Reflexões sobre a Guerra e os Militares

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Re: Reflexões sobre a Guerra e os Militares

#46 Mensagem por Clermont » Dom Jan 09, 2011 9:26 am

A TIRANIA DA DEFESA Inc.

Em 1961, Dwight Eisenhower, famosamente, identificou o complexo industrial-militar, prevenindo que a crescente fusão entre corporações e forças armadas representava uma ameaça à democracia. Julgada, cinqüenta anos mais tarde, a assustadora profecia de Ike, realmente, subestima a situação de nosso moderno sistema - e os perigos que a perpétua marcha para a guerra lança sobre nós.

Por Andrew J. Bacevich - janeiro 2011.

A política americana é, tipicamente, recheada de negociatas sujas. O discurso político, por sua parte, tende a ser convencional e, eminentemente, esquecível. Porém, ocasionalmente, um político irá transcender as circunstâncias e testemunhar alguma verdade duradoura: George Washington em seu Discurso de Despedida, ou Abraham Lincoln em sua Segunda Posse.

Cinqüenta anos atrás, o presidente Dwight D. Eisenhower juntou-se a tal augusta companhia, quando, em seu próprio discurso de despedida, preveniu sobre a ascensão, na América, do "complexo industrial-militar." Um talentoso soldado e um presidente melhor que a média, Eisenhower devotou a maior parte de sua vida adulta a estudar, travar e, então, buscar evitar a guerra. Não sendo surpresa, por esse motivo, que sua voz profética soou, claramente, quando, sendo presidente, ele refletiu sobre as questões relacionadas a política e poder militar.

O discurso de despedida de Ike, televisado nacionalmente, na noite de 17 de janeiro de 1961, ofereceu uma tal ocasião, embora, não a única. Igualmente significante, ainda que agora, quase esquecida, foi sua presença na Sociedade dos Editores da Imprensa, em 16 de abril de 1953. Neste discurso, o presidente contemplou um mundo, permanentemente, à beira da guerra - "a humanidade pendendo de uma cruz de ferro" - e apelou para os americanos avaliarem as prováveis conseqüências que adviriam.

Separado no tempo por oito anos, os dois discursos são complementares: considerá-los em combinação é descobrir sua total importância. Como balizas para a presidência de Eisenhower, elas formam uma solene meditação sobre as implicações - econômicas, sociais, políticas e morais - da militarização da América.

Durante a presidência Eisenhower, poucos o creditavam como sendo um grande orador. Porém, como convinha a um nativo do Kansas e a um militar profissional, Ike podia falar claro, quando queria fazer isto. O discurso de 16 de abril, no início de sua presidência, foi um tal momento. Pronunciado na esteira da morte de Joseph Stalin, o discurso ofereceu à nova liderança soviética um plano de cinco pontos para pôr fim a Guerra Fria. Endossando o discurso como "uma das mais notáveis declarações política da história americana", o Time relatou, com satisfação, que Eisenhower tinha articulado uma ampla visão pela paz e "a deixado na porta do Kremlin para o mundo todo ver." A probabilidade de que os sucessores de Stalin abraçassem esta visão era nula. Um editorial no The New Republic salientava o ponto essencial: visto da perspectiva da Rússia, Eisenhower estava "exigindo rendição incondicional". O plano de paz do presidente, rapidamente, se desvaneceu sem deixar traços.

Em grande parte negligenciado pela maioria dos comentaristas, estava um segundo tema que Eisenhower tinha entrelaçado em seu texto. A essência deste tema era a simplicidade em si mesma: gastar com armamentos e exércitos é, inerentemente, indesejável. Mesmo quando, aparentemente, necessário, isto constitui em malversação de recursos escassos. Ao desviar capital social de propósitos construtivos para propósitos destrutivos, guerra e preparação para a guerra desfalcam, antes do que reforçam, a força de uma nação. E, enquanto proclamações de necessidade militar podem camuflar os custos envolvidos, elas nunca podem negá-los, completamente.

"Cada canhão que é fabricado, cada navio de guerra que é lançado, cada foguete que é disparado, significam, num sentido final, um roubo daqueles com fome que não são alimentados, daqueles com frio que não são agasalhados. Qualquer nação que despeje seu tesouro na aquisição de armamentos está consumindo mais do que simples dinheiro. Está consumindo o suor de seus trabalhadores, o gênio de seus cientistas, as esperanças de suas crianças."

O custo de um único moderno bombardeiro pesado é este: uma moderna escola de alvenaria em mais de trinta cidades... Nós pagamos por um único caça, com meio milhão de alqueires de trigo. Nós pagamos por um único destróier com novas moradias que poderiam ter abrigado mais de oito mil pessoas."


Porém, na Washington da Guerra Fria, Eisenhower era uma voz clamando no deserto. Por mais que gostassem de Ike, os americanos não tinham intenção de escolher entre canhões e manteiga: eles queriam ambos. O keynesianismo militar - a crença de que a produção de canhões podia garantir um infindável suprimento de manteiga - estava gozando do seu auge.

Na época, a idéia de que militarizar a política americana poderia render benefícios econõmicos, superando os custos, parecia, eminentemente, plausível. Os autores do relatório "NSC-68" do Conselho de Segurança Nacional, o esquema de 1950 para o rearmamento americano, tinham apresentado este ponto, explicitamente: reforçar o gasto do Pentágono "aumentaria o produto interno bruto mais do que o montante absorvido para os propósitos de assistência externa e militar adicionais." Aumentar as defesas da nação serviria como uma espécie de programa de estímulo econômico permanente, pondo pessoas para trabalhar e embolsar dinheiro. A experiência da Segunda Guerra Mundial tinha, aparentemente, validado esta teoria. Por quê não deveria a mesma lógica ser aplicada para a Guerra Fria?

Portanto, os americanos desconsideraram a melancólica meditação de Eisenhower a respeito de uma "cruz de ferro" e um compromisso entre canhões e manteiga. Os anos 1950 trouxeram novos bombardeiros e novas escolas, frotas de belonaves e conjuntos de casas recém-construídas, esparramando-se pelos subúrbios.

Eisenhower e seus colegas republicanos estavam mais do que felizes por enbolsarem o crédito por este resultado, vitorioso dos dois lados. Porém, o presidente, se não o seu partido, também sentiu que por debaixo da aparência de prosperidade "tudo azul", mudanças momentosas e não tão bem-vindas estavam tendo lugar. O boom pós-guerra no qual a classe média americana ganhou tanta satisfação estava reconfigurando, redistribuindo e redefinindo o poder americano. A própria Washington ranqueava como a principal beneficiária deste processo - e, dentro de Washington, as várias instituições compreendendo o que alguns estavam chamando o "Estado de Segurança Nacional".

Este estado de segurança nacional derivava sua raison d'être de - e vigorosamente promovia a crença na - existência de um iminente perigo nacional. Num ponto, a maioria dos políticos, líderes militares e os chamados intelectuais da defesa concordavam: os perigos confrontando os Estados Unidos eram onipresentes e sem precedentes. Manter estes perigos afastados exigiria vigilância, preparo e uma disposição para atuar rapidamente e, mesmo, implacavelmente. A urgência tornou-se a ordem do dia.

Em seu livro de 1956, The Power Elite, C. Wright Mills, um professor de sociologia em Colúmbia, apelidou esta perspectiva de "metafísica militar", que ele caracterizou como "o estado de mente que define a realidade internacional como, basicamente, militar." Estes que abraçavam este quadro mental não mais consideravam ser plausível a paz duradoura, genuína. Antes, a paz era, no melhor caso, uma condição transitória, "um prelúdio para a guerra ou um interlúdio entre guerras."

Talvez, nada ilustre mais, vividamente, esta metafísica militar do que o crescimento exponencial do estoque nuclear americano que ocorreu durante a presidência Eisenhower. Em 1952, quando Ike foi eleito, o estoque somava cerca de 1 mil ogivas. Pela época que ele passou as rédeas para John F. Kennedy, em 1961, ele consistia de mais do que 24 mil ogivas e, rapidamente, ascendeu, mais tarde para um pico de 31 mil ogivas.

Como comandante-chefe, Ike exercia, apenas, controle nominal sobre este desenvolvimento, que era impulsionado por uma não declarada aliança de partes interessadas: generais, autoridades da defesa, empreiteiros militares e membros do Congresso. É verdade, Eisenhower tinha estabelecido a "retaliação maciça" - a ameaça de uma resposta nuclear, em grande escala, para deter a agressão soviética - como peça central da doutrina de segurança nacional dos Estados Unidos. Ainda assim, mesmo que esta postura tencionasse intimidar o Kremlin, o presidente esperava oferecer aos americanos um senso de segurança, doravante, permitindo-lhe botar rédeas nos gastos militares. A este respeito, ele errou, gravemente, de cálculo.

Durante os anos Eisenhower, a produção militar serviu como um, aparentemente, inexaurível motor de bem-estar econômico. Manter os soviéticos contidos exigia o desenho e a aquisição de um vasto conjunto de armas e mísseis, bombardeiros e belonaves, tanques e caças. Assegurar que as forças americanas permanecessem em pé-de-guerra envolvia a construção de bases, quartéis, depósitos e instalações de adestramento. Laboratórios de pesquisa recebiam fundos. Pequenos e grandes negócios ganhavam contratos. Sindicatos organizados conseguiam empregos. E políticos, que entregavam todos estes bens aos seus constituintes, colhiam endossos, contribuições de campanha e votos. Por todos os anos 1950, a taxa de desemprego permaneceu, toleravelmente, baixa e a inflação, mínima, enquanto os déficits do orçamento iam do trivial ao não-existente. O que era para não se gostar? Como resultado, os orçamentos do Pentágono permaneceram elevados, por toda a era Eisenhower, sendo, na média, mais de 50 porcento de todo o gasto federal e 10 porcento do PIB, números sem precedentes na história de tempo de paz da nação.

Para os seus beneficiários, equipar-se para a guerra era um presente, e um que esperavam nunca acabar. A presunção de que as capacidades militares, hoje qualificadas como adequadas, certamente não mais o seriam amanhã - os vermelhos, afinal de contas, não estavam dormindo - gerava uma busca incessante por mais, maior e melhor. Cada avanço assustador nas capacidades russas oferecia uma renovada razão para abrir a torneira do gasto militar. Fosse a superioridade atribuída aos soviéticos real ou inventada, importava pouco. A descoberta, durante os anos 1950 de uma "brecha de bombardeiros" e, mais tarde uma "brecha de mísseis", por exemplo, fornecia munição política para os proponentes do poder aéreo, rapidamente, alardearem que a própria sobrevivência da nação estava em risco. Os sinos de alarme soavam. Os comitês congressuais convocavam o testemunho de especialistas. Jornais e revistas, nervosamente, avaliavam as implicações destas novas vulnerabilidades. No final, apropriações eram despejadas. Que ambas as "brechas" fossem fictícias estava além do ponto.

Nenhum destes desenvolvimentos - a excessiva produção militar, o privilégio de objetivos institucionais sobre o interesse nacional, a calculada manipulação da opinião pública - tinham a aprovação de Eisenhower. Sabendo, na época, que os Estados Unidos gozavam de uma superioridade em capacidades de bombardeiros e mísseis, ele compreendia, precisamente, quem se beneficiava da inflação de ameaças. Porém, para sustentar a ilusão de que ele estava no comando pleno, Ike permanecia, publicamente, silencioso sobre o que se passava por trás do cenário. Apenas, próximo a sua partida do cargo, ele informou a nação sobre aonde a nova obsessão de Washington com segurança nacional, tinha levado.

A Guerra Fria, ele enfatizou, tinha transformado a forma como o país se defendia. No passado, "os fabricantes americanos de arados, podiam, com tempo, e como fosse exigido, fabricar espadas, também." Mas esta confiança em improvisação não era mais o suficiente. A rivalidade com a União Soviética tinha "compelido" os Estados Unidos "a criarem uma industria permanente de armamentos de vastas proporções". Por conseqüência, "nós, todo ano, gastamos, apenas em segurança militar, mais do que o lucro líquido de todas as corporações dos Estados Unidos."

O alcance "econômico, político, mesmo espiritual" deste conglomerado era imenso, Eisenhower explicou, estendendo-se a "cada cidadade, cada estado, cada escritório do governo federal." Embora o presidente não tenha podido se permitir questionar, explicitamente, a necessidade desta mudança na política, ele preveniu de suas implicações. "Nossa labuta, recursos e meio de vida estão todos envolvidos," ele disse. "Portanto, a própria estrutura de nossa sociedade." Com autoridades de corporações, rotineiramente, clamando os altos postos no Pentágono, e antigos oficiais das forças armadas se empregando com empreiteiros da defesa, valores fundamentais estavam em risco. "Nos conselhos do governo," Eisenhower continuou,

Nós devemos nos pôr em guarda contra a aquisição de influência injustificada, seja solicitada ou não solicitada, pelo complexo industrial-militar. O potencial para a desastrosa ascensão de um poder inapropriado existe e persistirá. Precisamos, nunca permitir que o peso desta combinação arrisque nossas liberdades ou processos democráticos. Não podemos considerar nada como garantido.


Tendo definido o problema, Eisenhower, então, avançou uma notável solução: a responsabilidade última para a defesa da democracia, insistia ele, necessariamente, repousava com o próprio povo. Antes do que conceder deferência à Washington, os cidadãos americanos precisavam exercer, estrita vigilância. Contar que o estado de segurança nacional policie, a si mesmo - ou que os membros do Congresso ponham de lado interesses paroquiais, que os chefes de corporações ponham o patriotismo acima do lucro, e que os líderes militares se conduzam pela ética de suas profissões - não obterá o sucesso desejado. "Somente uma cidadania alerta e bem informada pode compelir o adequado entrosamento da imensa maquinaria militar e industrial da defesa com nossos métodos e objetivos pacíficos, para que a segurança e a liberdade possam prosperar juntas."

A reação ao discurso do presidente foi morna, no melhor dos casos. A manchete do The Boston Globe relatou "Ike Diz Adeus Depois de Meio Século à Serviço dos Estados Unidos' e ficou por aí. Com o país encantado por Jack e Jackie, o humor do momento não convidava à introspecção. A insistência de Eisenhower para que os cidadãos despertassem para o perigo iminente atraiu pouca atenção. Sua despedida qualificava-se, na época, como história de um dia.

Desta forma, Ike partiu, mas a metafísica militar sobreviveu intacta e encontrou favorecimento particular nos altos escalões da administração seguinte. Na disputa eleitoral, Kennedy tinha prometido maior gasto com a defesa, reforço das capacidades nucleares e um revigorado confronto com o comunismo. Uma vez no cargo, ele provou a verdade de suas promessas.

Nas cinco décadas desde que Eisenhower deixou a Casa Branca e foi para seu retiro em Gettysburg, muito coisa mudou. A União Soviética desapareceu. E também, para todos os efeitos práticos, o próprio comunismo. Porém, em Washington, uma aura de crises sem fim prevalece - e com ela, a metafísica militar.

O estado de segurança nacional continua a crescer em tamanho, alcance e influência. Nos dias de Ike, por exemplo, a CIA dominava o campo da inteligência. Hoje, especialistas referem-se, casualmente, a uma "comunidade de informações", consistindo de cerca de dezessete agências. O tamanho cumulativo e a folha de pagamento deste aparato cresceram aos trancos e barrancos, na onda dos ataques do 11 de Setembro. Em julho último, The Washington Post relatou que ele tinha "tornado-se tão grande, tão pesado e tão secreto que ninguém sabia quanto dinheiro ele custava, quantas pessoas empregava, quantos programas existem nele ou, exatamente, quantas agências fazem o mesmo trabalho." Desde que esta reportagem apareceu, autoridades americanas tem desvendado parte do véu de segredo, o suficiente para revelar que os gastos de inteligência excedem $ 80 bilhões por ano, substancialmente mais que o orçamento, seja do Departamento de Estado ($ 49 bilhões) ou o Departamento de Segurança Interna ($ 43 bilhões).

A orgia de gastos se estende, bem além da inteligência. O orçamento do Pentágono mais que dobrou na década passada, para cerca de $ 700 bilhões por ano. Tudo reunido, os ostensivos imperativos da segurança nacional consomem, aproximadamente, metade de todos os dólares discricionários federais. Ainda mais estarrecedor, as despesas militares anuais dos Estados Unidos, agora, se aproximam daquelas de todas as outras nações, tanto amigas quanto adversárias, combinadas.

Nos dias de Ike, a competição com a União Soviética fornecia a racionalização para tais gastos inflados. Hoje, sem nenhum competidor à mão, remotamente comparável, os devotos da metafísica militar conjuram uma variedade de argumentos para justificar as exigências orçamentárias do Pentágono. Um destes, normalmente feito com o olho voltado para a China, é que, implacavelmente, gastar mais que qualquer um e todos possíveis desafiadores da proeminência dos Estados Unidos, os dissuadirá, até mesmo, de fazerem a tentativa. Um segundo argumento transforma ameaças modestas em existenciais, com a mera existência de um Mahmoud Ahmadinejad ou Osama bin Laden exigindo extraordinários esforços até que os Estados Unidos eliminem, até o último destes celerados - um dia que nunca chegará.

A inflação de ameaças que levou às "brechas" de bombardeiros e de mísseis dos anos 1950 permanece uma acalentada tradição de Washington. Em memorandos escritos após o 11 de Setembro, o então secretário de defesa Donald Rumsfeld, instou sua equipe a "continuar aumentando a ameaça" e exigiu "declarações patrioteiras" para incrementar o entusiasmo popular pela guerra global ao terror. A chave, escreveu ele era "fazer o povo americano compreender que estava cercado, mundialmente, por extremistas violentos." Aquilo que funcionou na Guerra Fria ainda funciona hoje: colocar os americanos à bordo com sua política militar, fazendo-os morrer de medo.

Neste meio tempo, a porta giratória conectando o mundo dos soldados ao mundo dos vendedores de armas continua a rodar. Para aqueles no topo, a profissão militar é esta rara vocação onde a aposentadoria não implica numa redução de rendimentos. Pelo contrário: oficiais superiores da ativa despem suas fardas, não apenas para irem jogar golfe ou irem pescar, mas com a razoável expectativa de amealharem dinheiro grande. Num email recente, um oficial da ativa, que foi meu antigo aluno, relatava de uma visita ao encontro anual da Associação do Exército dos Estados Unidos - nas palavras dele, "a Sodoma e Gomorra do Complexo Industrial-Militar" - ele foi "assediado por duas dúzias de seus antigos chefes, agora em ternos com gravatas escandalosas e cartões de firmas comerciais, mascateando, agressivamente, as mais recentes tecnologias de defesa."

Se não fosse por outra coisa, a caracterização de Eisenhower das confortáveis relações entre os mundos militar e corporativo sublinham a realidade contemporânea. C. Wright Mills chegou perto do alvo, quando escreveu de "uma coalizão de generais nos papéis de executivos de corporações, de políticos se mascarando de almirantes, de executivos de corporações atuando como políticos." Acrescente a esta lista os oficiais superiores reformados, se passando por especialistas (com freqüência, enquanto, ao mesmo tempo, descontam os cheques dos fabricantes de armas), "nerds" de política pretendendo ser marechais-de-campo e jornalistas, ansiosos para carregarem água para os heróicos comandantes de campanha. Jogue dentro os ex-membros do Congresso que fazem "lobby" com seus sucessores em nome dos empreiteiros de defesa, e os membros atuais do Congresso que votam em favor de quaisquer apropriações de defesa que enviem dinheiro para seus distritos, e pode-se obter a percepção da verdadeira topografia.

Com qual resultado? Nem a paz e nem a prosperidade. Ao invés, os soldados se arrastam, exaustos, de um conflito para o seguinte, enquanto a nação, como um todo, sofre de uma aguda aflição econômica. O que deu errado?

Na onda do 11 de Setembro, quando a administração George W. Bush empenhou os Estados Unidos para uma guerra global ao terror, ele estava, alegremente, confiante de que as forças armadas dos Estados Unidos poderiam vencer um tal conflito com toda a facilidade. Os eventos no Iraque e Afeganistão, desde então, demoliram tais expectativas. A irrefutável lição da última década é que: nós sabemos como iniciar guerras, mas não como acabar com elas. Durante a bem-armada era Eisenhower, as armas americanas, em grande medida, ficaram silenciosas. Hoje, o engajamento em hostilidades reais se tornou a nova normalidade, cobrando um alto preço. As guerras no Iraque e Afeganistão já custaram, no mínimo, $ 1 trilhão - com o medidor ainda correndo. Alguns observadores estimam que os custos totais, eventualmente, alcançarão dois ou três trilhões de dólares.

E mais ainda, o keynesianismo militar provou ser um embuste. Em contraste com os anos 1950, a extravagância militar está desfalcando, antes do que somando à riqueza da nação. Na era Eisenhower, os Estados Unidos, uma nação credora, produzia em casas os essenciais definidores do modo americano da vida - qualquer coisa, de petróleo a carros, até televisões. Hoje, nós importamos muito mais do que exportamos, tendo por resultado, uma dívida, cada vez maior. E outra, nos anos 1950, na maior parte, estávamos em paz; hoje, na maior parte, estamos em guera - e, como resultado, a maioria dos recursos fornecidos para os militares vão para o exterior e ficam por lá.

Certos empreendimentos florescem, notavelmente, firmas de segurança privadas, tais como a DynCorp, MPRI e, naturalmente, a notória Blackwater (agora conhecida como Xe). Na MPRI eles gostam de dizer, "Aqui nós temos mais generais por metro quadrado do que o Pentágono." Mas, ainda que estes generais estejam se dando bem, os netos da geração "tudo azul" dos anos 1950 - lidando com 9,8 porcento de desemprego e contemplando as implicações de déficits de trilhões de dólares -, estão vendo pouco benefício de nossas exorbitantes despesas do Pentágono. Se pagar motoristas pasthun para tranportarem de caminhão, combustível do Paquistão até o Afeganistão, está produzindo algum efeito econômico colateral positivo, o trabalhador americano não está entre os beneficiários.

Em resumo, o compromisso canhões-e-manteiga que Eisenhower previu, em 1953, tornou-se realidade. O custo para adestrar, equipar e manter um só soldado americano no Iraque ou Afeganistão, por apenas um ano, é de um milhão de dólares. Enquanto isto, de acordo com os números do censo de 2010, o número de americanos caindo para abaixo da linha de pobreza inchou, para um em cada sete.

Graças aos aliados e apoiadores, o complexo de guerra legislativo-industrial-militar permanece, obstinadamente, resistente à mudança - um fato que o presidente Barack Obama aprendeu durante seu primeiro ano no cargo. Enquanto revisava a política de sua administração no Afeganistão, o presidente, repetidas vezes, pediu um leque de políticas alternativas. Ele queria escolhas. De acordo com Bob Woodward do Washington Post, entretanto, o Pentágono ofereceu à Obama um único caminho - o chamado "reforço" de tropas adicionais de McChrystal. Como é narrado no livro de Woodward, Obama's Wars, o presidente reclamou: "Então, qual minha opção? Vocês só me dão uma opção." A opção preferida dos próprios militares era tudo que ele receberia. (Apenas, uns meses antes, o próprio Woodward tinha, prestativamente, promovido esta mesma opção, cortesia de um oportuno vazamento.)

Sem dúvida, Eisenhower simpatizaria com o presidente Obama, tendo, ele mesmo, lutado para exercer prerrogativas, ostensivamente, reservadas ao chefe do executivo. Ainda mais, Ike, dificilmente, ficaria surpreso. Ele guardaria sua surpresa - e seu desapontamento - para o povo americano. Meio século depois de ter-nos convocado para arcar com as responsabilidades da cidadania, nós ainda recusamo-nos a fazer isto. Em Washington, a metafísica militar permanece sacrossanta. Não admira que continuemos tendo nossos bolsos revirados.


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Andrew J. Bacevich é professor de relações internacionais e história, na Universidade de Boston. Seu livro mais recente é Washington Rules: America's Path to Permanent War.




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marcelo l.
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Re: Reflexões sobre a Guerra e os Militares

#47 Mensagem por marcelo l. » Qui Jan 13, 2011 1:46 pm

Não teve como o artigo saiu com a trad do google.,..

http://ricks.foreignpolicy.com/posts/20 ... good_facts

Ei, como é que ninguém nunca me mencionou Thomas Thayer guerra sem frentes: a experiência americana no Vietnã ? O que eu pagar as fritadeiras freqüente, afinal? (Você sabe quem você é.) Acabei de ler no fim de semana, quando nevou em Stockbridge, Massachusetts , e eu acho que é um dos melhores livros que já li sobre a guerra, com página após página do bem, utilizáveis, os dados desapaixonada, muito do que intuitivo.

Aqui estão apenas algumas das coisas que me surpreendeu:

O inimigo não era simplesmente vai dar aos americanos a guerra que eles queriam. Fora de 37.990 ataques inimigos em 1968, apenas 126 eram do tamanho de batalhão ou maior. E esse foi o ano recorde de ataques de grande porte, que caiu para 34 em 1969, 13 em 1970, e 2 em 1971 - antes de se recuperar na ofensiva de 1972. (P. 44)
Em termos de gastos, foi mais uma guerra no ar do que uma guerra terrestre. Em 1969 fiscal, por exemplo, operações de forças dos EUA chegam custar US $ 4,6 bilhões, enquanto as operações de ar custam mais que o dobro, cerca de US $ 9,3 bilhões. (P. 25)
bombardeiros americanos atingidos Laos rígido, com 8.500 B-52 saídas em 1970 (mais do dobro da 3697 surtidas sobre o Vietnã do Sul naquele ano) e ainda mais no ano seguinte. (P. 84) No entanto, todo o bombardeio que, praticamente sem constrangimentos políticos, foi incapaz de interditar o fluxo de suprimentos na Trilha Ho Chi Minh, o que levanta a questão de se aplicar mais poder de fogo contra o Vietnã do Norte teria feito qualquer diferença. (P. 86)
O custo de trazer um desertor comunista sob o "Hoi Chieu" programa em média a US $ 14. O custo de matar o mesmo inimigo combatente com poder de fogo foi de US $ 60.000. (P. 202) Qual o método que você acha que os comandantes americanos concentraram sua atenção sobre?
Em termos de produtividade por dólar gasto "a mais eficaz", aliada a força militar foi muito criticado milícias, as "forças regionais e provinciais Forças", ou " Ruff Puffs ". (P. 165)
Dois terços dos soldados do Exército mortos classificou E-3 ou E-4. (P. 111)
Mais soldados e fuzileiros foram mortos por fogo indireto (artilharia, morteiros, foguetes, minas terrestres, etc) do que por fogo de armas pequenas. (P. 117)
Alguns 613 dos fuzileiros navais que morreram no Vietnã eram convocados. (P. 115)
O livro constitui um obstáculo poderoso para aqueles que dizem que, apesar de muita prova em contrário, o Exército era uma organização de aprendizagem no Vietnã. Aqui há muita evidência que não era bom, informações sólidas sobre como a abordagem do Exército foi profundamente contraproducente - e também que essa informação estava disponível internamente grande parte da época. De fato, o autor observa em um posfácio que o Joint Chiefs of Staff duas vezes tentou impedir a divulgação dos relatórios internos sobre os quais o livro se baseia. (P. 259) Ele sugere que Westmoreland foi particularmente irritado com essas análises.




"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Junker
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Re: Reflexões sobre a Guerra e os Militares

#48 Mensagem por Junker » Sáb Jan 15, 2011 12:42 am

Some thoughts on the nature of war
Written by Leon Engelbrecht
Friday, 14 January 2011 13:03

War is organised violence. It is part art, part science and part luck. The purpose of war is to bend the enemy to your will. “War is thus an act of force to compel our enemy to do our will,” wrote Prussian soldier and military philosopher Major General Carl von Clausewitz in his seminal On War[1]. But the enemy is trying to do the same to you, so war, becomes a “dynamic interaction of opposing human wills”, a lot like wrestling or sword fighting.

“War is nothing but a duel on a larger scale. Countless duels go to make up war, but a picture of it as a whole can be formed by imagining a pair of wrestlers. Each tries through physical force to compel the other to do his will.” Clausewitz adds “war is not merely an act of policy but a true political instrument, a continuation of political intercourse, carried on with other means.” Politics may seem irrelevant to the foot soldier, but it is not. “The political object – the original motive for the war – will thus determine both the military objective to be reached and the amount of effort it requires.” Politics and ideology – and more broadly ethics and morality – has a direct impact on the morale and will of soldiers to fight, the rules they apply while doing so and how they treat the enemy, prisoners and civilians.

The primary mission of the soldier is to locate, close with, and destroy the enemy by fire and manoeuvre; or, to repel his assault by fire and close combat. At the battalion-and-below level war is mostly about tactics, techniques and procedures, often in the form of well-rehearsed battle drills. But even then action should always be based on common sense. Vital also is logistics: ensuring your troops have the food, water and ammunition they need as well as fuel, spares and further ammunition for the fighting vehicles. Without taking care of the logistics you cannot fight and will barely be able to move. In battle, you will lose.

War and disorder

US author Ralph Peters warns that many Western societies have “cheapened the idea of war. We have had wars on poverty, wars on drugs, wars on crime, economic warfare, rating wars, campaign war chests … and price wars in the retail sector.[2] The problem, of course, is that none of these 'wars' has anything to do with warfare as soldiers know it. Careless of language and anxious to dramatise our lives and careers, we have elevated policy initiatives, commercial spats and social rivalries of the level of humanity's most complex, decisive and vital endeavour.”

Peters says much has been made over the past two decades of the emergence of “asymmetric warfare,” in which the ill-equipped confront the superbly armed by changing the rules of the battlefield. “Yet, such irregular warfare is not new – it is warfare’s oldest form, the stone against the bronze-tipped spear – and the crucial asymmetry does not lie in weaponry, but in moral courage.”

James F Dunnigan, another American author, makes a similar point in How to make War, A comprehensive guide to modern warfare in the 21st Century: "Much of what we currently call war is merely well-armed disorder. It is simply insurrection, guerilla activity, or general disorder involving the armed forces. This is an important distinction, as a great deal of military skill is not needed to create armed disorder. You don`t need trained troops to create a proper insurrection or civil war. All you need are angry people and some weapons.[3]

“A war … is more than slaughter, mayhem and senseless destruction. A certain amount of skill is implied, perhaps even a sensible excuse for the exercise. Military skill is more than uniforms, display, and awesome-looking equipment. Most of the military violence in the world is nothing more than large-scale disorder, banditry or worse. A war is fought to a conclusion. Disorders may go on for years, decades or centuries. Wars are fought by powerful and expensive armed forces. Disorders are fought with whatever deadly force is handy, plus the legendary hearts and minds. Making disorder is simpler than making war, which is why it is more common.

“In such conflicts, combat takes on a different meaning. For example, during a disorder in which one side is clearly stronger than the other, the weaker side fights when and where it has a chance of success. When faced with overwhelming military power, the weaker force will turn into civilians,or otherwise seek sanctuary. … Sufficient outrages … [occur] … to keep the populace in a properly hateful frame of mind.”

Queensberry rules

That brings one to the point that war is not fair, fighting is not proportional and minimum force is a doctrine best left to policing. There is a notion in some quarters that the enemy should be given a “sporting chance”, that the two sides should be equally matched and that, as an example, artillery fire is not an appropriate or proportional response to mortar fire. From this follows the doctrine of minimum force, that only that amount of violence required to secure the goal at hand should be used. There is some value to this. Nuclear attack may well be an over-reaction to a small terrorist bombing or to an insurgency.

But Clausewitz cautions against the universal application of this doctrine: “Kind-hearted people might think there was some ingenious way to disarm or defeat an enemy without too much bloodshed, and might imagine this is the true goal of the art of war. Many may quote Clausewitz's Chinese peer, Sun Tzu, as suggesting as much in his Art of War: “For to win one hundred victories in one hundred battles is not the acme of skill. To subdue the enemy without fighting is the acme of skill.”[4] The context, however, makes it clear Sun Tzu did not mean it literally. To him the skill of the king lay in diplomacy, buying off the opposition, targeted assassinations and special operations. Battle, for all its splendour, was strictly a last resort. Clausewitz adds that the “maximum use of force is in no way incompatible with the simultaneous use of the intellect. … To introduce the principle of moderation into the theory of war would always lead to logical absurdity.”

Field Marshal Bill Slim put it so: “Many years ago, as a cadet hoping someday to be an officer, I was poring over the ‘Principles of War’, listed in the old Field Service Regulations, when the Sergeant Major came upon me. He surveyed me with kindly amusement. ‘Don’t bother your head about all them things, me lad,’ he said. ‘There’s only one principle of war and that’s this. Hit the other fellow, as quick as you can, and as hard as you can, where it hurts him most, when he ain’t lookin’!’[5]” Not the Queensberry rules then. It is best to go into a knife fight with a gun.

It is for the same reason why in combat one attacks the enemy where he is weak, not where he is strong. “We avoid enemy strength and focus our efforts against enemy weakness with the object of penetrating the enemy system since pitting strength against weakness reduces casualties and is more likely to yield decisive results,” US Marine Corps doctrine writers say in Warfighting, their top doctrine publication[6].

Half-hearted war

In addition, war must be fought to a conclusion: World War One was not an only begot the planet World War Two. Peters, writing about the 2009 Israeli punitive expedition into Gaza in December 2008-January 2009, noted that the “half-fought war—that bizarre vice of democracies—doesn’t save lives in the long run, but guarantees a future round of violence—probably with higher stakes and definitely with greater ferocity. … He who is unwilling to pay the butcher’s bill promptly will pay it with compound interest in the end.[7]

Nazi dictator Adolf Hitler's remilitarisation of the Rhineland in March 1936 is seen by many as an example: The German province, wedged between the Rhine and France, had been permanently demilitarised in terms of the treaties of Versailles and Lucarno. In early 1936 Hitler decided to move German military units back into the area for a variety of reasons, including opportunity and economic problems at home that required a foreign policy success to restore his government's popularity.[8] Hitler reportedly afterwards said the “48 hours after the march into the Rhineland were the most nerve-racking in my life. If the French had then marched into the Rhineland we would have had to withdraw with our tails between our legs, for the military resources at our disposal would have been wholly inadequate for even a moderate resistance."[9] Interviewed after the war, Colonel General Heinz Guderian told French officers that if “you … had intervened … we should have been sunk and Hitler would have fallen"[10]. World inaction may have encouraged him to annex of Austria in March 1938, grab the Sudentenland later that year and invade Czechoslovakia in March 1939 and Poland in September. By then the Anglo-French Entente had drawn a line and the rest is history.

In Western society, war has become politically incorrect, a not wholly unwelcome development. But this has been taken to the extreme by some for ideological reasons. Peters is concerned that many people have become so secularised, temperate, ahistoric, irrational and wishful that they fatefully read their own conceptions, motivations and way of thinking into others. Peters continues that for him, one “of the most disheartening results of our wilful ignorance has been well-intentioned, inane claims to the effect that 'war doesn't change anything', and that 'war isn't the answer', that all we need to do 'is give peace a chance'[11]” or negotiate. “Who among us would not love to live in such a splendid world? Unfortunately, the world in which we do live remains one in which war is the primary means of resolving humanity's grandest disagreements, as well as supplying answers to plenty of questions. As for giving peace a chance, the sentiment is nice, but it doesn't work when your … enemy wants to kill you. [Indian independence leader Mohandas K] Gandhi's campaign of nonviolence … only worked because his opponents [the British] were willing to play along. Gandhi would not have lasted long in Nazi Germany, Stalin's Russia, Mao's (or today's) China... Effective nonviolence is contractual. Where the contract does not exist, Gandhi dies.”

Leon Trotsky said: “You may not be interested in war, but war is interested in you.” This may be depressing and unwelcome, but the reality is that for some violence is a perfectly adequate way of settling disputes. If no-one opposes them, they win.

Writing about al-Qaeda, Peters notes the “greatest advantage our opponents enjoy is an uncompromising strength of will, their readiness to 'pay any price and bear any burden' [to quote US President John F Kennedy in the context of the Cold War against the Soviet Union] to hurt and humble us [the US specifically and the West generally]. As our enemies’ view of what is permissible in war expands apocalyptically [such as flying passengers jets loaded with civilians into skyscrapers], our self-limiting definitions of allowable targets and acceptable casualties—hostile, civilian and our own—continue to narrow fatefully. Our enemies cannot defeat us in direct confrontations, but we appear determined to defeat ourselves.”

Peters continues that while Islamist extremists may violate Western conceptions of morality and ethics, “they also are willing to sacrifice more, suffer more and kill more … than we are. … They live their cause, but we do not live ours. We have forgotten what warfare means and what it takes to win.” There are multiple reasons for this amnesia, Peters tells his US audience. “First, we, the people, have lived in unprecedented safety for so long (despite the now-faded shock of September 11, 2001) that we simply do not feel endangered; rather, we sense that what nastiness there may be in the world will always occur elsewhere and need not disturb our lifestyles. We like the frisson of feeling a little guilt, but resent all calls to action that require sacrifice.

“Second, collective memory has effectively erased the European-sponsored horrors of the last century; yesteryear’s 'unthinkable' events have become, well, unthinkable. As someone born only seven years after the ovens of Auschwitz stopped smoking, I am stunned by the common notion, which prevails despite ample evidence to the contrary, that such horrors are impossible today.

“Third, ending [military conscription in the US] resulted in a superb military, but an unknowing, detached population. The higher you go in our social caste system, the less grasp you find of the military’s complexity and the greater the expectation that, when employed, our armed forces should be able to fix things promptly and politely.

“Fourth, an unholy alliance between the defence industry and academic theorists seduced decision-makers with a false-messiah catechism of bloodless war. In pursuit of billions in profits, defence contractors made promises impossible to fulfill, while think tank scholars sought acclaim by designing warfare models that excited political leaders anxious to get off cheaply, but which left out factors such as the enemy, human psychology, and 5000 years of precedent.

“Fifth, we [the US] have become largely a white-collar, suburban society in which a child’s bloody nose is no longer a routine part of growing up, but grounds for a lawsuit; the privileged among us have lost the sense of grit in daily life. We grow up believing that safety from harm is a right that others are bound to respect as we do. Our rising generation of political leaders assumes that, if anyone wishes to do us harm, it must be the result of a misunderstanding that can be resolved by that lethal narcotic of the chattering classes, dialogue.

“Last, but not least, history is no longer taught as a serious subject in America’s schools. As a result, politicians lack perspective; journalists lack meaningful touchstones; and the average person’s sense of warfare has been redefined by media entertainments in which misery, if introduced, is brief.

"More Americans died in one afternoon at Cold Harbor during our Civil War than died in six years in Iraq. Three times as many American troops fell during the morning of June 6, 1944, as have been lost in combat in over seven years in Afghanistan. Nonetheless, prize-hunting reporters insist that our losses in Iraq have been catastrophic, while those in Afghanistan are unreasonably high.” And the public believe this.

“Furthermore, our expectations of war’s results have become absurd. Even the best wars do not yield perfect aftermaths. World War II changed the planet for the better, yet left the eastern half of Europe under Stalin’s yoke and opened the door for the Maoist takeover in China. Should we then declare it a failure and not worth fighting?” The US Civil War preserved the Union and abolished slavery. “Still, it took over a century for equality of opportunity for minorities to gain a firm footing. Should Lincoln have let the Confederacy go with slavery untouched, rather than choosing to fight?”

“War is both timeless and ever changing,” the writers of Warfighting said in its first edition. “While the basic nature of war is constant, the means and methods we use evolve continuously.” Writing the introduction to the 1997 edition, former Commandant of the Marine Corps, General Alfred Gray observed that like “war itself, our approach to warfighting must evolve. If we cease to refine, expand, and improve our profession, we risk becoming outdated, stagnant, and defeated.” Indeed.

What say you?



Further reading:

* MCDP 1, Warfighting, HQ USMC, Department of the Navy, Washington DC, 1997, available online at http://www.dtic.mil/doctrine/jel/service_pubs/mcdp1.pdf
* Carl von Clausewitz, On War, translated by Michael Howard & Peter Paret, Princeton University Press, Princeton, 1976.
* James F Dunnigan, How to make War, A comprehensive guide to modern warfare in the 21st Century, Fourth Edition, Quill, New York, 2003.

__________________________________

1 Carl von Clausewitz, On War, translated by Michael Howard & Peter Paret, Princeton University Press, Princeton, 1976, pp83-4. This is the best available translation of Clausewitz’s great but often misunderstood work.

2 Ralph Peters, Wishful thinking and indecisive wars, The Journal of National Security Affairs, Spring 2009; reproduced in Ralph Peters, Endless War, Middle-Eastern Islam vs Western Civilisation, Stackpole Books, Mechanicsburg, Pennsylvania, US, p251.

3 James F Dunnigan, How to make War, A comprehensive guide to modern warfare in the 21st Century, Fourth Edition, Quill, New York, 2003, p622.

4 Sun Tzu, translated by Brigadier General Samuel B Griffith, On War, Oxford University Press, Oxford,1964, p77.

5 Field Marshal Sir William Slim, Defeat into Victory, The Reprint Society, London, 1957. Slim commanded the British 14th Army in Burma during World War Two.

6 MCDP 1, Warfighting, HQ USMC, Department of the Navy, Washington DC, 1997, available online at http://www.dtic.mil/doctrine/jel/service_pubs/mcdp1.pdf

7 Ralph Peters, The Halfway War – Israel and Gaza, The Armchair General, January 22, 2009, http://www.armchairgeneral.com/the-half ... gaza.htm/2, accessed January 13, 2011.

8 Ian Kershaw, Hitler Hubris, Norton, New York, 1998, pp 582–86.

9 lan Bullock, Hitler: A Study in Tyranny, Odhams, London, 1952, p135.

10 R Tournoux, Petain et de Gaulle, Plon, Paris, 1964, p159.

11 From a John Lennon (ex The Beatles) track of the same name, 1969, written with the then-unpopular VietNam War in mind.
http://www.defenceweb.co.za/index.php?o ... Itemid=112




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Re: Reflexões sobre a Guerra e os Militares

#49 Mensagem por marcelo l. » Sáb Jan 15, 2011 8:45 pm

http://ricks.foreignpolicy.com/posts/20 ... i_deployed
By Lt. "Devil Dog"
Best Defense guest columnist

1) Se você ainda não leu o IRAM, PES, JAG ou manual Awards, em seguida, lê-los. Se você lê-los uma vez, depois relê-los. Seu trabalho envolve muito mais do que correr Faixa Alfa 410 com o seu pelotão. Seu Marines vai fazer as duas coisas verdadeiramente grande e algumas coisas incrivelmente estúpido. É importante para responsabilizá-los, ea maneira de fazer isso é através de documentação, tanto boas como ruins. Estando no escritório e fazer a papelada não é a parte "sexy" ou de "alta velocidade" de ser um oficial de infantaria, mas é mais importante que você pode perceber no momento. Abrace a papelada. Você deve isso ao seu Marines para estar no topo do seu jogo.

2) As habilidades e táticas que você aprendeu na COI são, como qualquer outra coisa, perecíveis. Você poderia encontrar-se a fazer qualquer coisa em sua tarefa primeiro dever, comandante do pelotão de rifle para trabalhar na loja S-3. Depois de TBS e COI a sua capacidade de LBS um PEQ-16 ou ligue no dia 9 de linha pode escorregar pelo caminho depois de alguns meses sem a prática. Não hesite em voltar para os manuais técnicos e de campo, bem como Corpo de Fuzileiros Navais e conjunta de publicações doutrinárias. Eles são o seu pão e manteiga. Leia os bares e os manuais e discuti-las com seus pares e SNCOs para que você possa falar com confiança e inteligência sobre as armas, a óptica, e as artes, bem como a doutrina dos Fuzileiros Navais. Quanto tempo você põe em fazer o seu trabalho irá mostrar.

3) Ouça o seu XO. Saindo do COI tem o mais up-to-date táticas de infantaria da Marinha tem para oferecer, mas o seu XO tem sido em torno de um tempo. Independentemente de saber se você gosta dele ou não, ele é o cara que facilita o treinamento e pode ser um de seus melhores recursos no batalhão. O XO é também alguém para trocar idéias antes de você voltar para o seu comandante de companhia. De FITREPS às cartas de instrução (Lois), o XO tem escrito provavelmente muitas delas e pode oferecer uma boa orientação e aconselhamento. Mesmo que o gestor de logística é um tenente do companheiro, não execute diretamente a ele para as sete toneladas de que necessita para o treinamento. Você estará indo para trás de volta o seu XO. Use o seu XO. Ele pode se tornar seu melhor aliado, e você pode estar em seu próximo boleto.

4) No que se diz, aprenda a escrever Lois, e não confiar apenas em seu XO para colocar todo seu treinamento em conjunto. Você provavelmente tem um milhão de idéias com o que você quer fazer com o seu pelotão. Grandes. Faça a sua casa, pula algumas idéias fora seus pares e, em seguida colocar suas idéias para escrever sob a forma de uma carta de intenções. Como bem pensado e quanto esforço é colocado em uma carta de intenções pode fazer ou quebrar uma evolução de treinamento. Crap LOIs geralmente resultam na formação de porcaria. Se você está solicitando duas caixas de bioquímica luzes, você deve colocar o pensamento em real porque você precisa de muitas. Quando você faz uma breve confirmação na frente do comandante do batalhão que vai entrar no mato, para estar preparado. Faça a sua casa e saber que você está falando. Antes de propor algumas de alta velocidade, a evolução da formação badass, certifique-se de seu pelotão de fuzileiros navais e pode cumprir eficazmente as suas T & R eventos individuais e coletivos. Engatinhar, andar, correr. Compreender e abraçar a abordagem de sistemas de formação. Ele funciona.

5) Não reinventar a roda se você não tem. Há um milhão de LOIs lá fora, que poderia ser perfeitamente aplicável para o treinamento que você quer realizar, mas não cegamente transformar em trabalho de outra pessoa. Eu vi LOIs batalhão com papel timbrado outro batalhão e até mesmo as datas que não foram alteradas. O que você acha oficiais e SNCOs que lêem as Cartas de Intenção pensamento sobre o esforço que foi colocado sobre a evolução da formação? Com tudo, fazer a preparação prévia, planejamento e trabalho de casa assim que quando você mais breve você ganhar sua confiança. Ao escrever, ou ordens ou Lois, sempre lembrar que as palavras significam as coisas. Este ponto foi bater na casa do COI, mas certifique-se lembrar que na frota. Stick para tarefas táticas, e certifique-se de compreender qual é a definição das tarefas táticas. Para entender EFSTs incêndios. Não diga, "destruir" se na verdade o efeito desejado deve ser "neutralizar". argamassas pode realmente 60 milímetros "destruir" um T-72? Saiba a diferença. Tudo isso parece óbvio, mas não há nenhuma maneira mais rápida de soar como um idiota na frente de seu comandante de companhia ou o comandante do batalhão de usar uma palavra no contexto errado. Seja conciso, claro e direto ao ponto em sua escrita. Reveja, ordens de ensaiar e cuecas, e saltar suas idéias fora de seus pares. Muitas vezes você só tem uma oportunidade de fazer uma primeira impressão favorável.

6) Se você está fazendo check-in como o comandante do Pelotão de Armas eo líder FIST a) ser humilde, b) fazer a sua casa, e c) deixe seu CO e Armas Companhia mentor CO-lo. Você tem muito a aprender. CIO é uma instituição incrível, mas tão bom quanto você pode pensar que está na SEAD atípico após uma semana de prática, seu trabalho como líder do punho é muito mais desafiador do que você pensa. Na realidade, você tem duas saliências em seu CO e Coordenador do Apoio de Fogo, e não se esqueça do FAC, que será chateado com você porque o seu ar de bingo só fui porque você não pode pegar suas coisas juntos. Monte sua equipe FIST e começar a trabalhar. Há uma quantidade enorme de responsabilidade neste boleto, e se você se encontrar em uma luta contra a implantação, dependendo de seu batalhão, você poderia ser um mini-incêndios FSCC compensação para sua empresa. Aprender e compreender as redes de comunicação, escolher o seu FAC ou cérebros JTACs, hit dos bares de apoio de fogo, e praticar, praticar, praticar. Você é um segundo-tenente no boleto o comandante do pelotão sénior, ea curva de aprendizagem é íngreme. Você não tem tempo para esperar em torno de CAX ou EMV para obter a sua equipa FIST na mesma página. Há um monte de RAA grande que discutir o papel eo trabalho do líder da FIST e equipe FIST. Ler, refletir e estudar a partir deles.

7) Mais do que provavelmente, você nunca vai ter como munição tanto quanto você fez no COI. Ele só não vai acontecer. No entanto, isso não significa que você deve sentar-se e queixar-se porque ninguém se importa. Só porque você não tem munição não significa que você não pode realizar o treinamento contínuo. Assim como ele foi espancado dentro de você do IOC, você tem que ser criativo, o trabalho de alguns negócios, mas em última análise, plano duro, realista e formação baseada em padrões. Preocupe-se com o que você pode controlar a nível de pelotão e esquadrão. Não há necessidade de bater um cavalo morto aqui, mas há uma abundância de treinamento você pode realizar sem viver rodadas, para que quando for dada a oportunidade de executar seus intervalos de Marines são criados para o sucesso. Releia os pontos 3, 4 e 5.

8) Não gaste toda sua energia em decisões da empresa ou batalhão nível de 9,9 por vezes fora de 10 você não pode controlá-los e ter pouca ou nenhuma influência sobre as decisões a esse nível. O que você pode controlar no entanto, é o seu pelotão e como eles estão preparados. Se você se preocupar muito com as setas azuis grandes ou como levantado uma das lojas é, então você nunca vai conseguir nada. Concentre-se para baixo e não para cima. Serve como um amortecedor entre o seu fuzileiros navais e da companhia / batalhão. Trem, ensinar e orientar seus fuzileiros navais, e você vai encontrar o sucesso como um comandante de pelotão. Não é sobre você.

9) Lembre-se que há mais para ser um oficial de infantaria do que apenas táticas, treinamento e trabalho administrativo. A saúde emocional e bem-estar do pelotão não são inclusive problemas para o sargento de pelotão de lidar, mas as questões que caem sobre seus ombros também. Para muitos de seus fuzileiros navais, campo de treinamento pode ter sido a primeira vez que eles foram longe de casa. Estar longe de casa, acrescentando o stress de um casamento ou relacionamento que pode não ser o mais estável do mundo, pode criar sérios problemas. Para muitos fuzileiros que nunca tiveram alguém realmente olhar para cima. É importante que você seja esse valor e mentor. Isso significa que você deve ouvir todos os escrúpulos um fuzileiro naval tem com sua namorada? Provavelmente não, mas você precisa conhecer seus fuzileiros navais. Converse com sua equipe e líderes de pelotão e do sargento de pelotão, e descobrir o que pode haver problemas na frente de casa. Descubra quem tem uma família, namorada ou noiva. Estas não são coisas que você deve apenas deixar o FRO e sargento de pelotão que se preocupar. Mostrando preocupação genuína significa alguma coisa. ups Trabalho e implantações são difíceis nas relações com a família, entes queridos e amigos. Mesmo que você tenha um trabalho de um ano até entre Bridgeport, Coronado, Pickett Fort e EMV, os fuzileiros navais vão passar muito tempo longe de casa. Embora seja fácil esquecer, sendo um oficial de infantaria é mais do que táticas e rodadas de colocar para baixo alcance.

10) Divirta-se. Você provavelmente vai se divertir mais como um comandante de pelotão que você vai qualquer outro boleto. Se você tiver sorte você pode ter uma outra oportunidade, mas para a maioria de nós, só há uma oportunidade de servir como comandante de pelotão. É fácil ser sugado para dentro do escritório, mas sair e gastar tempo com seus fuzileiros navais. Você provavelmente nunca voltará a ter uma oportunidade de ter um grande impacto imediato na vida dos jovens fuzileiros navais como você como um comandante de pelotão. Você vai querer puxar o pouco cabelo que você tem na maioria dos dias, mas não pego no que está errado com sua companhia, batalhão, etc Para reiterar, concentrar-se para baixo e não para cima. Ensine os seus Marines algo novo a cada dia, torná-los cidadãos Marines melhor e melhor, e lembre-se de ser humilde e ter algum divertimento no processo.




"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: Reflexões sobre a Guerra e os Militares

#50 Mensagem por Clermont » Seg Ago 20, 2012 6:56 pm

O MORAL DO EXÉRCITO ESTÁ EM DECLÍNIO, SEGUNDO PESQUISA.

Por Bryan Bender - The Boston Globe - 20 de agosto de 2012.


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Soldados trasnportam o caixão envolto na bandeira com o corpo do major Thomas E. Kennedy, Exército dos Estados Unidos, de West Point, Nova Iorque, na Base da Força Aérea de Dover, em 10 de agosto de 2012. O major tinha sido morto dois dias antes, no Afeganistão, por um homem-bomba. Junto com ele, morreram um major da Força Aérea e um sargento-mor do Exército.


WASHINGTON - Apenas um quarto dos oficiais e praças do Exército acreditam que a maior força armada da nação está seguindo na direção certa - uma resposta a uma pesquisa que é a mais baixa já registrada e reflete o que alguns na força chamam de crise de confiança.

A pesquisa anual detalhada por uma equipe de pesquisadores independentes descobriu que as mais comuns razões citadas para esta visão sombria foram "líderes ineficazes nos escalões superiores," um medo da perda dos melhores e mais brilhantes depois de uma década de guerra e a percepção, especialmente entre os praças graduados, de que o "Exército é mole demais" e carece de disciplina suficiente.

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O estudo, determinado pelo Centro para a Liderança do Exército, em Fort Leavenworth, no Kansas, também descobriu que um em cada quatro soldados servindo no Afeganistão, avalia o moral ou como "baixo" ou "muito baixo", parte de uma contínua tendência para o fundo nos últimos cinco anos.

Porém, o achado mais gritante é a ampla discordância com a afirmação de que "o Exército está seguindo na direção certa ao preparar-se para os desafios dos próximos dez anos."

"Em 2011, [do pessoal da ativa] a concordância com esta afirmação atingiu uma baixa única em todos os tempos," de acordo com os resultados da pesquisa, uma cópia do qual foi fornecida ao The Boston Globe.; "A crença de que o Exército está seguindo na direção certa está, positivamente, relacionada com o moral."

Em 2010, cerca de 33 porcento dos pesquisados não concordavam com a afirmação; o número era de 38 porcento em 2006.

A aparente falta de confiança representa um conjunto de novos desafios para o Exército enquanto sofre cortes de orçamentos e encolhe suas fileiras. O mais elevado oficial do Exército, general Raymond T. Odierno, diz que ele está levando em consideração os resultados, de todo coração.

"É muito importante para nós sermos introspectivos, e estamos empenhados a uma contínua auto-avaliação," Odierno declarou ao jornal Army Times.

Uma grande preocupação que a pesquisa identificou foi se o Exército será capaz de manter líderes excepcionais enquanto corta suas fileiras, tanto como temores de que ficará distendido excessivamente para poder cumprir exigências imprevistas. Oficiais subalternos estão particularmente preocupados com a retenção de bons líderes.

O Exército da ativa, que está atualmente com 570 mil homens, prepara-se para reduzir suas fileiras em 90 mil soldados nos anos vindouros, enquanto as guerras no Iraque e Afeganistão se desvanecem e o orçamento do Pentágono está sujeito a um grande aperto de cinto pelo governo.

"Comentários sobre a redução da força refletem preocupações pelos líderes de que a redução da tropa possa impactar, significativamente, a capacidade do Exército em responder a futuros conflitos," escreveram os autores do estudo.

O Exército tem, historicamente, pesquisado atitudes dentro das fileiras para aperfeiçoar a educação profissional e o treinamento. Mas desde 2005, ele tem empreendido a empiramente baseada Pesquisa de Desenvolvimento de Líderes do Exército, a cada ano, num esforço para identificar tendências e indicadores de ponta para os problemas de liderança e sinais de insatisfação.

A pesquisa conduzida pela firma de administração e consultoria ICF International, foi ministrada online, em novembro e dezembro de 2011, a uma variedade de graduações e patentes, tanto em bases nos Estados Unidos quanto ao redor do mundo. Os achados, de cerca de 17 mil respostas, vêm enquanto o Exército está lutando com uma legião de desafios internos, incluindo um número recorde de suicídios de soldados. Em julho, o número de suicídios dobrou, para um total de 26, desde o mês anterior.

A pesquisa de liderança é causa para preocupações especiais numa instituição que se define pela hierarquia, onde a confiança nos superiores e uma compreensão comum dos objetivos e finalidades são consideradas críticas para o sucesso.

"Líderes superiores precisam traduzir sua conduta em termos mais práticos para os líderes mais subalternos," disse o brigadeiro-general reformado Thomas A. Kolditz, que dirige o Departamento de Ciências Comportamentais e Liderança na Academia Militar em West Point e agora leciona na Escola de Administração de Yale. "Se tal transmissão não está sendo feita, estes líderes subalternos podem sentir-se desconectados."

Outros especialistas disseram acreditar que os números são um reflexo da profunda incerteza após uma década de combate no Iraque e Afeganistão.

"A era da contra-insurgência foi declarada terminada," disse Michael O'Hanlon, um estudioso de assuntos militares na não-partidária Brookings Institution em Washington. "Isto deixa o Exército um pouco à deriva. Não há um grande ameaça óbvia. Ninguém fala sobre o Irã ou China como alvos para possíveis invasões terrestres."

O'Hanlon aponta que no início deste ano o Pentágono desvendou uma nova estratégia de segurança nacional que enfatiza a região Ásia-Pacífico e a preparação para assegurar os interesses americanos em face de uma China em ascenção. Tal estratégia enfatiza as forças da Marinha e Força Aérea.

O Exército, que tem arcado com o ônus da luta nesta última década, não é esperado desempenhar um papel significativo.

A nova estratégia "tirou a razão de ser do Exército e não a substituiu com qualquer outra coisa," acrescentou. "Muitos nas fileiras podem estar perdendo o seu senso de propósito."

Para estes soldados pesquisados enquanto serviam no Afeganistão, o retrato do moral da tropa é misto. Quase metade disse que o moral era "alto" ou "muito alto", mas 25 porcento avaliaram como "baixo" ou "muito baixo". Isto se compara com 15 porcento destes posicionados em bases nos Estados Unidos continentais.

Os autores do estudo escreveram que estes números eram consistentes com previsões no ano passado que o moral no Afeganistão estava numa queda de cinco anos. Mas ele cita outro número perturbador de um estudo interno prévio: um em cinco destes pesquisados no Afeganistão relatou que sofre de problemas psicológicos, tais como tensão aguda, depressão ou ansiedade.

Kolditz e outros sugerem que a falta de confiança global na direção do Exército pode ser também uma sensação entre os soldados endurecidos pelo combate de que seus superiores não estão incorporando adequadamente a experiência real da tropa em campanha, no planejamento futuro da força.

"A maioria das operações estão sendo desempenhadas por líderes de um escalão mais baixo," disse. "Eles podem sentir que possuem uma compreensão íntima do futuro da guerra em desenvolvimento que seus superiores não tem."

Esta possibilidade ecoou no ano passado, num discurso pelo general reformado do Exército Stanley A. McChrystal, o antigo comandante no Afeganistão, que citou a necessidade da liderança do Exército passar por um "monitoramento ao reverso" pelos oficiais mais subalternos.

"Como pode um líder manter sua credibilidade e legitimidade quando ele não fez o que as pessoas que está liderando estão fazendo?", perguntou.




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Re: Reflexões sobre a Guerra e os Militares

#51 Mensagem por Clermont » Sex Jun 07, 2013 2:04 pm

GUERRAS, GUERRAS, GUERRAS.

Fred Reed - 03.06.13.

Algumas vezes, quando entro num avião o comissário de bordo pede aos passageiros para aplaudirem os sacrifícios de nossos bravos soldados ao defenderem os Estados Unidos. Eu não aplaudo. Por uma coisa, nenhum soldado defendeu os Estados Unidos desde 1945. Por outra, qualquer dentista, motorista de ônibus ou músico tem feito mais para beneficiar o país, e menos para arruiná-lo e dar-lhe um mau nome, do que todas as Forças Armadas combinadas. Por quê não aplaudir os dentistas?

É curioso que os soldados sejam honrados, reverenciados e considerados como heróis nacionais. Assassinos seriais psicopatas que matam quinze colegas são contemplados com repulsa. Por quê a diferença? As moças assassinadas por Ted Bundy eram totalmente inocentes. Assim também eram os iraquianos assassinados pela Força Aérea em Bagdá. Eu não vejo porque, num caso, a matança sem sentido de quem não nos atacou em um país é admirável, mas no outro não.

Naturalmente, soldados são melhores nisto e assim mais destrutivos. Eles matam enormemente, espalhando destruição, arrasando países, vidas e cidades, enquanto os Bundys pegam só uns poucos. A distinção é de eficiência e escala. Moralmente, são indistinguíveis.

Por quê essa adoração respeitosa por soldados? Os militares cultivam todo instinto, todo crime que pessoas decentes abominam. Por quê isto é considerado nobre? No treinamento básico, no Corpo de Fuzileiros Navais, eu aprendi como enfiar a baioneta nos rins de um sentinela para que a agonia e a súbita queda da pressão sanguínea, o silenciassem rapidamente. E como garroteá-lo com meu antebraço, ao mesmo tempo em que o puxava para trás, jogando meu peso sobre sua cabeça, partindo seu pescoço. Atire na barriga, não na cabeça, aprendíamos, já que isso sobrecarregará os serviços médicos deles.

Fazer estas coisas na defesa contra um exército invasor é justificável, mas dificilmente alguma coisa para se orgulhar. Invasores, quase sem exceção, são repreensíveis.

Assassinos seriais com freqüência torturam suas vítimas. Assim o fazem os soldados. Tortura tem sido parte da guerra desde que esta foi inventada - e provavelmente antecede outras formas de prostituição. Hoje, somente os Estados Unidos fazem da tortura uma parte declarada de sua política nacional, mas todos os militares fazem isso. A Internet torna difícil o segredo nestes dias, portanto sabemos de Abu Ghraib, dos torturados em Guantanamo engasgando, afogando, vomitando, gritando, implorando por misericórdia. Nós temos indícios de juntas esmagadas e aleijamentos por toda a vida produzidos nos campos de tortura secretos da CIA... Ainda assim, não há nada de peculiarmente americano nisto. Exércitos fazem o que os exércitos fazem. Sadismo e massacre de prisioneiros e civis percorrem toda a história militar.

Soldados se esforçam bastante em imaginarem formas de machucar gente o mais gravemente possível. Quando eu fazia cobertura das Forças Armadas, eu rotineiramente via exemplos edificantes. Pesquisas eram feitas em estilhaços plásticos cor-de-sangue que não apareciam nos raios-x, para que os médicos inimigos tivessem dificuldades em manter os soldados vivos. Havia um manual do Exército sobre como manter os soldados continuando a lutar entre o recebimento de uma dose letal de radiação e realmente ficarem incapacitados para continuarem de pé mais tempo. Uma técnica era não contar para eles que já estavam mortos.

Estas coisas são escritas pelos militares em linguagem cuidadosamente neutra. O seguinte parágrafo é de um relatório sobre uma ogiva antitanque testada no interior de um tanque-alvo no Campo de Provas de Aberdeen, Maryland, mas podia ter saído dos laboratórios de qualquer nação civilizada:

"O transdutor de pressão [pressure transducer] foi o calibrador Kistler tipo 6121. Este calibrador, tendo uma freqüência de resposta de 6 Kilohertz, foi utilizado para medir as pressões de choque do ar geradas no compartimento. Os efeitos incapacitantes de temperatura foram avaliados utilizando o critério de queima apresentados na figura 7."


"Critério de queima" mede a probabilidade de estorricar carne o bastante para que a guarnição morra. "Choque do ar" significa destruição do tecido pulmonar. Isto pode ser exprimido menos friamente. De "The Sharp End", um excelente livro sobre soldados na Segunda Guerra Mundial:

"Um tanque que é mortalmente atingido vomita compridas línguas de fogo alaranjado de cada escotilha. Enquando a munição explode no interior, o casco é rasgado pelas violentas convulsões e centelhas irrompem da boca do cano como fogos de artifício. Rios prateados de alumínio derretido escorrem do motor como lágrimas... Quando o inferno decresce, galões de óleo lubrificante da transmissão e dezenas de quilos de borracha nas lagartas e rodetes continuam a queimar, cuspindo densas nuvens de fumaça preta sobre a pira funerária."


O tanque descrito claramente apresenta bons critérios de queima. As guarnições raramente escapam.

Por quê as pessoas toleram conflitos sangrentos intermináveis? A atitude do público para com a guerra, penso eu, é biologicamente determinada, como a maior parte do comportamento humano. Um recém-nascido instintivamente suga, aos dois anos torna-se um diabinho, na puberdade descobre o sexo, e se for menino, quer uma espada, um cavalo e uma longa haste ponteaguda. Grupos humanos inatamente consideram outros grupos com suspeição que facilmente transforma-se em hostiliade e, se puderem conquistá-los, eles o fazem.

Parte deste instinto animal é a preocupação com o bem-estar de nossos filhotes, mas não os dos outros. Por exemplo, a ONU estimou que mais de meio milhão de crianças iraquianas morreram em conseqüência do embargo. Até mesmo se o correto for a metade deste número, ainda é monstruoso. Alguém está interessado? Não. Uma mãe segurando seu bebê enquanto ele morre de diarréia, porque a água não podia ser clorada - ela é uma destas muçulmanas, quem se importa?

A agressão militar parece ser intrínseca. Os piores dos homens, sendo agressivos, ascendem ao governo dos países e então atacam os outros. Roosevel, O Primeiro, famosamente disse, "Fale suave e carregue um grande porrete." O problema é que ninguém com um grande porrete pode falar suavemente. Quem tem porretes, quer usá-los. Assim toda a história é um registro de criminosamente hostis atacando qualquer um à vista.

Impérios expandem-se, normalmente com matanças e destruições maciças, com exércitos liderados por homens maus, grandemente respeitados pelos cães de suas respectivas matilhas: Tamerlão, Hitler, Napoleão, Bush, Lincoln, Pedro, O Grande, Sharon, Alexandre, e por aí vai aos milhares. Implausivelmente, as pessoas honram os homens que fazem estas coisas com elas.

Nós não somos diferentes. Hoje, os Estados Unidos, não tendo quaisquer inimigos militares, trabalham para expandir seu império, que não é necessário. Eles buscam cercar a Rússia, cercar a China, conquistar o Afeganistão e o Iraque, procuram por uma guerra com o Irã, intrometem-se militarmente na África. Por quê? Razão alguma. É apenas o que os soldados fazem.

A estupidez maligna, desastrosa, interminável da guerra constante deveria ser evidente, mas parece não causar nenhuma impressão. Isto não muda nunca. As cidades-estados gregas estavam sempre em guerra, e os romanos, e as cidades-estado italianas, e os árabes, e os europeus, e... nós também estamos. Qualquer guerra é sempre melhor que nenhuma guerra. Estuprar, queimar e matar. É isso o que os soldados fazem.




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Re: Reflexões sobre a Guerra e os Militares

#52 Mensagem por Clermont » Sex Fev 03, 2017 2:56 pm

Forças Armadas Obsoletas: Bombardeando Tudo, Não Ganhando Nada.

Fred Reed, 26 de setembro de 2016.

Para que, precisamente, são as forças armadas dos Estados Unidos, e o que, precisamente, elas podem fazer? Em termos práticos, o quâo poderosas são elas? No papel, são formidáveis, enormes, com grupos de batalha de porta-aviões, tecnologia avançada, notáveis submarinos, satélites e por aí vai. No que isto se traduz?

O poder militar não existe independentemente, mas somente em relação à circunstâncias específicas. Comparar especificações técnicas do "Armata" com estas do "Abrams", ou do SU-34 com o F-15, ou os números disto com os números daquilo, é um interessante exercício intelectual. Mas tem pouca significação sem referência à circunstâncias específicas.

Por exemplo, a América é vastamente superior militarmente à Coréia do Norte em cada categoria de armamentos - mas o Norte tem bombas nucleares. Ela não pode lança-las nos EUA, mas provavelmente pode em Seul. Mesmo sem armas nucleares, ela tem um grande exército e grandes números de peças de artilharia dentro do alcance de Seul. Ela tem um governo imprevisível. Como Gordon Liddy disse, se as suas respostas à provocação são amplamente fora de proporção a tais provocações, e imprevisíveis, ninguém vai provocar você.

Um ataque americano pelo ar contra a Coréia do Norte, o único ataque possível, desconsiderando um ataque nuclear preventivo, ofereceria uma alta probabilidade de uma guerra peninsular, a devastação de Seul, paralisia de um importante parceiro comercial - pense na Samsung - e um resultado final incerto. Os Estados Unidos não tem os meios de levar tropas para a Coréia rapidamente em quaisquer números, e os resultados políticos domésticos de montes de GIs mortos seriam politicamente graves. O custo provável excede de longe qualquer possível benefício. Em termos práticos, a superioridade militar de Washington nada significa no que concerne à Coréia do Norte. Pyongyang sabe disto.

Ou considere a Ucrânia. No papel, as forças americanas no total são superioras às russas. Localmente, não são. A Rússia faz fronteira com a Ucrânia e pode avassalá-la rapidamente. Os EUA não podem rapidamente levar forças que façam a diferença exceto um grau de poder aéreo. Poder aéreo não funcionou contra camponeses indefesos em muitos países. Os russos não são camponeses indefesos. A Europa, normalmente dócil e obediente à América, improvavelmente se engajaria numa guerra de tiros com Moscou em benefício de Washington. Os europeus estão cientes de que a Rússia faz fronteira com a Europa Oriental, que faz fronteira com a Europa Ocidental. Para Washington, enfrentar a Rússia na Ucrânia exigiria um enorme esforço de logística marítima e uma mobilização nacional. Guerras sérias com potências nucleares não representam o auge da sensatez.

Novamente, a superioridade militar de Washington nada significa.

Ou considere a disputa de Washington com a China no Pacífico. A China não pode começar a rivalizar com o poder naval americano. E nem precisa. Pequim tem focado em mísseis antinavio - leia-se "mata-porta-aviões" - tais como o míssil balístico JD21. O quão bem ele funciona eu não sei, mas os chineses não são estúpidos. E o risco de descobrir isto vale a pena? Rápidos, furtivos, mísseis de cruzeiro rentes ao mar são muito baratos comparados com porta-aviões, e os almirantes da América sabem que montes deles chegando simultaneamente não resultará em final feliz.

Ter uma frota incapacitada pela China seria intolerável para Washington, mas suas possíveis respostas seriam desagradáveis. Começar uma guerra convencional com a China com as medonhas conseqüencias econômicas globais? Isto não geraria aliados. Cortar as linhas petrolíferas da China com o Oriente Médio e empurrar Pequim rumo à guerra nuclear? Destruir a Represa das Três Gargantas e afogar sabe-se lá quanta gente? Se a China usar a guerra como pretexto para anexar países fronteiriços? O que faria a Rússia?

As conseqüencias tanto prováveis quanto garantidas tornam a aventura pouco atraente, especialmente já que os pretextos para uma guerra com a China - uns poucos rochedos no Pacífico, por exemplo - são triviais demais para valerem os custos certos e o resultado incerto. Novamente, superioridade militar não significa muito.

Nós vivemos num mundo militar fundamentalmente diferente daquele do último século. Guerras totais entre grandes potências, o que quer dizer potências nucleares, são improváveis já que elas durariam cerca de uma hora após tornarem-se totais, e todo mundo sabe disto. Na Segunda Guerra Mundial a Alemanha podia convencer-se, razoável e quase corretamente, que a Rússia cairia no verão, ou os japoneses de que uma América desarmada, varrida pela Depressão, poderia decidir não lutar. Agora, não. Ameace alguma coisa que uma potência nuclear considere como vital e você arrisca a fritar. Portanto ninguém o faz.

Ao menos, ninguém tem feito. Idiotas abundam em Washington e Nova Iorque.

Então qual, no mundo de hoje, é o sentido de enormes forças convencionais?

As forças armadas americanas são forças da Segunda Guerra Mundial aperfeiçoadas, desenhadas para enfrentar outras forças militares similares num mundo que existia durante a guerra. A União Soviética era esta espécie de força militar. Hoje em dia não há tais forças armadas para a América enfrentar. Não estamos no mesmo mundo. Washington parece não ter notado.

Uma força militar da Segunda Guerra Mundial destinava-se a destruir alvos de ponto de alto valor - tanques, aviões, navios, fábricas - e para capturar território crucial, tal como o país do inimigo. Quando você destruia o armamento pesado da Wehrmacht e ocupava a Alemanha, você vencia. Essa é o tipo de guerra que os militares sempre tem apreciado, tendo muito som e fúria e objetivos claros.

Isso não funciona assim hoje. Desde a Guerra da Coréia, milícias camponesas semi-organizadas tem desconcertado o Pentágono por não terem alvos de alto valor ou território crucial. No Afeganistão, por exemplo, pastores de cabras com fuzis podem simplesmente dispersarem-se, não oferecendo nenhum alvo de ponto afinal, e certamente nenhum de alto valor. Nenhum território era crucial para eles. Se os americanos montassem uma enorme operação para tomar a Província A, a resistência podia apenas dissolver-se na população ou mover-se para a Província B. Os EUA seriam sempre vitoriosos mas nunca vencendo coisa alguma. Mais cedo ou mais tarde a América sairia. O mundo compreende isto.

E mais, a natureza subjacente do conflito mudou. Na maior parte da história até a União Soviética evaporar, impérios expandiam-se pela conquista militar. No mundo atual, países não perderam suas ambições imperiais, mas a abordagem não é mais militar. A China parece tencionar colocar a Eurásia sob sua hegemonia, e avança na direção disto, mas sua abordagem é econômica, não marcial. Os chineses não são calorosos e fofinhos. Entretanto, eles são espertos. É muito mais barato e seguro expandir-se comercialmente do que militarmente, e é mais sábio desviar-se de confrontação marcial - numa palavra, ignorar a América. Mais corretamente, desviar-se do Pentágono.

Poder militar e diplomático origina-se do poder econômico e a China está provando-se bem-sucedida econômicamente. Usando sua força comerciala, ela está expandindo sua influência, de formas que não podem ser bombardeadas facilmente. Ela está avançando a aliança BRICS, da qual os EUA estão excluídos. Ela está alargando o SCO (Shanghai Cooperation Organization), do qual a América está excluída. Talvez, mais importante, ela estabeleceu o AIIB, Banco de Investimento em Infra-estrutura da Ásia, que não inclui os Estados Unidos, mas inclui os aliados europeus de Washington. Estas organizações provavelmente negociarão na maior parte sem dólares, uma séria ameaça à hegemonia econômica de Washington.

Qual a relevância do Pentágono? Como você bombardeia um acordo comercial?

A China goza de solvência e hegemoniza entusiasticamente com ela. Desta forma, no Paquistão, ela construiu a Autoestrada Karakoram de Xian Jiang a Karachi, que aumentará o comércio entre os dois. Ela está instalando dois reatores de energia próximo a Karachi. Ela está investindo nos recursos afegãos, aumentando o comércio com o Irã. Quando os EUA saírem, a China, sem disparar um tiro, predominará na região.

Qual a relevância de porta-aviões?

Pequim está falando sério sobre construir mais linhas ferroviárias, incluindo ferrovias de alta-velocidade, até a Europa, acompanhada de linhas de fibra óptica e por aí vai. Isso não é apenas conversa. A China tem o dinheiro e uma rede muito grande de ferrovias de alta-velocidade domesticamente. (Os EUA não tem um único quilômetro.) Pesquise no Google "China-Europe Rail lines."

O que o Pentágono vai fazer? Bombardear os trilhos?

Enquanto o comércio e a facilidade de viagens de Berlim à Pequim aumentam, e enquanto a China prospera e deseja mais bens europeus, os empresários europeus desejarão abraçar este mercado fabulosamente grande - o que afrouxará o aperto de Washington na garganta da Europa. Repita, lentamente, três vezes:

Eur-Asia.

Eur-Asia.

Eur-Asia.

Eu garanto que é isto o que os chineses estão dizendo.

O que o poder militar de trilhões de dólares do Pentágono irá bombardear? A Europa? As ferrovias atravessando o Kazaquistão? As fábricas da BMW?

Tudo isto é para dizer que, embora as forças armadas dos Estados Unidos pareçam formidáveis, elas não são particularmente úteis, e ajudam a China ao falirem os Estados Unidos. Repetidas vezes, elas mostraram que não podem derrotar campesinos armados com estas armas mais formidáveis, o AK, o RPG e o IED. Os Estados Unidos não tem forças terrestres para enfrentar um grande ou meio-grande inimigo. Eles podem bombardear o Irã, com conseqüencias imprevisíveis, mas possivelmente não conquistá-lo.

As guerras no Oriente Médio ilustram bem o princípio. O Iraque não funcionou. A Líbia não funcionou. O Irã não recuou. ISIS e esquisitices relacionadas? O Pentágono está de novo bombardeando um inimigo que não pode dar o troco - sua especialidade - mas isto parece incapaz de derrotá-lo.

Forças armadas erradas, inimigo errado, guerra errada, mundo errado.




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