EXCLUSIVO: Almirantado quer reduzir reforma do ‘São Paulo’ proposta pela DCNS para que ela possa ser feita em 2,5 ou 3 anos; última palavra será da DEN
Posted by Roberto Lopes
O A-12 em teste de máquinas na Baía da Guanabara (RJ), alguns anos atrás
Por Roberto Lopes
Os dirigentes da DCNS terão de engolir em seco.
Após dois anos de espera para que a sua oferta de modernização do porta-aviões São Paulo (A-12) – basicamente a troca da propulsão e a reforma de catapultas e elevadores – seja autorizada, o Almirantado brasileiro decidiu tocar esse plano adiante, mas não nas dimensões da cara proposta apresentada pelos franceses, e sim adotando uma versão mais modesta do serviço – que permita, inclusive, que ele seja concluído em dois anos e meio ou, no máximo, três anos, em vez dos quatro anos previstos originalmente.
Em 2015 um almirante contou à coluna INSIDER que o valor pedido pela DCNS para remodelar o navio-aeródromo equivale ao custo de uma moderna fragata de 6.000 toneladas listada pelo PROSUPER (Programa de Obtenção de Meios de Superfície), o que significa dizer: alguma coisa entre 600 e 900 milhões de dólares.
Mas agora o Comandante da Marinha, almirante Eduardo Leal Ferreira, e seus colegas oficiais-generais decidiram que caberá à Diretoria de Engenharia Naval (DEN) realizar os estudos de exequibilidade da reforma do A-12, a fim de estabelecer o que será, efetivamente, modernizado no navio.
Inspeções – O São Paulo é um barco de 34.922 toneladas que, hoje, exige uma tripulação de 1.920 militares. A DCNS propõe modificações que tornarão a embarcação mais automatizada e eficiente – manobrável por apenas 1.500 tripulantes – e ainda capaz de alcançar 32 nós de velocidade, em vez dos 27 atuais.
O “São Paulo” atracado no cais do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro
Para chegarem à conclusão de que a modernização é conveniente, Marinha e DCNS realizaram uma série de vistorias e estudos no navio.
A uma perícia ampla na embarcação, de caráter estrutural, a cargo da Zentech Inc., de Houston (Texas), somaram-se inspeções visuais e ultrassônicas, que abrangeram todas as 19 anteparas estanques do A-12 e os seus 280 compartimentos de duplo fundo. Foram vasculhados aproximadamente 400 compartimentos do navio-aeródromo.
Desse trabalho surgiu também a recomendação de que um planejamento específico realize a expansão do chapeamento na proa do porta-aviões.
Outra decisão: elaborar um Projeto de Concepção para Propulsão Elétrica Integrada (IEP) e Geração de Vapor para as Catapultas.
Nesse setor das catapultas os franceses propuseram um serviço de recuperação de trilhas (stroke) de 53 m, aptas a lançar aeronaves de asa fixa de até 18,5 toneladas.
A DCNS recomenda a modernização do sistema hidráulico das catapultas – tanto das bombas a vapor quanto das bombas elétricas. E ainda quer saber se a Marinha do Brasil não pensa em aproveitar a oportunidade para modernizar as válvulas de lançamento das duas catapultas, que se encontram em mau estado.
Outro ponto a ser examinado é o da conveniência de revitalização dos quatro aparelhos de parada Mk.13, que devem estar aptos a aguentar o pouso de aeronaves de até 16,7 toneladas. O Sistema Óptico de Pouso (SOP) e os elevadores de aeronaves de vante e lateral também serão objeto de recuperação.
A DCNS propõe, igualmente, que os dois hangares do navio-aeródromo sejam modernizados, a fim de que eles possam abrigar, com total segurança, um destacamento aéreo constituído por seis caças tipo A-4 Skyhawk e dez helicópteros.
Propaganda – Nessa longa (e desgastante) negociação com a Marinha do Brasil, os franceses recorrem a muitas frases e slogans de efeito – puro esforço publicitário. A documentação preparada pelos franceses sobre o porta-aviões frases vem com o conjunto alfanumérico “NAe2035” – referência ao lapso de tempo que o São Paulo modernizado poderá cumprir.
O oferecimento de troca da propulsão a vapor pela motorização diesel é resumida como a “Propulsão do Século 21”.
Bobajadas à parte, restam à DCNS argumentos que podem, efetivamente, sensibilizar os chefes navais brasileiros, como o de que a modernização do São Paulo serviria, eventualmente, aos militares e técnicos brasileiros como uma espécie de “escola”, visando o desenvolvimento de competências para o futuro Programa de Obtenção de Navios-Aeródromos (PRONAe) da Marinha do Brasil.
http://www.planobrazil.com/exclusivo-al ... ra-da-den/
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