Bolovo escreveu:Não, meu querido. Exatamente tudo, tudo, tudo pelo contrário. Ninguém está aqui querendo mostrar que "o meu é maior que o seu" , não! Como você mesmo já disse, o Gripen foi o escolhido, mas como já me lembraram em outro tópico, estamos apenas num fórum e não mandamos em porra nenhuma, a decisão não vai mudar, mas isso não significa que não possamos ficar bem informados sobre o assunto, sendo os cidadãos que somos. A comparação com outros caças é inevitável, pois como todos sabem, o Gripen participou de uma concorrência com outros caças, ou seja, jamais foi uma opção direta, unânime. E o Gripen, por ter sido o vencedor desse processo, merece ser criticado até dizer chega, muito mais do que os outros, porque será o NOSSO caça. Talvez a palavra "criticar" pareça meio pesada, mas o que é criticar? Segundo o dicionário Michaelis, criticar é "analisar verbalmente ou através da escrita, de forma racional e detalhada, as características de qualquer obra científica, artística ou literária". E nós estamos fazendo exatamente isso em relação ao Gripen, pois como ele será o nosso caça pelos próximos 40 anos, como você bem nos lembrou, é necessário extrair cada gota desse longo processo chamado FX2 e separar exatamente o que o era propaganda de marketing e o que era realidade nessa proposta, resumindo, o que era papo de vendedor e o que era verdade. Repare que temos usuários que até hoje postam matérias da Saab, pasmem! O processo já acabou!!! Não precisamos mais de propagandas e matérias pagas. Tinha usuário que postava que o Gripen teria um radar AESA com módulos de nitreto de gálio, coisa que foi desmentida em minutos, pois o mesmo terá um radar AESA com módulos de arsenito de gálio, como maioria dos radares AESA. Esses dias apareceu uma matéria do Senado falando que o Ministro Jungmann disse que o programa do FX2 custará 21 bilhões, mais do que o do submarino nuclear, e ninguém deu bola, até postei aqui. Mas não seria baratinho? É isso que estamos fazendo aqui, tirando o marketing, que infelizmente ainda existe, da coisa toda. Pode parecer choro de derrotado porque os que torciam pelos outros caças agora só criticam o Gripen (olha que eu votei no Gripen nesse tópico, a muuuito tempos atrás)? Oras, mas você esperava o que? Que os gripeiros passasem, como um passe de mágica, a critica-lo? Pelo contrário, os gripeiros ainda postam peças de marketing, banners da Saab pelo fórum todo. Não tem jeito, meu caro. Se quer que os críticos diminuam suas criticas, no mínimo peça para os marketeiros parem de espalhar suas propagandas por aí.
Abraço.
Vamos lá.
Existe uma questão fundamental aqui. Não há dados concretos públicos sobre o desempenho/características do Gripen E até o presente momento, posto que o protótipo ainda não voou. O que se tem na verdade é o que foi publicado pela SAAB em relação ao Demo. E além disso, apenas o que foi proposto à FAB em termos de projeto no FX-2 para aquilo que o caça deve ser, os famosos pdf's.
A FAB tem obviamente informações muito mais precisas e concretas a despeito do desempenho/características do Gripen E, que por óbvio que seja, tem suas limitações quanto a sua publicidade. Neste sentido, temos que entender que não se pode apor capacidades ou incapacidades, neste momento, a este caça em vista de marketing e propaganda ou de dados aos quais não temos acesso.
Claro, cedo ou tarde a SAAB, e quiçá a FAB também, poderão aos poucos ir liberando os resultados dos voos e dos testes dos equipamentos a serem colocados no caça, mesmo porque para uma industria, isso é a base do negócio, ou seja, a propaganda.
Do ponto do vista da nossa realidade, acredito que os dados que possamos dispor a partir deste ano serão fundamentais para avaliar concretamente a validade dos pdf's apostos durante a fase de seleção.
Tendo a crer que em se tratando de uma empresa que fabrica caças a mais de 80 anos, e outra que tem mais de 40 anos de expertise comprovada no setor aeronáutico, não temos que nos preocupar se o projeto vai dar certo ou não, mas sim em que medida ele se adaptará, e nós a ele, enquanto vetor de caça.
Porque basicamente o Gripen E, e futuramente o F, vindo a ser desenvolvido, será o primeiro caça moderno da FAB em mais de 70 anos, e ninguém aqui parece ter dado importância a este fato. Depois do P-47, é a primeira vez que a FAB contará com uma linha de caças a nível de primeiro mundo. E da mesma forma que aqueles vestutos caças a pistão revolucionaram a instituição de nossos avós, por analogia, o Gripen E/F terá o mesmo, ou quiçá, um impacto maior ainda na FAB de nossos filhos e netos.
Pro fim, acredito que as comparações com outros caças deve ter como parâmetro o nosso TO sul-americano, que até o presente momento, tem como principais vetores o Su-30MKV, os Kfir C-10, os Mirage 2000, Mig-29 e os Mirage III/Dagger. Não considero os F-16's Block 50 chilenos por eles se encontrarem em um outro contexto, enquanto aqueles caças tem acesso livre ao nosso espaço aéreo.
Pode ser que se queira, meio que forçosamente, comparar o Gripen E/F com F-35, Rafale, F-18E/F ou Typhoon ou PAK-FA, e outros, mas acho imprecisa esta comparação, seja porque ainda não temos dados concretos do desempenho do nosso futuro caça, seja porque ainda vamos demorar um tempo para que este tipo de vetores apareçam por aqui, seja operacionalmente em outras forças aéreas sul-americanos, seja em termos de exercícios. Talvez seja interessante a comparação com os F-18E/F da US Navy que regularmente todo ano aparecem uma ou duas vezes por aqui ao largo do litoral, o que não é verdade em relação aos outros caças, já que sequer temos exercícios regulares com os nossos vizinhos, talvez a exceção do Chile.
Creio que uma coisa interessante a se perguntar, é se o Gripen E/F vai dar conta da defesa aérea efetivamente a partir da nova organização da FAB, com apenas 6 bases aéreas operacionais. E aqui penso que se tenha uma discussão muito importante, porque não temos hoje capacidade de equipar no mesmo padrão do FX (36 caças = Grupo de caça) todas estas bases. E a saber pelo numero de caças que a FAB pretende neste projeto ( diz-se 108) continuaremos na prática com a mesma defesa aérea capenga e cheia de buracos, tendo que percorrer longas distâncias para fazer uma simples interceptação. Será que esta lógica esta correta? Será que este tipo de pensamento da FAB corrobora a nova estrutura e é condizente com as novas capacidades que o Gripen E/F irá trazer para a força, ou ele será subutilizado, como os vetores que lhe antecederam?
Pode ser que o pessoal da FAB aqui ache normal um caça ter de decolar de Brasilia para fazer um interceptação sobre o Pará, ou sobre o Piaui, ou ainda no Mato Grosso, percorrendo mais de mil kms de distância ou quase isso, simplesmente por não termos uma base aérea ou caças dispostos em posições mais propícias para tanto, percorrendo no máximo 500 kms. Mas na minha ignóbil opinião de leitor e aficionado isso não tem qualquer lógica. Ao menos do ponto de vista racional. Deixar um vetor classificado como desconhecido percorrer metade do território nacional, só para considerá-lo hostil apenas quando ele chegar perto de uma base aérea é no minimo contraprudocente. Mas essa é a lógica da nossa defesa aérea hoje. E ao que parece será a de amanhã.
Não me consta, neste sentido, que o Gripen E/F trará qualquer grandes modificações efetivav a nossa capacidade de defender e policiar o espaço aéreo nacional. Mesmo que o seu alcance/raio de combate seja exponencialmente maiores que os atuais F-5M. Porque simplesmente vamos continuar operando da mesma forma que estávamos nos anos 40, como se o Rio de Janeiro fosse a capital federal. E o resto que se vire.
Será que o Brasil que tem de ser defendido continua sendo o que fica abaixo de Brasília, e o resto é simplesmente o resto?
Eu tendo a crer que não. Mas a FAB parece acreditar que sim.
A ver.
abs.