FCarvalho escreveu:
Quanto a uma suposta versão de passageiros baseada no KC-390 isto também não seria em si um problema, já que o projeto inicial desta aeronave aproveitava muita das soluções apresentadas na família E-1 dos E-190/195. Ela evoluiu, e muito, sendo o que hoje vemos por aqui. Não se esqueça que se passaram 10 anos entre o lançamento do projeto, e seus desenhos iniciais, e o primeiro voo do protótipo e, principalmente, o que serão as aeronaves de linha de produção.
Sei lá, por um lado concordo que o 390 poderia servir de BASE para uma fuselagem de avião comercial; o lance é que a EMBRAER tem uma sacada genial, aprendeu também (Boeing e Airbus fazem isso há tempos) a esticar avião até ficar parecendo um lápis com asas (vejas o E2):
A treta é outra: se for se basear diretamente na larga fuselagem do 390, vai pular de um avião (195) que concorre marginalmente com versões menores do 737 para outro que, com essa de ir esticando, acabaria competindo até com o B767/A320 em qualquer versão. Claro, ia ter que mexer muito no conceito: por exemplo, uma Cargo Militar está para uma Avião de Passageiros como um caminhão QT Militar para um ônibus interestadual. Iam ter que mudar as superfícies alares (asa baixa é mandatória), trem de pouso, reforços estruturais (vai ter que ter muita janela e não vai precisar mais de rampa reforçada para permitir o embarque de Bldos, além de "alisar" o desenho da fuselagem) e por aí vai. Mas, aproveitando a experiência com o 195 somada à com o 390, poderia de fato resultar no salto definitivo da EMBRAER para o confronto com as Duas Grandes, Airbus e Boeing. Agora, se isso é ou será conveniente à EMBRAER, já são outros quinhentos, ali a briga é FEIA e muito suja (um exemplo: se a Europa negar - um dos modos é botar o preço de exportação lá nas alturas - turbina/aviônico para a Boeing, eles fazem em casa; se os EUA fizerem o mesmo à Airbus, idem; já o Brasil, que não fabrica nada disso
)...
FCarvalho escreveu:E mais importante: a Embraer é uma empresa que vive da aviação comercial como seu principal nicho de mercado... e fonte de lucro. A defesa, salvo engano, não responde nem por 10% da receita total da empresa hoje. Natural então que ela veja no KC-390 uma ótima base de referencia para o projeto de aeronaves comerciais maiores. As soluções de engenharia apresentadas no modelo,as características e as aprendizagens obtidas no desenvolvimento da célula são um grande passo inicial para algo na seara comercial.
Isso provavelmente tende a mudar, justamente com o 390 mais um provável aumento substancial de encomendas do 314 (se der boas provas no Afeganistão, claro), no primeiro caso porque a Europa Ocidental, por mais que seus líderes neguem, logo terá que intensificar suas compras militares, já que o Trump está tornando os EUA, outrora o grande garantidor da OTAN, uma crescente ameaça a ela, com seus ataques intempestivos e cupinchagens com a arquiinimiga da EO, a Rússia. Se o pau comer na Coréia por iniciativa ianque e a Rússia fizer cara de paisagem (pior ainda se aproveitar para dar o golpe de misericórdia na Ucrânia), não vai ter Europeu que se sinta seguro com a maior parte da sua Defesa na mão dos EUA. No segundo caso, guerras de baixa intensidade estão em alta, vão ser cada vez mais necessários meios do nicho em que o 314 reina absoluto. Para melhorar ainda mais, já há faz tempo por aqui a tecnologia necessária para desenvolver e produzir UAVs/UCAVs da classe do Predator/Reaper (a EMBRAER não deve ter ficado só olhando nos tempos da falecida Harpia Systems, deve ter aprendido o que pôde com a Elbit), bastaria obter uma fonte confiável de sensores, motores e armas.
FCarvalho escreveu:Mas nem se empolgue muito com isso agora. De momento, a empresa está totalmente engajada no projeto dos E-2, que por si só tem projeção de sucesso muito maior que a E-1 atual, e que poderão passar de 2 mil undes vendidas nos próximos 10/15 anos. Depois disso, se houver demanda do mercado para a empresa, vai se poder pensar com mais calma em eventuais projetos maiores do que os E-2.
Nada melhor do começar com algo que já se tem a mão. E provado.
abs.
QED, um avião de passageiros BASEADO NA - não ADAPTADO DA - fuselagem do 390 e à luz do que já foi aprendido com a família 170/195, não seria um
concorrente e sim um
complemento (como foi o caso do 170/195 em relação ao 135/145) importante à sua linha de produtos. Não duvido que ainda nesta década comecem a fazer discretas sondagens junto aos clientes tradicionais. SE o mercado responder SIM de maneira que a empresa (e suas tradicionais companheiras) acredite que vale a pena encarar o risco, bueno...