gabriel219 escreveu:Carvalho, sinto muito, mas se nós seguimos sua linha de pensamento, seria dissolvida as Forças Armadas e até a Força Nacional de segurança.
Se continuar com esse pensamento minúsculo, pra não falar medido em nanômetros, continuaremos a ser o que seremos. Se a Marinha adquirisse os F-18, os recursos iam aparecer para operar ou sua tarefa constitucional estaria ameaçada. Qual Presidente louco iria deixar acontecer algo do tipo?...
Gabriel,
Longe de ter e/ou expressar um pensamento fatalista, minusculo, como dizes, o que estou a fazer aqui é apenas relatar o que é a nossa realidade.
A asa fixa na aviação naval é um sonho muito antigo dos nossos almirantes. Eles sabem da sua importância e, também, das suas complexidades de manutenção.
E sabem mais ainda que este país não tem a mínima consciência e responsabilidade sobre isso. Quanto menos lhe dão a importância e respeito necessários.
Daí a MB, neste e em outros projetos seus, não raras vezes, dar a cara a tapa a fim de dar-lhes cumprimento por si mesma, sem esperar ou pedir nenhuma benesse ou incentivo do poder público ou da sociedade civil.
Se não fosse assim, não teríamos nada hoje. Repito, nada. Não haveria asa fixa na MB hoje.
Dinheiro sempre houve neste país, para tudo. O problema da defesa nunca foi falta de verba. Isto sempre foi a consequência de outra ausência: vontade política. E sem vontade política, e consciência na sociedade sobre os assuntos da defesa, sempre irá faltar verba para tudo. É a nossa realidade desde 1822. E os militares convivem, até bem, com isso, desde então.
Defesa não faz parte da agenda nacional. Nunca fez. E nem fará tão cedo. Passamos por várias situações onde as ffaa's tiveram que ser chamadas a trabalhar efetivamente no seu objeto concreto de atividade, e o que nós como país aprendemos? Nada. Continuamos como se nada tivesse acontecido. Embalados na ignorância e na alienação de sempre. Pobres, ricos e remediados. Simplesmente ninguém dá a mínima.
Então, o que se há de fazer é tentar trabalhar com o que nos é possível. O que o que podemos fazer, com o que dá para fazer. Sem pretensões demais, ou de menos.
Não espere que se a MB colocar essa ou aquela desculpa de proteger isso e aquilo, fará alguma diferença, porque não fará a mínima diferença para o populacho, que não quer nem saber se temos ou não pré-sal ou pré-qualquer coisa. O brasileiro simplesmente vive de costa para o mar. Entenda isso. É cultural. Não muda de uma hora para outra. Será preciso várias gerações - e uma educação completamente diferente, e melhor - para podermos ter o apoio necessário da sociedade para angariar os planos da MB em termos de aviação naval, frota de mar e outras coisas. Sem isso, sem votos, sem atenção, sem dinheiro, sem navios, sem meios.
É assim que as coisas andam por aqui.
Como já disse aqui antes, temos de nos ocupar agora de engendrar alternativas que sejam passíveis de execução e manutenção em acordo com as condições, ou a falta delas, na MB.
Exemplifico novamente, o que já sugeri aqui: se não temos para operar Nae, que mal há em comprar um lote de F-18 usados, ou de qualquer outra coisa que voe e caiba no bolso, e operá-los de terra, a partir das bases aéreas de onde operam os patrulha da FAB afim de manter a expertise e não se perder de vez tudo que foi feito até agora, até que um dia tenhamos vontade política, apoio da sociedade concreto e verba para garantir plenamente a posse e operação de um Nae novo?
Isto poderia ser feito em um contexto de 10 anos. Não seria para amanhã ou para semana que vem. Seria uma alternativa viável e paulatina dentro das possibilidades orçamentárias da MB, sem ter que ficar com o pires na mão pedindo esmolas do governo. Até mesmo negociar com a FAB a transferência de alguns A-29 para o AF-1 a fim de se manter a mão e poupar os poucos jatos que nos restam já seria a se pensar.
Enfim, temos como fazer estas coisas pensando no longo prazo. A MB tem sérios problemas hoje para resolver. A insolvência da esquadra em bloco, a sobrevivência do Prosub, a manutenção da aviação naval e da FFE, os navios patrulha e a força de minagem, as CV-3, etc...
Não temos como resolver tudo de uma vez, e menos ainda no curto prazo. Então temos que saber priorizar o que é possível fazer. Para fazer bem feito. Chega de soluções meia boca.
Prefiro ver os pilotos do AF-1 voando 100 horas por ano em A-29, do que equipado com F-18 mas voando menos da metade da metade disso.
abs.