PROJETO ESTRATÉGICO GUARANI: VBR – MR 8X8

[jauro]

Na InfMec a Missão do CCSR do RCCSR da Bda InfMec será cerrar (ir para cima do) sobre o inimigo a fim de destruí-lo ou neutralizá-lo, utilizando o fogo, a manobra e a ação de choque. Na defensiva destruir ou desorganizar o ataque inimigo por meio do fogo e de contra-ataques.
Ação de choque e contra ataques necessitam de CC sobre rodas para darem esse poder para a Inf, assim um CCSR 8x8 ou 6x6 (não há consenso ainda) com Can 105mm seria o ideal.

Mas esta foi a função - ação de choque, no ataque e na defesa - para a qual essa classe de viaturas do tipo "Centauro" foi desenvolvida? Sempre ouvi falar que elas destinavam-se a oferecer apoio de fogo nas missões de reconhecimento ou então, servirem como caça-tanques.

Na primeira função - reconhecimento - segundo lemos aqui mesmo neste tópico, há opiniões de que essa classe de viatura carece de discrição, possivelmente comprometendo a missão. Como caça-tanques eu não sei se viaturas do tipo já corresponderam ao que se espera delas nas últimas guerras desde 1991.

"Ação de choque" para destruir o inimigo sempre foi uma prerrogativa do tanque, e a questão que fica é: será que um carro blindado (6x6 ou 8x8) será capaz de executar tal missão? Seja um "Centauro", seja um "Guarani" 8x8?

Antes do que aderir a ataques e emboscadas de frações, e retirar-se em face da confrontação direta com as forças da OTAN, o Taliban escolheu efetuar uma resistência convencional em Pashmul. Eles ocuparam posições defensivas bem-preparadas, entre densos campos de parreiras e papoulas, e cobriram com fogo direto e IEDs todas as rotas de ingresso, adequadas para viaturas sobre rodas. O Oficial-Comandande do Gpt Batalha, (OC), tenente-coronel Omer Lavoie, percebeu, rapidamente, que restaurar a mobilidade tática de campo de batalha seria essencial para desalojar o inimigo deste terreno complexo. Sem tanques à sua disposição, ele introduziu tratores sobre lagartas, de padrão civil, na luta, de modo a abrir caminho através dos parreirais e permitir aos soldados desmontados de infantaria aproximar-se dos insurgentes. A tática foi, extremamente eficaz. Avançando sob cobertura de pesado bombardeio aéreo e de artilharia, os tratores permitiram ao Gpt Bat, tomar terreno-chave e facilitaram a sistemática limpeza, pelos soldados desmontados, de todas as instalações e infraestrutura. Por volta de 13 de setembro de 2006, as forças talibans, operando em Pashmul e Zhari tinham capitulado. Centenas de insurgentes tinham sido mortos e muitos outros forçados a fugirem para o oeste.

(...)

Os tanques e engenheiros de combate blindados tem protegido melhor nossos soldados desmontados de infantaria, no sul do Afeganistão, permitindo-lhes cerrar e destruir um inimigo determinado e fanático, sobre terreno extremamente complexo (http://defesabrasil.com/forum/viewtopic ... 1&start=30).

O cara improvisou com tratores e deu certo. Porém tratores não tem canhões e mesmo assim só com o choque dos tratores ele logrou êxito. Aposto que com Vtr Bld sobre rodas ele levaria mais vantagem ainda. Oitenta por cento do Choque é obtido com o fogo dos canhões nos últimos 400 metros antes de cerrar sobre o Inimigo.

[Marechal-do-ar]

jauro, acredito que a dúvida do Clermont possa ser dividida em duas:
1) Um veículo sobre rodas seria capaz de transpor as barricadas que os tratores sobre lagartas foram capazes?
2) E se o inimigo tiver canhões, RPGs ou equivalentes?

[jauro]

jauro, acredito que a dúvida do Clermont possa ser dividida em duas:
1) Um veículo sobre rodas seria capaz de transpor as barricadas que os tratores sobre lagartas foram capazes?
2) E se o inimigo tiver canhões, RPGs ou equivalentes?

1) Provavelmente não. Mas depende da envergadura das barricadas.
2) Bem, "e se" já é outra situação; e aí cada caso é um caso. Quem for atacar essa posição tem de estudá-la, ver qual a melhor forma de abordá-la e com quais meios (se Bld ou Mec).

[Reginaldo Bacchi]

É preciso lembrar que quando o "tank" foi inventado pelo exercito/marinha britânicos [Winston Churchill a força que motivou a criação do "tank" era então 1º Lord do Almirantado (Ministro da Marinha)] em 1915, entre suas desejadas qualidades estava a de superar barreiras e trincheiras, além de proteger os tripulantes do fogo dos fuzis e metralhadoras alemãs.

Esta combinação de fatores levou a forma típica dos carros de combate ingleses da 1ª GM, contribuindo para sua grande funcionalidade no cenário revolto e lamacento do campo de batalha europeu daquela guerra.

Os "tanks" francês Schneider e St. Chamond mostraram total desprezo no seu projeto para o item de obstáculos e trincheiras, preocupando-se basicamente com a proteção contra o fogo dos fuzis e metralhadoras inimigos.

Foram projetados, colocando-se o sistema de tração dos tratores Holt, em baixo de estruturas projetadas ad hoc.

Revelaram-se de baixa eficiência, e só o gênio de Louis Renault com seu posterior Renault FT 17, foi capaz de dar as forças blindadas francesas o veiculo que elas mereciam.

Bacchi

[gabriel219]

Jauro, se me permitir fazer uma pergunta: na sua opinião, seria interessante o Exército partir pra fabricação de um Centauro II nacionalizado ao invés de perder tempo no VBR Guarani ou o tempo e dinheiro gasto no VBR Guarani valerá mais a pena?

Abs

Uma coisa é incontrolável. Se o Pjt final ficar com a IVECO, eles vão partir do Guarani e terminar no Centauro. Ou algo muito parecido.

Concordo plenamente, por isso acho que já devíamos partir para o projeto de nacionalizar e fabricar o Centauro II aqui, que supera e muito nosso ROB.

[Wingate]

É preciso lembrar que quando o "tank" foi inventado pelo exercito/marinha britânicos [Winston Churchill a força que motivou a criação do "tank" era então 1º Lord do Almirantado (Ministro da Marinha)] em 1915, entre suas desejadas qualidades estava a de superar barreiras e trincheiras, além de proteger os tripulantes do fogo dos fuzis e metralhadoras alemãs.

Esta combinação de fatores levou a forma típica dos carros de combate ingleses da 1ª GM, contribuindo para sua grande funcionalidade no cenário revolto e lamacento do campo de batalha europeu daquela guerra.

Os "tanks" francês Schneider e St. Chamond mostraram total desprezo no seu projeto para o item de obstáculos e trincheiras, preocupando-se basicamente com a proteção contra o fogo dos fuzis e metralhadoras inimigos.

Foram projetados, colocando-se o sistema de tração dos tratores Holt, em baixo de estruturas projetadas ad hoc.

Revelaram-se de baixa eficiência, e só o gênio de Louis Renault com seu posterior Renault FT 17, foi capaz de dar as forças blindadas francesas o veiculo que elas mereciam.

Bacchi

Carro de combate inglês - Primeira Guerra Mundial (corte mostrando interior)



Renault FT17



Wingate

[LeandroGCard]

O cara improvisou com tratores e deu certo. Porém tratores não tem canhões e mesmo assim só com o choque dos tratores ele logrou êxito. Aposto que com Vtr Bld sobre rodas ele levaria mais vantagem ainda. Oitenta por cento do Choque é obtido com o fogo dos canhões nos últimos 400 metros antes de cerrar sobre o Inimigo.

Pelo que entendi não foi exatamente com o choque, mas simplesmente abrindo com os tratores passagens por áreas que o Talibã não havia se preparado para proteger justamente por serem inviáveis para veículos sobre rodas.

É claro que tanques provavelmente teriam sido até mais eficientes, principalmente por poder dar apoio à infantaria após abertos os caminhos, mas eles e o grande poder de fogo de seus canhões de elevado calibre não foram realmente necessários para esta vitória, com as passagens abertas a infantaria resolveu a questão sozinha.


Leandro G. Card

[LeandroGCard]

Concordo plenamente, por isso acho que já devíamos partir para o projeto de nacionalizar e fabricar o Centauro II aqui, que supera e muito nosso ROB.

Qual o sentido de gastar esforço e $$$ para produzir aqui um veículo que já é frabricado alhures com componentes que também não são nacionais, nas ridículas quantidades que nossas FA´s realmente adquirem?

Este é o típico caso para prateleira, tomando-se apenas o cuidado de garantir a capacidade de manutenção.


Leandro G. Card

[gabriel219]

Não são quantidades ridículas e nos pouparia dinheiro e tempo no desenvolvimento do VBR, que apenas será um Centauro mais leve.

[LeandroGCard]

Não são quantidades ridículas e nos pouparia dinheiro e tempo no desenvolvimento do VBR, que apenas será um Centauro mais leve.

E qual veículo blindado o Brasil possui em quantidades que não sejam ridículas em termos industriais? Porque justamente este seria diferente?

E nestas condições nada poupa mais tempo e $$$ do que prateleira.


Leandro G. Card

[FCarvalho]

Se a Ideia fundamental é substituir os Cascavel, seria em torno de 400 e poucos unidades. Mas com a reorganização da cav mec e da introdução da inf mec, talvez este número possa ser maior... ou menor. Vai, na verdade, depender de onde o EB conseguir chegar com a modernização de suas forças mecanizadas. E isto, por hora, nem o próprio EB sabe.

abs.

[LeandroGCard]

Se a Ideia fundamental é substituir os Cascavel, seria em torno de 400 e poucos unidades. Mas com a reorganização da cav mec e da introdução da inf mec, talvez este número possa ser maior... ou menor. Vai, na verdade, depender de onde o EB conseguir chegar com a modernização de suas forças mecanizadas. E isto, por hora, nem o próprio EB sabe.

abs.

O Guarani seriam 3000 unidades. Quantas foram encomendadas até agora mesmo?

E agora se montaria uma outra linha de montagem para outro blindado sobre rodas, desta vez para apenas algumas centenas de unidades? Quem tem tanto dinheiro sobrando para jogar fora nisso?

Tudo isso só para dizer que foi montado aqui um veículo estrangeiro, do qual não teríamos o domínio tecnológico e nem mesmo como exportar (pois mesmo se alguma unidade saísse desta linha brasileira para outro país, ainda assim não seria uma exportação brasileira mas sim da matriz italiana)? Ou alguém realmente espera que os italianos abram mão dos empregos especializados que também não estão sobrando em seu próprio país para vir fabricar aqui, enfrentando todas as enormes dificuldades de se produzir bens industriais no Brasil, só para no final nós ficarmos com a maior parte dos ganhos?


Leandro G. Cardoso

[FCarvalho]

Infelizmente, ou felizmente, Leandro, ainda tem gente no EB, e demais forças, que acredita neste arremedo de país. Faz parte da gnose militar. Mas seus argumentos não deixam de ter sua razão.

abs.

[Reginaldo Bacchi]

Leandro, concordo totalmente com você.

Excelente seu comentário.

Bacchi

[Matheus]

Op. Guarani 2016.