Caro colega, um almirante ocupando o cargo de Comandante da Marinha, jamais terá uma visão tão pragmática como a sua.FCarvalho escreveu:abs.Luís Henrique escreveu: Entendo o seu ponto de vista.
Também acredito que será quase impossível uma aquisição de meios no curto prazo.
Mas também precisamos pensar para que serve uma Marinha.
A MB tem 4 missões. Para o nosso presente no curto e médio prazo, ela tem que priorizar o básico. E o que é o básico, que o almirantado sente verdadeira calafrios quando ouve isso, é sermos uma boa guarda costeira. Ou seja, controlar área marítima e, segundo, negar o uso do mar. Afinal, de que adianta pensar termos uma marinha de águas azuis que nunca funcionou? Temos condições de realizar a patrulha marítima de nossa ZEE com eficiência? Não. Então, patrulhas e submarinos teriam de ser a prioridade do momento. E as CV-3 cobririam o resto. Feito isso, podemos pensar em fazer algo a mais, efetivamente.
Não se trata apenas de ego do almirantado. Essa é uma visão muito simplista.
Se você fosse o Comandante da Marinha do Brasil, quais seriam os seus objetivos?
Como disse acima, primeiro tentamos ser uma boa e efetiva guarda costeira, e negamos o uso do mar com submarinos, complementados pelas CV-3 e eventuais derivadas. É isso que a sociedade e governo esperam da MB. Nada mais. Então, temos que dar a sociedade o que ela quer, não o que achamos que ela precisa ou o que os almirantes pensam ser bom para eles e para a MB. Repito a questão: quem é que decide o que a MB deve ser? A MB ou quem paga os seus salários?
Diria, que qualquer um com responsabilidade pensaria em como transformar a Marinha do Brasil em uma Marinha de verdade, com poder de fogo de verdade.
Uma marinha que seja capaz de evitar um conflito devido ao seu poder de dissuasão e que se o conflito acontecer, tenha condições de VENCER.
Bem, no que depender do nosso entorno estratégico, em qualquer prazo previsível, uma frota equilibrada de corvetas, NaPa e NaPaOc BR + subs nacionais já estaria de bom tamanho. O problema é que a MB parece querer ser sempre maior que o Brasil, ou suas pretensões. Simplesmente não dá. A conta jamais vai bater.
Alguns colegas comentam sobre uma possível oferta de destroyers Arleigh Burke Flight 2A por cerca de U$ 1 bi, com todos os armamentos dos navios INCLUSOS e em condições de financiamento extremamente vantajosas (a perder de vista).
Oras, se uma oferta dessa realmente existe, o almirantado deve sim realizar estudos e analisar, pois pode sim ser uma ótima opção para a MB.
Opções sempre haverão. A questão que vejo é que já deu para perceber que mais um entramos, e saímos de novo, de mais um ciclo de investimentos e planejamento para a defesa que não passaram, mais uma vez, de um novo canto da sereia da política nacional. Penso que já passamos do tempo de ter aprendido que defesa no Brasil simplesmente é um assunto não se cria.
Já sabemos que o PROSUPER está morto.
Sabemos que a CV-03 são a prioridade, mas sabemos que as corvetas, SE TUDO DER CERTO, chegarão entre 2023 e 2025.
O cronograma está para entregas das 4 undes é para 2 em 2023 e mais 2 em 2024. Ou seja, um espaço de espera de até 7 anos. Honestamente, para um país que levou 14 anos para construir 1 único navio, colocar 4 na água e operando, já será a maior surpresa. Mas torço por isso. E eu já disse isso aqui antes e repito. O Prosuper é a CV-3. Se tivermos um pouco de juízo, esquecemos isso de fragatas e investimos na capacitação da industria e da P&D nacional na próxima década através deste navio e do projeto dos patrulha BR. Já reparou que o NaPaOc BR é um caso derivado da Barroso assim como as CV-3 mas atualizados? Mais barato de construir, comprar e operar? E que 5 deles estão aventados no Prosuper?
Como ficamos até lá?
As Niteroi e as Type 22 não aguentam mais.
Vamos supor que as fragatas aguentem até 2023 - 2025, ai como será a nossa MB?
Substituiremos 9 Fragatas por 4 Corvetas?
A MB será uma Marinha com 8 ou 9 Corvetas e 0 fragatas?
O orçamento das forças armadas gira em torno de R$ 80 bi ANUAIS.
Uma aquisição de U$ 1 bi A PERDER DE VISTA não é algo tão impactante para a economia brasileira.
Se a MB chegar em 2024 com 1 Barroso e 3 Inhaúma modernizadas, mais as 4 CV-3, eu vou mandar rezar missa em ação de graças. E se até lá tivemos 2/3 subs nacionais operando, melhor ainda. Será a nossa esquadra mais operacional desde a GM II.
ps: se a isto acrecermos 5 NaPaOc BR e mais 20 NaPa BR como se pretendia, então...
Concordo que a prioridade tem que ser com equipamentos nacionais.
Mas por enquanto temos que manter um MIX entre equipamentos nacionais e estrangeiros, em virtude da nossa capacidade atual de projetar e construir equipamentos no estado-da-arte.
Mais uma vez nós perdemos o bonde, ou deixamos ele passar. A industria naval brasileira não tem como envidar os recursos necessários - humanos ou materiais - para ajudar na recomposição da esquadra. O que se pode, e deve, fazer, é o que a MB quer vai fazer com as CV-3. Projeta aqui com ajuda externa, e manda acompanhar a construção lá fora em um primeiro momento, e na sequencia, havendo recursos, faz tudo por aqui mesmo com a mão de obra capacitada na primeira fase. Isso serve para os navios patrulha também se for o caso. O resto, é manter o mais que possível estes projetos andando para poder fazer a parte de P&D produzindo e envolvida nos projetos dos insumos nacionais que serão necessários nestes navios. Projetos neste sentido na MB não faltam, como demonstrado na entrevista. Acrescentaria particularmente na minha opinião, a o desenvolvimento de uma família de mísseis sup-ar em parceria com outro país. Investir em tecnologia nacional só será possível se envolvermos a industria em projetos de navios nacionais. Para isso é preciso priorizá-los, mesmo que em detrimento de uma suposta capacidade operacional que de fato nunca tivemos.
Uma MB com corvetas modernas, construídas no Brasil e com alto índice de nacionalização + destroyers semi-novos MUITO capazes é um MIX muito interessante a meu ver.
Sim, seria interessante. Mas como disse acima, temos de escolher entre repetir velhos paradigmas, ou quebrá-los e partir para soluções internas que, mesmo mais caras e mais demoradas, irão nos permitir uma maior independência no futuro mais distante. Defesa tem que ser pensada assim. Não temos como cobrir a cabeça e os pés ao mesmo tempo. Vamos começar pela cabeça então que é o órgão mais importante do corpo. Depois a gente vai poder pensar com mais clareza e competência em como cobrir os pés.
Afinal ele tem formação militar e comanda uma instituição chamada Marinha do Brasil, e não Guarda Costeira do Brasil.
Por menor que sejam as ameaças atuais a instituição deve se preparar da melhor forma que puder para a GUERRA.
Portanto, a visão de ser uma BOA guarda costeira mesmo que para isso você condene a esquadra e a força militar, é uma visão de um ótimo economista.
Mas não de um militar, muito menos do comandante de uma instituição que existe para a guerra.
Se o poder público chegar à conclusão que não precisamos de uma MARINHA DE GUERRA, que precisamos de uma boa GUARDA COSTEIRA.
Ai sim, aposentamos o A-12, esquecemos a ideia de adquirir Destroyers Arleigh Burke, ou qualquer Fragata de 6.000T.
Podemos até abandonar as CV-03 que são muito mais caras que um NAPAOC.
Ai poderemos ter NAPAOCS novos, lindos, em boa quantidade. Mas não podemos esquecer de substituir também o nome, esquece MARINHA DO BRASIL e coloca GUARDA COSTEIRA DO BRASIL.
Eu sou totalmente contra esta ideia.
A CULPA de não possuirmos os meios que precisamos não é da MB, é do Governo Federal.
A MB tem que buscar ALTERNATIVAS para não perder seu poder militar. Uma das alternativas pode ser a aquisição das AB, que na verdade não é o que a MB queria.
A MB queria FRAGATAS NOVAS DE 6.000 TONELADAS.
O poder público não pode INVESTIR esse dinheiro. Então correram atrás de opções SEMI-NOVAS MAIS BARATAS.
Agora, não fazer nada e focar apenas em ser uma boa guarda costeira eu acredito que não é o melhor caminho.