniência). Mas de uma forma ou de outra eles nunca deixaram que suas ineficiências intrínsecas fossem um empecilho para a atuação global de suas empresas.

Esta história de reclamar da burocracia e do custo país, ficar choramingando porque que esta ou aquela reforma não sai, manter ad-infinitum a taxa básica de juros mais elevada do planeta por qualquer justificativa que se possa encontrar e sentar e chorar enquanto a economia do país vai para o buraco não é com eles.


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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7438 Mensagem por Bourne » Qui Jun 22, 2017 12:07 pm

Esse cenário da china morreu há muito tempo. Não sei se procede após as reformas dos anos 1980s.

A política industrial dos chineses sempre foi voltada para o exterior. Dar a infraestrutura e as condições para que empresas de outros países, especialmente norte-americanas, produzissem e exportassem para os EUA. Inicialmente era baseado no baixo custo do trabalho e pouco qualificado. Depois começou a mudar. As condições locais para foi dada para as multinacionais trazerem plantas mais sofisticadas e permitiu a integração produtiva internacional.

Na década de 2000, a outra mudança foram surgiram fornecedores chineses para as multinacionais que importam muito e exportam muita. A ideia nunca foi criar mega empresas "campeões chinesas" como Coreia fez e o Brasil tentou. Mas sim permitir criar várias e deixar que elas começam a competir entre si. É uma forma do governo chinês que tenha uma mega corporação que aparelhe o estado e busque vantagens e influir no governo chinês.

Essa lógica está sento aprofundada nas últimas duas décadas. As grandes firmas e companhias inovadoras chinesas pensam em estratégias mundiais e condizentes com o que acontece no mundo. Àquelas que pensa só no mercado chinês são impulsionados pela facilidade de ter insumos e oferecer produtos com diferenciais e mais baratos que outros. Inclusive tem um aumento acelerado do custo da mão de obra e demanda por trabalho qualificado, a resposta chinesa foi elevar o uso da automatização e novas tecnologias. Isso vai se disseminante pela estrutura produtiva, de governo, infraestrutura geral e urbana.

É claro que existe a outra China. Essa outra China tem uma estrutura produtiva velha, pouco produtiva e que vive de subsídios como cimento. Porém, também existe o interesse do governo chinês em mantê-las porque são importantes para região. Assim como outras decisões de infraestrutura e construção de cidades no interior que foram um desastre. Não é por serem bonzinhos, mas tem que questão de apoio político local. Só que também está mudando e não tem tanto subsídio quanto parece.

A China teve uma filosofia de desenvolvimento da industria e tecnologia muito diferente do Brasil. Parece igual, mas é totalmente diferente. O Brasil se perdeu totalmente com a Crise dos Anos 1980s. Antes, até idos de 1970, o Brasil era muito integrado com o que acontecia no exterior, exportava cada vez mais produtos industriais de média e alta tecnologia, porto de multinacionais, mas também de empresas nacionais. Com a crise na década de 1980, fechou tudo e o resultado da aberração está aí até hoje.

Os chineses defendem de liberalização comercial. Para eles é ótimo e adequado para o momento atual. Eles sabem que precisam importar mais, vender mais e elevar a integração com a estrutura produtiva mundial. Aliá,s eles já são mais integrados e abertos comercialmente que o Brasil.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7439 Mensagem por LeandroGCard » Qui Jun 22, 2017 12:32 pm

Bourne escreveu:Os chineses defendem de liberalização comercial. Para eles é ótimo e adequado para o momento atual. Eles sabem que precisam importar mais, vender mais e elevar a integração com a estrutura produtiva mundial. Aliá,s eles já são mais integrados e abertos comercialmente que o Brasil.
Tudo isso e verdade e sim, eles são mais integrados do que o Brasil.

Mas isso não muda o fato de que o governo deles garante que as empresas lá instaladas sejam competitivas a nível mundial, seja pelo acesso barato a matéria primas e energia (e aí entram os subsídios), seja através de aportes tecnológicos (e aí entram as parcerias com empresas estrangeiras, que se instaladas na China tem que ter pelo menos um sócio "laranja" local que detenha 51% do controle - nunca é uma simples multinacional totalmente controlada pelo exterior), os investimentos maciços em educação (com dezenas de milhares de estudantes de graduação e pós-graduação em áreas tecnológicas enviados ao exterior todos os anos) e os gastos com pesquisa tecnológica (que vão de pesquisas de base nas universidades ao programa espacial), seja através do puro e simples dumping (e aí entra a moeda artificialmente desvalorizada, da qual o mundo inteiro reclama mas não pode fazer nada de fato). Foi este tipo de coisa que garantiu o crescimento astronômico Chinês da década de 1980 até hoje.

Claro que agora o próprio perfil do país já mudou completamente, hoje existe uma parte já bastante representativa da população que trabalha em empregos com melhores salários mas também muito maior produtividade (pesquisadores, engenheiros, projetistas, etc...), o país tem uma base industrial madura e muito diversificada e em muitos setores (motores elétricos de alto desempenho, baterias, captação de energia solar e outros) hoje a China é líder em tecnologia e não mais seguidora das grandes potências industriais. Então nada mais natural que as políticas mudem aos poucos, hoje para eles é bem mais interessante falar em abertura comercial do que vinte anos atrás. Mas eles não abrem mão das suas vantagens a troco de nada ou por simples questão ideológica, só mudam o que pode lhes dar ainda mais vantagens no cenário interno e internacional.


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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#7440 Mensagem por Penguin » Qui Jun 22, 2017 12:39 pm

A tragédia nacional muito bem mapeada e comparada com outros países:

DOING BUSINESS / Measuring Business Regulations
http://www.doingbusiness.org/data/explo ... a-business




Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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